PDV ISABELLA

Eu conseguia ouvir murmúrios vindos de todos os lados no local que eu estava, mas quase não conseguia enxergar nada. A luminosidade era escassa e eu tinha que forçar meus olhos para focar algo. Eles circulavam por todos os lugares na busca de encontrar minha filha, mas era em vão. Eu não possuía força para nada, estava presa e amordaçada, minha única certeza era que eu precisava encontrar uma forma de sair dali, de salvar Alih. Senti as lágrimas descerem por meu rosto quando percebi que a probabilidade de eu conseguir fazer algo era quase nula. Entrei em desespero.

– Alih. – Tentei chamar, mas o único som que saiu de meus lábios foi desconexo e desesperado.

– Mamãe? – Ouvi a voz dela, mesmo que chorosa e isso me animou. Ela estava bem. – Estou com medo. – Ouvi Alih chorar e aquilo fez com que meu coração se apertasse. A culpa era minha, somente minha. Vi uma movimentação perto de mim e era ela.

Alih se esticou e tirou o pedaço de pano que estava ao redor de minha boca.

– Vai ficar tudo bem. – Prometi tentando tranquiliza-la, mas eu mesma não sabia o que poderia acontecer ali.

– Posso dormir com você? – Alih perguntou alinhando-se no meu colo. Eu sorri.

– É claro meu amor. – Sussurrei. – Mas, por favor, tente tirar essas cordas da mamãe, ok? – Alih me olhou com uma cara confusa. - Estou doida para te abraçar bem apertado. – Completei em uma tentativa de distraí-la.

As ágeis mãos de Alih soltaram as apertadas cordas que me impediam de me mexer, assim que me soltou ela sentou-se em meu colo e minha única reação foi de abraça-la com força e tentar mostrar que ficaria tudo bem, pelo menos com ela.

– Vai ficar tudo bem. – Sussurrei repetidas vezes enquanto passava minhas mãos por seus cabelos tentando fazê-la dormir.

E mais uma vez a certeza de que a culpa de tudo que estava acontecendo era minha. A culpa de toda dor que causei a família de Edward era minha. Não importa os momentos felizes que eu possa ter proporcionado. Nada ocultaria esses momentos de desespero. Se eu pudesse voltaria no tempo, sem pensar duas vezes salvaria minha família e, principalmente, salvaria meu Joseph. Eu não queria ter magoado Edward, ter colocado Alih nessa situação e principalmente queria ter o poder de ter salvado minha irmã, ter dado a ela a oportunidade de conviver com a maravilhosa pessoa que era a filha dela.

Não me dei conta da hora que fechei os olhos e dormir. A dor que eu sentia naquele momento aumentava cada vez mais. Eu queria Edward ali, me abraçando e ouvindo as palavras dele de conforto.

PDV NARRADOR

– Você demorou. – O homem alto, Jacob, sussurrou ao ver a porta do armazém se abrir.

– Estava buscando ele. – Jasper jogou Edward no chão com uma força desnecessária o que provocou gemidos de dor ao irmão.

O rosto de Edward estava marcado de hematomas, ele estava com aparência grogue, a dor já estava o dominando por completo.

– Ótimo. Está tudo pronto. – Jacob falava devagar enquanto Jasper pegava algumas cordas.

– Venha me ajudar. – Reclamou ao ver que Jacob não saia do lugar.

Jasper se aproximou de Edward e começou a amarra-lo.

– O que pretende fazer com isso? – Perguntou Jacob. – Ele é seu irmão, não deveria ajudá-lo?

– Você realmente acha que eu chegaria até aqui para ajudar Edward? Ele deixou de ser meu irmão há muito tempo. – Jasper falou rudemente. – A única coisa que consigo pensar nesse momento é na vingança que planejei ao longo desses anos.

– Vingança por...?

Jasper suspirou pesadamente antes de começar a falar. A última coisa que queria naquele momento era pensar em seu passado e principalmente lembrar-se de Alice.

– Eu tinha 16 anos. – Ele começou a falar. – Edward sempre foi o queridinho de meus pais, irmão mais velho, já possuía uma carreira praticamente encaminhada e para meus pais, quem eu era? Aos olhos do meu pai eu era um pirralho que ainda estava no colegial com problemas no estudo. Aos olhos da minha mãe eu era um coitadinho que precisava de ajuda. A única pessoa que me via com clareza era Alice, ela era minha namorada, sabia? – falou com rancor. – Estávamos juntos há quase quatro meses, mas ela insistia em conhecer minha família e eu tinha medo de ceder e conceder esse desejo a ela. Queria adiar o máximo que conseguisse o encontro dela com o Edward porque eu pressentia que algo ruim iria acontecer.

