O Cara Da Porta Ao Lado escrita por EstherBSS


Capítulo 13
Capítulo 13 - Sakura




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Capítulo 13


Sakura


    - Não fale com o Sasuke. – Naruto pediu e esfregou o cabelo – Sasuke detesta ficar sozinho então ele passa a maior parte do tempo aqui trabalhando.

    - Então por que ele mora sozinho? – perguntei. Naruto me olhou decidindo se devia me contar ou não.

    - Ele fez isso para fugir dos pais.

    - Como assim? – eu disse.

    - Sasuke sempre foi muito pressionado para ser o filho perfeito assim como Itachi. Ele tentou fugir disso. – Naruto falou observando a velocidade em que eu tratava meus machucados.

    - Obviamente ele não conseguiu. – Shikamaru falou – Mas eu acho que agora ele até gosta de ser policial.

    - Sasuke não queria ser policial? – perguntei e me lembrei que ele tinha dito que fizera faculdade.

    - Sasuke fez Direito. – Naruto contou e eu fiquei sem comentários – Foi uma das maiores brigas que eu presenciei entre ele e os pais. Ele perdeu e acabou aqui.

Eu ia perguntar mais coisas quando um home de cabelo branco apesar de ser bem novo entrou na sala. Naruto e Shikamaru se levantaram no mesmo instante e eu fiquei em dúvida se devia fazer o mesmo. Eu estava com um vidro de álcool na mão e pressionava uma gaze em um machucado com a outra. Usei isso de desculpa para ficar onde eu estava.

    - Então... – ele começou a falar olhando para mim - ...eu sei que você deve estar cansada, mas eu preciso que você venha dar o seu depoimento.

    - Ah, ok. – eu disse e me levantei colocando os objetos sobre a mesa.

    - Como eu sou mal educado. – o homem falou – Deixe que eu me apresente. Meu nome é Hatake Kakashi.

Apertei a mão que ele me oferecia e disse:

    - Você não é o...

    - Chefe do Sasuke? Sim. Sou eu. – ele disse simpático. Estranhei a aparência dele. Além dos cabelos grisalhos antes da hora, ele usava uma máscara que cobria parte do rosto e só deixava à mostra a parte dos olhos e da testa.

    - Acho que você recebeu um soco por minha causa. – Eu disse enquanto saía da sala. Senti os olhares em cima de mim, de novo.

    - Tudo bem. Foi compreensível. Embora...Sasuke perderá o emprego se fizer isso de novo. E, Sakura, spray de pimenta ainda é proibido nesse país. – ele disse enquanto me conduzia com uma mão em minhas costas. Corei violentamente quando ele disse isso.

    - Tentativa de estupro e coerção também são. E são crimes bem mais graves. – disse enquanto lutava contra a vergonha. Ouvi risadinhas e me virei para ver que Naruto e Shikamaru nos seguiam.

Eles me levaram até um outro policial que pediu para que eu contasse como as coisas aconteceram. O cara passou os olhos pela minha mão e disse:

    - Eles roubaram a sua aliança também?

Sabia que o meu rubor não era nada bom. O policial devia ter perguntado porque Sasuke devia estar usando a aliança de noivado dele. Senti-me como uma mulher que traía o marido.

    - Eu mandei apertar a aliança da Sakura. – ouvi a voz de Sasuke e senti as mãos dele sobre os meus ombros. Senti um tom pesado em sua voz e minha culpa aumentou.

    - E por que a senhorita estava andando na rua naquela hora? – o policial perguntou sem más intenções, mas eu não sabia como responder. Sasuke percebeu e respondeu por mim.

    - Ela estava jantando com uma amiga e quis dar uma volta. Não acha que foram perguntas suficientes? Quero que ela descanse.

Depois disso, Sasuke me levou de volta para a sala dele. Ouvi algumas piadinhas e fiquei vermelha. Assim que entramos, ele me sentou no sofá novamente e pegou a caixa de primeiros socorros que eu deixara sobre a mesa. Ele pressionou a gaze no meu machucado um pouco forte e eu gemi.

    - Perdão. – ele falou e tentou ser mais gentil. Só que o fato dele não olhar para mim não ajudou muito.

    - Sasuke. – eu o chamei.

    - Hm. – ele respondeu sem olhar para mim. Achei que devia contar a ele.

    - Gon me pediu em namoro. – ele não esboçou nenhuma reação e continuou tratando dos machucados na minha perna.

    - Hm.

