Espiando O Futuro escrita por Juliana


Capítulo 20
Capítulo Dezenove - Parte I


Notas iniciais do capítulo

DUAS PARTE PORQUE FORAM VINTE PÁGINAS NO WORD, NEGADA!
ÚLTIMO CAPÍTULO!
BOA LEITURA!
P.s.: Desculpem o atraso!



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-Eu não vou voltar correndo então? – Wally dizia enfiando um peru assado inteiro na boca que Alfred havia tratado de cozinhar assim que o quarteto havia chegado à cobertura em Star City.

Wally não sabia bem como ele havia acordado numa cama gigante de casal ou quem o havia colocado lá – não que fosse um grande mistério, mas ele não queria ficar pensando em Bruce tendo todo o trabalho de ser atencioso consigo (era até meio assustador). Uma troca de roupa estava passada e engomada sobre uma poltrona do lado de uma luminária acesa esperando para que o ruivo se trocasse e ficasse mais a vontade – pelo menos ninguém havia invadido sua privacidade a ponto de trocá-lo de roupa como um bebê.

 Apesar de estar muito cansado, Wally não havia dormido muito e ficou chocado por saber que às quatro da manhã havia um jantar todo preparado só para o veloz na sala de jantar da cobertura – depois de vagar sonolento pelos corredores em busca de algo para comer – Bruce não havia deixado o moleque comer na festa já que tinham de esperar os recém-casados para liberarem o Buffet e Dinah estava muito ocupada agradando aos grandes contribuintes das empresas satélites dos Laboratórios Star para atender as necessidades patológicas da criança (ele também estava mais ocupado conversando com seus amigos mais velhos do que com suas tripas numa batalha canibal dentro de sua barriga).

Bruce, pra variar, não tinha dormido – ou se tinha, acordara muito rápido. O Batman não dorme, nem quando está fora de Gotham, nem em folga. Bruce Wayne também não por motivos óbvios. Ele estava usando seu caro roupão de seda com suas iniciais escritas no lado esquerdo em vermelho e dourado, seus cabelos negros com fiapos brancos estavam meio desgrenhados, mas ele continuavam arrumado. E pantufas de veludo, coisa que Wally teve de encarar por alguns segundos, tentando digerir a risada antes que levasse uma bofetada da identidade secreta de Batman – ele usava pantufa de gato preto nos pés.

Falando em gato, Selina estava dormindo, ainda bem. Ou ela já havia fugido de Wayne e seu fiel mordomo. Pelo menos Wally podia falar alto o quanto quisesse além de falar livremente com o Morcegão a respeito de seu retorno ao passado. Alfred estava de pé, em seu terno típico, carregando uma toalha de rosto no antebraço dobrado e aquela pinta de Inglês metido, nariz arrebitado e tudo mais – quem não realmente o conhece, pode dizer que ele é arrogante, mas o veloz o conhecia há anos e não havia outro velho (que não Jay Garrick e Kent Nelson, por motivos) que ele admirava mais do que o mordomo da família mais tradicional da cidade do crime.

Bruce fez uma cara de nojo para o menino sentado do outro lado da mesa cumprida tentando focar-se em suas imagens holográficas pairando no ar um pouco acima da superfície de carvalho, divertindo-se com os milhares de botões e funções de suas programações – ele sempre tinha aquele brilho nos olhos quando mexia em seus brinquedos.

-Seria arriscado e você poderia não chegar ao seu tempo certo. E não teríamos a certeza de que você conseguiu viajar para o passado. – o detetive comentou sem piscar e encarar o garoto.

-E vai dar a certeza do que se eu viajar na máquina do Tornado Vermelho? – Wally falou com a boca cheia, pedaços de comidas variadas rolando ali e migalhas voando enquanto ele se referia ao andróide babá. Alfred respirou fundo enquanto revirava os olhos, controlando o nojo dos modos da criança – quer dizer, criatura – que sentava no extremo da mesa.

-Pelo menos saberemos se não der certo que você não foi a lugar algum e não afetou ainda mais o espaço temporal. – sempre com a resposta inteligente e arrebatadora na ponta da língua.

-Eu não quis viajar no tempo, Bruce! Aconteceu! – o garoto se defendeu, não sabendo bem o que sentia (arrependimento não era bem o termo. Talvez... Culpa?).

-Exatamente. Você nem sabe como fez esse fenômeno. Não posso de deixar correr de costas o tempo necessário pra você talvez voltar meses no passado. – ta. Se não fosse pela tensão no ar, o garoto teria achado graça nessa história de correr de costas.

