Tormenta De Máquinas escrita por davifmayer


Capítulo 13
Capítulo 13 Trono de Máquina 5° parte (Final)




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“Nenhuma decisão sensata pode ser tomada sem que se leve em conta o mundo não apenas como ele é, mas como ele virá a ser.” Isaac Asimov

5° Parte (Final)

            Tony se ergueu num salto. Seu peito estava descoberto assim como seu rosto. Os punhos e os pés ainda preservavam a armadura e um pouco de energia armazenada. Com ela, ele deu um salto contra Ricco. Um salto desesperado. Um fiapo de esperança, aproveitando sua condição de completa derrota, fazendo assim seu inimigo não suspeitar da sua reação.

            Sobreviver.

            Esta palavra emanava do peito de Tony. Não era tempo de desistir. Morreria lutando, por Melissandra, por Eddard, Jabez, e todos os mortos que essa guerra entre homem e máquina causara.

            Sobreviver.

            Seus movimentos pareciam estar em câmera lenta. Parecia ver tudo ao redor com uma aguçada percepção. Viu os olhos surpresos do Usurpador; viu as armas de seu punho tremerem ante ao disparo; escutou seu grito de guerra e de desespero num ultimo fôlego; viu seus dedos se fecharem no punho do inimigo e apertarem, utilizando suas ultimas energias, a destruir as armas embutidas num som de mastigar metal.

            O tempo voltou a correr. Tony deu uma cabeçada contra a testa do Usurpador, e ficou tonto por um momento. Viu na testa do oponente um corte profundo aberto e um sangue vermelho e ralo escorrer pela testa e descer entre os olhos. Ele fez os punhos e pés se soltarem da armadura e pulou para o lado.

            Embolou pela lateral e viu seu irmão ser tragado por uma explosão de plasma vermelho.

            BUMMM.

            O clarão vermelho cegou Tony por um momento, fazendo-o ser varrido como uma traça pela estrada e bater violentamente na roda de um caminhão. A força do impacto cessou e ele caiu no chão.

            Estava ferido, e com cortes profundos pelo corpo. Não pensou direito nos ferimentos e levantou os olhos.

            Ricco continuava de pé. Seus olhos indiferentes a lhe encarar. Perdeu os dois braços na explosão, e uma massa de ferro, sangue e músculo caia do coto. Um riso lunático se desenhou na sua face.

            - Me surpreendeu, irmão. Não imaginei que chegasse a tanto. Mas continuo de pé. E isso... – ele levantou os dois cotos ensanguentados e com metais negros retorcidos. – não são nada para um deus-ex. Eu sou máquina e nascido da máquina. E agora serei uma máquina eternamente.

            Ele deu alguns passos hesitantes em direção a Tony. Este se ajoelhou com um dos braços no chão árido, respirou fundo e se ergueu. Parecia um saco de pano.

            - Está luta... Acabou... – disse Tony, dando alguns passos para frente. – não vai vencer... Não vai!

            Tony deu um pequeno impulso para frente, arremessando um soco no queixo de Ricco. Com o golpe, este deu alguns passos para trás, mas permaneceu de pé.

            - É só isso que pode fazer? – gritou Ricco. – você não é nada! Nada! Pensa que por que retirou meu sangue é alguma coisa? Nunca. Você vai morrer enquanto eu permanecerei vivo eternamente.

            - Cale-se! – Tony deu outro soco. Mais outro. Um quarto.

            Até que seus braços amoleceram ao lado do corpo e balançavam inutilmente.

            - Cansou? – ironizou Ricco. – AHAHAAHAHA...

            Ricco levantou o pé e deu um chute entre o peito de Tony. Este foi jogado a metros de distancia, se embolando pelo asfalto quente e nas pedras largadas pelo chão. 

            Tentou puxar ar dos pulmões, mas o ar parecia preso em algum lugar. Sua vista embaçou. Sangue escorria entre os dentes e molhava o asfalto. O seu corpo dolorido padecia e perdia gradativamente a consciência, sendo tragado para os recônditos da sua mente.

            “Não posso... Não posso morrer. Não chegamos tão longe para nada. Vamos Tony! Vamos! Levante-se!” ele pensou, mas seu corpo não queria obedecer.

            Tony sentiu a aproximação do inimigo. Entorpecido, ele tentou mais uma vez se erguer, mas não teve sucesso. Deixou-se cair no asfalto, e sentiu a quentura do chão no rosto.