    - Ele falou que vai me pedir em noivado quando voltar da viagem. – eu disse e notei a tensão no pescoço de Sasuke.
   
    - Hm.

    - Quer parar de falar “hm”! – eu disse zangada. Ele respirou fundo e olhou para mim. Quando os olhos dele encontraram os meus, eu estremeci. Sasuke parecia quase tão zangado quanto estava na hora em que batera no bandido.

    - O que você quer que eu diga? – ele perguntou e o tom dele estava ríspido e gelado.

    - Não sei. Talvez um “que bom” ou um “até que enfim desencalhou”. Alguma coisa mais expressiva do que esse “hm”. – eu disse mexendo os braços.

    - Que bom, Sakura. Até que enfim desencalhou. – ele disse ironicamente e soltou o ar exasperado. Não consegui pensar em nada para falar depois disso. Ele voltou ao trabalho de tratar meus ferimentos. Quando ele cansou de ficar agachado, ele se sentou ao meu lado e colocou minhas pernas em seu colo.

Pelo menos eu estava perto dele. Mordi o lábio. Eu era tão idiota. Por que eu tinha aberto a boca para falar sobre o Gon. Eu sabia a verdade, lá no fundo. Eu queria que Sasuke dissesse que me amava e ameaçasse Gon caso eu não prometesse deixá-lo. Queria que ele me amasse como eu o amava.

    - Vou pedir para o Naruto te levar em casa. – Sasuke murmurou depois de um tempo.

    - Eu queria ir junto com você. – eu disse e minha voz saiu um pouco pirracenta.

    - Ainda devo demorar um bom tempo aqui. – ele assinalou – Só devo sair depois de meia noite.

    - Eu espero. – falei rápido demais e ele deu uma olhada em mim. Ele abriu a boca, para dizer algo, mas depois mudou de idéia e concordou.

Fiquei sozinha na sala. Encontrei um espelho e vi o estrago que estava meu rosto. Fiz alguns curativos e me estendi no sofá, me cobrindo com o cobertor. O tecido tinha um pouco do cheiro do Sasuke e eu o apertei contra o rosto, imaginando que era ele que me envolvia. Não demorou muito até que eu caísse no sono.



Sasuke


Parei na porta da minha sala e apreciei a visão dela dormindo. Uma sensação estranha se apoderou do meu peito. Queria ser eu a abraçá-la. Queria ir ali e envolve-la com os braços, trazendo-a para o meu peito. Agachei perto do rosto dela e toquei o machucado. Tive vontade de voltar lá e terminar o serviço. Kakashi tinha dito que a minha bala tinha estraçalhado o ombro de um, falou que eu tinha quebrado o braço de outro e quebrado o maxilar do terceiro. Além de uns machucados menores.

    - Sasuke.

Surpreendi-me ao ouvi-la sussurrar o meu nome. Pensei que ela estivesse acordando, mas sorri ao notar que ela sonhava comigo. Saboreei a idéia. Ela estava sonhando comigo. Depositei um beijo nos lábios dela. Fechei os olhos aproveitando o sabor daquela boca. Céus. Eu a desejava. Só de sentir o perfume dela, meu corpo já respondia pronto para que eu a tomasse nos braços. E como eu queria satisfazer essa vontade. Coloquei-me de pé. Eu não era o que ela procurava. Sakura já tinha encontrado o que queria com esse tal de Gon.

Só de pensar no nome dele, senti a raiva ressurgir. Eu tinha treinado com as armas mais um pouco antes de voltar aqui. Precisava me acalmar depois de ouvir aquela notícia. Isso porque eu queria que ela ficasse na minha cama e não na daquele cara. Peguei tudo o que precisava e coloquei Sakura nos meus braços com todo o cuidado do mundo. Ela sussurrou meu nome mais uma vez e virou a cabeça contra o meu peito. Eu a levei nos braços até o carro e a acomodei no banco.

Ela abriu os olhos quando a coloquei no carro. Beijei-a na testa e murmurei palavras doces. Logo, ela dormia de novo. Dirigi dando pequenas olhadas para o lado. Sakura era tão linda. E ela estava radiante mesmo depois de tudo o que passara. Ela devia estar magnífica durante o tal jantar. Ela estava cansada. Apenas reclamou um pouco enquanto eu a levava escada acima. Gostava de tê-la nos braços. Eu me sentia forte e possessivo. Abrir a porta com ela no colo foi complicado, mas eu consegui com paciência. Encostei a porta e a levei para a cama. Ela olhou para mim quando eu retirava os meus braços.