-E Mestre Wally não teria coordenação motora pra correr de costas por muito tempo, receio adverti-los. – aquele senso de humor imprevisível. Wally grunhiu um Alfred enquanto sentia rubor preencher os espaços entre suas sardas.

-Ta legal! – Wally cedeu, largando o babador sobre o prato com os ossos da pobre ave e os restos orgânicos dos alimentos. Alfred bufou e começou a limpar a zona – Quando vai me mandar pra lá?

-Agora. Só estava esperando você repor suas energias. – o homem disse levantando-se e apertando um botão na mesa, desligando todas as imagens holográficas. Bruce virou-se para seguir por um corredor da cobertura e o ruivo o seguiu.

-Puxa, que gentileza a sua... – sarcasmo sambou da boca do jovem enquanto ele seguia contrariado o líder da Liga da Justiça.

Só porque Bruce Wayne era o Batman e vice-versa que o cara tinha um tele transporte particular em sua humilde residência, com toda aquela parafernália tecnológica do lado de um armário negro com o desenho de um morcego entalhado no opaco maciço. Depois que o moreno apertou ali, aquilo começou a se expandir, abrindo compartimentos e, depois, mostrando o uniforme do morcego. Bruce começou a se arrumar, mostrando que usava uma malhas reforçadas sobre o roupão de seda para ajudar na proteção de sua pele – Wally podia se recuperar rápido de arranhões, braços e pernas quebradas e afins, mas Bruce era um humano normal, sem super-poderes para ajudá-lo na luta contra o mal. Era melhor que ele usasse umas três daquelas malhas do que ele morresse lutando contra qualquer um que soubesse mexer numa arma de fogo.

-Vai colocar seu uniforme para ir a caverna? – o garoto questionou na impulsão. Pergunta idiota, tolerância zero.

Bruce era rápido, então quando terminava de colocar a blusa com o símbolo do morcego negro e ajeitava a capa, franziu o cenho para o rapaz – Eu posso ir até a esquina, se tem algo haver com a Liga, eu uso o uniforme.

-Desculpa. Quando eu vi já tinha perguntado! – Wally rebateu, cruzando os braços e fazendo o bico, magoado pela resposta grosseira do mentor.

-Vai logo. Coloca o uniforme de Kid Flash e vamos. Você não pode aparecer como um garoto comum dentro de uma maquina futurística onde quer que você desça. – Bruce mandou descendo a máscara negra sobre a face e preparando o tele-transporte dos tubos de raios Zeta para o Monte Justiça.

Wally não perguntou, temendo tomar mais um coice. Apertou seu relógio do Flash e trocou de roupa – era sempre bom se vestir de herói, não importando os motivos. No final, Wally sempre seria a criança que almejava ser um veloz famoso e adorado por todos – ou quase todos.

O tele transportador começou a brilhar e Batman entrou primeiro, sabendo que o rapaz não era nem louco em sair correndo dali para outro lugar qualquer. O ruivo sabia bem dos riscos que corria por desobedecer o Morcegão, então ele simplesmente anunciou seu nome para o computador e os raios zeta transformaram-no em partículas de átomos até o Monte Justiça em Happy Harbor, do outro lado do país.

A voz convidativa do computador anunciando a chegada do garoto ecoava nos corredores vazios, todos haviam ficado na mansão dos Queen, com certeza, e o casal deveria ter partido para a Lua de Mel no final da festa. Ele não teria nenhum distração para impedir sua partida e isso era bom, mas não deixava o rapaz mais feliz. Ele iria sentir falta daquele futuro, mesmo que fosse o dele. Só lhe restava rezar para que tudo desse certo e tudo acontecesse tão bom para ele como acontecera para o seu eu mais velho.

Batman o aguardava na entrada do corredor para a sala de treinamento, fazendo sua capa voar quando virou-se dramaticamente para continuar caminhando. O rapaz não correu nem apressou-se com aquilo, sabia que o andróide e o herói ainda teriam que dar os ajustes finais na geringonça, então ficou encarando as salas que se ligavam ali.

Felizmente, a coisa boa era que a sala dos Souvenires estava por ali e a porta estava aberta, com uma garota loira familiar para o ruivo, de costas para a entrada e brincando com uma foto que aparecia quase todo mundo da liga. Wally suspirou pesadamente, sabendo que se sentiria mal, mas a culpa o consumiria se não cumprimentasse Kara antes de voltar para o passado, mesmo que já tivesse falado com ela.

-Não está dormindo? – a kriptoniana pulou e segurou um grito, flutuando levemente e virando-se para o jovem ruivo menor que ela. Ela arregalou os olhos azuis.

-Não voltou?! – ela dizia preocupada.

