O Despertar de Um Anjo escrita por Mara S, Kelly S Cabrera


Capítulo 9
Capítulo IV - Revelações




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Assim que chegaram, Lara caminhou até um canto da sala aonde havia luz pra ver seu machucado. “Poderia estar pior” – pensou.

- Isso tá feio – Dante disse aproximando-se.

- Agradeço a preocupação – falou ironicamente – posso usar seu banheiro?

- Você até já tomou banho sem pedir para mim... Pode ir.

Ao abrir sua bolsa no banheiro notou que não havia mais nada para usar no machucado.

“Vai água mesmo, só espero que não infeccione”

Depois de um tempo Lara voltou para a sala, aonde encontrou Dante deitado no sofá com uma taça de vinho na mão.

            Lara sentou-se na poltrona em frente, e decidiu iniciar o interrogatório.

            - Dante, eu preciso saber que portal esse que vocês falam, principalmente depois de tudo que passei.

            Dante sentou-se e olhou para o liquido dentro da taça. Havia começado de novo, mas seja lá quem ela fosse não havia mais motivos pra guardar isso, pois, mais cedo ou mais tarde alguém falaria.

            -Ele abre portas pra dois mundos - suspirou sem tirar os olhos do liquido - o Mundo onde vivemos e o mundo dos demônios.

            Lara continuou olhando para Dante, demônios... Ela já havia encontrado um, há muito tempo, na Irlanda. Na época ela ainda era uma adolescente, curiosa como sempre, mas salvou seu padre e amigo da morte. Mas ela não sabia se havia semelhança com o demônio irlandês e os demônios que Dante havia falado.

            - Demônios? – preferiu fingir.

            -Sim, demônios - Dante a encarou e encostou-se no sofá. - Igual aquele que você viu quando nos encontramos pela primeira vez. Aquele ainda era fraco que estava apenas tentando aproveitar-se do momento. Existem piores – advertiu.

            - Fica cada vez melhor. Esse lugar, eu quero dizer, esse mundo é habitado por demônios e humanos? É isso mesmo? Vocês convivem com demônios como se eles não fossem perigosos? Bom, porque da onde eu venho demônios não são bem vistos, pra falar a verdade, eles são considerados mito. Eu não estou mais no mundo em que habitava, é impossível que isso esteja acontecendo em algum lugar do mundo! – A última frase Lara quase sussurrou.

            -Mas demônios não são bem vindos - Dante olhou para o teto e suspirou - Por isso que eu vou atrás deles – Dante usava um tom de ódio, não gostava de ficar lembrando-se de quem era.

            - Eu não estou entendo e acho que não vou conseguir entender muita coisa. Pra mim isso tudo é bizarro. Eu já vi muita coisa estranha da onde eu venho, mas um mundo paralelo onde demônios e humanos vivem juntos... Além do mais, eu não posso acreditar que você ou... – ela tinha medo de citar o nome de Vergil – Vergil sejam simples mortais, você levou um tiro nas costas e está aqui. Vergil me acertou com tanta força... – Lara respirou profundamente - Ou até mesmo os humanos desse lugar são diferentes? A Lady me parece normal.

            -A Lady é a mais simples de todos aqui - riu ainda olhando o teto- Já eu... - hesitou. No fundo estava com medo da reação da mulher a sua frente

            - Você? O que você está escondendo Dante? – Lara levantou as sobrancelhas

            Dante suspirou e disse olhando fixamente para Lara:

            - EU sou um semi-demônio.

            Lara não estava esperando essa resposta de Dante e não pôde esconder a sua reação.

            - Você é o que? Eu nunca imaginei que isso fosse possível... Apesar de ter sentido.

            Dante levantou-se irritado. Odiava falar dessa parte. Ele simplesmente se odiava por ser o que era.

             - Foi o que você ouviu - respondeu. Andou até a sua mesa e pegou o porta-retrato - Minha mãe era uma humana... Que se apaixonou por um demônio e vice e versa, ou seja lá o que aconteceu - falou com desprezo.

