Acordei um pouco melhor que ontem, pois hoje eu já sabia o que fazer durante o dia. Iria me arrumar e ir conversar um pouco com Ino. Levantei-me e fui até a cômoda.

Visto a primeira roupa que aparece na minha frente. Já me acostumei com essas roupas curtas porque tive que usar o dia inteiro então nem ligo mais. Só há um problema, só Ino me viu com essa roupa então aposto que se tivesse que falar com algum homem eu coraria e ficaria igual a um tomate.

Um arrepio percorreu a minha espinha só de pensar em homens. O Jiraya volta hoje... O que eu vou fazer? Entregar-me a esse velho é que eu não vou, mas é muito difícil pensar em um jeito de sair daqui.

Sai do quarto e fui andando pelo corredor até chegar à cozinha. Ino estava cozinhando animada cantarolando alguma música que eu não conhecia e nem percebeu a minha entrada.

Sentei-me à mesa e fiquei observando ela trabalhar. No entanto uma pergunta estava na minha mente e não conseguia pensar em outra coisa então quebrei o silêncio.

– Ino... – assim que eu disse seu nome ela me interrompeu com um grito e colocou a mão sobre o peito.

– Quer me matar do coração? – ela gritou irritada.

– A culpa não é minha se você é distraída e nem notou quando eu entrei. – me defendi.

Ela fez cara de quem estava ofendida, mas depois sorriu e sentou ao meu lado.

– Ino se você é filha do dono porque trabalha na cozinha? – perguntei curiosa.

– Como meu pai me trancou aqui eu vi que a única coisa que se tem para fazer é trabalhar, olhar pro teto e se drogar. – ela riu quando viu a minha cara de espanto quando disse a ultima coisa então se apressou em continuar – e entre essas coisas eu prefiro trabalhar, entendeu?

– Entendi. – suspirei – mas porque você está toda animada? – perguntei sorrindo.

– Por que meu pai volta hoje. – arregalei os olhos e ela continuou – mesmo com tudo o que ele faz... Poxa ele ainda é meu pai e eu amo ele não importa o que ele faz, pois ele sempre vai ser meu pai. Mesmo sendo só um velho muito tarado.

Depois do que ela me disse fiquei calada, mas o silêncio não durou muito porque Ino voltou a falar.

– E você porque esta tão triste hoje? – perguntou ela.

– Porque seu pai volta hoje.

Ela riu da diferença entre o nosso humor e o motivo, logo eu comecei a rir com ela. Mesmo que por dentro eu esteja me sentindo um lixo. Era bom conversa com Ino e eu me sentia melhor. Eu não queria a fazer odiar o pai só por minha causa. Mesmo o pai dela merecendo o ódio dela.

– Ino, eu acho melhor você ir pro fogão antes que a comida queime.

Ela concordou e voltou a trabalha enquanto eu ficava sentada. Deitei a cabeça na mesa e fiquei pensando. Mesmo o pai de Ino sendo terrível, ele talvez a ame. Pela primeira vez desde que a conheci senti inveja dela. Ela tem uma família, uma família terrível, mas ainda sim uma família que talvez se importe com ela.

Antes que eu percebesse, eu já estava chorando silenciosamente. Limpei as lágrimas antes que Ino visse, pois não queria que ela me visse chorando novamente se não iria brigar comigo e tentaria me animar mesmo isso sendo meio que impossível.

Assim que acabou de preparar a comida fiquei observando ela servir e começar a comer a sua parte. Como ontem a comida estava maravilhosa e eu não falei nada enquanto comia.

Quando acabei Ino estava me encarando como se estivesse esperando eu falar alguma coisa e isso já estava ficando incômodo.

– Vou para o quarto. – eu disse.

Ela apenas concordou com a cabeça decepcionada e eu saí da cozinha. Andei lentamente pelo corredor e parei em frente à porta. Girei a maçaneta e entrei. Joguei-me na cama e encarei as paredes. “Melhor do que encarar Jiraya” pensei.

De tanto pensar o que me esperava acabei adormecendo sem saber o que fazer.

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Acordei assim que senti algo acariciando meu cabelo e abri os olhos assustada. Ele estava lá. Agora não da mais tempo de fugir. Maldita hora em que eu peguei no sono.

O encarei e vi que ele estava sorrindo e parecia gostar cada vez mais do meu desespero.

– Você ficou maravilhosa nessa roupa, hein? – perguntou sorrindo.

Corei. Tinha esquecido que estava com essa roupa minúscula e ainda mais sendo ele que está olhando. Ela me olhava de cima abaixo e eu tinha vontade de ir até lá e arrancar os olhos dele e encher a cara dele de tapas, mas violência não leva nada e como ele é bem mais forte que eu, me seguraria e agarraria a força. A tentativa seria patética e isso só ia fazer as coisas acontecerem mais rápido.

– Agora vamos terminar o que começamos. – disse se aproximando lentamente de mim, o que só tornou as coisas ainda mais agonizantes.

A cada passo que ele dava, eu ficava mais pálida. Como eu queria uma arma e atirar nesse homem. Nunca pensei que eu teria vontade de matar alguém na minha vida, mas esse homem despertou esse desejo novo em mim. Na verdade foi toda essa situação que despertou coisas novas em mim. Eu nunca senti em toda minha vida o que eu senti durante esse tempo em que eu estou presa: ódio, raiva, tristeza, solidão... Até vontade de tirar a própria vida eu tive.

Ele já estava na minha frente e começou a tocar a minha pele que estava à mostra com a sua mão. Encarou os meus lábios e eu notei que o jogo dele estava prestes a começar, mas antes que ele me beijasse eu virei o rosto. Precisava tirar uma dúvida.

– Porque você quer tanto fazer isso? – perguntei desesperada.

– Porque eu quero. – ele respondeu.

– Mas por que comigo? – perguntei tentando entender por que aquilo estava acontecendo justo comigo.

– Porque eu te comprei e você me pertence. – respondeu novamente me deixando com mais raiva do que já estava.