– Você tinha medo de perder sua namorada para seu irmão? – Jacob riu e aquilo fez com que Jasper sentisse uma raiva quase que incontrolável.

– Edward conseguia qualquer mulher que queria. – resmungou. – E logo na primeira vez que viu Alice já deu para sentir o clima. Eu sabia que Alice era sua nova presa. Uma semana depois Alice terminou comigo e eu sumi. Continuei vendo a felicidade do meu irmão e dela de longe, eu esperava que Edward cometesse um deslize e ai sim voltaria e tomaria Alice de volta para mim. Então ela engravidou e logo o bebê nasceu... Era uma menina e parecia muito com Alice. – Jasper não pode evitar um sorriso. – Mas ao nascer essa menina tive que enfrentar a morte de Alice e o idiota do meu irmão colocou o nome dela na filha deles como se isso pudesse trazer Alice de volta.

– De quem está falando? De Alih? Ela é minha filha.

– Sua filha? – Jasper riu. – Alice não é sua filha. Ela é minha sobrinha, filha de Edward e de Alice.

– ALIH NÃO É MINHA FILHA? – Jacob gritou. O ódio estava estampado em seus olhos de forma visível.

– Você realmente achava que ela era sua filha? Vocês não se parecem em nada...

– Claro... Eu armei tudo isso apenas por vingança. – ironizou Jacob. – Vingança porque não fui homem o suficiente para manter minha namorada ao meu lado.

Jasper respirou fundo numa tentativa de lhe trazer controle. Sua vontade era de marcar a face de Jacob com a palma de sua mão, mas a única coisa que fez foi permanecer calado. Jacob, por outro lado, desamarrou Edward com violência e o puxou com toda sua força até onde Isabella e Alih dormiam. Elas acordaram com os olhos arregalados e assustados. Isabella ao forcar o rosto de Edward conseguiu segurar o grito de horror ao ver o rosto do amado coberto de hematomas.

– Papai? – Alih sussurrou demonstrando que estava assustada.

– CALE A BOCA. – rosnou Jacob.

Alih soltou um soluço baixo e se encolheu mais no colo de Bella.

– Jasper?

– Sim?

– Que a tortura comece.

PDV ISABELLA

Após ouvir aquelas palavras meu coração se apertou e depois disso tudo aconteceu muito rápido. Quando finalmente me dei conta do que havia acontecido Alih já estava longe dos meus braços. Edward quase não conseguia abrir os olhos. Jasper se aproximou de mim com um sorriso perverso nos lábios e me arrancou da cadeira jogando-me contra parede.

– Assim como sua irmã você fez a escolha errada ao escolher ele.

Jasper não disse mais nada e muito menos eu. Suas mãos iam de encontro com minha blusa e em seguida minha calça, ele ia me despindo rapidamente e por mais que eu tentasse me afastar não conseguia. Eu estava paralisada não só de medo como também de dor.

A dor era insuportável e me consumia aos poucos, pela segunda vez em minha vida eu estava sendo estuprada e, mais uma vez, eu não fazia a mínima ideia do que fazer. Meu corpo estava ali, mas minha mente e meu coração estava com Edward.

– Edward... – sussurrei olhando para ele.

– Cala a boca. – Jasper gritou e me acertou no rosto. Após aquele momento não vi mais nada. A escuridão me tomou.

FIM DE PDV ISABELLA

PDV EDWARD

– PARE JASPER. – Usei o pouco da forma que me restava para gritar. Jasper me odiava e estava descontando tudo em Isabella.

Eu odiava não conseguir fazer nada para protegê-la, estava quebrando minha promessa.

Jacob continuava imóvel sem tirar os olhos de minha filha.

– Não se preocupe Edward. – Ele sussurrou. – Sua filha será a próxima.

Aquelas palavras me despertaram da cena entre Jasper e Isabella.

– Você não pode fazer isso. – Murmurei tentando me levantar, tudo em mim latejava. – A minha filha não. Ela é só uma criança!

– Cale a boca. – Jacob ordenou dando um chute certeiro em minha barriga.

Cai para trás e mal consegui ver mais nada.

Senti Alih correndo até mim e em seguida ouvi o barulho de uma arma disparando duas vezes.

O barulho dos tiros ecoou pelo lugar e por fim, um corpo caiu contra o chão.

– Não! – ouvi o sussurro de Isabella quebrando o silêncio e após o tiro a escuridão me tomou.