Aquela era apenas mais uma noite comum de inverno, na qual Albus Severus Potter não conseguia dormir. O garoto, de belos e intensos olhos verdes, encarava fixamente o dossel da cama, enquanto seus pensamentos vagavam em diferentes direções. Os ventos frios de dezembro sopravam do lado de fora de seu quarto, produzindo um barulho irritante ao ir de encontro a alguma janela. Jhonny Longbottom roncava alto na cama ao lado, enquanto Lorcan Scamander murmurava alguma coisa inteligível sobre narguilés.

Já passava das duas da manhã e, apesar de todas as tentativas, o rapaz não conseguia dormir. Sua cabeça não parava de trabalhar, afastando qualquer indício de inconsciência que tentasse dominá-lo e isso apenas aumentava a agonia que sentia.

As palavras de Dominique insistiam em assombrá-lo e enlouquecê-lo. “Você é um covarde Albus, eu não sei como conseguiu entrar para a Grifinória!” a loira berrara em meio ao salão comunal antes de sair irritada, deixando, não apenas Albus, mas todos que ali estavam aturdidos. O moreno conhecia a prima bem o suficiente para saber que , apesar de adorável na maior parte do tempo , ela poderia ser altamente cruel quando queria e nesses momentos sabia exatamente a melhor forma de atingir seu adversário. Sabia que embora a garota estivesse tomada pela raiva, uma vez que o primo se recusara a ajudá-la em sua vingança tola e sem sentido contra seu ex-namorado, Lorcan Scamander, Dominique estava totalmente certa.

Ele, Albus Severus Potter, o filho do meio do famoso Harry Potter, era um grande covarde. Um covarde que nunca fazia nada a respeito das inúmeras provocações que recebia. Covarde que aceitava tudo o que lhe diziam e obedecia cegamente a todas as regras, por medo das suas conseqüências. Covarde que não possuía coragem suficiente para negar algo a alguém, ou se declarar para a garota por quem era secretamente apaixonado desde o terceiro ano.

Ele nunca se arriscava ou se comportava de qualquer forma que conferisse riscos, por menor que esses fossem. Sabia que nunca teria coragem suficiente para fazer metade do que o pai ou os tios fizeram durante a Segunda Guerra Bruxa e que nunca seria nada além daquele estúpido garoto medroso.

Não entrara para a Sonserina, porque implorá-la ao Chapéu Seletor que o mandasse para a Grifinória, afinal não tinha coragem suficiente para lidar com as conseqüências que ser um sonserino obviamente lhe trariam. A verdade era que Albus nunca teve coragem de ser verdadeiramente ele e simplesmente se escondia evitando confrontar o mundo e se impedindo de mostrar a todos quem realmente era. Se escondia como todo bom covarde.

E no fim, era extremamente irônico ter recebido os nomes dos dois mais corajosos homens que existiram, afinal Albus Severus Potter era apenas um leão medroso em uma busca interminável pela sua coragem...