Robert pegou o notebook e o colocou sobre uma mesa. Aguardamos ansiosamente enquanto ligava.

Finalmente o computador ligou. Eu estava tão ansioso para descobrir mais sobre meu pai que se alguém atrapalhasse isto não iria sair vivo.

Ouvimos o som de batidas na porta. Robert se levantou e foi até lá.

– Posso ajudar?-perguntou.

– Vim buscá-los para a próxima etapa do Jogo- disse um homem de terno preto. Eu já tinha visto ele no aeroporto.

Finalmente eu iria descobrir onde meu pai está, mas fui interrompido. Minha vontade era de estrangular aquele cara, porém eu não podia fazer isso. A melhor coisa para se fazer no momento era obedecer, mesmo não querendo fazer isto.

– Justo agora? Não pode ser daqui a alguns minutos?- perguntei, mesmo sabendo que seria em vão.

– Desculpe, mas os outros grupos já estão se dirigindo para o local, não podemos nos atrasar.

– Está bem!

– E levem todos os seus pertences, vocês não voltaram se passarem para a próxima etapa.

Robert voltou até nós, desligou o notebook e começou a juntar as coisas.

Kate e eu também fomos para nossos quartos e pegamos tudo que era nosso. Encontramos com Robert e o homem que viera nos buscar na porta do hotel.

Um carro já estava a nossa espera. Ele era todo preto, sem exceção. Entramos e aguardamos nossa viajem até o local onde iriamos participar de mais um desafio mortal.

Pela janela do carro consegui ver uma estrutura enorme, muito parecida com um estádio de futebol, mas com proporções gigantescas. O carro entrou por um portão e tudo escureceu.

A porta se abriu e nosso motorista fez sinal para descermos. Ele nos entregou uma espécie de uniforme azul e nos indicou o banheiro para trocarmos de roupa.

O uniforme era como uma roupa de piloto de Fórmula 1, todo azul e com alguns detalhes pretos.

O homem do aeroporto nos guiou até um portão grande, onde esperamos pacientemente pela sua abertura. Quando ele se abriu percebemos que estávamos diante de uma pista de corrida enorme. Outros três portões também se abriram, cada um revelando mais uma equipe, que usavam uniformes parecidos com o nosso, mas com as cores vermelha, verde e amarela, cada uma.

Olhando mais adiantes percebi que haviam quatro veículos, cada um de uma cor. Eles pareciam com o antigo Hummer H3, porém maiores. O homem que estava nos acompanhando nos levou até o carro azul.

– Podem entrar- falou depois de abrir a porta.

Obedecemos. Dentro do carro havia três acentos. Um estava de frente para o volante, era aonde o responsável pela direção iria se sentar. Os outros dois estavam cada um de um lado e eram giratórios.

De frente para os dois acentos laterais estavam painéis com vários botões, além de um monitor que mostrava a situação atual do veículo. Havia também um comunicador para nos comunicarmos com os outros jogadores.

– Quem vai dirigir?- perguntei.

– Eu não tenho experiência com carros- disse Robert.

– Eu também não- falei.

– Eu tenho um carro, mas não se compara a este- disse Kate

– Mas a direção é bem parecida, você só tem que guiar o carro na pista-explicou Robert.

– Então porque você não faz isso?- retrucou ela.

– Eu nunca dirigi um carro, só motos.

– Então está bem, mas não garanto nada.

– Já está de bom tamanho.

Fomos para nossas posições e aguardamos o início da corrida.

Victor apareceu em um telão.

– Vou dar as instruções para está prova: Não há chegada nem limite de voltas. Ganha os dois últimos carros que sobrarem. Bem simples.

Um semáforo se ascendeu, primeiro as luzes vermelhas, depois as amarelas e por último as verdes. Todos os carros arrancaram.

Com exceção do nosso.

– Por que você não foi?!- perguntei.

– Porque tive uma ideia melhor- nesse momento ela arrancou, mas ao invés de ir à direção dos outros carros, ela deu meia volta e foi na direção oposta- Assim vamos pegar eles de frente.

Nosso carro estava ultrapassando os 100 km/h, e rapidamente chegaríamos ao encontro dos outros.

Uma pequena explosão na pista nos chamou a atenção. Uma nuvem de fumaça encobriu os carros. Ficamos olhando esperando algum sair de lá. O carro vermelho foi o primeiro, seguindo do verde e do amarelo. Seja o lá o que for que eles atiraram acertou na pista, não em um carro.

Estávamos quase chegando neles, só faltavam alguns segundos.

– Robert, mire no vermelho, eu cuido do verde.

Ele concordou. Atiramos ao mesmo tempo. Pelo retrovisor consegui ver o carro verde perdendo o controle e saindo da pista. Um a menos. Mas o carro vermelho ainda estava em jogo.

– Não consegui acertar no pneu- Robert falou.

– Acertar no pneu? Eles vão jogar pra nos matar, você tem que fazer o mesmo!- gritou Kate.

– É possível ganhar assim, então não há motivos para matar.

Kate deu meia volta e seguimos dessa vez atrás dos outros dois carros.

Percebi que o radar mostrava um projétil vindo em nossa direção.

– Tem um míssil vindo. E agora?

– Desvia.

– Ainda não.

O radar começou a piscar, o míssil cada vez mais perto, junto com a nossa morte.

– Desvia- gritei

– Ainda não - devolveu Kate.

Esperei com os olhos fechados o impacto seguido da explosão, mas não vieram. Kate, em uma manobra arriscada, jogou o carro para o lado e nos salvou.

– Era um míssil tele guiado- explicou- não podíamos desviar antes da hora certo, pois ele iria conseguir nos acertar.

– E você disse que não dirigia muito bem.

– Eu faço o que posso.

Alcançamos os outros dois novamente. Mirei e disparei a mini metralhadora acoplada no carro, mas novamente não atingimos o outro carro.

– Ainda nessa de acertar os pneus. Eles não estão brincando- disse Kate.

Não respondemos. Nesse momento o carro vermelho, que corria ao lado do amarelo, ativou uma espécie de broca, que saiu de dentro da própria roda. Em uma curva ele fechou o amarelo e acertou a broca na sua roda, fazendo a equipe amarela perder o controle e se chocar em uma parede.

Nosso carro desligou instantaneamente. Victor apareceu mais uma vez no telão.

– Equipe azul e equipe vermelha ganharam. Parabéns. Agora sigam de volta para suas garagens, meus motoristas os levarão de volta ao aeroporto. A próxima etapa será no Brasil.

Seguimos para a garagem e esperamos pelo motorista que nos levaria até o aeroporto.