Assim que chegou em frente a Atena o deus parou e lhe estendeu a mão, com o coração quase saltando pela boca, por um motivo que ela nao entendia, Atena segurou na mão do deus e levantou-se. 

Era quente e áspera, mas era bom. Muito bom. Atena gostou de segurar em sua mão e tentava inutilmente regular sua respiração. Virou em direção a seu rosto tentando identificar qualquer traço, mas a máscara negra cobria muito bem seu rosto, seu corpo era alto e forte, Atena olhou em seus olhos. Roxos. Provavelmente lentes de contacto, seja quem fosse o deus não queria ser descoberto. Então uma ideia passou pela cabeça de Atena. Será que ele...? Não podia ser... 

Ela estava linda, deslumbrante, maravilhosa, não tinha palavras para descrever como ela estava. Seu vestido realçava as curvas e o corpo delicado, o prata contrastava a pele branca, os cachos caiam perfeitamente sobre os ombros chegando até a altura dos seios, esses eram ressaltados pelo vestido. Atena parecia uma princesa e ele estava abobado. Quando suas mãos se tocaram, ele resistiu ao impulso de fechar os olhos, a textura macia e a pele quentinha... Ele nunca mais queria soltá-la. 

Passado o momento de “avaliação” entre os dois, ele começou a conduzi-la, mas não para a pista de dança como Atena pensava, mas sim lá para fora, para os jardins que estavam decorados com rosas brancas. Uma música lenta e calma começou a tocar, eles dançavam sozinhos, a iluminação era pouca, o cenário de filme. 

- Sinto muito - Sua voz saiu grave, rouca, sexy... Os pelos da nuca de Atena arrepiaram-se quando seus lábios roçaram... - Você pode me perdoar? 

Atena entreabriu os lábios, sua mente estava em branco, como se falava? Como se respirava? Ela não sabia responder, não com aqueles lábios tão perto, a provocando tanto. Por isso só balançou a cabeça, fechando os olhos em um claro pedido de “me beija” e pressionando os lábios nos dele. G.O.S riu com os lábios colados nos dela e sem mais delongas a beijou. 

Aquele beijou foi perfeito. Foi um beijo doce, calmo e lento mas um beijo vivo que acabou com a saudade e aumentou a vontade. Um beijo inebriante e viciante, Atena sentiu as pernas bambearem e se ele não estivesse a segurando ela teria caído. Os braços deles rodeavam sua cintura de uma maneira possessiva, forte e cuidadosa, as mãos de Atena acariciavam seu cabelo de um jeito delicado.

Foi estranho quando se separam, Atena sentiu o rosto corar e escondeu seu rosto na curva do pescoço dele, o perfume dele era bom, a respiração dela fazia cócegas em seu pescoço. Delicadamente ele levantou o queixo de Atena, querendo olhar naqueles olhos exóticos que tanto o fascinavam.

- Porque não me diz logo que você é? - Ela perguntou, fechando os olhos em seguida quando G.O.S começou a afagar sua bochecha. - Eu não me importo - Ela abriu os olhos, segurando a mão dele que estava em seu rosto - Não me importo que deus seja você, não me importo se é um dos olimpianos ou se é um deus menor. Eu gosto de você, eu... Eu acho que estou apaixonada por você.  

Já fazia um tempo que Atena suspeitava, entretanto admitir aquilo em voz alta, fez com que até ela mesma se surpreendesse. E nunca pareceu tão certo. Foi um choque para ele, escutar aquelas palavras que ele só imaginou possível em sonhos. Mas ele sabia. Sabia que ela só falava isso, pois não sabia quem ele era. 

Eu amo você Atena, a muito, muito tempo - Ele apertou a mão que ela segurava - Mas se você souber quem eu sou... As coisas não são fáceis...

O coração dela falhou algumas batidas com a declaração. 

G.O.S não podia negar, queria que ela soubesse, mas estava com medo. Queria aproveitar o tempo que tinha com ela antes que Atena descobrisse e tudo estivesse perdido. 

- Meia noite - G.O.S disse pegando as mãos dela e segurando, afastando de seu rosto - Nessa hora Afrodite mandará todos tirarem a máscara, enquanto isso vamos aproveitar o tempo juntos. 

