Edward pov.

Acho que nunca fiz o caminho do meu trabalho para minha casa em tão pouco tempo. Estava louco para chegar e ficar com os dois amores da minha vida. Era para o meu plantão ser somente no período da noite, mas assim que estávamos saindo, chegou mais um caso para resolvermos, resultado: meu plantão foi esticado até agora de tarde. Eu estava acabado, morrendo de sono, mas nada disso me tirava à vontade de curtir as duas mulheres da minha vida.

- Mas que droga! – a ouvi reclamando, logo assim que abri a porta do apartamento. 

- O quê foi? – fui até ela, que estava sentada no chão da sala, e dei um beijo em sua cabeça.

- Não se tem um emprego nessa cidade! – jogou os braços para o alto. – Não consigo um estágio... Essas crianças não têm aula de Literatura ou Gramática, não?

- Já tentou ver em alguma escola que tenha ensino médio? – me sentei no sofá.

- Já, mas eles falam que não querem um estagiário quase da idade dos alunos.

- Por quê? – franzi o cenho.

- Não sei. – deu de ombros. – Eu só quero arrumar um emprego, – jogou o jornal que estava vendo em cima da mesinha de centro e veio sentar ao meu lado. – mas parece que isso é impossível nessa cidade!

- Por que tanta pressa assim para arrumar um emprego?

- Porque eu não gosto de ficar sendo sustentada por você. Você acha que eu gosto de ficar te pedindo dinheiro para o metrô? Ou então porque preciso comprar alguma roupa? Ou talvez porque tenha que ficar o dia todo na faculdade e precise de dinheiro para almoçar? – começou a se exaltar. – Isso não é legal, Edward! Eu saí de casa com o objetivo de me tornar independente, mas eu não estou conseguindo. – seus olhos estavam cheios de lágrimas.

- Acabou? – ela não respondeu. – Você sabe que não precisa disso tudo, amor. – a abracei. – Sabe que eu não me importo com nada disso, muito pelo ao contrário, eu gosto de te ajudar. Mas se isso te deixa tão triste, eu não vou me opor de você conseguir um trabalho. – dei um beijo em sua cabeça. – Por que você não usa por enquanto o dinheiro da pensão da sua mãe?

- Porque eu só posso ter acesso a ele quando tiver 21 anos, o que ainda não tenho. – fungou.

- Pára de chorar, tá? Eu tenho certeza que você vai conseguir um emprego. – sorri. – Agora você pode me dizer aonde está minha filha?

- No seu quarto, vendo desenho.

- No nosso quarto? – corrigi, arrancando um sorriso dela.

- É, no nosso quarto.

- Eu vou lá. – antes de levantar, dei mais um beijo nela, porém fomos interrompidos pela campainha. – Por que o porteiro não interfonou?

- Deve ser Alice. – deu de ombros. – Vai lá ver a Claire e deixa que eu atendo. 

- Ei! – entrei em seu quarto lilás e rosa. – Como foi o seu dia?

- Papai! – ficou de pé em cima da cama e estendeu os braços em minha direção. – Por que você só chegou agora?

- Porque o papai teve que ficar trabalhando até mais tarde. – a puxei para meu colo. – Você já almoçou?

- Claro! – deu um beijo em minha bochecha.

- Vamos lá para sala ficar com a tia Bella?

- Vamos, vamos. – ainda com ela no colo, fui em direção a sala. – E o quê nós vamos –

- Vovó! – me interrompeu.

- Carmem?! Eleazar?! – fiquei estático. Tudo bem, eu não esperava por isso.

- Edward, querido! Quanto tempo. – me abraçou e depois pegou Claire do meu colo. – Eu estava morrendo de saudades de você, meu amor! – deu um beijo na testa dela.

- Edward.

- Eleazar. – olhei para Bella e seu rosto estava assustado. – Er... – pigarreei. – Essa é a Bella, – a puxei para perto de mim. – minha –

- Sua babá é muito linda, querida. – antes deu responder qualquer coisa, Claire tomou minha frente.

- Ela não é minha babá, vovó. Ela é a namorada do meu papai.

- Namorada? – passou a criança para o marido. – Como assim namorada?! Você está namorando, Edward?! – aumentou a voz. – Como você tem coragem de fazer isso?!

