O Despertar de Um Anjo escrita por Mara S, Kelly S Cabrera


Capítulo 8
Capítulo III - Desavença




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Lara caminhou pela cidade, ainda estava escuro, mas ela não se preocupava, não tinha medo da escuridão. A escuridão a protegia. Caminhou por um longo tempo pensando no que poderia fazer, que atitudes tomar. Apesar de mostrar-se confiante para Dante, ela não estava na realidade imaginando que se daria bem sozinha. E obviamente não poderia contar com o tal de Vergil, apesar das indiretas de Dante. “Por que tanto ódio do irmão? Em quem posso confiar?”

            Toda a situação irritava Lara, e agora mais que nunca se sentia impotente. Ela, Lara Croft, sentia-se impotente. “Isso é ridículo! Eu sempre soube me cuidar muito bem! Claro que em outras circunstâncias, aonde não existiam pessoas imortais e portais que estão além da minha compreensão”

            Após uma longa caminhada, sem problemas para uma exploradora, Lara chegou até a área que havia observado enquanto andava de moto com Lady. Com belos prédios e ricos jardins. A arquitetura era riquíssima em detalhes e Lara se encantou com o ambiente em que estava. Parou para observar o local e só acordou do transe quando percebeu que ficar parada de madrugada num lugar desconhecido não era a melhor coisa a se fazer. De longe avistou um relógio, marcava 5:15.

            - Está amanhecendo. Talvez a manhã aqui seja mais agradável.

            Estava prestes a voltar seu caminhar quando se sentiu diferente. Pesada. Era algo difícil de entender e até mesmo descrever. Perto da torre do relógio havia um belo prédio, um dos mais bonitos da praça onde estava. Aquele prédio chamou à atenção de Lara que caminhou até ele. Não era só sua beleza, mas havia algo que a fascinava.

            - A porta está entreaberta. Isso é estranho. Talvez não devesse entrar... – Lara hesitou um pouco, respirou profundamente e entrou, suas pistolas em punho.

 

Dante olhava fixamente pro amuleto em suas mãos.  Ela havia entrado ali e fuçado em suas coisas. O que ele estranhou foi ela não ter feito nada com o amuleto. “Então...” Dante finalmente deixou-se perceber o quão errado julgou.

Desceu finalmente se deparou com Lady que o encarava.

-Decidiu então, cabeça dura? – Ela deu um pequeno sorriso vitorioso

-Cala a boca e vamos logo, ou você vai ficar admirando a minha beleza? – Saíram finalmente. - Você pode ficar na sua casa, eu vou e a procuro, pode ficar sossegada. – Na verdade Dante não queria falar para Lady que ele achava que Lara não estava sozinha.

 

            Um hall de entrada fracamente iluminado. Estava vazio. O chão era de um mármore branco, parecia estar entrando em um local sagrado. Ao abrir lentamente a grande porta de madeira em sua frente Lara ficou deslumbrada com a beleza do local. Era uma biblioteca, enorme. Suas paredes eram todas cobertas com livros. Lara estava tão encantada com o local que não percebeu que ao longe, em uma escadaria de mármore estava uma figura masculina que havia parado de ler seu livro para observar a mulher que entrava.

            - Mas isso é fascinante... – Lara que até então olhava a riqueza do olhar parou subitamente ao ver o homem a sua frente. O homem não lia mais seu livro e sim a encarava esperando por alguma reação.

            Lara aproximou-se.

            - Estranhamente esperava encontrá-lo aqui... Vergil.

            Vergil arqueou suas sobrancelhas:

            - Como você soube o meu nome?

            - Eu encontrei o seu irmão, Dante – Lara escolhia cuidadosamente as palavras a usar, queria falar apenas o necessário.

            - Você conheceu o meu irmão – Vergil caminha lentamente em direção a Lara, com um sorriso cruel.

            Lara lembrou-se da sensação que teve ao encontrar pela primeira vez Vergil, um misto de medo e fascínio. Por um momento esqueceu-se do portal e de sua briga com Dante. Ficou calada olhando o homem que estava parado bem na sua frente.

            - Esse lugar... Há tantos mistérios nesse lugar, faria qualquer coisa para entender o que está acontecendo. – disse mais para ela do que para Vergil, olhando atentamente o amuleto que o homem carregava, era idêntico ao de Dante, mas dourado. Lara estava em transe, dividida entre a sedução exercida pelo amuleto e pela presença de Vergil.

            Ele se aproximou.

            - O que houve, está passando mal? – seu sorriso ainda era cruel.

            Lara acordou com a mesma sensação de tontura que teve ao chegar do portal, a dor era intensa, por um breve instante tudo ficou escuro. Encarou Vergil, mas não havia vestígios da Lara que tinha acabado de entrar na biblioteca, fisicamente igual, entretanto seu olhar era feroz e antes que Vergil tivesse tempo para qualquer reação pula para cima dele.

