O Despertar de Um Anjo escrita por Mara S, Kelly S Cabrera


Capítulo 7
Capítulo II - Invasão




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O ambiente por dentro era amplo e bem iluminado.  Na parede oposta havia uma grande mesa com um pequeno porta-retrato, um telefone e latinhas, várias delas. O resto do cômodo não estava muito diferente. Bolas da mesa de bilhar estavam espalhadas pelo chão, entre as caixas de pizza que se encontravam simplesmente jogadas pelo cômodo.

 

-Você mora aqui também? – Lara perguntou espantada a jovem que já estava ficando sem graça com a bagunça no local.

-Na verdade, não – Respondeu ainda sem graça – Eu só venho aqui de vez em quando.

Lady olhou em volta reparando na bagunça  sendo seguida pelo olhar analítico de Lara.

-Só espero que o banheiro não seja assim também – Disse quebrando o silencio desconfortável do lugar

-Bem, o banheiro é depois daquela porta ao lado da mesa – apontou Lady, tentando inutilmente tirar o pavor, que qualquer um sentiria ao entrar ali, do rosto de Lara – Enquanto você toma seu banho eu vou rapidinho em casa pegar alguma roupa pra você.

            - Tem certeza? E se por acaso ele chegar aqui antes de você... Ele não sabe que estou aqui, eu não sei se vai gostar de ver uma estranha que deu dois tiros nele invadindo a sua casa – Lara falou com um tom sério já que ela não conhecia nem aquele homem, muito menos a Lady, talvez  eles não fossem tão diferentes do estranho que ela encontrou na mata.

            -Pode ficar despreocupada. Eu acredito que chegue antes dele.Ele vem vindo a pé –Lady respondeu saindo do local e deixando Lara sozinha

            -Acho que eu preferiria ter ficado na tumba... – Suspirou – Como um lugar tão vazio pode ser tão bagunçado?

            Abriu a porta esperando o pior, mas para sua surpresa o corredor era o lugar mais limpo do lugar todo, havia até um espelho, andou até ele e se olhou aliviada, viu que havia apenas um único e pequeno corte em sua sobrancelha.

            Não precisou andar muito pra encontrar a porta. Suspirou e abriu já pensando milhares de coisas ao mesmo tempo, se surpreendeu novamente ao ver um banheiro aparentemente normal

            -Era o que eu estava desejando mais – Disse entrando no chuveiro.

 

Dante andava distraidamente pelas ruas vazias, pensando no que ocorrera alguns minutos atrás. Primeiro o feixe de luz, depois a mulher o enchendo, literalmente, de perguntas, ela até o atacou sem medo, o que era incrivelmente estranho. E ainda por cima de tudo, pra completar as coisas estranhas que podiam acontecer: Vergil. 

A questão era simples: Como o Vergil teria voltado sem o portal?  “A não ser que...”. Aquela mulher! Eles tinham se encontrado, mas ela poderia ter feito um teatro barato. “Vergil e suas falsas marionetes”. Então, suspirou algumas quadras antes de chegar a sua silenciosa casa. Estava decidido, ele iria atrás dela nem que ele tivesse que ir até o inferno.

 

                        A madrugada seduzia Vergil, era como uma sombra aonde ele podia se mover sem ser notado, era difícil para alguém como ele, mas nesse momento ele estava saboreando o que mais apreciava: a solidão. Estava em uma estrutura alta perto do porto da cidade, conseguia ver pessoas medíocres, humanos... Ele sentia o cheiro da mediocridade por todo o lado. O vento era tão forte que ele conseguiu ignorar todo o ódio que sentia. Estava agachado segurando sua espada Yamoto pensando em tudo o que havia acontecido nas últimas horas. Estava livre.

- Aquela mulher... Ela me libertou de alguma forma. Preciso saber mais, mas porque a pressa Vergil? Eu sinto algo diferente, apesar de ser uma humana, mas não me parece que seja uma SIMPLES humana. Ela pode ser útil... De alguma forma ela precisa chegar até a mim. Antes que Dante arruíne tudo.