- Ei, abaixa o tom de voz que você está na minha casa! – ergui a voz também. – Eu sou um cara solteiro, Ok? Livre e independente... Tenho direito de fazer o que eu bem entender da vida.

- VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE FICAR COM OUTRA MULHER! – gritou, assustando a minha filha.

- E VOCÊ NÃO TEM O DIREITO DE GRITAR COMIGO NA MINHA CASA!

- Edward, por favor... – segurou meu braço, tentando me acalmar.

- Carmem, abaixa o tom de voz, você está assustando a menina.

- Você acha que eu estou errada?! Ele traz uma qualquer pra dentro de casa, pra morar com a minha neta e eu estou errada!

- Olha como você fala de Isabella. – apontei um dedo para ela. – Ela é minha namorada e eu exijo respeito.

-Edward, calma. – Eleazar abaixou minha mão. – Vocês estão muito nervosos. Carmem, é melhor nós irmos embora, amanhã voltamos aqui e conversamos com mais calma.

- Eu não tenho mais nada para conversar com esse homem! – olhou para mim com desdém. – Eu vou embora dessa casa! Não vou obrigar o Edward a respeitar a memória da minha filha.

- Por Deus! – passei a mão no cabelo, exasperado. – Respeitar a memória de Tanya?! O quê eu estou fazendo de errado?! Eu tenho direito de seguir minha vida, tenho o direito de ser feliz!

- O garoto está certo, Carmem.

- Você dá razão a ele?! – balançou a cabeça negativamente. – Vamos embora. – se virou, ainda com minha filha nos braços, e já ia em direção a porta.

- Aonde você vai? – me meti em sua frente.

- Para o hotel e amanhã cedo estou voltando para Vancouver.

- Com a minha filha? – ergui uma sobrancelha.

- Você acha realmente que eu vou deixar a menina aqui, sendo criada por essa vagabunda?!

- Não! Eu gosto da tia Bella, vovó! Me coloca no chão. – começou a chorar. – Eu não quero ir embora! Papai? – esticou os bracinhos em minha direção.

- Carmem, solte a menina.

- Eu não vou deixar a minha neta aqui. – repetiu.

- Então nós temos um problema, porque daqui a minha filha não sai. – cruzei os braços. – O pai dela sou eu. Sou eu quem tenho que cuidar dela, não você.

- Edward, eu... – Bella começou a falar. – Eu vou sair... Dar uma volta, deixar vocês conversarem com mais privacidade.

- Você não vai a lugar algum. – acabei sendo um pouco rude. – Essa casa é sua. Quem tem que ir embora é Carmem. – peguei minha filha de seus braços. – Você que não tente tirar a guarda de Claire de mim. Primeiro porque você sabe que não vai conseguir e segundo, isso só complicaria as coisas para o seu lado.

- Você está me ameaçando?

- Não. Só estou expondo os fatos.

- Vamos, Carmem. – empurrou a esposa até a porta. – Perdão, Edward. E me desculpe, Bella.

- Tudo bem. – balançou a cabeça.

- Adeus. – saíram.

- Papai, eu não vou embora, vou? – seus olhos estavam brilhando, sinal das lágrimas que estavam acumuladas ali.

- Claro que não, amor. – dei um beijo em sua testa. – Você acha realmente que o papai ia deixar você ir embora? – ela se limitou a negar com um movimento de cabeça. – Posso te pedir um favor?

- Pode.

- Vai para o seu quarto, que o papai tem que conversar com a tia Bella, tá?

- Arrã. – saiu, nos deixando a sós.

- Bella?

- Eu... Ai, meu Deus! Eu não queria te causar tantos problemas! Perdão, Edward! Me perdoa... Se eu... Se eu soubesse que eu ia te causar isso tudo, pode ter certeza que eu não teria aceitado vir morar aqui... – mexeu nervosamente no cabelo. – Deus! Não sei nem o quê te dizer!

- Eu quem tenho que te pedir desculpas. – me aproximei dela. – Aquilo que Carmem falou foi inaceitável. Por Deus! Ela te chamou de vagabunda! Você sabe que eu não penso isso de você, não é? Você sabe que eu realmente te amo, não sabe?

- Sei, sei. – tentou sorrir, mas falhou. – Ela não vai conseguir tirar a Claire de você, vai? – mordeu o lábio inferior.

