Tormenta De Máquinas escrita por davifmayer


Capítulo 11
Capítulo 11 Trono de Máquina 3° Parte




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“Nenhuma decisão sensata pode ser tomada sem que se leve em conta o mundo não apenas como ele é, mas como ele virá a ser.” Isaac Asimov

3° Parte

           

Jabez observava o Bioshock cair com um grande estrondo sobre a cidade destruída.

- Caçadora, está na ativa? Caçadora? – ele chamou pelo rádio. Nenhuma resposta.

Preocupado, ele retirou com as costas da mão o suor escorrendo da testa.

- Droga! – deu um grito e esmurrou a lateral da cabine.

- Não se desespere. – disse uma voz pelo rádio. – ela está bem.

Jabez olhou para o lado e viu o homem de ferro voar emparelhado com sua aeronave. Eles atravessaram pequenas nuvens. O piloto riu aliviado.

- Ainda bem que nos alcançou a tempo.

O homem de ferro concordou com um aceno de cabeça.

- Vamos continuar. Ela está segura, mas não quero dar tempo ao Usurpador de encontrá-la. Estamos a duzentos quilômetros da base.

- Pois vamos logo!

Aceleraram os vôos e cortaram o céu velozmente.

***

- Equipe Pacífico. Equipe Pacífico.

- Aqui é a equipe Pacífico. – respondeu Jabez com uma pontada de esperança. – Como estão as coisas por ai a leste?

- Estamos em fogo contra os robôs remanescentes do Usurpador. Vamos demorar ainda para nos encontrarmos.

- Não tem importância, equipe Atlântico. Vamos em direção ao covil do Usurpador e destroná-lo de uma vez por todas.

- Okay. Boa sorte. Espero conhecê-lo depois dessa loucura toda.

- Também espero por isso, caçador. Boa sorte e fique longe dos mísseis. – dito isto Jabez encerrou a comunicação.

Avistaram ao longe uma enorme fabrica bélica com muitos prédios adjacentes. Expectativa e emoção inundavam seu ser. Estava perto do Usurpador. Perto de acabar com toda a sua tirania.

Torres de metal se erguiam a escapulir fumaça da ponta. Dutos de metal percorriam o chão interligando todas as estruturas erigidas ali, a distribuir gases, óleos e outros materiais refinados. A estrutura central de tudo aquilo era construída em concreto cinza na forma retangular. Possuía apenas dois andares e cobria quase um quilometro quadrado. Uma pista velha e sem uso levava para o pátio desta estrutura, onde carros destruídos estavam estacionados, bem na entrada. O nome STARK fora esculpido em cobre sobre um jardim sem vida e coberto por ervas daninhas de frente as imensas janelas de vidro do prédio central.

Ao longe, o homem de ferro viu estruturas mecânicas se abrirem e de lá surgirem centenas de mísseis de curto alcance. Relanceou para o piloto da Ghost Hunter.

- Dispare todos os seus mísseis! – ele gritou no rádio.

Jabez fez um sinal de positivo com o polegar dentro da aeronave e voltou sua atenção ao complexo industrial Stark.

Disparou vinte mísseis que saíram das asas, a deixar rastros de fumaça serpenteando em direção a fabrica central.

Mísseis do Usurpador também foram lançados. Pareciam centenas de flechas a cobrir o horizonte.

- Melhor fugir Jabez. São muitos!

Ele fez que sim e guinou a aeronave para direita. Logo, o caça sobrevoava a trezentos quilômetros por hora, se afastando do complexo.

Tony desceu mais a altitude e voou rente ao chão. Viu a luz do sol se esconder enquanto os mísseis passavam por cima dele. Um medo e apreensão se formaram no seu peito, ao se aproximar mais do prédio administrativo das indústrias Stark.

Os mísseis que Jabez disparara acertaram os complexos, rugindo explosões e fogo subindo em labaredas altas.

A terra pareceu tremer.

Atravessou o pátio dos carros enferrujados, o nome STARK em cobre e chegou à entrada de vidro da instalação administrativa. Entrou com tudo, explodindo em mil estilhaços de vidro a repicarem no chão de concreto.

Parado, levitou no saguão principal observando um espelho cobrindo uma parte da parede, um elevador desativado e a recepção sem ninguém.

O homem de ferro ativou seus potentes propulsores nas solas dos pés e nas palmas da mão e subiu velozmente contra o teto de concreto, com o punho fechado erguido. Atravessou o concreto, destruindo o obstáculo com certa facilidade e subiu para o primeiro andar do prédio.

