O Cara Da Porta Ao Lado escrita por EstherBSS


Capítulo 11
Capítulo 11 - Sasuke


Notas iniciais do capítulo

Prometo que vou responder todos os reviews. É que se eu fizesse isso primeiro, atrasaria a postagem dos capítulos.
A fic tem 18 capítulos e ela já foi toda escrita. Então tem coisas que vocês sugerem e que eu não posso mudar. Espero mesmo que vocês gostem do jeito que ela está.
E obrigada a Yuuki Schiffer que recomendou essa história.



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Capítulo 11


Sasuke



Eu acordei primeiro. O relógio biológico de Sakura era todo degringolado por causa daquele tanto de café que ela tomava. Tinha dias em que ela acordava cedo demais e outros em que ela dormia até mais tarde. A primeira coisa que eu percebi quando acordei foi: como os seios da Sakura eram macios e cheirosos. Não me entendam mal. Com o frio que fizera depois da chuva, houve um momento em que um de nós procurou o calor do outro. E nós não tínhamos feito nada, apenas dormido abraçados.

Em algum momento, ela tinha dormido de barriga para cima e eu deitara sobre os seios dela apoiando a minha cabeça entre o colo e o queixo dela. Ela tinha mesmo um cheiro maravilhoso. Meu braço descansava sobre o tórax dela abaixo dos seios. Minha perna estava enrolada com a dela e eu estava em uma posição tão agradável que não levantaria dali por nada. Um dos braços de Sakura estava sobre as minhas costas e o outro sobre o meu próprio braço. Tão macia...

Senti quando ela acordou. Ela inspirou forte e o peito dela subiu me alertando. Tentei parecer que ainda dormia. Ela também percebeu a posição em que nos encontrávamos. Senti o susto que ela tomou e segurei o riso. Sakura tentou se desvencilhar, mas eu reclamei e apertei o meu braço em volta dela e pressionei meu nariz contra o colo dela. Quase sorri ao ver que ela tinha desistido de me tirar dali. Ela ficou parada e apoio o braço do jeito que estivera antes de acordar. Imaginei que ela esperava que eu despertasse.

Quase não agüentei quando senti a mão dela brincar com o meu cabelo. Ela mexeu nele por um bom tempo e eu quase adormeci de novo. Só que ela começou a traçar a minha tatuagem e isso espantou qualquer sono. Eu usava uma camiseta sem mangas e sabia que o falcão aparecia sobre o meu ombro. Sentir o toque dos dedos dela percorrendo o desenho foi torturante.

- Eu sei que você está acordado, Sasuke. – ouvi a voz dela. O tom era suave mesmo ela tendo acabado de acordar. Inspirei fundo tentando fingir que ela estava errada e que fora o comentário dela que me acordara.

- Bom dia. – eu disse espreguiçando sem sair da posição em que eu estava – Quero dormir mais um pouco. Estou confortável.

- Você não estava dormindo, Sasuke. – ela falou séria, mas passou a mão no meu cabelo – Você estava gemendo alto.

Eu estava? Nem tinha reparado. Isso acabava com qualquer chance de continuar ali, né? Suspirei saindo daquela posição tão agradável. Parei com o corpo parcialmente sobre o dela e a encarei.

- Sabia que você é linda quando acorda? – eu disse e me aproximei dela. Sakura ficou nervosa e pôs a mão no meu peito impedindo que eu me aproximasse mais.

- Sabia que você ainda não escovou os dentes?

Ela disse, mas estava corada o suficiente para que eu soubesse que ela apenas queria evitar o beijo. Durante a manhã, esse pensamento ficou me perturbando. Eu estava claramente ultrapassando alguns limites. Sakura também não estava mais tão a vontade quando voltamos de carro para a cidade. Eu podia sentir que ela estava desconfortável e a culpa era minha. Nosso acordo estava ficando comprometido com as liberdades que eu vinha tomando.