- Não, meu amor, pode ficar tranquila. – a abracei, dando um beijo no topo de sua cabeça. – Ninguém vai tirar a nossa Claire. – ergui sua cabeça, encarando aquela imensidão verde que eram seus olhos. – E eu não estou mentindo. – falei, antes que ela pensasse isso.

- Eu te amo. – ficou na ponta dos pés, tentando me beijar.

- Eu sei. – sorri. – Eu também amo você. – encostei nossos lábios, dando início ao nosso beijo, porém fomos interrompidos por uma risadinha baixa. – Claire. – olhei seriamente para ela.

- Oi. – colocou as duas mãos atrás do corpo, se balançando.

- Eu não mandei você ir para o seu quarto?

- Deixa a menina, Edward.

- Papai, por que a vovó estava com raiva?

- Isso não é assunto para você, querida.

- Mas ela estava com raiva da tia Bella, por quê? – insistiu.

- Claire, – se abaixou na altura dela. – não se preocupe com isso, tá? Já passou... Eu não estou chateada com a sua avó.

- Por que a senhorita não vai trocar de roupa para nós sairmos, hein?

- Sério? – assenti. – Ebaaa! – saiu correndo de volta para o quarto.

- Edward, – veio andando em minha direção. – você deve estar cansado, com sono... Tem mais de 24 horas que não dorme. Por que isso?

- Não posso sentir vontade de sair com vocês duas? – passei meu braço por cima de seus ombros.

- Claro que pode, mas você não acha que é melhor descansar, não?

- Não, não acho. – dei um beijo na ponta de seu nariz.

- Tô pronta. – voltou para sala com uma calça jeans, uma blusa rosa de moletom e um par de tênis nas mãos. – Coloca pra mim, tia Bella?

- Claro, amor. Senta ali. – apontou para o sofá.

- Aonde vamos, papai? – perguntou, enquanto observava Bella amarrar os tênis brancos em seus pés.

- Não sei. – dei de ombros. – Vocês escolhem.

- Eu quero í no cinema. Pode, tia?

- Claro, querida. – ficou de pé, sorrindo. – Vamos? – ofereceu a mão para ela.

- Vamos.

- Então vamos. – peguei Claire no colo e passei meu braço livre em volta de Bella.  

 Nosso primeiro passeio em família estava começando.

[...]

Durante o tempo em que passamos no shopping, pensei na melhor forma de abordar o assunto “Charlie” com Bella, mas não cheguei a nenhum resultado. Não sabia como falar sobre isso com ela sem estressá-la. Se eu bem conheço Isabella, ela vai pirar quando eu começar a falar, vai me mandar calar a boca e falar que tudo relativo a Charlie não interessa mais a ela. Sim, eu conheço perfeitamente bem a minha namorada.

- Por que você está tão quieto? – terminou de fechar a mamadeira rosa de Claire e foi em direção ao nosso quarto, onde ela estava.

- Eu tenho que te contar uma coisa.

- Ai, meu Deus! Você matou alguém que eu conheça? – tentou fazer piada, mas dessa vez eu não ri. – Tudo bem, a situação é séria. – compreendeu. – Deixa só a Claire dormir e nós conversamos, pode ser? – entrou no quarto e imediatamente estendeu o objeto em direção a criança.

- Enquanto é isso eu vou tomar um banho.

- Tudo bem, amor. – deitou ao lado de Claire, fazendo um leve carinho em seus cabelos castanhos.   

Bella era uma pessoa extremamente carinhosa com Claire, fazia questão de a todo momento demonstrar o quão importante ela era, o quanto a amava... Não sei como Carmem pode se quer cogitar a possibilidade de separá-las. Tenho certeza que onde quer que Tanya esteja, ela deve estar muito feliz ao ver que sua filha é muito bem cuidada pela minha namorada, ver que Bella cuida de Claire como se ela fosse sua própria filha.

- Ela dormiu? – perguntei, em um tom baixo, quando saí do banheiro.

- Acabou de dormir. – colocou a mamadeira em cima da mesinha de cabeceira. – Você se importa dela dormir aqui hoje? Ela pediu.

- Não, claro que não. – coloquei uma blusa de manga cumprida, devido ao frio intenso que fazia, apesar do aquecedor estar ligado. – Bella, vamos até a sala? Nós realmente temos que conversar.