    - Fica comigo. – ela pediu em um sussurro.

Eu queria aceitar. Queria ficar ali e consolá-la do jeito certo. Queria sentir o calor do corpo dela contra o meu. Respirei fundo e soltei o ar lentamente.

    - Já volto. – disse e beijei a cabeça dela. Sakura fechou os olhos novamente.

Fechei a porta e pensei mais uma vez em ir embora. Não consegui. A verdade era essa. Aquele quarto me atraía demais. Deixei minhas coisas sobre a mesa e parei na porta do quarto. Gostava de observá-la. Sakura era linda. Quase perfeita de um jeito único. Só de olhar para ela eu já ficava feliz.

Caminhei até a cama e retirei os meus sapatos. Meus braços já estavam coçando por tocá-la. Se eu fosse esperto, sairia dali e acabaria com aquele acordo. A idéia sumiu da minha mente assim que eu acabei de pensá-la. Retirei o cinto, para que não a machucasse e acabei tirando a camisa também. Queria sentir ela contra o meu peito. Abracei-a e ela se aninhou em meus braços. Sakura sussurrou meu nome mais uma vez de um modo doce e um pouco sensual. Apertei o corpo dela contra o meu. Eu a queria tanto. A situação em que eu estava seria engraçada se não fosse tão triste. Eu finalmente tinha encontrado uma mulher que eu desejava e não podia ter. E agora eu estava ali aproveitando as migalhas de outro homem.

Apertei meu rosto contra o cabelo dela. Era estranho pensar que a mulher que eu tinha nos braços pertencia a outro. Eu não tinha o direito de estar ali com ela, mas também não tinha forças para deixá-la. Velei o sono dela por um bom tempo. Eu tinha perdido a vontade de dormir. Fiquei olhando o quarto dela. Estava um pouco bagunçado. Tinha livros por toda a parte. Tinha poucas fotos. Sakura se virou para o meu lado e eu também virei para que ela deitasse sobre o meu peito. Meu olho passou pelo quarto registrando as coisas mais importantes, mas eu movi a cabeça rapidamente olhando para a mesinha ao meu lado.

Estiquei o meu braço e peguei o porta-retrato. Olhei para a foto tentando entender porque Sakura mantinha aquela foto. Eu me lembrava daquela hora. Domingo, minha mãe tinha insistido em tirar uma foto nossa. Acariciei a imagem dela. Na foto, eu estava sentado no sofá com a cara inchada e Sakura estava atrás de mim com os braços em volta do meu pescoço. Eu estava tão acabado naquela foto. Fiquei pensando no motivo da foto estar na mesinha da cama dela. Além dessa, tinha outra foto de uma menina de aparelho nos dentes que estava sentada nos ombros de um homem mais velho. Seria o pai dela?

Vi outra foto em que Sakura parecia estar brigando com Ino. Mesmo assim as duas sorriam. Achei outra foto dela mais nova. Ela deveria ter uns quinze anos na época. Sakura sorria e tinha um gatinho nos braços que parecia feliz por estar ali. Eu entendia o gato. Quem não se sentiria feliz por estar nos braços dela? Acariciei os cabelos de Sakura e fiquei olhando os fios escaparem por entre os meus dedos.

Eu a amava.

O pensamento me atingiu como eu nunca tinha previsto. Ofeguei e tentei pensar em motivos para invalidá-lo. Não encontrei. Na verdade, só achava mais motivos para confirmar a ideia. Eu adorava tudo o que Sakura fazia. Gostava do modo como ela andava, como prendia o cabelo, como mordia o lábio quando estava nervosa, o modo como batia o pé quando estava impaciente e o modo como ela se concentrava quando desenhava ou estudava. Olhei para o rosto adormecido sobre o meu peito e tentei abafar meu gemido.

Queria ficar com ela. Queria muito, mais do que qualquer outra coisa. Eu me sentia tão bem perto dela. E eu nunca precisei tentar parecer outra pessoa. Com Sakura eu podia ser eu mesmo. Ela não me recriminava pelos meus comentários irônicos e ainda ria deles. Eu era tão idiota. Por que não tinha visto isso antes. Agora, ela estava namorando outro e em breve eu a perderia para sempre. Mas o que eu podia fazer? Eu nem era mesmo o que ela procurava. De repente eu me senti muito mal. Estava desejando algo muito acima do que as minhas mãos podiam alcançar.


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