<!-- @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } -->

—Julia – eu hesitei – É complicado... Edward e eu... Quer dizer... – as palavras fugiam de minha mente – É complicado.

—Entendo, criança, eu entendo. Eu só, queria que de alguma forma não deixar Amanda sozinha, ela nunca precisou mais de alguém como agora. Sei que não é uma decisão fácil, e que também não depende só de você.

Sua fala me fez olhar para Edward, que tinha o corpo paralisado, e o rosto virado em nossa direção. Então eu tive certeza que ele ouvira as palavras de Julia.

x

Amanda suspirou quando Edward estacionou o volvo na frente do orfanato.

—Verei vocês amanhã? - perguntou quando Edward soltou seu cinto de segurança.

Eu pensei por um tempo, não querendo desapontá-la, e ao mesmo tempo não prometer nada.

—Provavelmente – respondeu Edward por mim – Agora entre, a dr. Ness lhe espera – Edward sorriu, tranquilizando Amanda com seu sorriso de anjo.

Amanda nos abraçou depois entrou pela porta do orfanato. Em seguida, Edward e eu voltávamos para casa.

—Vai dormir comigo de novo? - perguntei quando ele segurou minha mão enquanto dirigia.

—Se você quiser – ele sorriu torto para mim.

—Bom – respondi – por mim, você se mudaria para minha casa – corei.

—Fico feliz em saber – ele beijou minha mão.

O carro parou na frente de minha casa, e saímos do carro.

—Como foi com a garotinha? - perguntou Maria quando entramos em casa.

—Foi tranquilo, de uma certa forma - respondeu Edward. Eu comecei a subir as escadas, indo para meu quarto - Não vai comer nada, Isabella?

— Claro, só vou trocar de roupa, e deixar minha bolsa no quarto - eu sorri.

Entrei no quarto e peguei uma muda de roupa confortável para vesti, guardei minha bolsa e já estava indo descer quando a proposta de Julia passou por minha cabeça pela milésima vez naquele dia. Suspirei, Edward e eu não comentamos nada no caminho de volta para casa, mas eu teria que tomar coragem e conversar com ele sobre o assunto.

Depois de contar até 10 eu desci e encontrei Edward na cozinha, fritando alguns ovos, o cheiro estava ótimo. Comemos em silêncio e quando ele engoliu seu último pedaço eu achei uma boa hora para começar.

— Edward, precisamos conversar.

— Sim, nós precisamos - confirmou ele pegando minha mão e colocando entre as suas.

Eu tinha todo o controle da situação, até aquele momento. E eu me vi sem saber como começar uma conversa de tal assunto.

— Você quer? - Edward perguntou de repente. E eu me assustei por ele ter sido tão direto.

— Ah, Edward você sabe que sim - eu olhei em seus olhos - Mas nós dois sabemos que não é só uma questão de querer.

—Você sabe, teríamos que arrumar um emprego, e nós teríamos tempo? Nossa faculdade nos ocupa a manhã toda e as primeiras horas da tarde, e com nosso futuro emprego estaríamos em casa só de noite, e estaríamos cansados demais, talvez nem sejamos capaz de dar a atenção necessária para Amanda - eu respirei fundo - E onde moraríamos, aqui? Na sua casa? Quem teria que vir morar com quem? Nossas despesas ainda são pagas por nossos pais - eu parei - Oh meu Deus, Edward, temos tanta coisa a fazer antes de tomarmos uma decisão dessas...

Edward estava em silêncio, pensando no turbilhão que eu havia falado. Ele suspirou, me entendendo. Só quando ele pegou meu rosto entre as mãos e limpou uma lágrima minha que eu percebi que chorava. Deveria ser o estresse.

— Não chore, por favor - pediu ele - Você está certa, eu deveria ter pensado nisso. Há muito o que fazer, não podemos largar tudo e trazer Amanda, por mais que essa seja nossa vontade. Temos que terminar nossa faculdade, e ter condições para isso, temos que nos desprender dessa dependência tanto com Renée e Charlie, quanto eu de Esme e Carlisle. E... bom, só o tempo poderá nos mostrar isso, afinal, falta pouco para concluirmos nossa faculdade de medicina, no final deste mês, estaremos livres. Não tenhamos pressa - ele sorriu para mim, tentando me animar.

E eu sorri de volta, Edward era parecido com Kevin nesse aspecto, ambos me traziam tranquilidade em horas difíceis.

— Livres - repeti - É uma palavra confortante. Estaremos livres para começar mais uma fase de nossa vida. - eu o abracei.

— Nossa vida, essa palavra me deixa extremamente feliz, srta. Swan - Edward beijou o topo de minha cabeça.

E eu me inclinei para lhe beijar.