Quando chegamos ao prédio, ela subiu na minha frente. Estávamos em silêncio. Sakura não iria a faculdade. Ela disse que não queria chegar lá tão tarde, mas eu estranhei mesmo assim. Sabia que ela odiava faltar. No meu apartamento, liguei para o trabalho e disse que chegaria tarde. Meu chefe falou que meu pai tinha explicado tudo e que eu poderia tirar o dia de folga.

Depois de beber uma dose de conhaque, percebi que era incapaz de arrumar algo para matar o tempo. Eu só conseguia pensar na enorme confusão que eu tinha me metido. Sentei no sofá e apoiei a cabeça em minhas mãos. As coisas estavam indo tão bem. Por que eu tinha que ter aproveitado cada chance para agarrar a Sakura. Agora ela devia estar no apartamento dela achando que eu era um tarado que se aproveitava de qualquer ser humano do sexo feminino.

Ela estava fazendo a parte dela. E o que eu tinha feito? Fora o Jake babaca, eu tinha ignorado todos os outros pretendentes que eu achara. Achei defeitos em todos eles e então...tinha parado de procurar. Afirmei para mim mesmo que era porque a minha semana tinha sido cheia. Tentei me convencer de que não havia nenhum motivo obscuro por trás disso. Até o meu pensamento soou falso. Só que eu também não era o que ela queria. Sakura queria um homem carinhoso, responsável e que tivesse a família como ideal de vida. Eu nem tinha um ideal para começar. Suspirei e levantei. Iria fazer aquilo que eu prometera.

Fui até o apartamento dela e usei a chave que ela me dera para abrir a porta. Quase ri quando a vi. Sakura estava sentada no sofá de frente para a parede e brincava com uma daquelas bolinhas que quicavam. Ela a jogava na parede e a pegava quando a bolinha voltava ao sofá. Fiquei de pé olhando ela jogar. Houve um momento em que ela pegou a bolinha e me olhou. Ficamos em um silêncio constrangedor até que eu conseguisse parar de olhar naqueles olhos verdes e entendesse que devia dizer o que fazia ali.

- Tive uma idéia. – comecei dizendo e me aproximei.

- Que idéia? – ela falou e voltou a jogar a bolinha.

- Nós vamos ao parque. – eu falei e ignorei o resmungo dela – Homens decentes vão ao parque para aproveitar a tarde.

- Homens decentes trabalham a essa hora. – Sakura retrucou e eu senti a alfinetada embora não fosse direcionada a mim. Ela só queria ficar em casa.

- Vai ser difícil encontrar um marido para você se ele não te ver. – reclamei apoiando os braços nas costas da poltrona.

- Você disse parque, né? – confirmei e ela pegou a bolinha, mantendo a em seu colo – Posso ir assim?

Olhei para ela. Sakura usava uma calça até a metade da canela e uma blusa folgada que apertava apenas na altura dos seios. Estava linda, do meu ângulo.

- Claro.

Eu a levei até o parque central onde estudantes gostavam de ir depois de voltar da faculdade. Quando chegamos já deveria ser por volta das três da tarde.

- A gente vai ficar aqui no carro? – ela perguntou olhando as pessoas pela janela. Tirei um chocolate do porta luvas e ofereci para ela. Sakura aceitou e eu peguei outro para mim. Depois de morder um pedaço, eu disse:

- Não podemos dar a chance do cara te ver passeando comigo. Vamos escolher um daqui e depois a gente parte para a ação. – Sakura segurou o chocolate sem comê-lo e apoiou o cotovelo na porta, segurando a cabeça. Ela parecia triste – Algum problema? O chocolate não está bom?

- Nenhum. O chocolate está bom. É o meu favorito. – ela falou e mordeu um pedaço, mas o olhar triste permanecia lá.

Afastei meu banco para trás e virei para alcançar meu notebook no banco de trás. Quando voltei, Sakura estava olhando para mim, mas voltou a olhar a janela assim que seus olhos encontraram com os meus. Inspirei fundo e liguei o aparelho. Conectei-o com o meu computador do trabalho e disse:

- Vamos começar. – Sakura me olhou curiosa – Escolha um.

- Assim? Do nada? – ela parecia surpresa – Como se eles estivessem em liquidação? – eu ri da analogia.