-Eu estou indo ainda, se quer saber. – uma voz brincalhona saiu da boca do jovem.

-Ah. – ela abaixou o olhar e voltou ao chão, os pés pra dentro e tristeza na face bonita.

-Que foto é essa? – o ruivo perguntou entrando na sala e vendo mais de perto.

Na verdade, não era a Liga da Justiça. Eram, meramente, as pessoas que Kara mais gostava e num retrato de diamante, e uma foto recente que Wally, por acaso, fazia parte dela.

Os orbes esmeraldas se arregalaram em choque quando viram a imagem e Kara sorriu triste, vendo as sardas ficarem mais vermelhas com o rubor do garoto – Como conseguiu essa foto?

-Eu chantageei o fotografo. – ela falou meio envergonhada de seus atos, mas ansiosa para mostrar ao garoto aquilo de qualquer forma – Eu sabia que iria demorar pra sair, então eu providenciei logo. Queria ela aqui quando acordasse no dia seguinte e não tivesse meu pessoal favorito por perto. – ela brincou com um dedo apontado para o casal na foto da praia e Wally realizou – E é uma lembrança sua, pra ninguém esquecer que você passou por aqui.

-Se eu não sumir dessa foto quando voltar ao passado. – ele a avisou.

-Não importa. Aqueles que foram, sempre se lembrarão. Não tem como não lembrar de uma cabeça de cenoura tão chamativa quanto a sua. – a garota brincou.

E na foto estavam o casal no centro, Babs e Dick do lado, M’Gann e Superboy do lado de Babs, Roy e Jade do lado de Dick, Kaldur e Kara em cada ponta, com Clark Kent, Dinah, Zatanna e Lian nos braços do garoto ruivo no canto da imagem, perto de Kara, sorrindo daquele jeito encantador de sempre e tão feliz por ter feito parte de algo duas vezes.

-Não sabia que essa foto fosse sair tão boa. – o garoto falou depois que se lembrou que ela havia sido tirada após as despedidas e algumas das garotas estavam com a maquiagem meio borrada.

-Bom, pelo menos estamos todos juntos. – a loira continuou e o rapaz assentiu.

-Ta certo. – o ruivo lembrou-se de Batman, então, e Tornado Vermelho que já deveriam estar revirando a caverna em sua busca. A garota sentiu a tensão do ruivo e quando Wally menos esperava, ela estava abraçando-o fortemente.

-Seja assim também quando me conhecer no seu presente, ta? – ela pediu e o ruivo assentiu, sorrindo suavemente.

-Pode deixar. Vai se sentir em casa perto de mim. – ele lhe piscou um de seus orbes esmeraldas e se despediu – Até mais, garota de aço.

-Até mais, garoto mais rápido vivo. – e com isso, ele deixou a sala de souvenires para a alienígena pensar sozinha, emocionada pela descoberta de um amigo inesperado.

Ela só lamentava a presença dele ter sido tão ligeira, quanto seus pés.

-Oras, se não é Wally. – Tornado disse em sua voz robótica ao lado de uma maquina enorme, caprichando em alguns detalhes finais.

-E aí? Como é que ta, Tornado? Muitas engrenagens pegando no seu pé? – certo. Ele não podia resistir a mais uma de suas piadinhas infames.

-Eu não sei se devo rir ou chorar da sua tentativa de humor. – o andróide anunciou – Certamente, não consigo fazer nenhum de ambas. O que importa? – e voltou a dar os ajustes finais na máquina.

-Tem certeza que é 2011? – Batman perguntou estreitando seus olhos e fazendo Kid Flash revirar os esmeraldinos.

-Sim, sim! 2011! – Wally rebateu ajeitando os cabelos de cenoura e caminhando pela sala de missões do futuro, despedindo-se das paredes e respirando fundo.

-Então está tudo pronto. – Tornado afirmou, endireitando sua coluna e despedindo-se brevemente do garoto do passado, desejando-lhe, de sua forma única e robótica, uma ótima viagem.

-Obrigado. – Wally agradeceu colocando-se em posição a frente do monólito esquisito.

Bruce esperou Tornado sair para ajeitar Wally na cadeira e conversar com ele a respeito das coordenadas, dar dicas e afins sobre a viagem temporal estática que o veloz não estava acostumado a fazer – seria uma coisa bem diferente de sair correndo como ele tivera feito para ir ao futuro.