            Dificilmente um humano poderia subjugar Vergil, que cai violentamente no chão. Dessa vez era Lara que sorria maliciosamente ao tentar sufocá-lo. Vergil, entretanto, não era um simples mortal e rapidamente consegue tirar sua espada e a golpeia violentamente. Lara com um grito cai pelas escadas. De joelhos, olha para o seu machucado, que havia sido ferido pelo cabo da Yamoto. A dor era intensa. Vergil desce com a espada em punho, esfregando o pescoço, seu ódio era extremo, mas ele não quer matá-la. Pela primeira vez Vergil sente que não pode fazer isso. Não quer matá-la. Mas a espada continua virada para sua direção.

            Lara, por sua vez, estava ajoelhada no chão, segurando o machucado que voltara a sangrar, com um nítido olhar de medo. Medo de Vergil e assustada com sua ação.

            - Você não me aparenta ser uma simples humana! – Vergil não grita, mas as palavras soam alto nos ouvidos de Lara.

            - Bom, essa não é a primeira vez que escuto isso – Lara apesar do medo e da dor tenta distraí-lo. Talvez ela consiga sair dali, enquanto fala observa o local à procura de algo que possa ajudá-la.

            - Você é ousada – seus olhos se estreitam

            - Você também não é humano... Nem você e nem Dante.

            - Somos muito mais do que isso...

            “Ganhe tempo Lara, você consegue” Inutilmente ela tenta se levantar. O golpe havia sido forte.

            - Por que você e Dante estão tão interessados nesse portal?

            - Você não precisa saber.

- Como não? Foi por causa desse portal que vim parar aqui, nesse maldito lugar. E quer saber de uma coisa, não é uma experiência que esteja gostando muito.

- Então você não é daqui. – Vergil sussurra.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa um grande estrondo acima deles é ouvido. O vidro da abóboda se quebra. Dante aterrissa no chão como se a altura fosse indiferente.

Dante observa a situação.

- Mas você não sabe ainda dar uma festa Vergil? – sorri provocando o irmão.

- Desculpe irmão, se não pude atender à suas expectativas – Vergil não retribui o sorriso.

Dante deixa de olhar para Vergil para notar a figura caída de Lara, pela primeira vez ele vê que Lara não está normal.

- Deu agora de atacar mulheres, Vergil?

Vergil ignora a figura de Lara e aproxima-se de Dante.

- Você não sabe do que está falando – seus olhos estão cheios de aversão à presença do irmão, que decidiu chegar à uma hora tão indesejada.

Dante e Vergil se encaram por um tempo, não são necessárias palavras para traduzirem aquele encontro. Vergil volta-se para Lara novamente, com aquele mesmo sorriso cruel e fascinante.

- Eu já terminei por aqui.

E sai da biblioteca sem dirigir mais nenhuma palavra ao irmão. Dante prefere não continuar a discussão.

Assim que Dante deixa de sentir a presença de Vergil por perto, olha para Lara que já havia se levantado.

- Seria melhor você ter gritado meu nome, não acha?

- Vai pro inferno. – Lara já tinha agüentado mais do que o necessário, além de tentar entender porque havia reagido daquele jeito à presença de Vergil, não estava com paciência para suportar qualquer comentário vindo de Dante. Eles tinham se conhecido há poucas horas e Lara já não havia gostado do seu jeito infantil.

Ela sai em direção à porta sem nem ao menos olhar para ele.

- Você não vai conseguir ir muito longe com esse machucado... Precisa de cuidados.

Lara fecha os olhos e respira fundo para não perder a paciência. Aquela dor estava voltando novamente, decide sair antes que fizesse alguma bobeira, na metade do caminho Lara não suporta, a tontura se mistura com a dor do corte que estava latejando intensamente “Ele tem uma força sobre-humana, é impossível que uma pancada dessa possa doer tanto assim” Ela se apóia na parede e cai de joelhos. Não consegue se segurar e solta um grito, ela não sabia o que a fazia sofrer tanto, o corte profundo ou a dor na sua cabeça.

Dante corre para socorrê-la. Sem muita delicadeza ele a levanta.

- Vamos voltar. Aí você me conta o que REALMENTE aconteceu.

A leva pelo braço até a saída, ignorando a cara que Lara havia feito.

- Enquanto caminhava, Lara se soltou de Dante com um olhar “Eu estou em perfeitas condições para andar”.

- Se você preferir eu posso te levar no colo – Dante riu.

Continuaram andando um bom tempo em silêncio até que Dante lembra que não sabe nem o nome da mulher que havia expulsado de casa e que agora estava voltando para lá.

- Qual é o seu nome?

- Lara Croft.

A volta foi rápida e silenciosa.

 


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