Possessão escrita por Mallagueta Pepper


Capítulo 15
Capítulo 15




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– Exorcismo está fora de questão, a gente não pode expulsar Bianca do copo da Mônica.
– E conversar com ela? Será que resolve?
– Acho que não, Magali. Duvido que ela vai escutar a gente.
– Naquele dia, quando a gente estava contando historias, ela não parecia ser má.
– As aparências enganam, ué! É por isso que eu não ligo muito para essas regras bobas da sociedade.

Cebola, Magali, Cascão e DC estavam tentando pensar numa forma de convencer Bianca a devolver o corpo da Mônica, mas não chegavam a nenhuma conclusão. Normalmente tentariam conversar, mas suas atitudes nos últimos dias mostravam claramente que ela não estava aberta ao diálogo. No dia anterior ela tinha ferido uma garota porque a vira conversando com Toni. Na semana passada, ela tinha feito a mesma coisa com um professor que a irritara por causa de um exercício que ela não tinha feito.

– Calma lá, gente, vamos tentar raciocinar direito. – o Cebola falou tentando por ordem na casa. – se a gente conseguisse mostrar pra Bianca que ela está atrás do cara errado, então pode ser que ela resolva ir embora e deixar o corpo da Mônica.
– Faz sentido... ela só começou isso tudo porque pensa que o Toni é o tal amado dela. Mas como vamos fazer isso? – DC não conseguia pensar numa forma de fazer aquela criatura perder as ilusões. Aquela ali era mais teimosa do que a própria Mônica!

Eles tinham pensado em tudo, inclusive em levar o verdadeiro amado de Bianca para que ela pudesse vê-lo. Mas D. Morte tinha tido que o sujeito se recusava a vê-la e ela não podia forçá-lo. Magali tinha se oferecido várias vezes para ir conversar com Bianca, mas os rapazes não deixaram com medo de que ela fosse ferida ou até morta. Bianca poderia interpretar aquilo como uma tentativa de afastá-la de Toni e o resultado seria catastrófico.


Mais um dia se passou e eles n tinham conseguido pensar em nada. Com isso, Bianca para a escola por mais um dia correndo o risco de ferir outra pessoa. _______________________________________________________________

– E aí, gata? Que tal a gente sair, pegar um cineminha, dar uns rolés por aí... eu estou tãaaoooo sozinho! – o rapaz fez aquela cara de filhote de cachorro que derretia as garotas.
– Ai, querer eu quero, mas tenho tanta coisa pra estudar que nem sei se vai dar tempo!

Toni estava no corredor da escola, tentando convencer a moça a sair com ele. E aquela garota era mesmo uma belezinha, muito melhor do que aquela Mônica sem graça e careta.

– Ah, vamos lá! Você não pode ficar estudando o tempo inteiro. Tem que dar um tempinho para arejar as idéias também!
– Vamos ver. Nessa tarde, lá pelas cinco horas, eu devo estar livre e a gente dá uma voltinha. Aí eu te ligo para avisar.
– Sério? Beleza! Vou esperar ansiosamente!

Ele deu um beijo na bochecha dela e saiu dali feliz da vida. Finalmente uma boa conquista!

“Seu traidor desgraçado!” ela tremeu de raiva após acompanhar a conversa dos dois. Então era isso, havia outra garota no meio. Mais uma rival para tirar do seu caminho!

“Eu posso acabar com ela agora mesmo, mas de que vai adiantar? Em pouco tempo ele poderá estar correndo atrás de outra!” aquela constatação fez com que sua raiva aumentasse ainda mais. Então ele tinha deixado de amá-la? Só podia ser! Agora ele estava interessado naquela ruivinha que vestia roupas indecentes e se comportava como uma prostituta!

Bianca foi para a sala de aula sentindo o coração em pedaços. Sua vontade era de gritar, chorar, arrebentar qualquer um que aparecesse na sua frente e depois desaparecer. Então o Toni não a amava mais! Algumas lagrimas começaram a cair e ela decidiu que não queria ver aula nenhuma, por isso deu um jeito de escapar e foi até o estacionamento da escola, onde não tinha muita gente. Pelo menos ali ela podia pensar no que fazer.

A primeira idéia que tinha vindo a sua mente foi tomar o corpo daquela garota, mas ela logo desistiu. Aquilo seria apenas trocar seis por meia dúzia. Viver naquele mundo louco e agitado era ruim de qualquer jeito e mudar de corpo não ia resolver nada. Sua vontade era a de ir embora, voltar para a sua velha casa onde as coisas continuavam sempre as mesmas. Mas ir embora sozinha? Nunca! Ela estava ali para buscá-lo e não pretendia ir a lugar nenhum sem ele!

