Acordei de manhã com a claridade. Abri os olhos ainda sonolentos e observei o ambiente.

Vi que não estava mais na sala que conheci Jiraya e sim em um quarto simples que havia uma cama e uma cômoda. Fiquei me perguntando por que e quem me trouxe para cá, mas enfim... Isso não importa. Minha vida já esta uma droga mesmo. Não irá mudar nada saber.

Esforcei-me para levantar, pois estava sentindo muitas dores. Assim que já estava em pé agradeci mentalmente a quem desamarrou as minhas mãos e fui até a cômoda.

Abri a gaveta e toda esperança que eu tinha de encontrar uma roupa decente para vesti sumiram. Gemi de pavor. Ele só pode está de brincadeira. As roupas que eu teria que usar eram muito curtas e decotadas! Esse Jiraya é muito pervertido.

Suspirei derrotada. Não havia jeito. Eu teria que usar, pois as roupas que eu estava usando estavam rasgadas e sujas. Era isso ou andar pelada. Depois de ver todas as roupas que eu poderia usar, peguei a que mais cobria o meu corpo apesar de que ainda ser muito curta e colada principalmente para mim que sempre uso roupas folgadas por que sinto vergonha de mostrar o meu corpo.

Joguei a roupa que estava usando no chão e comecei a vestir a nova.

Fico pensando se eu me visse agora eu com certeza diria que não era eu e que seria impossível meu pai fazer isso comigo. Mas o que eu não daria para ser avisada e fugir antes que ele me vendesse? Mas isso é impossível...

Assim que já estava pronta sentei na cama e olhei ao redor do quarto. Não havia nada para fazer. Encarei a porta e me perguntei se deveria tentar. Aposto que está fechada, mas quem sabe...

Andei até a porta e fiquei encarando a maçaneta. Depois de um tempo eu tentei abrir e para minha surpresa a porta se abriu revelando um corredor.

Fui seguindo o corredor explorando cada detalhe que poderia levar a uma simples fuga, mas nada achei. Continuo andando até que me deparo com uma cozinha. Como estava com fome decidi entrar. Vi que tinha uma mulher preparando algo no fogão. Ela era muito bonita. Tinha cabelos loiros presos em um rabo de cavalo e olhos na cor azul. Tinha belas curvas... Fico me perguntando se Jiraya também a “comprou”.

Quando ela virou-se para pegar algo ela me viu e me encarou surpresa.

– Você é...? – perguntou curiosa.

– Hinata. – eu disse dando um sorriso forçado.

– Eu sou Ino. – ela disse – achei estranho você aqui. Geralmente ninguém vem na cozinha.

– Mas... Onde estamos? – perguntei confusa.

Ela fez sinal para eu segui-la e sentou em uma das cadeiras da mesa que havia ali. Sentei na cadeira ao lado dela e esperei ela começar a falar.

– Você deve ser nova aqui, né? – eu afirmei com a cabeça – Olha a única coisa que eu sei é que essas pessoas que trabalham aqui estão metidos com... – ela deu uma pausa e depois continuou - tráfico de drogas. – ela disse e eu arregalei os olhos.

– Mas por que você está aqui? – perguntei.

– Por que sou filha do chefe daqui. – ela disse triste.

– E eu pensando que o meu pai era ruim. – sussurrei para mim mesma.

Depois de um tempo a encarando perguntei:

– Não tem jeito de sairmos daqui?

– Talvez. – ela disse com a voz seca.

Ela se levantou e voltou a preparar o que estava fazendo no fogão. Peguei uma maçã que tinha em cima da mesa e dei uma mordida. Levantei-me e sai pelo corredor.

Por onde passava todas as portas estavam trancadas não havia jeito de sair, mas não desisti e continuei a andar.

Cheguei ao fim do corredor. Já havia visto tudo. Só restava uma porta. Minha ultima esperança. Estiquei lentamente minha mão até a maçaneta e a girei tentando abrir, mas infelizmente não consegui. Estava trancada como as outras.

Uma lágrima escorreu pelo meu rosto. Eu nunca vou sair daqui.

Sentei no chão e abracei minhas pernas. Comecei a chorar silenciosamente. O tempo passava, mas para mim não fazia diferença. Poderiam se passar anos e eu não iria notar.

Senti alguém acariciar meu cabelo e tive medo que Jiraya tivesse voltado mais cedo. Meu coração estava acelerado e um frio percorreu minha espinha. Levantei o rosto e fiquei aliviada. Era somente Ino.

– Não devia ficar aqui chorando. – ela sorriu me ajudando a levantar. – vamos para a cozinha. O almoço está pronto. – ela disse me guiando pelo corredor

Assim que cheguei à cozinha eu me sentei e ela foi pegar a comida.

Fiquei encarando o teto enquanto ela se sentava e servia a comida.

Comi silenciosamente. Admito que estava muito bom. Mas não estou com animo para ficar feliz só porque a comida da prisão é gostosa.

Assim que acabei fiquei encarando ela e ela me encarando. Até que ela quebrou o silêncio.

– Por que estava chorando? – perguntou.

– Por que eu não deveria está chorando? – perguntei em resposta.

– É boa pergunta.

Ela riu e se levantou. Comecei a fitar o chão como se fosse a coisa mais interessante do mundo. E realmente é a melhor coisa que se tem para fazer em um lugar como esse. Estou cansada. Não há nada para fazer aqui! E quando eu não faço nada eu começo a pensar. E eu até gosto de pensar, mas agora isso é a pior coisa que eu faço. Eu me lembro do que está acontecendo comigo e eu fico me perguntando se realmente vale a pena viver.

Não iria fazer falta ao mundo. Não faria falta ao meu pai. Nem amigos eu tenho. Embora minha vida não tenha tanto valor eu gostaria de ter uma segunda chance. Nem que fosse para me tornar freira eu gostaria de ter uma segunda chance.

Mas pelo visto isso é pedir demais não é?

Levantei-me e segui o corredor em direção ao quarto. Abri a porta e me joguei na cama.

Eu preciso dar um jeito de fugir daqui. Mas como?