Escutei um barulho, mas não tive coragem de abrir os olhos.

Mas parece que tem alguém que está querendo atrapalhar meu sono, pois um barulho que eu não sabia o que era, estava cada vez mais alto então eu levantei com os olhos um pouco fechados por causa do sono e me virei na direção do barulho. Era a porta. Meu coração começou a bater cada vez mais rápido e eu estava muito ansiosa. Tudo diante dos meus olhos parecia passar em câmera lenta.

Assim que a porta se abriu em vez do meu coração bater ainda mais rápido, ele parou de vez. Eu não tinha coragem de fazer mais nada. Estava completamente paralisada. Apenas me perdi observando aquele estranho que com o tempo deixaria de ser um simples estranho...

A figura parada na porta apenas me fitava curioso e logo começou a subir as escadas a passos lentos em direção ao sofá. Pela sua expressão parecia se divertir com o meu nervosismo.

Ele parou a poucos centímetros do sofá e eu comecei a prestar atenção nele. Os cabelos dourados eram arrepiados, mas ainda assim pareciam bastantes macios. Seus olhos de um azul tão profundo e na cor do céu. A sua pele era bronzeada dando um tom dourado incrível. Ele era alto e parecia ter um físico bastante definido, mas não parece nada exagerado. O loiro era realmente muito bonito exatamente como Ino descrevera. Estava tão perdida observando a beleza que ele possuía que nem me preocupei em ver o estilo de roupa que ele usava.

Fui tirada dos meus devaneios com ele falando comigo.

– O que você está...? - A pergunta dele morreu assim que ele observou a minha roupa me fazendo corar. Tinha esquecido completamente que ainda usava aquelas roupas curtas que Jiraya escolheu. Depois de um tempo encarando meu corpo o que só me deixou ainda mais constrangida, ele desviou o olhar para o meu rosto. Parecia ter acabado de solucionar um mistério - Hyuuga Hinata. A menina de que Ino me falou.

– N-Naruto-san? – perguntei ainda corada e me amaldiçoei por ter gaguejado.

– Sou eu, é claro. Sasuke te trouxe aqui, certo? – ele perguntou. Talvez Sasuke fosse o homem que me trouxe aqui. Apenas afirmei me encolhendo no sofá. Notando isso ele voltou a falar - Não precisa ter medo, menina. Eu não vou fazer nada.

– Sinto muito, mas não posso deixar de desconfiar. Você é filho daquele velho imundo. – confessei o que tanto me preocupava.

– Não me compare a Jiraya! Eu não sou mais filho dele. – disse com uma sinceridade que me impressionou. - Diga, onde está Ino? Ela me disse que tentaria vir com você.

– ... - Desviei o olhar. Ele fizera a pergunta que eu tanto temia. Como iria explicar a ele que a sua irmã morreu para me salvar? Ele iria ter uma raiva imensa por mim e talvez nem me deixe mais morar aqui. Mas também não é justo ficar calada... Ele merece a verdade.

Fechei os olhos e respirei fundo procurando coragem. Assim que já estava pronta abri os olhos e o encarei com os olhos marejados.

– Ela... - Ele me cortou, sem demonstrar emoção.

– Então ela morreu. – Ele suspirou e desviou o olhar.

Isso me deixou surpresa. Sua face não mudou hora nenhuma. Ele parecia lidar normalmente com a morte da irmã e isso, de certo modo me revoltou.

– Não está triste? Não se surpreende? – perguntei incrédula.

– Hyuuga, Ino disse que podia acontecer. Nós temos que resolver esse assunto mais tarde. Você precisa de um banho. Siga-me. – Ele me levou até um quarto. - Ali - apontou para uma porta dentro do cômodo - é o banheiro. Tome um banho. Prepararei uma comida depois. – ele disse já saindo do quarto, mas voltou a me encarar - Ah, tem roupas que deixei guardadas para Ino aqui, serão o bastante por hora.

– Certo. – concordei e ele saiu.

Nem ousei olhar o quarto. Simplesmente fui até a porta que ele indicou e entrei. Encarei o boxe transparente e o abri. Me despi completamente e entrei. Liguei o chuveiro e deixei a água quente escorrer pelo meu corpo.

