Fui dormir e a minha noite estava tranqüila, até que as 3:17 da manhã eu acordo com o barulho do meu celular apitando. Era um sms do meu namorado. Dizia: “Minha pequena ruiva, só mandei mensagem pra você não se esquecer do quanto eu te amo e do quando eu sinto sua falta. Bitocas do seu loiro.” Velho, existe coisa mais linda do que o meu anjo? Não né. Botei a cabeça no travesseiro de novo e dormi. Acordei no outro dia, bem tarde na verdade, e na hora em que desci para tomar café, a minha mãe já estava fazendo o almoço.

– Nossa mãe. Por que não me chamou mais cedo? – perguntei, assim que cheguei na cozinha.

– Quis deixar você sonhar mais com o seu namorado.

– Haha. Engraçadinha. Mas cadê o meu pai e os meus irmãos?

– Seu pai foi no beco diagonal comprar uma vassoura nova junto com seu tio. Você sabe como eles são. E seus irmãos devem estar na sala.

– Okay. Vou lá falar com eles. – disse, saindo da cozinha e indo em direção a sala. Coisa que eu preferia não ter feito.

Os dois estavam sentados, um em cada sofá, e na mão de cada um estava uma daquelas revistas de mulheres, digamos, de biquíni. Era terrível.

– Velho, que nojo. – falei, entrando na sala.

– LILY. – exclamaram os dois, juntos e assustados, escondendo as revistas rapidamente.

– Fiquem tranquilos, eu não vou contar para a mamãe. Senão, vocês vão estar mortos e eu amo vocês demais para ver isso. – sorri.

– Que melação, hein Lily. Isso tudo é pra nos convencer a não matar seu namoradinho loiro sem sal? – perguntou Thiago, como sempre, irônico.

– Na verdade, é. Por favor, prometam que não vão matá-lo.

– Matar, não. Vamos só ensinar algumas coisinhas que ele precisa saber. – falou Alvo, dando de ombros.

– Ai, meu santo Cristo. To com medo por ele. Mas só me digam uma coisa.

– O que? – perguntaram.

– Ele vai precisar de muitos feitiços defensivos? – perguntei, receosa.

– Acho que ele já sabe o sufiente. – falou Thiago.

Não posso negar que me assustei com esses comentários, mas apenas dei de ombros e fui para o meu quarto. Chegando lá, liguei para o meu namorado.

– Oi, meu besta.

– Princesa, to com saudades de você.

– Eu também to meu idiotinha.

– Tá pra me xingar hoje, hein.

– Sempre, né.

– Fazer o quê. Eu sou um bobo e continuo te amando mesmo assim. – ele riu.

– Eu também te amo. Mas e ai, o que você me conta de novo?

– Ah, você vai adorar a novidade.

– Nossa, o que aconteceu?

– Uma garota da sua idade acabou de se mudar pra casa vizinha, vocês podem ser amigas! – ele exclamou. – O nome dela é Layla.

– E você tá feliz com isso?

– É claro, não é. E ela também é bruxa.

– Nossa você tá sabendo bastante coisa dela, hein. – falei, começando a ficar emburrada.

– É, ela é bem legal.

– Hm. Bom saber.

– Lily?

– Oi.

– Algum problema?

– Não, nenhum.

– Então tá.

– Por que não vai lá, falar com a sua amiguinha?

– Lily, eu ...

– Vai lá com ela, vai.

– Não, não. Para com esse ciúmes.

– Ciúmes, que ciúmes? – falei, rindo sarcástica.

– Ai, Lily. Eu quero só você ruiva. E além disso ela nem é bonita.

– Não mesmo? – perguntei, acalmando.

– Nem chega aos seus pés.

– Bom saber hein.

– Eu te amo, Lily.

– Eu também te amo, meu anjo. Mas agora eu tenho que desligar porque a minha mãe tá me chamando para almoçar.

– Ok, então.

– Beijos, príncipe.

– Beijos, princesa.

E eu desliguei. Desci as escadas para almoçar, ainda sem tirar essa Layla da cabeça. Vizinha do Escórpio vê se pode. Meu pai havia chegado do Beco Diagonal com uma vassoura, devo admitir, perfeita e nós almoçamos, como um perfeito almoço em família.

Assim que terminamos de almoçar, a campainha tocou. Era a Patrícia.

– Oi, pessoal. Oi, Lily.

– Oi, Patty.

– Olá, Patrícia. – falou meu pai.

– Olá, tio Harry. Tia Gina. Alvinho. – disse ela, bagunçando ainda mais o cabelo do Alvo.

– Epa, epa. Agora já chega. Você é minha, criatura. – disse Thiago, enlaçando ela por trás.

– Claro que sim, né Thiaguinho. – ela disse, beijando a bochecha dele.

Depois disso, desse mel todo, os dois foram para o quarto do Thiago, meu pai foi treinar quadribol com o tio Rony e o Alvo saiu com o Hugo, provavelmente atrás de alguma garota.

– Falou com seu namorado hoje, filha? – perguntou minha mãe.

– Falei. Ele estava contando que uma tal de Layla se mudou para a casa vizinha a dele. – falei, franzindo a cara.

– E você ficou com ciúmes? – ela ergueu a sombrancelha.

– É claro que não. – falei e subi as escadas.

Fiquei um tempo no meu quarto, ouvindo Lifehouse e You found me, que era a minha música com o Escórpio, até que a minha mãe me chamou. Não, ela literalmente berrou.

– LILIAN! Tira essa porra de fone de ouvido e vai chamar o seu irmão.

– Pra que mãe?

– Seu pai quer levar ele pra treinar quadribol. Vai chamar ele, RÁPIDO.

– Tô indo mãe.

Mas eu preferia não ter ido. Quando entrei no quarto do Thiago, me deparei com uma cena que me traumatizaria para o resto da vida.

Patrícia estava deitada na cama, sem a blusa, com Thiago em cima dela, sem a blusa e sem a bermuda, usando somente a sua cueca boxer preta. E o pior foi que eles nem perceberam que eu estava lá, plantada na porta vendo aquela cena. Ainda bem, porque eu sai correndo de lá e fui pra sala, onde a minha mãe estava, lendo revistas e organizando os preparativos da festa da Rose. Cheguei ofegante.

– Eu acho, - suspiro – que o Thiago está meio ocupado.

– Ocupado com o quê? – falou a minha mãe, franzindo a testa.

– Não sei, mas ele não abre a porta. – falei. Era incrível a minha capacidade de mentir.

– Então eu vou lá ver. – ela se levantou do sofá.

– É melhor não, mãe. Deixa ele. Amanhã ele treina quadribol. Ele estava cansado, deve estar dormindo.

– Mas a Patrícia tá com ele!

– Não, mãe, ela já foi embora. Aparatou. A amiga dela estava precisando dela. Sabe como é. – falei, mentindo ainda mais.

– Sei ... Tem certeza de que não está me escondendo nada? – perguntou ela, erguendo a sombrancelha.

– Tenho, mãe. – disse, com falsa convicção, mas parecendo verdadeira.

Mas de uma coisa eu tinha certeza. Thiago me devia essa.