X

As semanas passaram. O estágio de dois meses Edward em nossa sala acabara e ele voltara a assistir aula.

Até hoje.

Sim, porque hoje irá acontecer a nossa cerimônia de formatura.

—Pronta para virar dr. Swan? - perguntou Kevin entrando em meu quarto. Peguei minha bolsa em cima da cama, eu estava pronta para ir.

—Tão pronta quanto você, dr. Levine – sorri. Kevin riu.

Eu o abracei, e ficamos em silêncio.

—Como o tempo passou rápido – refleti, ainda abraçada com ele.

—Parece que foi ontem que eu lhe dava sorvete enquanto você chorava por Edward – brincou Kevin, eu dei um tapa em seu ombro.

—Não fale assim – falei, reprimindo uma risada.

Kevin me afastou, e seu olhar procurou o meu.

—Você lembra do que eu lhe dizia nessa sua fase? - perguntou de repente. Eu assenti de leve, suas palavras passando por minha cabeça.

[i]Você deve esquecer ele, e seguir com a sua vida. Ele lhe fez sofrer. Você é jovem e ainda tem muito o que viver.[/i]

—Esqueça isso – continuou – Esqueça o que eu disse porque é ele que lhe faz feliz. Guarde em sua mente todos os momentos bons que passou com Edward e [i]não esqueça disso[/i]. Me prometa que você será feliz, Bella – ele sorriu.

Funguei algumas vezes, eu chorava. Balancei a cabeça em afirmativa e abracei Kevin novamente, eu lhe devia muito, talvez até uma vida de servidão por tudo o que ele fez por mim quando eu mais precisei.

—Obrigada. Por tudo – balbuciei.

—Disponha – ele beijou minha testa. Limpei as lágrimas com a costa da mão, e ri com ele por ter molhado um pouco sua camisa quando o abracei. Como sempre.

—Obrigado.

A voz de veludo vinha de trás de nós, virei o rosto e encontrei Edward encostado na solteira da porta, a expressão calma.

—Obrigado por cuidar de Isabella quando eu não o fiz – completou Edward.

—Só fiz minha parte, como amigo – Kevin sorriu e deu de ombros. Edward sorriu torto em resposta, depois se dirigiu a mim.

—Só vim ver como você estava, Katherine e eu estamos indo para a Universidade – explicou.

—Ah, claro, tudo bem. Kevin e eu já estamos de saída também – eu disse.

Não demoramos muito tempo ali, logo eu estava no carro de Kevin e Edward em seu volvo com Katherine. Tirei meu celular da bolsa quando o mesmo tocou.

—Tia Bella? - a voz infantil falou.

—Amanda. Olá, querida – respondi um pouco confusa, me perguntando onde ela conseguira meu número. Depois pensei na dr. Ness. Claro – Tudo bem, algum problema?

—Aham, eu pedi para a dr. Ness ligar pra você porque queria contar que hoje eu faço cinco anos! - disse Amanda animada.

Eu fiquei calada por um momento, olhei no relógio no painel do carro, eu tinha meia hora. Olhei pela janela para ver por qual rua Kevin estava dirigindo. Com a mão livre peguei o volante das mão de Kevin, fazendo-o virar na rua à nossa esquerda.

—O que diabos você está fazendo? - exclamou Kevin, mais do que confuso.

—Ah, Amanda, parabéns! Quer saber? Coloque um lindo vestido, fale com a dr. Ness para que permitam que você saia comigo esta tarde ok? - eu ri ao ouvir as exclamações de Amanda, ela sem dúvida estava animada com a notícia.

Percebi que Kevin parara o carro no acostamento, ainda confuso.

—Vamos para o orfanato, ainda temos meia hora – falei para Kevin.

Ele me encarou.

—Ah, desculpe, você não sabe onde é – concluí saindo do carro e contornando-o – Eu dirijo.

Kevin saiu do carro e foi para o lado do carona.

—Amanda, querida, estou passando aí para pegar você ok? - eu liguei o carro – Até logo.

—Por que a mudança de planos? - perguntou Kevin enquanto eu virava com o carro em uma rua.

—É o aniversário dela, e ela achou importante me contar, achei justo comemorar com ela – expliquei, e depois acelerei o carro quando vi que o sinal estava aberto e que não havia carros em minha frente.

—Claro muito justo, se você não morrer antes de chegar no orfanato – respondeu Kevin olhando o velocímetro do carro. Eu reprimi um riso ao ver sua expressão amedrontada.

—Relaxe, já chegamos – falei depois de desligar o carro na frente do orfanato, sorrindo ao ver Amanda correndo em minha direção – Hey, tudo bem, linda?

—Aham! - respondeu ela me abraçando – Onde está o tio Edward? - Amanda olhou em volta procurando pelo mesmo, e sussurrou para mim quando viu Kevin – Quem é esse moço bonito?