            - Você não precisa falar mais nada se você não quiser, eu não quero invadir seu passado - Lara continuou sentada – fico feliz de você ter confiado em mim, pelo menos.

           - É estranho... -disse colocando o porta-retrato em seu lugar - Você é a primeira que eu falei sobre meu passado. Algo me diz que posso confiar em você.

            - Dante... O fato de você ter sangue demônio não faz de você um perigo a todos, acho que com o tempo você vai perceber isso. Mas, eu não quero falar mais sobre esse assunto, me parece que você fica extremamente desconfortável ao tratar disso – Lara levantou-se e caminhou até Dante – Eu queria saber mais uma coisa, aliás, eu tenho algumas coisas na cabeça ainda não resolvidas... Sobre você e Vergil. Qual é o interesse de Vergil pelo portal? Porque pelo o que você me disse esse portal é extremamente perigoso...

            "Ótimo, não tem uma coisa melhor pra falar?” Mas vendo o olhar da Lara e vendo que ela não ia desistir ele resolve falar

            - O Vergil é muito diferente de mim. Ele não tem nada de humano. Se ele sentir que você é uma ameaça ele pode matá-la sem ressentimento algum.

            Lara ainda tentava digerir toda a informação que recebia. Era lógico que os irmãos se odiavam e era melhor Lara não se alongar nos reais motivos desse ódio. Talvez porque algo a atraía em Vergil... Mas era melhor não falar sobre isso para Dante.

            - O que ele poderia querer com esse portal, você ainda não me respondeu.

            -O que todo demônio quer, poder. Mas pra ele conseguir esse poder ele também precisa de mim.

            - E eu fui a causa de tudo isso... Como sempre. - Lara sussurrou olhando para o chão - “O caminho para a escuridão e a luz”. É isso, era desse lugar que a inscrição falava - Lara lembrou-se do que havia lido na tumba egípcia.

            -De qualquer forma - Dante desconversou - De quem foi a culpa não me interessa. O que precisamos saber é como fazer o Vergil parar antes que ele faça mais besteiras e te mandar de volta, seja lá de onde você veio, antes que você faça besteiras.

            Lara lembrou-se do amuleto de Vergil e da sua reação... Mas achou melhor não falar sobre isso agora, sentia que não deveria falar sobre o amuleto, não agora. Estava tão perdida nos seus próprios pensamentos que completamente ignorou Dante. Caminhou de volta para o sofá.

            Dante de sua mesa observava Lara e achou que estava mais que na hora de saber a sua versão sobre tudo o que havia acontecido.

            - Então... Lady me disse que você caiu aqui – brincou.

            - É, eu não sei se vai adiantar alguma coisa tentar explicar da onde eu vim, já que vai ser tão estranho quanto esse lugar foi pra mim. Mas de qualquer forma – respirou fundo – Eu sou uma exploradora de tumbas e locais históricos, ou qualquer coisa que ainda não foi descoberto pelas mãos humanas. Em umas dessas viagens eu despertei um deus maléfico que possuiu o meu amigo e mentor. O engraçado é que seu eu contar isso pra alguém da onde eu vim, a pessoa não vai acreditar em sequer uma palavra que eu disser. Enquanto eu saía da tumba que estava desabando, o meu amigo retornou para me salvar, não mais sobre o controle desse deus, mas ele não conseguiu me salvar a tempo. Fiquei desacordada e quando voltei a si percebi que estava presa. Encontrei um dispositivo dentro da tumba, imaginei que o acionando poderia sair de lá... Era o portal. Do Egito fui parar aqui, “O caminho para a escuridão e a luz”.

            Dante ouviu cuidadosamente as palavras de Lara. Havia apenas uma duvida na mente do Dante, como uma pessoa normal poderia abrir o portal? A não ser que ela não fosse tão normal assim... Olhou fixo para ela.

            -Você não sentiu nada quando abriu o portal?