- Apenas aponte um que te agrade. – disse e ela olhou atentamente os homens que passavam. Demorou alguns minutos e eu já começava a pensar que ela estava me ignorando quando Sakura apontou um:

- Aquele ali. Está vendo? O que está sentado no banco olhando para o lago.

Não demorei a achar quem ela falava. Não fui com a cara dele, mas foi o que ela tinha escolhido. Para mim, ele tinha cara de ser bipolar. Comecei a digitar freneticamente e Sakura se inclinou perto do meu ombro curiosa.

- Você me assusta às vezes. – ela disse vendo uma espécie de perfil do rapaz aberto no meu notebook.

- A maioria das pessoas que vem aqui são alunos da OUFE (Outra Universidade da Fanfic da Esther). A faculdade cria um perfil para todos em uma rede social privada. É só acessar.

- Isso não deveria ser acessível apenas para os estudantes?

- Eu estudei lá. Posso acessar a hora em que eu quiser.

- Você já fez faculdade? – ela perguntou com uma surpresa tão grande que eu fui obrigado a parar e olhar para ela.

- O mundo é uma caixinha de surpresas, não é mesmo.

- Desculpa. Eu não quis ofender. É que eu achei que...

- Que eu não era o tipo de homem que estudava? – perguntei levemente irritado pelo julgamento que ela tinha de mim.

- Não é isso. Eu achei que você tinha se tornado policial assim que pôde. Foi o que o seu pai me falou. – ela disse e desviou os olhos e eu me culpei por não ter notado o dedo do meu pai ali.

- Meu pai queria esquecer esse período da minha vida. – falei e ela olhou para mim esperando mais – Isso já é muita informação para você. – voltei a digitar e comecei a passar os dados do cara – O nome dele é Gon. Hm... Ele faz economia...quase terminando.

- Ok. Como eu me aproximo dele? – Sakura perguntou e eu parei para pensar.

- Pede para sentar perto dele... Sei lá. Seja você mesma. – eu respondi dando de ombros. Não estava com a menor vontade de ficar tendo idéias para ela se aproximar de um fulano qualquer na rua.

- Sei lá nada! – Sakura falou irritada – Você não disse que ia me ajudar? Foi o nosso acordo... Ah! – ela jogou os braços para o alto e abriu a porta – Eu mesma cuido disso.

- Espera, Sakura. – eu a chamei. Ela estava certa. O acordo dizia que eu tinha que ajudá-la. Passei a mão no rosto quando vi que ela não iria voltar. Observei a caminhar até ele. Uma ou duas cabeças masculinas se moveram quando ela passou, mas Sakura não notou. Ela nunca notava isso.

O cara não notou a presença dela até que Sakura tocasse o ombro dele levemente. Eles trocaram algumas palavras e ela se sentou ao lado dele. O cara permaneceu em silencio e eu a vi puxar assunto. Ele se virou com uma expressão irritada, como se ela estivesse incomodando. Um idiota. Devia dar graças por ter uma mulher daquelas falando com ele. O rosto dele pareceu se iluminar e eu soube que Sakura tinha dado um daqueles sorrisos dela. Talvez ela estivesse começando a notar o poder que tinha. Desmenti o último pensamento. Ela devia apenas estar sendo simpática. Sakura parecia incapaz de perceber o que provocava nos homens.

Poucos minutos depois, a conversa parecia estar animada. O tal Gon até gesticulava e sorria. Sakura agora estava sentada com o corpo totalmente virada para ele e se sentava com uma perna de cada lado do banco. Vi que Gon se virava para fazer o mesmo. Eles conversaram e ele pegou algo no casaco. Era uma caneta? Vi também ele puxar o braço de Sakura e anotar alguma coisa. Ok. Ele estava passando o telefone dele. Tinha sido rápido. Eu ri ao ver que Sakura não queria pegar a caneta da mão dele. Devia estar com medo por causa do que acontecera com o Jake babaca.