“Mas ele não me ama mais... agora está de olho naquela garota. Ou não?” ela levantou-se um pouco e foi olhar seu reflexo na janela de um carro. Um detalhe havia lhe escapado. Naquele momento, ela não era Bianca. Era Mônica!

“É isso! Ele não deixou de me amar, deixou de amar a Mônica!” um sorriso feliz surgiu no rosto dela. O maior que ela tinha dado em muito tempo. Como ele tinha deixado de amar Mônica, seu coração ficou limpo novamente. Com isso, ela podia levá-lo sem nenhum problema! Aquilo era maravilhoso! Muito melhor do que ela esperava!

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– Eu não vi ela em lugar nenhum também. Olhei no banheiro das meninas e nada.
– Onde é que essa maluca se enfiou então?

Os quatro estavam procurando por Bianca e não a viram em nenhuma parte. Ela não tinha comparecido a aula e eles começaram a ficar preocupados. Cascão tinha visto Toni paquerando uma moça e era bem provável que Bianca tivesse visto também, o que podia ser perigoso para ela.

– Não seria melhor avisar pro Toni?
– E o que a gente vai falar pra ele? Que o corpo da Mônica foi tomado por uma entidade sobrenatural que está atacando as alunas do colégio? Não vai rolar.

Cascão ficou cabisbaixo, tentando pensar em algo. Pensar não era exatamente seu forte, mas ainda assim ele resolveu arriscar.

– É bem capaz de ela estar aprontando alguma coisa. Não seria melhor um de nós ficar de olho nela? Eu mesmo posso fazer isso.
– Tem certeza? – DC quis saber, desconfiado. – você parecia estar com medo dela!
– E tô, mas alguém tem que ficar de olho naquela coisa bizarra pra ver o que ela tá aprontando.

Eles acabaram aprovando a idéia.

– E eu? Também quero ajudar, né? Eu tenho mais acesso a casa da Mônica.
– Você pode ir fazer uma visita pra ela depois da aula. Se acontecer qualquer coisa, liga pra nós. E por favor, Magali, não tente conversar com ela. Não queremos que nada de ruim te aconteça. Você promete? – Cebola pediu, sério.
– Prometo. Depois da aula eu vou passar na casa dela.

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Ele seguia as duas de longe, tomando cuidado para não ser visto. Seu objetivo nem era exatamente vigiar Bianca e sim proteger Magali caso algo desse errado.

– Você não tava se sentindo bem?
– Não. Tive uma dor de cabeça terrível.
– Ah, tá. – ela fingiu que acreditou e não quis fazer mais perguntas. – você não quer ir estudar lá em casa?
– Não, obrigada. Hoje não. Eu tenho uns assuntos importantes para resolver.
– É? Que assuntos?
– Coisa minha. É particular.
– Ô Mônica, sou sua melhor amiga, né? Não precisa esconder as coisas de mim.
– Eu sei, mas dessa vez é algo muito intimo.
– Aham. Olha, sua casa não é por aí não!
– Preciso tomar esse caminho hoje.
– Você vai para a casa da Marina? Quer que eu vá com você?
– Não.
– Você nunca foi de esconder as coisas de mim...
– Eu já disse que não! – Bianca falou mais alto e fuzilando a moça com os olhos.

Magali reuniu todas as forças para se controlar e não sair correndo.

– Me desculpe, é que hoje eu não estou bem. – ela apressou em falar para não despertar a desconfiança dela.
– Tudo bem, tem problema não. Então eu já vou, qualquer coisa me liga, tá?
– Certo. Até amanhã.

Bianca continuou rapidamente seu caminho antes que Magali resolvesse insistir novamente em se meter nos seus assuntos. Que mocinha mais irritante!

Depois que Bianca se afastou, Magali pode se encontrar com o Cascão que estava escondido atrás de um carro.

– E aí, descobriu alguma coisa?
– Não. Ela tá aprontando alguma coisa, mas não deu pra arrancar nada dela. Parece que ela está indo no rumo da sua antiga casa.
– Então eu vou ficar de olho pra ver se descubro alguma coisa. Avisa pro Cebola e DC o que tá acontecendo. A gente pode precisar de ajuda.

Eles se despediram e Cascão continuou seguindo Bianca.

Segui-la não foi tão difícil assim, já que a moça parecia distraída. Ainda assim, ele procurou tomar muito cuidado.

Depois de andarem por alguns minutos, ele viu que Bianca tinha ido mesmo para sua antiga casa. Aquilo estava realmente ficando estranho.


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