A Filha De Ártemis escrita por Carol C


Capítulo 4
Enigmas e Problemas


Notas iniciais do capítulo

Terceiro capítulo...



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POV : Will

Fazia apenas seis horas que tinha começado a correr. Parei num beco para descansar. Sentei no chão e fechei os olhos, em menos de cinco minutos adormeci e sonhei.

O lugar do sonho fazia qualquer pessoa que gosta de Mitologia Grega ficar de boca aberta.

Simplificando, eu estava adorando. Era um lugar amplo, de mármore, estava sendo iluminado pelo luar. Havia alguém conversando lá dentro. Estava curioso, então entrei. Lá dentro era tão incrível quanto o lado de fora. Dentro havia pilastras que sustentavam o teto, no meio havia uma estátua de uma mulher com arco e flecha ao lado de um αρσενικό ελάφι (cervo). Era um templo dedicado para Άρτεμις (Ártemis), supus.

Duas pessoas estavam conversando embaixo da estátua. Me aproximei mais, a escuridão não ajudava. Eram mulheres, e pelo tom de voz estavam discutindo.

- Minha filha é muito preciosa, não irei reclama-lá amanhã!! - falou a mais alta.

- A minha é mais importante!! - a outra gritou.

- A sua!? A minha que vai nos ajudar, a sua é uma parte bem pequena!!

Agora as duas estão gritando, a coisa deve estar muito ruim.

- Pare!! Você é poderosa, mas eu sou mais importante!!

- Não é não!! Eu e você somos praticamente iguais!!

- Daqui duas semanas!! Nem mais, nem menos. Está bom para você?

Se continuar assim, vou acordar com dor de cabeça.

- Melhor. Mas não, tem que ser no ηλιοστάσιο (solstício).

- Por quê? τύπου (Prima)?!

- Quieta! - isso foi um sussurro tão baixo que mal ouvi.

- Por quê?

As duas sussurrando.

- Achei que seu irmão que fizesse as perguntas bobas.

- Alguém está sonhando. Não?

- Sim.

Elas se viraram e me viram. A alta parecia que estava com seus vinte e poucos anos, tinha o cabelo σκούρο καφέ (castanho escuro) e os olhos da mesma cor, mas um pouco arroxeado.  A outra aparentava, no máximo, treze anos. Seus cabelos eram de um castanho claro, os olhos eram de uma cor bem diferente, κίτρινο ασήμι (amarelo prateado), como a lua.

- Garoto, você não contará a ninguém sobre essa conversa!! Está certo?

As duas falaram isso no mesmo tom de voz, muito σοβαρή (severo), τρελός  (raivoso) e que diz: ' A punição será severa se você recusar! '

- Sim. - falei com a voz tremendo. Eu não sei como percebi, mas senti que o poder em volta delas estava um pouco instável, pronto para explodir.

Elas olharam entre si uma última vez antes do sonho acabar.

***

Acordei e o sol estava raiando. Peguei algumas bolachas que tinha colocado na mochila e levantei. Andei mais algumas quadras. Ouvi um bater de tambor, como devia ter uma escola de musica por perto não me importei. Continuei andando, mas o barulho me seguia. Só aí que percebi, eram apenas seis da manhã!! Que escola de música abre essa hora?

Olhei por cima do ombro e... Congelei.

Um mini-Cérbero estava me seguindo. Mini, primeiro porque acho que o real é πολύ (MUITO) maior. Segundo, esse devia ter quase três metros. Nas histórias o original tem quase seis.

O olhar dele me παρέλυσε (paralisou), não conseguia andar. Ele chegava cada vez mais perto, era possível sentir o chão tremer enquanto ele corria na minha direção. Ele chegou tão próximo que senti a respiração dele no meu pescoço. Depois senti o bafo, estava quase morto. Eu ia virar ração de κουτάβι γίγαντας σκύλος (cão filhote gigante).

Uma coisa me surpreendeu. Ele não me mordeu, bom, não exatamente. Ele me segurou pelo colarinho da camisa e andou. Não sabia para onde ele estava me levando. Fechei os olhos, esperando que fosse apenas um pesadelo e que não demorasse a acabar.

- σημαίνει το κουτάβι σας !! (Seu filhote malvado!!) Σου ζήτησα να το φέρει στη ζωή !! (Pedi para você trazer ele vivo!!)

Levantei a cabeça, era uma velhinha gritando. Ela era mais baixa que eu, devia ter por volta de 1,55. Tinha a aparência severa, cabelos brancos e olhos de um verde claro experiente. Quando viu que eu estava vivo quase pulou de φόβος (susto), mas em seu rosto sua expressão se tornou ανακουφισμένος (aliviada).

