Possessão escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 2
Capítulo 2




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Na aula de educação física, os garotos jogavam futebol animadamente enquanto outros descansavam, jogavam conversa fora ou se aqueciam para o próximo jogo. E falando em aquecimento, dois alunos estavam bem esquentados naquele dia.

- Escuta, por acaso você pensa que eu não te vi xavecando a Mônica? Que negocio é esse de ficar convidando ela pra ir ao cinema?
- E qual é o problema? Pelo que sei, vocês nem estão namorando. É de quem pegar, mané!

Cebola ficou com a cara vermelha de raiva e por pouco não solta um soco na cara de Toni. Que irritante! Sempre se achando um príncipe encantado e ainda querendo lhe roubar a Mônica! Como se não bastasse o DC urubuzando todo dia, ele também tinha que aturar aquele sujeito?

- Tá achando que a Mônica é carne pendurada em açougue pra falar dela desse jeito?
- E você por acaso tá achando que ela é igual brinquedo velho que fica jogado num canto e ninguém mais pode mexer?
- Olha que te quebro a cara!
- Quero ver você tentar!

Os dois começaram a discutir no meio da quadra e foi preciso que o treinador Átila colocasse ordem na casa.

- Ei, vocês dois aí! Vão pagando vinte!

Pelo tom enérgico com que ele tinha dado a ordem, eles não tiveram outra opção senão obedecer. E para a raiva de Cebola, Toni fazia as flexões com muito mais facilidade, o exibido!

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- Ih, o Cebola andou discutindo com o Toni de novo?
- Pois é, Magá. Vê se pode? E olhe que eu nem queria ir ao cinema com ele.
- É, mas o Cebola deve ter ficado com ciúme, né?
- Isso é... – de certa forma, ela não podia deixar de ficar feliz ao ver o ciúme dele. – chato é que agora ele vai ter que ficar depois da aula de castigo por ter jogado uma lata de refrigerante na cabeça dele.
- Ele fez mesmo isso?
- É, no fim da aula de educação física. Sei lá o que deu na cabeça dele! Dizem que foi assim, de repente.
- Que coisa...

Toni estava seguindo as duas de longe, ansioso por uma oportunidade para falar com ela. Apesar de o seu cabelo ter ficado molhado com refrigerante, acabou valendo à pena. Com o Cebola fora do seu caminho, ainda que por pouco tempo, ele podia ter uma boa chance de falar com a Mônica sem que ele aparecesse do nada para estragar tudo.

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Vários grupos de jovens passavam em frente à casa. Era sempre no mesmo horário. Eles iam de manhã e voltavam por volta do meio dia. Depois outro grupo ia perto de uma hora e voltava no fim da tarde. De onde eles estariam vindo? Todos conversavam alto, riam e as meninas usavam aquelas roupas escandalosas e indecentes. Onde já se viu mulher usar calça comprida? Era roupa de homem! E aquelas sainhas curtas? Que horror! Moças de família não se vestiam daquela forma.

As coisas tinham mesmo mudado e ela parecia não estar gostando muito.

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- Ah, vamos Moniquinha! Só um cinema não vai arrancar pedaço de ninguém!
- Eu disse não, Toni. Que coisa! Foi por causa dessa sua insistência que o Cebola ficou de castigo!
- Não foi não. Foi porque ele jogou uma lata de refrigerante em mim! A vítima aqui sou eu e agora estou muito abalado!

Aquela carinha de filhote de cachorro não a convenceu nem um pouco e ela continuou andando com as amigas. Ele não se dava por vencido e ia ao seu encalço.

- Olha, Toni, hoje eu vou passar na casa da Marina pra estudar e a gente vai querer privacidade, entende?
- É só aceitar o meu convite que eu vou embora. Simples assim!
- Ai, ninguém merece!
- Gente, vamos apertar o passo que estamos passando em frente à casa assombrada! – uma das meninas falou e as moças andaram mais depressa, apesar das reclamações do rapaz.
- Ah, vamos! Vocês não acreditam nisso, né?
- Eu acredito. – Mônica falou, séria. Ela sabia por experiência própria que aquilo era verdade. E o Cebola sabia mais ainda.
- Pois eu acho isso uma bobagem...

Ele parou em frente à casa por alguns instantes e ficou olhando para as janelas sujas e empoeiradas. Algumas tinham os vidros quebrados. Para ele, era só uma casa velha e feia. Por que ter medo daquilo? Alguém devia derrubar toda aquela velharia e construir algo mais bonito e moderno no lugar.

- Engraçado... parece que tem alguém na janela... bah! É só imaginação! Ei, meninas, esperem!

Toni saiu correndo atrás delas e não tinha percebido que sua visão fora verdadeira. Realmente havia alguém espreitando pela janela.


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