Atena suspirou meio decepcionada, meio irritada. Queria saber quem ele era, quem era G.O.S, quem era aquele deus que escrevia tão belamente, que mexera com seu coração, que fizera com que ela se apaixonasse. Olhou rapidamente no relógio, 23:00. Bom, pensou, o que é uma hora para que já esperou semanas? 

 - Certo - ela sorriu e o puxou para um banco branco de madeira - Enquanto isso porque não me dá algumas pistas. 

Ele riu, não ele gargalhou, uma gargalhada gostosa e alta que a fez sorrir. Aproximou-se dela:

- Certo... Então porque resolveu escrever “A última rosa”? 

- Eu já tinha te observado lendo milhares de vezes - Ele enrolou um cacho dela entre os dedos - E as suas expressões enquanto lia... Era maravilhoso, parecia uma criança que tinha recebido o presente de Natal adiantado... Enquanto eu leio eu imagino as cenas em minha cabeça e me perguntei se era isso que você fazia... Resolvi então lhe dar uma experiência real disso tudo.

Uau. Essa foi a coisa mais linda que alguém já fez por mim. 

- Isso... É lindo - Seus olhos marejaram e um sorriso apareceu em seus lábios - Eu também imagino as cenas na minha cabeça, apesar de que você me poupou o esforço durante “A última rosa”. 

Os dois riram da “piada” interna que compartilharam. 

- Porque o nome? Sabe... Última Rosa...? 

- Você não leu o final? - G.O.S indagou, franzindo o cenho. 

- Eu li até o último capítulo... Mas não tive coragem de ler o epílogo, não queria que acabasse... - ela confessou envergonhada, tinha medo de que se o livro  acabasse as suas chances de reencontrar G.O.S de novo acabassem junto com as palavras. 

Ele estalou os dedos e o livro apareceu em suas mãos. Sem falar mais nada começou a ler, sua voz grossa e aveludada, com a intonação perfeita. 

Era o primeiro dia com neve de uma longa temporada, o inverno rigoroso havia começado, no entanto frio era o que aquele casal menos sentia. No pequeno casebre onde moravam, afastado das vilas e perto dos bosques, a lareira aquecia e iluminava as roupas jogadas dos jovens pelo chão. Deitados em uma confortável e aconchegante cama Nico e Alice desfrutavam das memórias de sua primeira noite de amor.  

Com a cabeça no ombro do amado Ali, fazia pequenos círculos com os dedos no peito suado de Nico, que afagava os cabelos da mesma com amor e delicadeza. No dedo dela um fino anel com um pequeno diamante simbolizava o comprometimento e o amor daquela relação. 

Pela janela, os dois observavam a neve, cobrindo aquele visual verde e substituindo-o por branco. No parapeito de madeira, da pequena janela, jazia uma rosa vermelha que aos poucos ia tornando-se branca conforme os flocos caiam.

Atena sorriu. Era pequeno, mas ela achou o desfecho perfeito para história, emocionou-se ao ver G.O.S entregando-lhe uma rosa com pequenas gotículas de água em suas pétalas vermelhas. 

- Ai está sua pista - Atena franziu o cenho não entendendo o que ele disse, porém não teve muito tempo para pensar ele logo perguntou - O que achou do final? 

Fico feliz que tenha gostado. 

Bang. Bang. Bang. O relógio badalou anunciando que já era 00:00.

- E o momento que todos esperavam podem retirar as máscaras! - A voz de Afrodite foi ouvida por todo o salão, chegando até o jardins onde os dois estavam.

- Chegou a hora - Atena sorriu, levando as mãos para trás da sua cabeça e tirando sua máscara primeiro como um incentivo. 

Ele a olhou preocupado, mas faria o que prometera. Nos olhos de Atena só havia excitação, ela não podia acreditar que ia finalmente descobrir, quem era ele, quem era seu autor misterioso, o G.O.S, o deus por quem ela estava perdidamente apaixonada. 

G.O.S abaixou a cabeça e começou a desamarrar o nó da fita que segurava a máscara ao seu rosto e quando ele levantou a cabeça novamente ela esqueceu como se respirava. 

Ele tentou distinguir em seus olhos alguma emoção, mas era impossível. Excitação,amor,surpresa,choque,preocupação...Raiva.