- ό, τι καλό είναι ζωντανός !! (Que bom que está vivo!!) Ah, desculpe. É um velho hábito falar grego antigo.

Ela falou isso com a voz bem doce. Isso normalmente quer dizer, em minha opinião: problema. Quem é ela? Por que ela mandou um cachorro gigante atrás de mim? O que ela quer comigo?

Agora que percebi, que as outras duas cabeças do monstro estavam me olhando bem estranho. Comecei a me sacudir, as três cabeças rosnaram, mas continuei. Só depois que a velhinha notou.

- Solte-o Ale!! – falou a vovó com uma voz poderosa. – μαρκίζα (Alero), volte para casa. Agora!!

O bicho só abriu a boca, em outras palavras, eu me estatelei no chão. Levantei rapidamente, e tirei um pouco da poeira que estava em minhas roupas e me preparei para ir embora.

- Não. Você fica.

Eu vi uma expressão τρομακτικός (assustadora) tomar conta do rosto daquela velhinha ‘inocente’. Ela chegou até mim num piscar de olhos e agarrou minha camisa.

- Você só sai daqui quando eu quiser, ouviu? – a voz estava mais απειλή (ameaçadora) do que antes.

Apenas acenei a cabeça num gesto de afirmação. Ela é um monstro, pensei. Ela me levou para dentro de uma casa. A porta de entrada marrom levava há uma sala bordô. Haviam algumas poltronas roxas no meio do cômodo, duas delas estavam ocupadas com idosas parecidas com a que me segurava. Elas pareciam mais... Selvagens? Não, agressivas.

Consegui me livrar do aperto daquela senhora.

- Quem são vocês? – perguntei esfregando o braço.

- As senhoras que ninguém quer encontrar após a morte. - Responderam as três juntas, num tom que indicava que, entre elas, é uma piada.

As duas que estavam sentadas se levantaram, e começaram há se aproximar.

- Olhe se não é o domador dos fracos. – disse a que estava há direita.

- Vamos fazer o que com ele irmã? – a outra.

Quando chegaram há menos de dois metros de mim se afastaram como se tivessem levado um choque.

- Quietas!! Não vamos machucá-lo, por enquanto. E vocês parem de se vangloriar, eu fui à única que foi forte o suficiente para suportar ser repelida.

- Mas e o Alero? - Falaram as outras duas.

- Caso á parte, chega de perguntas. – disse voltando-se para mim – Você vai para o quarto, talvez tenha alguma coisa para comer lá.

Fui para a porta que ela indicou. E, logo que entrei, tranquei a porta.

O cômodo era bem iluminado, as paredes eram de um azul cinzento sem brilho. A cama estava arrumada, em cima da escrivaninha, tinha uma bandeja com comida. Eu estava morrendo de fome, mas ignorei esse detalhe. Me joguei na cama e tentei descobrir qual tipo de monstro aquelas velhinhas eram.

Quando estava quase pegando no sono lembrei. Só em descobrir quase tentei fugir pela janela, mas estava trancada por fora (não perguntem).

Só em pensar já me assustava com a sorte que estava tendo, afinal elas não tentaram me machucar, ainda. Continuei na cama tentando me acalmar, antes de tudo escurecer pensei.

Fúrias.

POV : Lily.

(na mesma noite do inicio do capítulo)

Estava sonhando. No sonho, eu estava em um beco escuro, muito escuro. Não conseguia ver o que estava há um palmo na minha frente. Tinha um leve movimento, um barulho. Não segurei minha curiosidade, fui até aquela direção. Observei, ao menos tentei, só vislumbrei uma coisa.

Olhos castanhos escuros chamativos. Aqueles olhos me hipnotizaram, eles eram de uma απέραντη ομορφιά (beleza imensa). Senti coisas estranhas, coisas que nunca senti antes, a sensação de τυφλή εμπιστοσύνη (confiar cegamente). Só na presença eu inspirava a confiança que sentia sair daquela pessoa. Sabia que poderia confiar nela os meus segredos, incluindo aquele que eu nunca mostrei para ninguém, alem de Helena.

O sonho mudou. Estava numa montanha, tinham leoas espalhados pela clareira, havia uma, em especial, que me chamou a atenção, uma βουνό λιοντάρι (leoa da montanha) se destacava entre as leoas 'normais'. Ela estava deitada ao lado de uma adulta de aparência jovial, cheia de vida.