-Se acabar um pouco depois no tempo ou um pouco mais cedo, não deixe a máquina. Espere-a recarregar e ajuste-a novamente. As chances das coordenadas que eu te dei estarem erradas são de 0, 001% então as probabilidades estão a seu favor. – Batman falou, mas a sua voz grossa de um Bruce gripado não era muito asseguradora. Wally assentiu com a cabeça mesmo assim – Os efeitos colaterais máximos serão tontura e dor de cabeça, somente. Algo mais, foi intoxicação alimentar.

-Como pode ter tanta certeza? – o garoto perguntou, um brilho curioso no olhar enquanto Batman apertava um botão para abrir a porta da cápsula metálica do tempo.

-Eu sou o Batman. – Bruce rebateu e Wally parou por um segundo, dando-se por satisfeito em seguida.

Era uma resposta plausível, no final de contas.

Batman apontou o lugar para Wally se sentar e o moleque obedeceu, ajeitando-se no assento de couro e vendo vários botõezinhos chamativos, piscando e bipando, tentando o garoto a tocá-los. Quando o dedo coberto pela luva do rapaz se aproximava de um amarelo cintilante, Bruce estapeou sua mão e olhou inconformado o garoto.

-Se tocar em qualquer coisa vai desregular as coordenadas e acabará na era jurássica onde não haverá satélites nem tecnologia que possa trazê-lo de volta! – aquilo foi bem convincente.

Colocando o cinto quádruplo que se fechava no centro apoiado sobre a barriga do rapaz, Batman se distanciou da máquina apertando alguns botões finais do lado de fora que permitiam na parada após a chegada ao destino as portas fossem abertas automaticamente. Wally viu que o homem de preto se endireitou e permitiu que a capa repousasse sobre seus ombros, deixando somente a ver a máscara e os olhos do cavalheiro das trevas.

-Faça uma boa viagem, Wally. – Bruce avisou e o jovem assentiu com a cabeça, sorrindo levemente – Lembre Dick de falar para Jason tomar cuidado com o Coringa. Muito cuidado mesmo. – e um olhar triste descreveu-se na face do Batman, não daqueles medonhos e prepotentes dele.

Wally assentiu, e fosse quem fosse esse tal de Jason, ele era uma pessoa bem importante para Bruce – deveria ser para Dick também se ele mandou avisar.

De qualquer forma, após a despedida do Batman do futuro, a máquina se fechou e um barulho muito alto começou a se fazer em seguida, quase ensurdecedor. O computador avisou algo a respeito de partida em três segundos e, então, Wally mal pode respirar por dez segundos com um vento absurdo empurrando-o para trás.

Essa era a força temporal e, com certeza, Wally estava brincando com fogo quando tivera ido ao futuro. Ele não sabia desse poder todo.

Mas, quando os dez segundos acabaram, aquela sensação de ser empurrado para trás e o vento, e o brilho dos botões, e os barulhos, tudo, havia parado. Um leve apito da entrada da cápsula do tempo soou e o rapaz viu a fumaceira da máquina superaquecida emanar do veículo enquanto tentava ver em meio aquilo onde havia parado.

Apesar de estar escuro, quando a bota amarela do jovem veloz tocou o chão, luzes automáticas se ligar e o computador avisou a chegada de Kid Flash na Caverna.

Wally resmungou alguma coisa, não sabendo bem se aquilo tinha dado certo ou não – de duas uma: ou ele estava de volta ou ele estava um pouco mais a frente no futuro, porque se estivesse antes de 2011 naquela terra a Caverna já teria o atacado com toda a parafernália de armamentos embutidos dela.

O computador não perdoa invasores – só aqueles que hackearam o sistema e o desligaram.

(Ta bom então, né?!)

Wally saiu da máquina e ela se fechou, sozinha, deixando o rapaz bobo com tudo aquilo, e, de repente, sumiu, fazendo todo o estardalhaço que fizera quando tinha trazido o adolescente para cá – Acho que foi por isso que Bruce me disse para não sair do veículo se não tivesse chegado.

Já era tarde demais de qualquer forma, então Wally decidiu procurar um meio de saber se havia voltado para casa, tentando não cometer os mesmo erros de quando havia ido ao futuro. E ao levantar os olhos esmeraldinos para um mural sobre a abertura do corredor, deu de cara com um relógio que alertava cinco horas da manhã de novembro de 2011, dois dias depois de seu sumiço.

-CONSEGUI! UHUUU! TO EM CASA! – e ele só se tocou depois que era de madrugada e que haviam pessoas dormindo.

Envergonhado por suas atitudes, mas muito empolgado por estar de volta, Wally fez a primeira coisa que lhe passou pela cabeça – correr até a cozinha e comer todos os sanduíches de presunto com nutella que ele pudesse agüentar, e todos os refrigerantes, porque ele estava meio que cansado das comidas chiques do futuro que ele teve de lanchar – ele queria mesmo era todas as porcarias que a Caverna tinha a oferecer para os adolescentes que salvavam o mundo na sombra da Liga da Justiça.

