Edward pov.

- Mas, mamãe, e se ele acordá? – ouvi o sussurro de Claire, mas ao invés de abrir os olhos, fingi que continuava dormindo.

- Shiii. Ele não vai acordar, filha. Vem cá, ajuda a mamãe.

- Mas a gente vai faze o quê?

- Vamos passar isso aqui no rosto dele. – o quê diabos essas duas estavam aprontando?

- Tá bom. – assim que senti que elas estavam bem próximas de mim, as puxei para cama, deitando em cima das duas, que gritaram e riram ao mesmo tempo. – Papai!

- O quê vocês iam fazer? Posso saber?

- Não, não pode.

- A gente ia pinta você.

- Claire!

- Iam o quê? – ergui a sobrancelha direita. – Vocês iam me pintar, é isso mesmo?

- Filha, não era pra você falar nada. 

- Desculpa, mamãe, mas você fala que não pode menti nem pro papai nem pra você.

- Ah! Vocês realmente iam me pintar? – ri. – Ok. Quero ver quem vai escapar de um ataque de cosquinhas! – antes que elas tivessem tempo de fugir, meus dedos já passavam pela barriga delas.

- Edward, pára! – seu rosto já estava vermelho.

- Papai! Eu não tô respirando!

- Edward, pára! – resolvi realmente parar quando vi que o rosto de Bella já estava ficando roxo.

- Vocês são duas abusadas, isso sim! – ri, saindo de cima delas e deitando ao lado de Claire.

- Eu quero come alguma coisa.

- Eu vou ligar pra recepção e vou pedir.

- Não! Deixa que eu vou lá embaixo, quero sair um pouco desse quarto. – falei, me levantando da cama e indo pegar uma calça jeans dentro da mala.

- Tem certeza? É só ligar pra recepção, Edward.

- É, mas eu quero sair um pouco do quarto.

- Tudo bem, você quem sabe. – deu de ombros.

- Daqui a pouco eu tô de volta. – dei um beijo na testa de Claire e um selinho em Bella antes de sair do quarto.   

Eu sei que era só eu ligar para a recepção e pedir alguma coisa, mas eu realmente queria sair do quarto. Acho que nunca fiquei tanto tempo preso em um lugar só como estava ficando ultimamente nesses quartos de hotéis.

- Boa noite, senhor.

- Boa noite. Eu queria pedir três sanduíches de peito de peru e três sucos de laranja, por favor.

- Claro. Vou mandar preparar, daqui a pouco está pronto.

- Ok, obrigado. – fui me sentar em uma das inúmeras mesas, que ficavam espalhadas por ali, enquanto meu pedido não ficava pronto.

- Edward? – ouvi uma voz desconhecida me chamando e quando virei para olhar não acreditei no que vi.

- O quê diabos você está fazendo aqui?

- Como assim o quê diabos eu estou fazendo aqui? Eu estou hospedado nesse hotel!

- Você o quê?! – minha voz saiu uma oitava mais alta.

- Ora, Edward, acredito que você tenha entendido. – sentou na minha mesa, como se nós fossemos amigos antigos. – Que coincidência vocês também estarem hospedados aqui, não é mesmo? Tenho certeza que Isabella vai adorar saber disso. – ouvir o nome da minha mulher saindo carregado com aquele sotaque francês dele só me deu mais nojo.

- Presta atenção no que eu vou te falar, Juan. – me inclinei sobre a mesa, aproximando meu rosto do dele. – A Isabella é a única mulher no mundo que você não pode encostar um dedo, entendeu? Ela agora tem a quem proteja.

- Sabe? Acho que você está sendo muito antipático comigo. Você poderia ser mais sociável, afinal nós temos muita coisa em comum.

- Eu não tenho nada em comum com você.

- Claro que tem. Você dorme com a mesma mulher que eu já dormi um dia. – tive que contar até mil para não matar esse desgraçado. – Isso faz com que nós tenhamos muitas coisas em comum.

- Cala a merda da sua boca! – rugi. – Experimente se aproximar de Bella ou da minha filha e você verá o que acontecerá com você.

- Ora, isso é uma ameaça, eu posso avisar a polícia. – sorriu.