            - É só isso que tem a me oferecer? – perguntou Ricco. – você não passa de um inútil. Inútil humano. Não passa de um verme e seu lugar é abaixo do chão, e é para lá que vou te levar.

            Ricco pisou nos dedos da mão de Tony, quebrando-os instantaneamente. Este gritou de dor, e sua visão embaçou pelas lágrimas que teimavam em sair dos olhos. Com o pé, ele empurrou Tony que ficou de barriga para cima.

            - Vou esmagar sua cabeça.

            A sombra do Usurpador descia sobre seus olhos. Com a mão boa, Tony tateou a sua lateral a procura de algo, e enfim encontrou uma barra de ferro retorcida. Fechou os dedos em volta dela.

            Ricco levantou o pé e o desceu com rapidez.

            Com uma força que Tony não saberia dizer de que lugar encontrou, ele embolou para o lado, desviando-se do ataque do inimigo, e arremessou a barra de ferro de qualquer jeito contra ele. Sentiu que bateu em algo e escutou um urro de dor.

            - Continua a me ferir! Verme! – berrou Ricco.

            Com esperança renovada, Tony ergueu-se com muita dificuldade. Olhou seu oponente.

            - A luta ainda não acabou. – ele rosnou entre dentes e deu um salto para cima de Ricco.

            Acertou o primeiro golpe do bastão na lateral da têmpora de Ricco, este rodopiou e caiu com um baque seco no chão. Tony ficou sobre ele e continuou a desferir golpe atrás de golpe. O crânio se abriu, e uma massa cinzenta e vermelha se rompeu como uma casca de ovo. Mas Tony não parou. Continuou a desferir os golpes.

            - Morre desgraçado! Morre!

            Até que a força se esvaiu de seus dedos ensanguentados e o bastão caiu. Com todo o corpo dormente, os joelhos bateram com força no chão e assim ficou acima do oponente. A escuridão forçava a entrada, querendo engoli-lo. Tentava em vão ficar desperto, mas estava ferido demais.

            - Tony! Tony! – escutou gritos.

            Virou a cabeça, mas isso era demasiado esforço para ele. Deixou o queixo encostar no peito, a respiração enfraquecendo.

            - Mel... Mel... Eu te amo... tan... tanto... – ele sussurrou e lágrimas se misturaram com o sangue que também banhavam seu rosto.

            - Tony!

            Antonio Stark sentiu dedos ansiosos levantarem seu queixo, e a ultima coisa que viu foi o rosto preocupado de Jabez.

            ***

            O sol despontava no horizonte de uma cidade destruída. Entulhos sobre entulhos, carros, ônibus, e até mesmo uma carcaça de um avião comercial despedaçado sobre os escombros da cidade. Acima de uma colina, uma pequena cidade aparentemente pacata. Algumas pessoas cortavam madeira, outras capinavam a relva, outros martelavam telhados e paredes. Vozes de conversa, de risos, e de entusiasmo.

            Melissandra saiu de uma casa. Ela usava um vestido branco com bordados de flores. O vestido balançava levemente ao sabor de uma brisa úmida e refrescante. Abraçou seus braços e olhou o horizonte. Nuvens cinza se avolumavam. Parecia que iria chover.

            Ela sentiu os primeiros pingos molharem seu rosto, seu cabelo e o vestido. Escutou ao longe os risos das crianças e os adultos a correrem para dentro de suas casas da pequena comunidade.

            Mel pensou no seu irmão, no seu pai e em todos da cidade de Atlantika. Um pensamento rápido e triste se abateu sobre ela. “Todos sonhavam tanto com a paz.” Ela pensou.

            Um par de braços musculosos a envolveu e ela sentiu-se segura. Aconchegou-se no peito torneado do seu marido e sorriu de leve, ao sentir seus beijos na nuca e pescoço.

            - O que faz aqui, Mel? Não quer pegar um resfriado, não é?

            Melissandra se virou e encarou os olhos azuis e acolhedores; o cavanhaque negro e bem aparado; os lábios úmidos e convidativos.

            - A chuva Tony. Nunca tinha sentido a chuva sobre a minha pele.

            Ele sorriu, e se abraçaram.

            - O mundo é nosso, Mel. O mundo pertence à raça humana.

            Eles se beijaram longamente, e a chuva caiu sobre eles, molhando seus corpos. Mesmo na água gelada, Mel e Tony continuaram a sentir o calor de seus corações se envolverem um pelo outro.

           


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