Segui pelo edifício do aeroporto logo atrás de Kate e Robert, que dava passos longos e pesados.

– Esperem- andei mais rápido para alcançá-los- Para onde agora?- perguntei quando saímos pela porta eletrônica do aeroporto.

– -Hotel?- Kate sugeriu.

– -Por mim tudo bem. E você, Robert?

– Tanto faz.

Ficamos alguns minutos ali, olhando para o céu e para os prédios enormes que eram presentes em toda a cidade. Nem dava pra acreditar que há dois anos o Japão fora atingido por um terremoto seguido por um tsunami, e em poucos meses havia se reconstruído completamente. Dessa vez não foi diferente, o último cataclismo proporcionou um “boom” econômico que, mesmo com o governo único, fez ele se destacar como o país mais industrializado tecnologicamente.

Pegamos o primeiro táxi que passou por ali, o motorista ficou nos encarando.

– Hotel- Kate tentou explicar- queremos ir para um hotel.

O motorista disparou uma torrente de palavras em japonês.

– Hoteru- disse Robert.

O motorista concordou.

– Como sabe falar japonês- perguntei.

– Eu não sei, somente algumas poucas palavras. Tenho um amigo que mora aqui no Japão.

Após alguns minutos de conversa chegamos ao hotel, que era como o de New York, pelo menos por fora.

Entramos no saguão, que era decorado com várias lanternas de papel, que iluminavam tudo de forma bem calma. As paredes eram de um branco impecável, e estavam decoradas com quadros de vários pontos turísticos do Japão, como a Cidade de Toba, conhecida como a Cidade das Pérolas, Kobe Harborland e o Lago Tazawa. Havia também um grande tapete vermelho, que começava na entrada, passava pela frente do balcão e chagava nas escadas.

– Você fala inglês- perguntou Kate ao recepcionista, que parecia muito com o japonês do aeroporto.

Ele respondeu com várias palavras. Perguntei-me se não bastava um simples “não entendo” ou “não falo seu idioma”.

– Queremos um quarto. Um quarto- ela fazia gestos com a mão, e novamente foi recebida com uma enxurrada de palavras.

Outro homem apareceu. Este usava um terno azul escuro e uma gravata da mesma cor. Tinha cabelos loiros, que estava cuidadosamente penteados para trás. Ele falou alguma coisa com o recepcionista e em seguida se virou para nós.

– Posso ajudar?- perguntou.

– Que bom que fala nossa língua- Kate parecia aliviada- Gostaríamos de três quartos.

Ele pegou nossos dados e os inseriu em um computador, após isso fizemos um cadastro biométrico.

– Sigam-me.

Ele nos levou até o quinto andar, onde ficavam nossos quartos. Fiquei no quarto ao lado do quarto de Kate, que era de frente para o de Robert.

Os quartos possuíam a mesma decoração do saguão, com exceção das lanternas de papel.

Após um banho tentei dormir, mas a mudança de fuso me deixou um tanto confuso então troquei de roupa e bati na porta de Kate.

– Está fazendo o que?- perguntei.

– Tentando dormir, mas não consegui.

– Quer sair?-ela me olhou com desconfiança- não, não é isso que você está pensando. Estou falando de sair nós três- expliquei.

– Pode ser legal. Entre, vou me trocar.

Fiquei observando a paisagem pela janela enquanto Kate se trocava no banheiro. Após alguns minutos ela saiu. Estava usando uma camisa preta com touca, a qual estava para trás, uma calça jeans e um tênis.

– Aonde vamos? Não me vesti formalmente.

– Não sei ainda, mas assim está bom- dei um sorriso desajeitado.

Saímos do quarto e batemos na porta de Robert. Ele abriu a porta.

– Nossa!- Kate exclamou baixinho ao vê-lo sem camisa. Eu estava começando a entender o motivo de todas as brigas que eles tiveram... E que vão ter.

Ele nos encarou, esperando nós nos explicarmos o porquê de estar ali.

– Vamos dar uma volta. Quer ir também?

– Quero. Entrem, só vou trocar de roupa.

– Ou pelo menos colocar uma- disse Kate.

Não demorou muito para ele se trocar. Logo descemos para o saguão e nos dirigimos à saída.

Dessa vez não pegamos um táxi. Resolvemos andar um pouco. A noite estava bem clara, com a Lua cheia enfeitando o céu cheio de estrelas.

– Estou com fome, que tal comermos alguma coisa naquele ali- Robert apontou para um restaurante mais à frente.

Kate e eu concordamos.

Entramos no bar e escolhemos uma mesa.

Demorou algum tempo para conseguirmos pedir a comida. O cardápio era completamente em japonês, então escolhemos pelas fotografias que haviam ao lado do nome da opção.

Dois homens passaram conversando ao nosso lado. Eu entendi perfeitamente o que diziam, estavam conversando em inglês.

– Não sei se é verdade. O que ele estaria fazendo aqui? Victor manteou total sigilo sobre a esta etapa ser aqui no Japão.

– Então não escondeu bem o suficiente. Spencer Holbes está neste país.

Levantei-me da cadeira como um leão faminto atacando uma presa. Segurei na gola da camisa de um dos homens e disse:

– O que sabe sobre Spencer Holbes?-

– Você não é Spencer Holbes?- Robert perguntou.

– É uma longa história- respondi