O tempo passou e eu comecei a tamborilar os dedos sobre o volante. Eles estavam conversando a tempo demais. Meu humor ainda teve tempo de piorar bastante até que Sakura resolvesse abrir a porta do carro e entrasse. Ela estava com as faces vermelhas e seus olhos brilharam. Tinha um sorriso irritante nos lábios também. Assim que ela me viu, o sorriso sumiu e ela perguntou com o cenho franzido:

- Por que está irritado?

- Não estou irritado. – respondi sério saindo com o carro. Um idiota quase bateu em mim e eu xinguei a mãe dele. Imbecil. Nem sabia escolher uma cor de carro decente – Nenhum homem de verdade tem carro laranja¹! – Gritei pela janela.

- Não vai me perguntar como foi? – ela perguntou com alguma hesitação.

- Eu VI como foi. – eu disse com os dentes trincados. Minha cabeça procurou por um motivo para eu estar tão nervoso – Você demorou. Estou morrendo de fome.

- Eu faço a janta para você. – ela ofereceu.

- Vou pedir comida chinesa. – cortei a boa intenção dela. Ela ficou em silêncio depois disso. Alguma voz dizia que eu estava errado, mas eu a abafei depressa.

Quando voltamos para casa de noite e eu entrei no meu apartamento, a primeira coisa que fiz foi pegar um copo e uma garrafa de uísque. Bebi uns dois goles seguidos e de uma só vez. Cara. Eu queria bater em alguma coisa. Queria bater em alguém! E o pior é que eu nem entendia o motivo de estar tão irritado. Não tinha acontecido nada demais, né? Apenas duas pessoas tinham conversado em um banco de praça. Bebi mais uns dois copos e peguei as chaves do carro.

Provavelmente, não era sensato dirigir naquele momento. Só que eu precisava de ar. Ficar parado no meu apartamento ouvindo Sakura cantar do outro lado não era um bom modo de acabar a noite. Eu ainda queria bater em alguém. Assim que decidi para onde iria, fiz uma volta com o carro. Tinha certeza de que tinha perdido alguns pontos na carteira, mas eu não estava nem aí.

Fui ao Departamento. Alguns policiais acenaram para mim, estranhando a minha presença ali fora do meu turno. Caminhei até o andar de treinamento e pedi ao encarregado para que me desse armas carregadas. Atirei com quase todos os tipos. Fui de um revolver simples até um fuzil passando pelas escopetas e submetralhadoras.

- Munição. – pedi ao assistente e carreguei a arma.

Queria entender por que eu estava nervoso. Sakura estava fazendo a parte dela fingindo ser minha noiva e eu devia fazer a minha ajudando a arrumar um casamento para ela. Não havia nada demais nisso.

- Munição! – pedi por mais e voltei a carregar a arma.

Esse Gon parecia ter se interessado e não havia nada na ficha dele. Se bem que não havia nada na ficha do Jake babaca também. Talvez eu devesse dar uma investigada na vida dele. Ir a casa dele, quem sabe.

- Eu quero uma M24²! – pedi a arma e apoiei no meu ombro fazendo mira.

O dia tinha começado tão bem... Eu tinha acordado tão confortável. Tentei me lembrar quando foi que eu comecei a ficar irritado. Merda. Isso tudo era culpa minha. Se eu não tivesse inventado aquilo tudo no dia em que ela foi a minha casa. Sorri ao lembrar que ela tinha entrado pela janela. A Sakura era diferente. Ela não bebia, não se metia em problemas e não saía xingando os outros pela rua. Ela era totalmente o oposto de mim. E eu tinha prometido que a ajudaria a arrumar uma pessoa decente para que ela casasse e tivesse filhos. Fiquei imaginando como seriam os filhos de Sakura. Talvez eles também tivessem aquele olhar verde maravilhoso que ela tinha.

- Maldição. – praguejei e baixei a arma.

- Quer outra, senhor? – o assistente perguntou. Depois de alguns instantes de reflexão eu respondi:

- Eu não quero outra. – E por um instante tive dúvidas sobre o que eu falava exatamente.


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Notas finais do capítulo

¹Eu não tenho nada contra homens que tem carro laranja, viu!
²Remington M24 é um tipo de rifle que dispara balas (cartuchos) de fuzil.