Essa mulher tinha os cabelos castanhos claros, parecidos com a pelagem da leoa. Os olhos eram de aparência felina, a cor era castanho amarelado. Ela devia estar esperando algo, ou alguém. Havia sua expressão estava ήρεμοι και ασθενής (calma e paciente). Recostada na leoa e correndo os dedos pela pelagem.

Elas estavam conversando isso me surpreendeu, na verdade, só por ser com uma leoa. Já que eu já vi o Percy falar com cavalos, isso é até normal.

-Não, eu já disse para você, Léaina. Eles vão concordar.

A leoa ronronou.

- Não, Léa. Eu tenho certeza. Εστία (Héstia) e os outros vão adorar. Agora descanse, você foi a ultima que fez a vigia, merece um dia de descanso.

A Léaina abaixou a cabeça e dormiu. Poucos minutos depois o ar tremulou e um homem, com a aparência atlética, apareceu. A mulher recebeu ele com um sorriso.

- E então, Ερμής (Hermes)? Como minha proposta foi recebida?

- Bom, Δίας (Zeus) fez uma breve reunião e discutiu com os outros sua proposta. No fim, todos concordaram, menos Δίας. Então você ganhou.

- Quando vai ser o primeiro encontro?

- No sábado, depois do solstício. διάρροια (Réia), agora vou embora tenho mais correspondências para entregar.

-Tudo bem, querido. Sei que você é tão ocupado quanto seu pai. Pode ir sem se preocupar.

Hermes desapareceu. Eu estava surpresa, eu sei que os deuses podem apresentar a idade que quiserem, mas Réia, η μητέρα όλων των θεών (‘a mãe de todos os deuses’). Como eu nunca ouvi ela ser mencionada em conversas aqui no Acampamento?!

Após isso... O sonho acabou.

***

Abri os olhos, estava muito surpresa, tinha acabado de ver a mãe de Ήρα, Δήμητρα, Εστία, τον Ποσειδώνα... (Hera, Deméter, Héstia, Poseidon..). Ah, você entendeu.

Helena já estava acordada, como quase todo o dia...

- Vamos nos vingar por ontem? - ela perguntou num sussurro.

Tentei me lembrar, ontem teve tanta coisa que já esqueci muitas. Aí a lembrança surgiu, ser acordada por um sapo na cabeça.

-Vamos - respondi num sussurro igualmente baixo.

Ela já devia estar esperando essa resposta, pois apenas pegou quatro baldes que estavam embaixo da cama. Ela me passou dois e quando olhei para dentro já percebi todo o 'σχέδιο Ερμής' ('plano de Hermes') que ela tinha bolado.


POV : Helena

Eu tinha ficado acordada até a meia noite, aproximadamente, preparando aquele plano. Acordei por volta de sete horas, saí do quarto e peguei todos os instrumentos necessários.

Um balde de água e meio de farinha. Quando já tinha pego tudo voltei para o chalé e esperei a Lilian acordar. Ela já estava com os cabelos castanho escuros novamente.

Fiquei pensando na minha primeira noite no acampamento, eu tinha levado um susto enorme.

Flashback:

Naquele inicio de tarde tinha sido encontrada por dois garotos de cabelos castanhos encaracolados. E depois eles me trouxeram para o acampamento, fui recebida por uma menina da minha idade, naquela época dez anos, de cabelos castanho escuro e olhos verdes, com a blusa do acampamento, jeans e um colar com um labirinto de pingente. Assim que ela me apresentou o chalé de Ερμής (Hermes) um caduceu apareceu na minha cabeça. Os garotos que me 'encontraram' disseram ser meus irmãos. Travis e Connor. A menina disse que se chamava Lilian, e ainda não sabia quem era sua mãe. Eles me apresentaram todo o acampamento naquele dia.

No jantar uma menina de cabelo castanho avermelhado e olho azul escuro, como a noite, sentou do meu lado. A Lilian não tinha aparecido, quando as dríades serviram o prato. Eu ia dar a primeira garfada, quando eu ouvi a voz da Lilian me repreendendo.

- Não. Helena, primeiro temos que fazer a oferenda  para os deuses.

Olhei para os lados procurando a Lilian. E não vi ela. A garota que estava ao meu lado já tinha levantado e me olhava com paciência.

- Vem, todos tem que fazer, até quem não sabe seu pai ou mãe olimpiano. - falou ela... Com a voz da LILIAN?!

Naquela hora eu não estava entendendo mais nada. Me levantei fiz a oferenda e voltei.

- Quem é você? - perguntei para a garota.

Ela deu uma risada contida, como se não quisesse me constranger.

- Você já sabe... Eu só esqueci de contar que a cor do meu cabelo, e dos olhos mudam  depois do pôr-do-sol.

