Remember December escrita por Anne Masen


Capítulo 22
Vigésimo Primeiro Capítulo.




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 Como de costume, os braços de Edward estavam ao redor da minha cintura quando acordei pela manhã. Eu podia sentir sua respiração uniforme em meu ombro, seus cabelos cor de cobre estavam mais bagunçados do que o normal e seu rosto estava corado. O quão lindo ele poderia ser — até dormindo?

Tentei me levantar para ir ao banheiro, mas assim que me movi Edward fechou os braços ao meu redor com mais força.

— Onde você pensa que está indo, sra. Cullen? — murmurou ele ainda de olhos fechados.

— Ao banheiro. — respondi rindo.

— Sozinha? Que absurdo, é muito perigoso. — ele foi abrindo os olhos devagar, adaptando-se com a luz do sol que entrava pela janela.

— E o que você sugere que eu faça, então?

— Você? Nada. Deixe comigo.

Ele se levantou de repente, deu a volta na cama e me carregou até o banheiro. Não foi um jeito muito legal — para mim — de me carregar, eu estava jogada sobre seu ombro feito um saco de batatas, mas apesar disso, eu não conseguia parar de rir. E nem ele.

— Cuidado, Bella. Vou colocá-la em cima da pia, está pronta para isso? Prometa que não vai esbarrar em algum frasco de vidro e se cortar.

— Pelo amor de Deus, Edward! Me largue! — gritei batendo em suas costas.

— Sim, senhora.

E então eu estava sentada na bancada. E então ele levou as mãos ao meu rosto, segurando-o cuidadosamente, o que causou um certo rubor em minhas bochechas, que eu rezava para que ele não percebesse, mesmo tão perto. Fechei os olhos e ele me beijou, foi um beijo muito rápido e doce, logo e distribuía pequenos beijos por meu rosto, terminando com um na ponta de meu nariz. Eu ri com ele.

— Vê? Eu vim com você e você não sofreu nenhum dano. — disse Edward.

Eu revirei os olhos, ainda sorridente.

— Mamãe?

Eu desci da bancada ao ouvir a voz fina e infantil, meu olhar disparou para a porta e eu pude encontrar uma Amanda sonolenta. Em meu íntimo, algo me dizia que havia algo errado. Aquela cena não me parecia muito real.

— O que faz acordada tão cedo? — perguntou Edward a Amanda. Ele se abaixou para pegá-la no colo. Ao virar-se novamente para mim percebi que o rosto de Edward estava estranhamente mais velho e seu cabelo mais claro.

Eu dei um passo para longe deles.

— Mamãe, tá tudo bem? — quis saber Amanda, havia uma pequena ruga entre suas sobrancelhas enquanto ela observava meu rosto.

— Eu... — comecei, mas parei quando percebi que eles estavam chegando mais perto, e sem que eu comandasse, meu corpo dava um passo na direção contrária. — Eu não tenho certeza.

Ao levantar o rosto, eu arfei. Edward não estava ali, claro que Amanda não estava flutuando no ar, mas quem a segurava era James.

Meus olhos se abriram e de repente eu fitava meu despertador em cima da cômoda. Pisquei algumas vezes e foquei o olhar nos números a minha frente, eram cinco da manhã. Fora só um sonho, não foi real. — eu repeti mentalmente como se fosse um mantra. Rolei na cama e percebi que Edward não estava ao meu lado. Olhei para o outro lado quando ouvi a porta do banheiro se abrir. Edward saiu de lá vestindo calças de moletom preta e uma camisa da mesma cor. Ele tinha uma toalha em mãos, passando-a no cabelo para secá-lo.

Ele percebeu que eu estava o observando e parou o que estava fazendo.

— Desculpe, eu não queria te acordar.

Eu neguei com a cabeça enquanto me sentava, puxei o edredom para mais perto de mim, eu estava com frio, por mais que o aquecedor estivesse ligado. Talvez o frio viesse de dentro de mim.