Eu joguei a cabeça para trás e ri alto.

—Ela lhe acha bonito – sussurrei para Kevin. Que riu.

—Mas uma – brincou ele – Hey, Amanda, é um prazer conhecê-la, Bella me fala muito bem de você sabia? - ele se abaixou para ficar na altura de Amanda.

Amanda mordeu o lábio, tímida e negou com a cabeça a pergunta de Kevin.

Antes de abraçá-lo.

—Tio Edward me contou que você namora a amiga dele, é verdade? - perguntou ela curiosa.

—É sim, e você é tão bonita quanto minha namorada – respondeu Kevin, e sorriu torto. Eu olhei para ele, séria.

—Vou me lembrar de contar isso a Katherine – falei com uma risada. Olhei no relógio, faltavam dez minutos para a cerimônia – Ah, que tal Kevin lhe contar de Katherine no carro? Você já avisou que está saindo comigo não é Amanda? Então vamos indo – eu disse, agora com pressa.

Kevin pegou Amanda no colo, e ela riu, se divertindo com a surpresa de ser carregada até o carro.

—Temos criança no carro, tente não passar de 90 quilômetros por hora ok? - alertou Kevin

—Vou tentar – sorri. E então nós partimos para a Universidade.

X

—Amanda! - exclamou Edward quando viu a criança nos braços de Kevin. Ele me lançou um olhar que dizia: O que ela faz aqui?

Movi os lábios para ele, dizendo em silêncio: É o aniversário dela.

Amanda desceu do colo de Kevin e correu para Edward, que estava abaixado e de braços abertos para recebê-la.

—Tia Bella já lhe contou a novidade? - perguntou Amanda.

Edward fingiu pensar por um momento.

—Parece que tem uma linda garotinha fazendo cinco anos hoje. Acertei?

Amanda riu, depois assentiu para Edward. Suas finas sobrancelhas se uniram.

—Tem muita gente me elogiando hoje – refletiu. Olhou para seu vestido preto, como se para confirmar se era bonita.

—Acostume-se, pequena, quando você crescer, esses elogios iram crescer e não só vir de Edward e Kevin – disse Katherine sorrindo, e parando ao meu lado. Aproveitei para dar uma cotovelada em suas costelas. O que eu menos queria era ouvir de Amanda um “como assim?” que me fizesse explicar o comentário de Katherine.

Amanda não comentou nada – para o meu alívio. E Edward não gostou da fala de Katherine tanto quanto eu, fuzilou a melhor amiga com o olhar e passou o braço em volta de Amanda, como se para protegê-la.

—Está pronta dr. Pierce? - eu disse para Katherine, querendo mudar de assunto.

—Tão pronta quanto o dr. Cullen – respondeu sorrindo para Edward.

Então Amanda falou com Kevin.

—Essa é a sua namorada? - e apontou para Katherine.

—Aham.

—Ela é mesmo muito bonita – Amanda sorriu.

—Você também é uma graça, pequena – Katherine sorriu de volta – Oh, parabéns, um passarinho chamado Kevin me disse que você faz cinco anos hoje.

Conversa vem, conversa vai. Até que nos avisaram que a cerimônia iria começar. De repente eu me senti nervosa. Alguns professores faziam discursos e davam os parabéns para os alunos. Por um tempo eu pensei em Caroline. Onde ela estaria? Teria voltado para a Flórida de verdade? Teria largado o curso de medicina?

Balancei a cabeça e me concentrei em Edward, sorriu de cabeça baixa e logo em seguida ouvimos o seu nome ser chamado. Ele levantou e foi até o palco, agradeceu os cumprimentos, o auditório explodiu em aplausos. Os nomes era chamados rapidamente, não demorou muito até o reitor me chamar. Fiz quase o mesmo procedimento de Edward – que agora sentado em seu lugar, sorria para mim. E em uma rápida olhada pelo auditório vi meus pais, os pais de Kevin e os pais de Edward – Esme e Carlisle. Com eles havia outro casal, mas eu não os conhecia. Sorri para eles. Voltei para meu lugar, e fitei meu diploma por um minuto.

Pisquei algumas vezes para clarear o pensamento, quando dei por mim todos já tinham seus diploma em mãos e estavam de pé, dizendo em voz alta uma contagem regressiva. Fiquei de pé.

3, 2, 1.

Os chapéus de formatura foram jogados para cima, e no segundo depois estavam caindo sobre nós, as pessoas sorriam e começavam a procurar seus. Fui pegando um por um e olhando o interior, esperando pegar o que estivesse escrito Isabella Swan.

Até o momento que eu senti mãos em minha cintura.

—Parabéns – Edward sussurrou, depois entregou o meu chapéu de formatura. Sorri e me virei para lhe beijar. Suas mãos foram para meu rosto e meus braços contornaram seu pescoço.