"fim"

Depois daquela noite nada mais me assustou.

***

Olhei para a cama da Lily. Ela abriu os olhos um pouco depois.

- Vamos nos vingar por ontem? - perguntei num sussurro.

Ela fez uma cara confusa, mas logo sorriu.

-Vamos - respondeu num tom igualmente baixo.

Peguei os baldes e passei dois deles para ela. Ela observou o conteúdo, o sorriso dela se alargou e os olhos verdes brilharam. Levantamos, cuidando para não fazer barulho. Fui acordar o Travis, apoiei o balde de farinha cuidadosamente no chão e me preparei para jogar a água nele.

Joguei.

Por coincidência, foi na mesma hora em que a Lily jogou no Connor. Os dois sentaram assustados gritando a plenos pulmões. Joguei a farinha, que não caiu só na cabeça deles. Caiu dentro da boca. Os dois engasgaram.

Estávamos gargalhando alto. Tinha sido hilário, até aquela hora em que eles acordaram todos os campistas da área dos doze grandes olimpianos e quase me deixaram surda.

Meus irmãos e irmãs estavam se preparando para a μάχη ('batalha'), mas quando perceberam a brincadeira, virou um chalé de risadas.

***

Estava treinando luta de adagas com a Lilian na arena, desde o almoço a expressão dela mostrava um pouco de impaciência.

- Fala o que está pensando. - pedi depois da décima vez que ela tirou as adagas da minha mão.

Ela deu um meio sorriso.

- Estou pensando, por quê eu não consegui ver a aura de Kath, Clair e Theo completa.

- Por quê? Você viu incompleta?!

- Sim.

Fiquei muito surpresa, em geral ela vê as auras como círculos de luz em volta dos campistas.

- Como você viu as deles? Qual era a diferença?

- Eu só podia ver uma sombra da verdadeira aura. Estava muito fraca a deles.

- Tá, vamos falar com eles depois para ver se descobrimos alguma coisa. Pensando bem... Deve ter algo mais te incomodando. Eu te conheço! Fala, por favor...

A Luiza se aproximou, ela estava vendo o treino desde o início, mas conversar sem ela não é a mesma coisa.

- Tudo bem... Eu sonhei duas coisas essa noite...

Ela vez uma pausa dramática, e não continuou.

- FALA LOGO, MENINA!!! - eu e Lu pedimos juntas, a Lily quando faz suspense quase mata.

- Calma - disse ela com um sorriso irritante surgindo no rosto - no segundo sonho apareceu διάρροια (Réia), e ela estava falando sobre uma proposta, e um encontro.

- O que era????? - Luiza perguntou.

Ela parecia que ia ter um ataque. Não aguentava NÃO saber algo, nisso lembrava filhos de Αθηνά (Athena). Filhos de ίριδες (Irís) também tem esse problema, acho.

- Não sei... O sonho acabou ai. - disse a Lily triste, pelo visto também estava curiosa.

- Espera! E o primeiro sonho??? Você só falou do segundo! Qual é o primeiro???

Pelo visto peguei ela de surpresa, pois ela ficou com uma expressão de choque e vermelha, o que não é típico dela.

- Isso mesmo!! Pode falar!! Se você não me disser vou ter um ataque!! - a Lu agora estava dando um ataque, os olhos claros multicoloridos estavam com um brilho de impaciência e o cabelo caramelo estava mudando de cor. Significado: ataque em cinco minutos!!!

- Tudo bem, fica calma, Luiza. - a Lily estava assustada e ainda estava vermelha. - O primeiro não é muito importante, eu só vi dois olhos castanhos num beco escuro. Nada demais.

- Fala o que você sentiu! - eu estava adorando, poderia irritar ela até ela achar uma coisa que ma atingisse igual, o que é difícil, se fosse o que eu estava pensando.

- Confiar na pessoa que tinha aqueles olhos, nada demais.

Ela ficou mais vermelha do que antes.

- Foi mais que isso, eu sei.

- Na-nada - gaguejando... Ela ficou mais vermelha que antes. Hum, meu plano está completo!!!

- Está apaixonada!! Está apaixonada!! Está apaixonada!! Está apaixonada!!

Acho que ela se irritou muito. Ela deu um olhar malvado para mim, só que não adiantou muito, porquê ela ainda estava vermelha.

Luiza já estava normal e começou a rir de mim. Eu ainda não tinha parado de falar e a Lilian começou a correr atrás de mim.

Um pensamento se formou na minha cabeça: 'E se essa pessoa que ela sonhou existir?'


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Notas finais do capítulo

Espero comentários...