- Pois bem, avise. Você está falando com ela. Detetive Edward Cullen. – dessa vez fui eu quem ri ao ver que o sorriso que estava em seu rosto se desfez. – Não se aproxime de nenhuma das duas, fui claro? E reze para nós não nos encontramos aqui dentro. – levantei. – Passar bem. – fui até o balcão, perguntando se meu pedido já estava pronto.

- Já sim. Eu estava indo levar na sua mesa agora, senhor. – me entregou uma sacola plástica com as coisas.

- Obrigado. – depois de conferir tudo fui em direção ao elevador. Precisava contar a Bella sobre Juan está hospedado no mesmo hotel que a gente, mas não sabia como.

- Você demorou. – falou assim que me viu entrando no quarto.

- Os sanduíches demoraram a ficar prontos. – entreguei a bolsa a ela, que logo abriu e deu o sanduíche de Claire na mão da criança junto com o suco. – Que cara é essa? – deu uma mordida em seu lanche.

- Que cara? – sentei ao seu lado.

- A cara que você faz quando está irritado com alguma coisa. O que aconteceu?

- Não aconteceu nada, Isabella. – fui um pouco seco.

- Tudo bem, Edward. Desculpa. – desviou o olhar, prestando atenção no desenho que Claire via.

- Não, Bella... – passei a mão pelo meu cabelo, suspirando. – Eu é que tenho é que tenho que te pedir desculpas. Aconteceu sim uma coisa, só que eu não sei como te contar.

- O quê foi? – olhei para Claire, vendo que ela estava tenta a nossa conversa.

- Depois a gente conversa. – ela assentiu, entendo sobre o que eu falava, ou melhor, quem eu estava falando.   

Ficamos mais um pouco ali no quarto, conversando sobre assuntos banais, até eu achar o melhor momento para conversar com Bella, pelo menos tentar conversar.

- Vamos lá na varanda. – pedi.

- O quê foi, Edward? – sentou em uma das cadeiras que havia ali.

- Eu quero que você fique calma, Ok? – sentei em sua frente.

- Eu já estou nervosa só pela forma que você está falando.

- Então eu não vou falar nada. – fiz menção de levantar, mas ela segurou fortemente minha mão, me impedindo de realizar tal tarefa.

- Agora você vai falar, detetive. Que história é essa de me provocar e depois fugir? Não, senhor.

- Eu não quero que você fique nervosa, Isabella. – coloquei minhas mãos sobre seus joelhos.

- Fala logo, Edward.

- O Juan também está hospedado nesse hotel. – falei tudo de uma vez.

- O Juan o quê?! – praticamente gritou. – Você só pode estar brincando comigo! Como você sabe disso?! – ficou de pé, andando de um lado para o outro.

- Eu o vi na hora em que fui pegar os lanches. Ele próprio me falou que estava hospedado aqui. – me levantei também, parando em sua frente. – Bella, ele não vai se aproximar de você novamente. – segurei em seus ombros, obrigando-a ficar parada. – Eu tive uma conversinha com ele.

- Pelo amor de Deus! O quê você falou?!

- Que não era para ele chegar perto de você ou de Claire, só. Bella, eu não vou deixar esse cara te fazer mal novamente. Já te falei isso.

- Eu sei. – me abraçou. – Eu confio em você, Edward, realmente confio, mas eu não me sinto bem tendo esse cara por perto, entende?

- Você se sente bem me tendo por perto?

- É claro que sim!

- Então é isso que importa. – murmurei antes de encostar meus lábios nos dela.   

Protegeria Bella de tudo e de todos, custe o que custar.

Isabella pov.

Mil coisas passavam pela minha cabeça ao mesmo tempo. Não podia acreditar que aquele desgraçado estava aqui. Depois de ter fugido dele, depois de ter vindo para Nova Iorque justamente para me afastar dele, depois de tudo isso ele resolve aparecer novamente. Tudo bem que dessa vez havia sido coincidência, até porque não tinha como ele saber que eu estaria na Disney durante esse tempo, mas mesmo assim eu estava com muita raiva. O que me deixava um pouco mais calma era o fato de ter Edward ao meu lado, eu sabia que com ele por perto nada me atingiria.   

Notei o quão nervoso ele ficou ao vir me falar que Juan estava hospedado no mesmo hotel que nós três. Acho que Edward tinha medo de eu surtar a qualquer momento ou então ter uma crise nervosa, mas nem uma coisa nem outra iriam acontecer. Eu tinha aprendido a lhe dar com Juan, sabia que se eu ficasse nervosa ou demonstrasse fraqueza ele ganharia território, e era exatamente isso que eu precisava evitar. 