            Lara sabia a resposta para essa pergunta. Ela poderia falar: “Sim Dante, assim que caí me senti tonta e logo em seguida já não sentia dor alguma, era como uma força tivesse sugado todo o meu sofrimento. Estava diferente, me sentia diferente" Entretanto, não sabia se era o certo a fazer e resolveu mentir.

            - Não. Me senti normal.

            Dante deu um pequeno sorriso. Sabia que ela estava escondendo algo, mas resolveu não comentar nada.

            -Meus parabéns - Levantou-se - Você é a primeira que passa pelo portal sem sentir diferença alguma. - disse indo pegar suas coisas – Vou atrás de Lady e também ver alguma coisa pra você comer – saiu sem olhar para trás.

            Lara nem percebeu que Dante havia saído. Pensava no que ele tinha perguntado. ”Eu devo ter algo diferente, só assim para explicar tudo o que aconteceu entre mim e Vergil, era como se fosse outra pessoa.” – Lara estava começando a se preocupar, apesar de ser bastante teimosa para perceber isso.

 

            Vergil caminhava furioso no templo destruído, o mesmo templo que havia encontrado pela primeira vez Lara Croft. Era um belo lugar. Vergil sempre admirou a beleza daquele lugar, a decadência era fascinante. Seu ódio de Dante só havia aumentado nas últimas horas, seu irmão como sempre, conseguira arruinar seus planos. “Ainda mais agora que começo a ter certeza do que a estranha esconde.”

           - Ela esteve em tão perto de mim duas vezes! A primeira obviamente eu não pude deixar de notar algo estranho, foi ela que conseguiu abrir o portal, o que já demanda muito poder. É impossível que uma simples humana consiga abrir o portal! Dante já deve ter pensado nisso. Ainda mais agora que ela está com ele... Mas foi inaceitável o que Dante fez! Estava tão perto de saber a verdade.

            A ira de Vergil só aumentava, cada vez que se lembrava de toda a cena. “O amuleto, ela reagiu de forma estranha ao amuleto. Como previ. Só não imaginava que a reação seria tão violenta. – sorriu – eu preciso dela, da sua real face.”

            Vergil parte uma estátua em dois com sua espada. Seu desejo de vingança era intenso.

            - Eu preciso de um plano.

 

            Dante voltou para casa carregando duas caixas de pizza em suas mãos e uma sacola. Colocou na pequena mesa perto do sofá e abriu cuidadosamente, como se estivesse abrindo uma coisa muito importante. Olhou para Lara que estava estática no meio do lugar e olhando pra ele.

            -Se você não vier logo vou comer tudo – Advertiu já pegando seu segundo pedaço, mas antes de dar a primeira mordida olhou para Lara que estava com os dois olhos arregalados em sua direção. – Algum problema? – Perguntou arqueando a sobrancelha.

            - Não, a fome é tanta que eu vou ignorar isso – Respondeu, pegando um pedaço de pizza fingindo não se importar que estivessem comendo pizza em pleno café da manhã.

           

            Bebeu sua terceira garrafinha de suco de tomate e estava pronto pra abrir a segunda caixa da pizza quando notou que Lara nem se quer havia bebido nada do que trouxera.

            -Não vai querer? – Perguntou apontando pra a garrafinha.

            -Acho que prefiro o vinho – respondeu indo procurar a garrafa.

            -Se estiver cansada pode ir ao quarto dormir – Disse sem olhar pra ela – Bom, acho que o caminho você já sabe – Deu um pequeno sorriso.

            -O caminho? Por que eu saberia? – Perguntou arqueando a sobrancelha, suspeitando de algo.

            -Achei que você já soubesse, afinal, meu amuleto não saiu andando da caixa dele sozinho – respondeu calmamente.

            Lara se surpreendeu com a afirmação de Dante, ele soube que ela havia encontrado um amuleto.

            - Ele me chamou a atenção. Não precisa imaginar coisas. - Antes que Dante tivesse chance de falar qualquer coisa Lara terminou a conversa com um "Até mais tarde" e subiu para o quarto.

 


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