— Sonho ruim. — encolhi os ombros.

Edward franziu o cenho e deixou a toalha estendida sobre uma cadeira antes de vir para o meu lado. Seus olhos demonstravam sua preocupação.

— Quer me contar sobre isso? — murmurou gentilmente.

— Não, eu estou bem, foi só um susto. Já passou. — forcei um sorriso para que sua preocupação se amenizasse. Meu sorriso tornou-se um pouco mais verdadeiro quando percebi a desordem além do normal que estava seu cabelo e eu automaticamente estendi a mão pra passar a mão por ali.

— Eu gosto do seu cabelo assim, completamente bagunçado, o faz parecer mais jovem, sabia?

Ele fez uma careta.

— Não que você seja velho. — eu tratei de explicar, não conseguindo evitar uma risada com a sua expressão de alívio. — Mas deixa você com a aparência de 17 anos.

— Quando eu estiver chegando na casa dos 30, lembre-me de não pentear mais o cabelo. — disse Edward com um sorriso brincalhão no rosto.

Nós dois rimos por um instante. Ficamos sorrindo até que eu soltei um suspiro, a realidade caindo sobre mim. Não me parecia certo estar rindo quando eu tinha tantas coisas com o que me preocupar. Eu queria que parte do meu sonho fosse verdade, a parte que estávamos Amanda, Edward e eu. Juntos novamente.

— Eu só queria que tudo estivesse como antes. — sussurrei abaixando o olhar para minhas mãos agora em meu colo. — Quando ela estava conosco.

— Ei, não fique assim, iremos acha-la, você vai ver. — Edward me puxou para o círculo de seus braços e me ninou como se eu fosse um bebê. Era incrível como eu me sentia extremamente confortável nos seus braços, como se ele fosse feitos especialmente para me abrigar. — E então tudo ficará bem.

Ele beijou o topo de minha cabeça, como se com isso selasse uma promessa.

— Agora vamos dormir, ainda temos algum tempo até a hora que costumamos levantar. — eu assenti e voltei a ficar deitada, só que dessa vez eu tinha os braços de Edward em volta de mim, me protegendo e acolhendo.

— Por que você não estava dormindo quando eu acordei? — perguntei em voz baixa. Eu podia sentir o sono tomar conta de mim aos poucos, meus olhos mal conseguiam se manter abertos.

— Eu não consegui dormir, fiquei acordado a noite toda, então resolvi tomar um banho para relaxar e tentar dormir. — explicou.

— Você não vai dormir o suficiente, vai estar acabado pela manhã. — eu bocejei. — Se eu que dormi vou estar morta de cansaço, imagine você. Será um zumbi ambulante no hospital. — meu subconsciente fez uma careta para mim, com zero vontade de ir trabalhar amanhã.

— Não precisamos ir ao hospital amanhã, eu falei com o Dr. Collins e devido ao que estamos passando com o sumiço de Amanda ele nos dispensou, me assegurou que não precisamos nos preocupar porque há pessoas para nos substituir. — disse Edward. — Voltaremos só quando nos sentirmos capazes de trabalhar.

— Humm — murmurei. — Isso é bom, porque eu não estava querendo ir trabalhar mesmo. — eu ouvi Edward rir suavemente. — Apesar de ter marcado uma consulta com Carol às 9h...

— Shhh. — ele me interrompeu. — Alguém fará isso por você, Bella, não se preocupe. Agora durma, você precisa descansar de qualquer jeito.

— Boa noite, Edward. — eu me dei por convencida, manter os olhos abertos nesse momento era quase um sacrifício.

Sua resposta foi um abraço mais forte.

x

O vento gelado em meu rosto começava a se tornar um incômodo mas eu não saí do lugar, estava sentada na varanda de Esme há alguns minutos sem fazer absolutamente nada, apenas observando os carros que passavam eventualmente pela estrada. Eu tentava controlar a parte de mim que esperava o conversível de Kevin dobrar na esquina, e do carro saltar uma Amanda sorridente e energética. Ela correria para me abraçar e nós entraríamos a procura de Edward.