Tony desligou os propulsores e ficou em pé no chão de um grande salão oval coberto por monitores de telas planas, a exibirem diversas partes do mundo de combates em tempo real. Virou sobre si e viu a equipe do Atlântico a guerrear no ar. Disparos de mísseis, os robôs negros do Usurpador a destruírem tudo pelo caminho. Fogo, explosão. Jabez sendo perseguido por centenas de mísseis a cruzar o céu em seu encalço.

Vislumbrou uma porta exibindo uma nova sala de luz azul e de paredes brancas.

O homem de ferro caminhou cautelosamente e entrou nesta nova sala.

Nela, uma enorme banheira de metal com líquido feito gel, com bolinhas azuis e brilhantes submersas. Dentro da banheira, um homem magro e meio adormecido a flutuar no estranho banho. Cabos transparentes contendo líquidos azuis e vermelhos saíram do teto como serpentes e se dirigiram ao corpo imerso na banheira. O retiraram com extremo cuidado, penetrando nas veias do estranho individuo.

Tony deu mais alguns passos.

O ser foi retirado da banheira ainda pingando o estranho liquido no chão pelos cabos conectados às suas redes nervosas. Confortavelmente, os cabos azuis e vermelhos se enroscaram em um emaranhado formando uma espécie de trono, ao qual o homem se inclinou ainda suspenso no ar.

Os olhos dele se abriram. Eram cinza, frios e indiferentes. Sua pele era cadavérica e extremamente branca, sem nenhum pêlo no corpo.

- É uma máquina e é um homem. – ele proferiu profundamente. – de certa forma é como eu.

A máscara do rosto de Tony se retraiu, mostrando seus olhos azuis e sua face angulosa.

- Não sou como você, apesar de sermos irmãos.

O ser encarou Tony com indiferença.

- Irmão?

- Meu pai é Eddard Stark e minha mãe é Silvia Loren Stark. Assim como eles são meus pais, são seus também.

- Não entendo o significado dessa palavra. Sou um deus. Um deus-ex. Forjado pelas máquinas para destruir o câncer do mundo.

- Não somos câncer. Somos humanos.

- Humanos que destroem o planeta em que vivem, proliferando-se como vírus e espalhando o mal entre a natureza. Fui considerado uma aberração no meu tempo. Agora sou um deus.

- Vamos ver se esse deus sangra. – disse Tony e sua mascara voltou a cobrir sua face.

- Você não pode ser um Stark. Não pode ser um deus como eu. – ele respondeu pondo-se de pé no chão frio. – Existia um homem que dizia ser meu pai. Uma mulher que dizia ser minha mãe. Sou superior a isso. Sou um deus e o mundo voltará a ser como era antes. Um Éden criado por mim, um mundo perfeito apenas com a presença das máquinas, a maior criação.

- Ricco. É um louco e vou acabar com essa loucura hoje.

Uma luz branca emergia do peito do homem de ferro. Ele se armou para avançar.

- Ricco está morto. Agora sou deus-ex... – ele murmurou e seus olhos se estreitaram formando uma linha de pesadelo em que deveria estar às sobrancelhas.

Um grosso tentáculo de cobre golpeou o peito do homem de ferro, fazendo-o ser jogado para a outra sala e contra os monitores que se espatifaram em chiados e zumbidos elétricos.

Tony caiu no chão e levantou os olhos, vendo o seu irmão.

Os cabos iam e vinham sobre Ricco, como mãos e serpentes a lhe proteger. Um destes trouxe uma espécie de armadura e os outros cabos começaram a vestir o Usurpador com uma couraça de titânio negro. As caneleiras, o peitoral, as ombreiras, o capacete. Parecia um cavaleiro negro com o metal polido e reluzente. Baixou o visor, ocultando seus estranhos olhos cinza e sem vida.

- Acha que um deus não possuiria uma arma e uma armadura? Quer tomar o lugar de um deus?

Tony se levantou e o encarou em desafio.

- Deveria se juntar a mim e poupar sua vida. Seria meu anjo a ceifar os humanos sobreviventes e estar comigo no meu trono de máquina. – o Usurpador murmurou.

- Me poupe dessa sua loucura.

Uma luz vermelha brilhou sobre os olhos do monstro negro de ferro, como duas chamas em contraste com o negrume profundo do traje. Ele deu alguns passos, fazendo o metal contra o concreto ressoarem pela sala.

- Só existe um deus-ex. E esse sou eu. – ele proferiu, ativando os propulsores acoplados nas suas costas.


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