 E justamente por causa disso, que assim que eu vi Edward e Claire dormindo, decidi ir resolver essa historia de uma vez por todas.

- Oi, boa noite. – cumprimentei a atendente da recepção.

- Boa noite, senhora. – me lançou um sorriso educado.

- Eu descobri que um grande amigo meu da faculdade, Juan Dubois, está hospedado aqui no hotel também. Será que teria como você me informar o quarto dele, por favor?

- Senhora, é contra as normas do hotel dar esse tipo de informação.

- Por favor, eu realmente gostaria muito de revê-lo. Nós estudamos juntos durante dois anos na França e nos tornamos muito amigos... E tem tanto tempo que não o vejo. – tentei fazer minha melhor cara de triste. – Por favor.

- Tudo bem. – ela sorriu. – Mas ninguém pode ficar sabendo disso, Ok?

- Claro que não! – dei um sorriso largo.

- Ele está no quarto 307, terceiro andar.

- Muito, muito, muito obrigada! – agradeci antes de ir em direção aos elevadores. Por incrível que pareça, eu estava muito calma, poderia dizer que até muito confiante. Assim que me vi diante do quarto, dei três batidas na porta.

- Qui est là? Perdão, quem é?

- Juan, é Isabella. – murmurei calmamente.

- Ora, ora... – abriu a porta de madeira escura. – Não acredito que a princesa resolveu vir até o quarto da fera. – riu da sua piada estúpida. – A que devo a honra de sua ilustre visita às – olhou a hora no relógio. – 23:47?

- Nós precisamos conversar. – adentrei o quarto, mesmo sem ter recebido convite para tal.

- Se seu namorado ficar sabendo que você está aqui ele me mata. Você sabe, não é, petit?

- Claro que sei, mon amour. – dei um sorriso irônico. – Mas pode ficar tranquilo que ele não saberá disso. O assunto agora é entre você e eu, Juan.

- Sou todo ouvidos, petit. – sentou na enorme cama, me encarando.

- Por que você fez aquilo comigo? – minha voz assumiu um tom seco, frio, letal.

- Por que eu fiz aquilo? Porque todos os garotos daquela faculdade queriam te levar para cama, Bella. Você não tem noção do quão desejada é. Todos sentem vontade de ficar com você. Eu simplesmente tive a sorte de ser o primeiro.

- Você é repugnante!

- Pode me chamar do que quiser, petit. Já foi feito. Eu fui o primeiro homem da sua vida, isso nunca vai mudar.

- Se você soubesse o quanto eu me arrependo disso! Do quanto eu me arrependo de não ter ouvido a Rosalie, de não ter me afastado de você... Mas sabe? Na verdade eu vim aqui para te agradecer.

- Agradecer?

- Isso, mon amour. Se não fosse por você, eu não teria voltado para Nova Iorque e não teria conhecido Edward. No final das contas você só me ajudou, Juan. Muito obrigada por isso. – sorri.

- Você realmente o ama, não é?

- O quê você acha? Edward me encontrou aos pedaços, completamente destruída graças a você! Se não fosse por ele, eu provavelmente ainda estaria assim. Mas quer saber, Juan? Ter conhecido Edward só me provou uma coisa: você é o homem mais deplorável que pode existir na face da Terra! Mesmo que você não tivesse feito aquilo comigo, mesmo que nós ainda estivéssemos juntos, mesmo assim, nós nunca daríamos certo! Eu e você, nunca. Você não é homem para mim, eu não mereço alguém tão sem escrúpulos quanto você!

- Você veio aqui para me humilhar, é isso?

- Não. Eu vim para dizer a verdade, nada mais. Desculpa se falar a verdade sobre você soa tão humilhante. Agora eu tenho que voltar, mon amour. E sobre aquilo que Edward falou, realmente não tente se aproximar da minha família. Passar bem. – saí daquele quarto batendo fortemente a porta, não posso negar que estava me sentindo muito mais leve.   

A partir de agora, uma parte do meu passado, a parte que eu sempre quis esquecer, estava enterrada e nada no mundo seria capaz de fazer com que ela voltasse.