Vergil sorriu maliciosamente antes de desaparecer na escuridão.

 

            Lara saiu do banho aliviada por ter conseguido escapar da pirâmide, seu ódio de Werner havia diminuído, mas mesmo assim continuava sentindo-se traída. O machucado em sua barriga havia melhorado horrores desde sua chegada nesse lugar estranho. Agora, apesar de estar visível o corte não doía mais, entretanto achou melhor fazer um curativo. Pegou de sua mochila esparadrapos e gaze, os únicos que estavam intactos. Embrulhou-se na toalha e saiu.

            - Agora, vou aproveitar que estou sozinha para ver se encontro alguma coisa que me ajude a entender esse lugar e quem são essas pessoas.

 

            Saindo do banheiro e seguindo reto o corredor encontrou uma escada, subiu lentamente e encontrou uma porta. Ao abrir se deparou com um quarto, o quarto dele, que estava intacto, como se nunca ninguém tivesse mexido em nada. A sua frente havia uma cômoda de mogno sem muitos detalhes, mas algo em cima dela chamou atenção, uma pequena caixa azul com detalhes em prata.

            -O que temos aqui? Que desenhos bonitos e bem trabalhados. O que será que ele guarda nessa caixinha - Lara abriu cuidadosamente a caixa azul e viu uma pedra vermelha reluzente. Um amuleto de corrente fina prateada sendo ligada a uma placa de prata que dava suporte a pedra. Tocou a pedra sentindo um leve choque e sentindo-se zonza.
              - Lara, não mexa no que não conhece. Você sabe muito bem o que aconteceu da ultima vez que fez isso – Disse a si mesma deixando o amuleto em cima da cômoda e saindo do quarto.

 

Dante andou calmamente até a porta, estranhou a sensação que teve novamente. Algo diferente estava acontecendo, e na sua casa.

-Mas é só eu sair que os ratos fazem a festa! – Não foi a primeira vez que isso aconteceu. Pegou suas inseparáveis pistolas – Vamos do jeito mais fácil! – Chutou a porta com violência e apontou para o vazio.  A porta a sua frente abriu, automaticamente apontou suas pistolas e só não atirou por reconhecer o rosto. Era ela

“O que ela está fazendo AQUI e ainda mais só de TOALHA?”

-Não precisa fazer essa cara. Eu não queria estar assim. Lady disse que chegaria primeiro que você. – Lara disse cruzando os braços e esperando uma reação.

-Lady te deixou aqui? Aquela mulher... Ela ainda vai me dar mais problemas do que o normal, mas pelo menos ela me poupou trabalho – Respondeu deixando as armas em cima de sua mesa e se aproximando.

- Eu não queria invadir a sua casa, ainda mais sem a sua permissão, a Lady disse que não teria problemas. E me desculpe por isso. – Apontou pra a toalha – Agora será que vai dar pra gente conversar ou você vai continuar fugindo?

- Como abriu o portal? – Dante estreitou os olhos, por mais que a situação pedisse pra ele ponderar e deixar esse tipo de assunto pra depois e para trás ele precisava saber do que estava acontecendo. “Assim será mais fácil.”

            - Eu já escutei isso da boca do seu irmão Vergil. Por que tanto interesse nesse portal? Eu simplesmente abri. Num momento estava no Egito e no outro estava aqui nesse lugar estranho com pessoas bem diferentes das que eu estou acostumada à lidar. Mas ao contrario de mim, você e seu irmão parecem saber muito desse portal – Lara retribuiu o olhar pra Dante, e apesar de tudo que havia visto, não tinha medo dele. E sua ânsia por respostas estava deixando ela muito mais inconseqüente.

