-          Eu também não estou nada satisfeito, mas não temos escolha- falei.

-          Victor fez isso de propósito, ele sabia que isso podia por em risco nossa estadia no jogo, e quem sabe nossa segurança.

-          Tá insinuando alguma coisa?- perguntou Kate.

-          Só estou falando que qualquer um aqui pode fazer qualquer coisa, por isso fomos chamados- Spencer tinha razão, O Jogo queria nos testar, por isso nos colocou na mesma equipe - O que podemos fazer agora é ter paciência e não agir precipitadamente. Somos uma equipe agora.

Um sentinela veio andando até nós e nos entregou a moeda, idêntica àquela que estava com Victor. Pequei e a guardei no bolso da minha jaqueta.

Esperamos em silencio até os nomes do telão terminarem de passar. Victor apareceu novamente e disse:

-          Que comece O Jogo.

Dessa vez um contador apareceu, com 04h30min decrescendo. Olhei para meu relógio de pulso: 19h30min. Meia noite a primeira etapa estaria acabada e seguiríamos para a segunda.
Quando voltei minha atenção para as pessoas todos já estavam correndo não sei pra onde, talvez se escondendo para pensar em algum plano. Olhei para meus amigos, tínhamos a mesma coisa em mente: correr. Comecei a correr, fui até um lugar que não havia mais ninguém perto, me escondi perto de uma construção que estava ali. Foi aí que percebi que meu grupo não estava comigo. Droga. Coloquei a mão no bolso para verificar se a moeda ainda estava ali, e estava.

Senti uma mão no meu ombro. Ótimo, alguém me achou e estou sozinho. Fechei a mão e me virei, preparado para dar um golpe “mortal”.

-          Calma, sou eu- era Kate- Acho melhor não perder essa moeda hein!

-          Cadê o Spencer?

-          Não sei, corremos para lados opostos.

-          Vamos procura-lo, depois pensamos na outra moeda.

Ela concordou. Fomos andando pela rua, atentos a qualquer coisa. Caso houvesse alguma pausa nas etapas do Jogo eu iria procurar um colete a prova de balas ou uma arma melhor. Não podíamos ficar desprotegidos se não seria a ultima coisa que iríamos fazer.

Um barulho de latas caindo nos chamou a atenção. Viramos de repente demos de cara com um homem.

-          Não estou com a moeda- disse ele, parecia muito assustado – Por favor, não me matem.

-          Matar? Não vamos fazer isso- Pelo menos eu não vou- Vamos continuar procurando- disse para Kate.

-          Ele pode estar mentindo.

-          Ele não tá mentindo, olha a cara dele. Tá com medo.

-          Desde quando você manda?

-          Eu não disse que mando, só acho melhor continuarmos procurando.

Pelo visto iríamos começar outra discussão.

-          Por hora vou concordar, mas não abuse da minha paciência, ok?

-          Ok.

Quando viramos, o homem que antes estava ali para já não se encontrava mais ali. Devia ter fugido, provavelmente com medo de Kate.

Consegui ver ao longe o topo do Empire State, por um momento lembrei da audiência com Zeus no 600°. Dei um pequeno sorriso. Apesar de tudo, aquela era a ação que faltava na minha vida.

-          O que foi?- perguntou Kate.

-          Nada. Por quê?

-          Tá ai olhando para o alto e rindo. Alguma vez já perguntaram se você era doido?

-          Já, pior que já. Só estava me lembrando de um livro que eu li.

Avistamos um trio de pessoas andando mais a frente. Pareciam distraídas.

-          Olha- ela apontou para eles- É a nossa chance.

-          Não é melhor acharmos o Spencer antes?

-          Não, dessa vez eu dito as regras- Ela tirou uma arma da perna e apontou, gritando- Ei, que tal jogarmos um pouco?

Um deles sacou uma arma e apontou para Kate.

-          Gostei da ideia- disse ele.

Tirei minha arma e apontei

-          Dá próxima vez pense antes de agir- falei baixo para Kate.

Outro homem também tirou uma arma e apontou para mim, mudei minha mira, agora ele era o alvo.

Alguém saiu das sombras, seu rosto ainda não podia ser visto. Ele apontou uma arma para o terceiro homem, que por sua vez também sacou uma arma e apontou para o individuo das sombras.

-          Não acham covardia atacar um grupo que está em menor número?- perguntou o anônimo.

-          E o que você tem a ver com isso?- perguntou o homem que parecia ser o líder do outro grupo.

-          Tem razão. Acho melhor ir embora. Pensei que você seria digno de um combate, mas percebi que um ser humano desprezível como você nem merecia participar desse torneio.

-          Aah seu...- ele estava pronto para atirar, mas o anônimo foi mais rápido, muito mais rápido pra falar a verdade. Ele deu alguns passos a frente antes que o gatilho fosse puxado, aplicou um golpe no homem e o roubou a própria a arma, e então fez três disparos rápidos. Três corpos caíram sem vida no chão gélido, onde uma poça de sangue rapidamente se formou. Ele pegou a moeda de um corpo e a jogou para mim. Tudo foi tão rápido que nem deu tempo de ver o rosto do justiceiro.

Fiquei boquiaberto. Como alguém poderia matar com tanta facilidade?

-          Espere. Por que fez isso?- perguntei

-          Eles eram irritantes de mais- respondeu enquanto andava.

-          Cara, você matou três pessoas. Como pode ficar tão calmo assim?

-          Se quiser continuar vivo é melhor fazer o mesmo. Aposto que eles não hesitariam em te matar- e então finalmente sumiu por completo naquele beco escuro.

Olhei novamente para os corpos no chão. Fiquei um tempo em silêncio para por as ideias no lugar.

-          Bom, já temos a moeda. Melhor voltarmos para a praça- Kate disse, finalmente. Ela também parecia calma, como se nada tivesse acontecido.

-          E eles?- apontei para os cadáveres.

-          Quer fazer o que? Estão mortos.

-          Você também não dá valor à vida?

-          Sim, à minha vida. Se aquele cara não tivesse feito isso eu iria fazer. Agora pare de se comportar como criança e vamos embora- ela pegou a moeda da minha mão e saiu andando. Apenas a acompanhei até a praça sem falar mais nada. Chegando lá encontramos com Spencer.

-          Onde estava?- perguntou Kate.

-          Procurando vocês. Não achei e achei melhor esperar aqui. Vejo que já conseguiram a moeda.

-          É, e nem fizemos nada.

-          Como assim?

-          É uma longa história.

Expliquei o ocorrido e entregamos as moedas para um sentinela, que após recebe-las inseriu nossos nomes em um computador e nos orientou a ficar próximos ao telão, que ainda marcava 43 minutos restantes.