Atena não sabia dizer o que sentia, junto com a máscara foram as lentes de contacto revelando profundos olhos verdes que fizeram seu coração bater ainda mais rápido, seus traços tão bem conhecidos pela deusa, a pele morena, as covinhas na bochecha, os dentes brancos. Era óbvio! As gotas tem água na rosa, essa era a pista! G.O.S significava God Of the Sea. 

Poseidon a olhava preocupado, já que até agora Atena não havia dito nada, porém o que o deixou ainda mais assustado foi quando os olhos dela ficaram vermelhos e lágrimas começaram a cair em seu rosto. Ele já abria a boca para perguntar o que se passava quando Atena lhe deu um tapa na cara. 

O tapa foi forte e Atena esperasse que tivesse doído tanto quando doía seu coração, Poseidon colocou a mão onde ela havia lhe acertado e encarava pedindo uma explicação, a deusa levantou e não sabia de onde vinha a coragem, por mais que aparentasse estar com raiva por fora, por dentro estava destruída. 

- COMO VOCÊ PODE? QUEM VOCÊ ACHA QUE É PARA BRINCAR COM OS MEUS SENTIMENTOS ASSIM? DESSA VEZ VOCÊ PASSOU DOS LIMITES! VOCÊ CONSEGUIU, FEZ COM QUE A DEUSA DA SABEDORIA PERDESSE A RAZÃO, QUE A SUA INIMIGA SE APAIXONASSE POR VOCÊ. PARABÉNS VOCÊ GANHOU POSEIDON! SINCERAMENTE ISSO FOI BAIXO ATÉ PARA VOCÊ! 

Poseidon a olhava boquiaberto. Ele rapidamente entendeu. Atena achou que ele estava brincando com ela, segurou seu braço impedindo que a deusa corresse. 

- ME LARGA! VOCÊ JÁ NÃO FEZ O SUFICIENTE? - Ela chorava compulsivamente e quando Poseidon a puxou para perto dele tentando consolá-la, Atena começou a bater em seu peito. 

A deusa olhou em seus olhos, o verde era intenso, uma mescla de verde claro e escuro, ela viu amor por trás daqueles olhos e soube que ele estava falando a verdade. Sentiu as bochechas corarem e sentiu-se um lixo por dizer tais coisas a ele. Poseidon largou seus pulsos, como se desse espaço para ela decidir se acreditava ou não nele, Atena abraçou-o fortemente e Poseidon suspirou aliviado acolhendo-a em seus braços, pois a mesma ainda chorava baixinho. 

- Eu sinto muito... É só que... Eu achei... - Ela falava palavras sem sentido. 

- Shiiuuuu vai ficar tudo bem - Poseidon acariciou seus cabelos - Eu disse que ia ser choque revelar quem eu era mais você quis do mesmo jeito...

- Bobo - ela riu dando um tapa de leve no ombro dele, Poseidon soltou uma risadinha e depositou um beijo no topo da cabeleira loira. 

Esse gesto fez com que ela levantasse a cabeça e encarasse aqueles olhos, lindos, Atena sorriu quando ele se inclinou e foi a vez dela de selar seus lábios. Os dois tinham uma sintonia perfeita, parecia que suas bocas tinham sido feitas sob medida umas para as outras, o amor entre os dois era visível e qualquer um que olhasse saberia dizer. 

Atena e Poseidon eram como peças de quebra cabeça completamente diferentes, mas se encaixavam de maneira perfeita. Separaram-se com algo molhado caindo sobre eles e Atena soltou uma sonora gargalhada ao ver uma pequena nuvem que derrubava flocos de neve em cima dos dois. Poseidon encarou-a maravilhado, tentando recordar-se de um momento que havia a visto tão feliz, não conseguiu lembrar de um e milhares de fogos de artifícios estouraram em seu peito ao pensar que aquele seria o primeiro de muitos. 

- Você é impossível - ela disse colocando os braços ao redor do pescoço dele. 

- Mas você me ama do mesmo jeito - Poseidon brincou dando língua para ela.

- Amo - Atena olhou em seus olhos - E sei que você me ama também

- É bom que você saiba mesmo - Poseidon acariciou a bochecha macia dela e aproximou os lábios - Se depender de mim, Atena, você nunca vai esquecer, pois pretendo te lembrar disso todos os dias pelo resto da nossa vida imortal. 

A deusa sorriu com o paradoxo, eles teriam todo o tempo do mundo, para sempre. Os lábios selaram-se em um beijo.

 Fim