            -Está mentindo. – Dante disse com um olhar desafiador. Lá no fundo ele começou a gostar do jeito da mulher, não era sempre que uma humana resolvia o desafiar – Vai me contar a verdade AGORA. Não gostaria de ver o seu rostinho sujo de sangue – Sorriu seu já costumeiro sorriso sarcástico. Ele realmente não gostaria de machucá-la, mesmo porque lá no fundo algo dizia pra ele ficar quieto em seu canto.

-Mentindo? Você acha o que? Que eu quis abrir esse portal? Bom, não sei aonde você quer chegar com isso, Dante – Falou frisando o nome – Mas eu sei de uma coisa, eu não vou implorar pra você acreditar no que digo. Eu não costumo me humilhar pras pessoas e com você não vai ser diferente. Acredite no que quiser.  Quanto mais você fala nesse portal, mais eu começo a acreditar que você está com medo. Seria medo desse tal de Vergil? – Lara sorriu sarcasticamente, no fundo estava adorando ver Dante irritado. Adorava brincar com fogo.

- Me parece que você está muito interessada nele, não? – Disse, seus olhos estavam cheio de ódio – Então já que você se preocupa tanto com ele porque não vai procurá-lo? – Foi até ela decidido que lá ela não ficaria mais

            Lady abriu aporta no exato momento que Dante acabara de dizer a frase, com uma bolsa em mãos.

            Lara, que estava encarando até o momento Dante, olhou pra ela, sorriu e disse:

            -Então terminei por aqui. Foi um prazer te conhecer, Lady – Foi até a jovem e perguntou se a bolsa era pra ela. Em poucos segundos desapareceu no corredor

            Lady olhava chocada para Dante, sem entender porque ele estava daquele jeito.

            -Dante, o que aconteceu? Já conversaram? – Vendo que o amigo não falaria muito resolveu se afastar e sentar no sofá esperando uma explicação – O que aconteceu aqui? – disse num tom inaudível.

            Em poucos minutos Lara saiu do corredor decidida, com todos os seus acessórios: bolsa e coldre. Caminhou até Lady primeiro e lhe entregou a bolsa.

            -Obrigada Lady. – Depois encarou Dante e disse somente pra ele ouvir. – Quer mandar algum recado para Vergil?

            - Eu já estou mandando... VOCÊ

            Lara ri apesar de estar prestes a explodir.

            – Você não sabe com quem está mexendo – Dizendo isso, Dante fecha a porta violentamente.

            Dante foi até a sua mesa e se sentou como de costume. Suspirou irritado, mas já mais calmo.

            -Não vai me falar o que aconteceu? – Lady perguntou ainda sentada no sofá

            -Ela foi embora – Respondeu ainda enfezado

            -Isso eu vi – retrucou – Mas por quê?

            Dante suspirou incomodado.

            -Ela esta com Vergil – Respondeu finalmente.

            -Não, não está – Lady se levantou e  foi até a mesa – Ela nem conhece ele!

            -Como pode ter certeza? – Olhou nos olhos dela, ainda havia traços do ódio que Dante estava sentindo – Ela pode ter mentido.

            -Ela nem é daqui Dante. Ela veio de um lugar que eu não faço a mínima idéia de onde é. Ela caiu aqui, literalmente, e a primeira coisa que viu foi o Vergil. E isso não quer dizer que ela esteja ao lado dele. Aliás, você nem sabe como Vergil reagiu à presença dela...

            -Ele está querendo me testar, com uma humana! E ela é bem grandinha pra se cuidar, não precisa de babá!

            -Para de ser teimoso.  Se fosse isso ele mandaria logo algo mais forte que uma humana pra te testar!  - lá no fundo Dante acreditava nas palavras de Lady, mas mesmo assim não daria o braço a torcer.

            -Fale o que quiser.

            -Ótimo então – Lady se afastou da mesa e foi em direção a porta – Espero que você pense um pouco e esfrie essa cabeça. – Saiu deixando Dante com seus pensamentos.


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