Eu tinha que parar com isso se quisesse evitar a frustração que sentia toda vez que não era o carro de Kevin que dobrava na rua.

Edward estava lá dentro, provavelmente falando com a polícia no telefone na busca por notícias sobre o paradeiro de Amanda. Vez ou outra — praticamente a cada cinco minutos — eu ligava para o hospital para saber como estavam indo as coisas por lá sem Edward e eu. Era uma forma de me distrair, e eu apostava que depois da minha quinta ligação a recepcionista já estava de saco cheio de mim e se controlando para não dizer: Eu já disse que está tudo bem por aqui, não precisa ligar mais! Tenho mais o que fazer, ok? Ok. Tenha um bom dia.

E eu não ficaria chateada, porque ela estaria falando a verdade. Falei com minha paciente Carol pelo telefone, explicando o porque da minha ausência, ela foi compreensiva é claro, Carol é uma das crianças mais meigas que eu já conheci. Ela me lembrava Amanda nesse aspecto. Foi bom falar com ela, sua doçura e alegria típica de uma criança de 4 anos me permitiram esquecer minhas angústias e preocupações por alguns minutos. Por alguns minutos, o mundo pareceu um lugar bom.

Quando eu levantei do chão — agora frio demais — percebi a pequena movimentação no portão da casa. Carmem, a secretária de Edward, corria em plenos pulmões na minha direção, ela não deveria ter mais que 30 anos e sua pele geralmente tão pálida quanto a minha, agora estava corada por causa da corrida.

— Sra. Cullen! — chamou, acenando com a mão, apesar de eu já a ter visto e estar parada no lugar esperando por ela.

Mas o que ela fazia aqui? Será que acontecera algo no hospital e ela viera chamar por Edward? Uma emergência talvez.

— Carmem, meu Deus, se acalme, por favor! — eu disse observando a mulher ofegante que agora estava na minha frente. Ela tinha as duas mãos apoiadas nas coxas e o corpo curvado enquanto tentava normalizar a respiração. O quanto aquela mulher tinha corrido? — O que houve? É alguma emergência no hospital?! Vou chamar o Edward.

Eu estava pronta para girar nos calcanhares e fazer o que a dissera quando ela segurou meu pulso.

— Não, não é nada disso. — disse Carmem. Ela levantou o rosto para mim, e seus olhos pregaram-se nos meus, marrom no verde. — Eu o vi, sra. Cullen.

— Viu quem?

— James King, não é? Eu vi a cara dele na televisão, é um suspeito da polícia no caso. Eu o vi, acabei de vê-lo sair de um mercadinho a alguns quarteirões daqui. E ele estava com a sua garota.

Eu fiquei paralisada. Era como se tudo parasse a minha volta e eu não tivesse noção de nada — tempo, espaço, absolutamente nada. Só conseguia pensar: Ele está mesmo com Amanda, eu estava certa.

De repente senti como se fosse sugada para a realidade, eu estava em alerta. Algo tinha que ser feito, é claro, e rápido. Era a primeira notícia que tínhamos desde que tudo isso começou. Não havia tempo a perder. Eu sentia meu cérebro trabalhar a mil enquanto pensava no que fazer.

— Você viu para onde ele estava indo? — disparei.

— Não sei bem, assim que coloquei os olhos nele e na criança corri para cá, mas acho que ele estava indo na direção daquela vila ao lado do mercadinho do Newton, sabe? Que eu saiba, tem um galpão lá. — Carmem franziu o rosto enquanto tentava se lembrar de mais algum detalhe.

Mas na minha cabeça eu não podia podia ficar parada esperando. Precisava correr, cada segundo que se passava era um passo de Amanda para mais longe. Eu não iria perdê-la de novo. Eu já começava a formar mentalmente a rota que eu tomaria, e a única coisa que eu tinha como referencia era o mercadinho do Newton. Pelo menos eu sabia como chegar até lá.