A água parecia curar minhas feridas e aliviar minhas dores. Fazia muito tempo que não tomava um banho tão relaxante assim. Assim que acabei fechei o chuveiro e abri o boxe.

Peguei a toalha que estava jogada na pia e me enxuguei. Depois de seca, me enrolei na toalha e abri a porta do banheiro.

Pela primeira vez encarei o quarto. Fiquei surpresa, pois diferente dos outros cantos da casa esse parecia ser o mais simples. Me senti como se estivesse em casa e pelo menos achei um canto desse novo lar o qual eu pudesse me identificar.

Havia um armário laranja com branco na parte de trás do quarto. Na frente havia uma bancada laranja com um notebook em cima e mais algumas coisas, acima da bancada havia duas prateleiras com alguns mangás. A direita havia uma cama simples e uma janela. A maioria do quarto tinha as paredes pintadas de laranja. Seja quem for que escolheu, ama essa cor.

Essa cor combina com ele. Novamente a imagem de Naruto invadiu minha mente. De certa forma me senti segura ao lado dele, mas não sei explicar por que. Talvez não fosse nada. Ou talvez porque penso em Ino quando estou com ele, já que são irmãos.

Ao acabar de abrir o armário, vesti uma roupa da amiga que ficou um pouco curta e apertada, mas como Naruto não a via há um tempo, era natural que comprasse uma roupa menor.

Saí do quarto andando pelos corredores até que senti um aroma delicioso vindo de algum lugar. Parecia com o cheiro das comidas que Ino cozinhava. Me deixei levar e fui guiada para onde vinha o cheiro.

Me deparei com a cozinha e uma enorme variedade de comidas.

Sentei-me à mesa, esperando-o. Confesso que pela cara da comida, ele parecia cozinhar tão bem quando Ino. Escutei um barulho e desviei meu olhar para a porta da cozinha. Ele estava parado me observando, mas logo se aproximou e sentou também.

Pude perceber algo que me surpreendeu: Os olhos dele estavam vermelhos de choro.

Pelo visto ele não é tão insensível que nem ligou para a morte da irmã, como eu pensei vendo sua reação mais cedo. Por debaixo de toda essa máscara de indiferença parecia somente um garoto precisando de carinho.

Ele desviou o olhar vendo que eu percebi que ele havia chorado. Ele ficou olhando a parede, mas logo voltou a me encarar.

Agora mais sério que antes, apenas disse:

–Temos que resolver isso... Agora.

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PV INO

Acordei com um toque. Alguém acariciando o meu rosto.

Assim que reconheci o toque abri um largo sorriso ainda de olhos fechados. Levantei minha mão e a levei ao rosto de quem estava me acordando. Acariciei seus cabelos com os meus dedos e puxei o seu rosto para mais perto do meu.

Ficamos com as testas coladas por um tempo, mas ele se afastou. Gemi em protestos, mas ele me ignorou. Aproximou-se de mim e me deu um beijo na bochecha, mas novamente se afastou.

Abri os olhos e abri um sorriso maior ainda ao encarar aqueles olhos verdes que tanto me passavam alegria nesses últimos dias. Acariciei seus cabelos ruivos e ele me puxou me fazendo deitar sobre o seu peitoral.

– Akemi. – ele me chamou e eu me virei para encará-lo.

Desde que começamos a conversar ele passou a me chamar de Akemi já que eu não sei qual o meu verdadeiro nome já que perdi a memória e eu adotei esse nome com o maior carinho possível, já que foi ele que escolheu. Depois desse dia descobri que ele se chamava Gaara.

– Akemi-chan! – me chamou novamente.
– Desculpa! Eu tava distraída. O que você disse? – perguntei o olhando.

– Eu estava pensando. – disse desviando o olhar para o lado – você nunca saiu do hospital ainda e... – ele corou e eu o cortei.

– Ta me chamando para sair? – perguntei surpresa e esperançosa.

– Claro! Se você quiser e... – novamente o cortei.