—Obrigada – falei em seus lábios.

Por mim, teríamos continuado ali, só nós dois, nos braços um do outro. Mas tínhamos que focar na voz chorosa que me chamava.

—Bella! Oh, querida, estou tão orgulhosa, você estava tão linda lá em cima – Reneé, minha mãe, disse.

Não saí de perto de Edward, apenas me virei na direção de meus pais. Manti minha mão na dele.

—Obrigada, mãe...

Agradeci a todos os cumprimentos, falei com os pais de Kevin, conheci os de Katherine – que haviam chegado em Londres 3 dias antes mas que não tinham tido a oportunidade de me conhecer – e os mesmos contaram que a irmã de Katherine, Elena, não pôde vir por estar tendo aulas, mas que mandou lembranças.

Fiquei superfeliz em reencontrar os pais de Edward, – Esme e Carlisle – sempre gostei de Esme, e sempre admirei Carlisle. Ao que pareceu, ambos também gostaram de me ver depois de muito tempo. Esme, aproveitando a distração dos outros, me disse que ficara feliz por ver eu e Edward juntos novamente. E nesse momento eu me vi olhando para Edward o tempo todo, não conseguindo por um limite no amor que eu sentia.

Ah, e Amanda! A pequena conquistou a todos com seu jeito doce e alegre. Nossos pais ficaram surpresos com sua história, e com o fato dela enfrentar a perda dos pais tão bem. Depois de muitos minutos de conversa – Amanda já dormia nos braços de Edward – Edward sorriu para mim antes de falar com meu pai.

—Charlie, você se importa se eu roubar Isabella esta noite?

Meu pai franziu o cenho para a minha mãe, e quando a mesma não fez objeção, Charlie deu de ombros. Mordi o lábio tentando imaginar para onde Edward me levaria, não que eu estivesse preocupada, mas sim curiosa. Gostava de ficar sozinha com ele, e bom, as minhas lembranças de passeios com Edward eram as melhores possíveis.

Nos despedimos de todos, e partimos. No carro, durante o caminho até o orfanato para deixar Amanda, o silêncio reinou. Amanda havia acordado, mas estava calada no banco de trás, e eu só olhava pela janela, tentando descobrir por que Edward sorria o tempo todo.

Edward se manteve sorridente até depois que deixamos Amanda. E eu por algum motivo me sentia nervosa, ele dirigia em uma velocidade que fazia da paisagem pela janela apenas um borrão. Comecei a prestar atenção para onde íamos, estávamos em uma estrada, meio que fugindo do centro da cidade.

Até que o asfalto acabou, e eu reconheci a pequena trilha que nos levava á nossa campina. Andamos em silêncio, minha mão entrelaçada na dele, e quando eu avistei o campo florido, com a luz da recém-chegada lua senti meus olhos cheios de lágrimas.

—Sei que aqui não deve ser um lugar de boas lembranças para você – Edward quebrou o silêncio e pegou com o dedo uma lágrima que rolava por meu rosto. – Eu lhe trouxe aqui não para lembrar do lado sombrio deste lugar, mas o lado bom. Aqui pode ter sido onde tudo uma vez terminou, mas também foi aqui que tudo começou. O começo da melhor parte de minha vida, tudo porque você estava ao meu lado, Bella.

Eu não falava nada, só conseguia fitar os olhos verdes de Edward, como se minha vida dependesse deles.

—Nos formamos hoje, uma nova fase vai começar – continuou ele com um sorriso torto – E eu quero passar o resto de minha vida ao seu lado, fiz minha escolha, eu sempre escolherei você. Não suporto o pensamento de estar longe de você, Isabella.

Ouve uma pausa, tempo usado para Edward beijar minha testa. E com a testa colada a minha, sussurrou:

—Estou dizendo isso porque eu sentenciei minha vida, escolhi passá-la ao lado da pessoa que amo, a qual não deixarei novamente. Isabella Swan, você me daria a honra de se casar comigo? Aceita ficar ao meu lado pelo resto de nossas vidas?

A princípio não consegui verbalizar uma resposta, malmente tinha consciência de Edward ali, comigo. Meu corpo estava paralisado, reprimi o impulso de pedir para ele repetir suas palavras, não acreditando no que eu acabara de ouvir. Pisquei algumas vezes, e voltei a realidade com um enorme sorriso estampado no rosto.

Me joguei em Edward, passando meus braços e pernas a sua volta, e depois o beijei, em uma resposta muda ao seu pedido.

—Finalmente – sussurrei em seus lábios, repetindo o que ele havia dito para mim.

—Minha Bella – declarou, distribuindo beijos por meu rosto, me fazendo rir.

—Para sempre.