Tirando a parte final, era muito legal ser da Equipe e ele amava aquele lugar – ele amava seus amigos e ele amava ver tudo igual, mas em seu tempo certo, amadurecendo na hora certa e vivendo direitinho como deveriam viver, sem pressa alguma.

Era assim que ele gostava de ser. E, apesar de ter adorado conhecer o futuro, ele era apaixonado pelo presente, pelo seu tio Barry e pelas aventuras com seus amigos de longa data que viriam.

Tudo Astre, nada de Dês. (referências de Robin, claro, porque o oposto de Desastre é Astre.)

O ruivo puxou a máscara e deixou os óculos pendurados em seu pescoço, divertindo-se enquanto pensava em como estava feliz por ver seu tio Barry de novo – lembrando-se de tomar conta dele direitinho dessa vez – e de como fora interessante. Ele só não sabia se devia contar aos seus amigos da viagem ao futuro.

Bom, ao Dick ele iria contar com certeza – ele acabaria descobrindo mais cedo ou mais tarde, por meios misteriosos mesmo; mas para os outros? Saber o futuro era chocante, principalmente para o próprio Wally. Ele só tinha de lembrar dos fatores principais para alertar todo mundo dos riscos que correriam e para tentar evitá-los, ou treinar para passar por eles intactos.

A Bárbara... Wally lembrou-se da história de como Babs havia sido colocada na cadeira de rodas e de como ele ficava triste ao lembrar daquilo, e de todas as histórias que ela lhe contara de que ser Batgirl fora a melhor coisa em sua vida – certamente, o velocista novo faria de tudo a seu alcance para proteger sua melhor amiga no futuro, não importa o que acontecesse.

E o rapaz tomou um susto quando uma garrafa pet vazia passou tinindo e raspando por sua orelha até alcançar o outro lado da cozinha, espatifando-se como vidro em vários pedacinhos de tamanha força que tivera sido arremessado.

-MAS QUE PORRA FOI ESSA?! – e Wally virou bruscamente seu pescoço para trás chocado ao ver, não Superboy (quem ele tinha certeza de que tivera arremessado a garrafa e quebrado-a), mas Artemis com seu arco em mãos e um olhar mortífero em suas íris tempestuosas.

Wally parou por um segundo e corou depois de lembrar do futuro, sentindo sua face arder com o olhar pesado dos orbes cinzas irritados sobre os seus esmeraldinos. Artemis estava de pijama, calças cumpridas de moletom e uma blusa regata branca, deixando bem pouco para a imaginação furtiva do jovem velocista e fazendo-o ficar mais vermelho ainda. Aliás, ela também usava pantufas.

-ONDE VOCÊ ESTAVA?! – o grito dela acordou-o de seus devaneios e ele não pode evitar notar a vermelhidão nas maçãs normalmente olivas da arqueira.

-Hã?!

-DROGA WALLY!  VOCÊ QUASE DEIXOU TODO MUNDO TER UM TROÇO AQUI! – ela explodiu, tacando o arco no chão e batendo os pés no chão, marchando até ele e empurrando-o pelos ombros até que a lombar do jovem encostasse várias e várias vezes no granito da ilha no centro da cozinha – Quem você pensa que é pra desaparecer assim do nada?! Acha que as coisas funcionam desse jeito?! As pessoas brigam e não dão sinal de vida por dois dias inteiros?! QUAL É A SUA!?

-Ei, corta essa! – ele respondeu um pouco nervoso com aquela aproximação toda (e a violência de Artemis). Ele ainda lamentava por ela ser da mesma altura que ele – Eu só dei uma volta! Se tivesse me procurado saberia onde eu estava!

-Ah, claro! Era só o que me faltava agora! – ela falou num tom irônico, gesticulando com os braços finos e definidos, saindo um pouco do espaço pessoal de Wally – Eu sair à procura de quem resolveu brigar comigo a toa! Você é quem devia ter vindo me procurar!

-Nos seus sonhos! – ele zombou e Artemis calou-se, encarando-o de soslaio, sua face virada levemente sobre um de seus ombros, seriedade de repente emanando de sua figura e preocupação também.

Então ela havia se tornado a Artemis do futuro, com as feições calmas e preocupadas, aquele olhar triste de quando pensara que Klarion havia transformado Wally em adolescente para que o casamento não tivesse se realizado, um olhar de decepção. 


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Notas finais do capítulo

Vão para o proximo e comentem! lolololololol



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