Encostei meus lábios nos dele e ele pareceu relaxar um pouco. Me afastei e o encarei. Ele parecia está feliz e logo abriu um sorriso para mim. Levantei daquela cama que tanto me deprimia e o encarei.

– Vamos logo! – disse pegando sua mão e indo para fora do quarto.

Eu estava realmente ansiosa. Seria minha primeira saída do hospital e isso com certeza seria marcante para mim.

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PV NARUTO

Depois de ela ter me explicado toda a sua situação ela ficou aliviada, parecia ter tirado um peso da sua consciência. Entendi o ponto de vista dela e sei que não tem culpa, mas não consegui me conformar com a morte da minha irmã.

Precisava pensar, ficar um tempo sozinho e organizar todas essas idéias em minha mente.

Ela pareceu entender e respeitar o meu momento e se retirou. Levantei da mesa sem tocar em nada que havia feito para o jantar e fui até a sala. Peguei minha chave em cima do centro e sai do apartamento.

Só havia um lugar que eu conseguia pensar calmamente sem ninguém para me atrapalhar.

Desci pelo elevador e fui até meu carro no estacionamento.

Pisei fundo no acelerador e fui naquele lugar que é tão calmo e importante para mim. Só havia uma pessoa além de mim que sabe da existência desse lugar por isso vai ser mais tranqüilo para pensar lá. Acredito que a outra pessoa que sabe desse lugar não vá para lá tão cedo do jeito que é ocupado com trabalho.

Assim que já estava perto. Estacionei o carro em qualquer lugar e encarei a mata a minha frente. Há quanto tempo não ia ali.

Comecei a caminhar pela trilha que quase não dava mais para ver, pois o mato estava muito grande. Continuei a caminhar até que avisto uma clareira. Eram flores para todo lado. Um lugar realmente belo e calmo.

Me surpreendi assim que cheguei lá. Havia uma toalha de piquenique no chão e algumas coisas em cima, tudo perfeitamente organizado. Pelo visto eu não estaria sozinho.

Olhei ao redor procurando alguém, mas não vi nada. Forcei minha visão e me surpreendi vendo uma cabeleira loira. Será que eu estava tão maluco a ponto de ver a Ino aqui?

Balancei a cabeça tentando tirar isso da minha cabeça e voltei a olhar naquela direção. Não havia ninguém. Fora só uma ilusão.

Suspirei inconformado.

Foi quando senti uma presença atrás de mim e me virei assustado.

Vi uma figura que eu reconhecia muito bem. Era impossível esquecer aqueles cabelos cor de fogo e olhos verdes. Meu amigo de infância. A única pessoa além de mim que sabe da existência desse lugar. Gaara.

O olhei de cima a baixo e ele estava muito arrumado.

– Naruto? O que faz aqui? – perguntou surpreso.

– Só estou querendo um pouco de calma e aqui, isso é o que mais tem. – respondi calmamente.

Ele ficou me encarando sem esboçar reação, mas logo sorriu.

– Não quer se juntar a mim e a minha amiga no piquenique? – perguntou ele ainda sorrindo enquanto terminava de arrumar as coisas sobre a toalha.

Notei a expressão e o ar de apaixonado que o envolvia quando falava dessa amiga. Era obvio que não me queria por perto para estragar esse clima e só estava me convidando por educação.

– Não, já vou embora. – respondi.

– Tem certeza? Você iria gostar de conhecer Akemi... – o interrompi.

– Não precisa, pode curtir o seu encontro. Eu sei que só vou atrapalhar vocês se ficar aqui. Até mais, Gaara. – Me virei e voltei até a trilha que me levaria a meu carro.

Segui desviando dos matos. Minha mente estava completamente perdida. Era muita coisa para um dia só.

Puxei meus cabelos agoniado.

Primeiro uma garota vem morar comigo e eu descubro que minha irmã morreu. Segundo eu encontro o Gaara que não vejo desde que eu tinha 14 anos. Terceiro... A garota que estava um pouco longe.

Akemi... Seria ela a garota loira que eu vi? Então não foi uma ilusão. Mas elas são tão iguais... Será que... ? Não. É impossível. São apenas muito parecidas. Pelo menos é isso que eu estou tentando me convencer.