Já era alguma coisa, a vila seria fácil encontrar depois disso.

Um galpão? É isso mesmo? — eu pensei. Sério que ele levou uma criança para um galpão? Me parecia a coisa mais absurda do mundo e eu me recusei a pensar em que possíveis condições Amanda teria passado a noite.

— Carmem. — chamei. Ela me olhou, esperando. — Não surte, ok? Apenas me escute e faça o que eu disser, assim que eu começar a me afastar...

— Você o que?!

— Shiu! Assim que eu me afastar você vai entrar por aquela porta e contar a Edward tudo o que acabou de me dizer, entendido? Ele saberá o que fazer. — continuei. Eu falava um pouco rápido demais, mas eu esperava que Carmem pudesse me entender. Porque se ela não o fizer, você poderá acabar estragando tudo. — meu subconsciente sibilou. — Você está me entendo, Carmem? — eu tive que confirmar. Ela assentiu para mim.

— Ótimo. Adeus.

Eu corri pelo mesmo caminho que Carmem havia vindo, só que na direção contrária. Eu estava ciente de que aquilo provavelmente era a coisa mais idiota e imprudente desde... sempre. E que Edward iria ficar no mínimo furioso quando soubesse que eu tinha ido atrás de James sozinha, mas eu não poderia ficar ali sem fazer nada, já me sentira muito impotente nas últimas horas, eu tinha que fazer algo antes que ficasse louca.

Dobrei em uma esquina e me esforcei para correr mais rápido pela rua que me levava ao mercado dos Newton. Quando cheguei em frente ao estabelecimento notei que tudo parecia normal e as pessoas que estavam ali estavam vivendo sua rotina como sempre. Fazia frio, e eu percebi tarde demais que não estava usando um casaco.

Disparei o olhar para a casa de tamanho médio com uma placa indicando se o mercado que Carmem mencionara, e pela porta de vidro avistei o dono do lugar, o sr. Newton, atendendo uma mulher loira. Quando ele encontrou o meu olhar, sorriu e acenou. Eu tentei retribuir o gesto mas saiu algo mais parecido com uma careta, eu acho. Ao que parecia, apenas Carmem houvera reconhecido James com Amanda, talvez ele estivesse usando gorro e roupas enormes para não ser reconhecido e Amanda não deveria estar diferente.

— Ei, moça, vai atravessar ou não? — resmungou um tanto rude um senhor gordo e barbudo pela janela de seu carro.

Foi quando eu percebi que estava parada quase no meio do cruzamento e o sinal estava verde para os carros. Sussurrei um pedido de desculpas para o velho rabugento e saí do caminho indo em direção a vila ao lado do mercadinho.

Então eu voltei a correr. De fato tinha um galpão no final da vila, afastado uns bons metros das poucas casas que tinham ali. Era grande e de dois andares. O lugar estava tão silencioso e escuro que eu senti medo, e considerei a ideia de voltar e chamar por Edward. E se James estivesse mesmo ali? Estaria armado? Bêbado? Teria capangas?

Olhei sobre o ombro desejando que Edward junto com a polícia aparece naquele momento na entrada da vila, mas nada aconteceu e o silencio opressor se seguiu. Meus pés pareciam pesar cinco quilos cada um enquanto eu me obrigava a caminhar até a entrada do galpão. Olhei a fechadura: sem sinal de cadeados ou nada disso.

Aliás, a porta estava entre aberta, como se alguém não a tivesse empurrado com força o suficiente para que trancasse. Que sorte a minha. Hesitei antes de entrar, tentando ouvir alguma movimentação ou voz lá dentro. Nada. Devagar para não fazer qualquer ruído, eu abri a porta.

— Mas que droga você está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo e obrigada à todas que comentaram no cap. passado ♥
Me desculpem pela demora, eu sinto muito de verdade!
A continuidade dessa história depende do feedback de vocês, então não esqueçam de deixar um comentário, ok?
Beijos ^^