Lembre-se De Mim escrita por Tsuki Hikari


Capítulo 3
Garotos não choram


Notas iniciais do capítulo

Acho que esse capítulo ficou melhor que os outros. É mais longo também, apesar de não ter Zero, ou Duel ou nem mesmo a Edna. Espero que gostem!



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Alguns meses depois...

– Abacuc, se você me atirar outro aviãozinho de papel eu vou fazer você engoli-lo. É uma promessa. – Ameaçou Dio, amassando o quarto avião de papel que o ruivo lhe havia atirado e que o atingira em cheio na nuca. Então, revidando (por uma questão de princípios), arremessou o papel na cabeça de Abacuc, que riu.

Os três meninos, Gordon, Abacuc e Hartwig estavam no quarto de Dio, que já estava farto de Abacuc lhe atirar aviõezinhos feitos do papel que ele deixava em grande quantidade em sua escrivaninha. Tirando Abacuc, que estava ocupado irritando Dio, os outros três estavam deitados de qualquer jeito no chão, que para o futuro desespero de Erzsébet estava cheio de farelos de biscoito e copos de suco que poderiam virar a qualquer momento no belo tapete branco, jogando um jogo de tabuleiro asmodiano que eles já haviam concordado que era entediante, mas mesmo assim não queriam parar de jogar antes que um deles vencesse (por uma questão de orgulho).

– Ah é? Vai encarar? – Abacuc se pôs em posição de luta, só de brincadeira.

– Mas é claro que ele não vai, Abacuc... Dio é um garoto acostumado a brincar de casinha com uma menina, como quer que ele lute com você? – Gordon provocou.

Ao ouvir o comentário do amigo, Dio lançou o dado com força no chão, mas começou a rir quando viu o lado em que tinha parado.

– Um, dois, três, quatro, cinco. Venci. – Ele virou o tabuleiro de cabeça para baixo derrubando tudo que estava em cima depois que seu pino chegou à última casa.

– Droga – Gordon recolheu o pino que o estava representando no jogo só pelo prazer de atacá-lo no chão de madeira novamente, com a cara fechada.

– Ei, Dio, o que é isso?

Dio virou-se para Abacuc ao ouvir sua pergunta e viu que ele havia aberto a gaveta de sua escrivaninha e tirado de lá dentro, bonita e reluzente, a caixinha de música que Rey havia lhe dado. O menino a abriu e a melodia de piano começou a tocar.

Hartwig e Gordon começaram a rir desesperadamente. Dio corou, se levantou e tomou a caixinha das mãos de Abacuc, que o olhou como se pedisse perdão.

Abacuc adorava fazer brincadeiras sem graças e provocar Dio, assim como os outros dois, mas havia uma diferença. Enquanto ele sabia quando passava dos limites, Gordon e Hartwig às vezes chegavam a ser até maldosos.

– Ah, gente... Vamos, é só um brinquedo... – Ele começou a dizer, mas estava claro em seu rosto que estava usando muita força de vontade para segurar o riso.

– Eu sabia, eu sabia – Hartwig, que estava até se contorcendo no chão, disse entre um acesso de risos e outro – Caramba, Dio... – Mas seu deboche foi interrompido por Gordon, que ainda rindo deu um gole em seu suco, que acabou saindo pelo nariz, acertando em cheio o rosto de Hartwig. Abacuc caiu na gargalhada ao ver a expressão furiosa de Hartwig que estava prestes a socar Gordon. Dio, em outra situação também riria muito, mas aproveitou o momento de distração dos três para esconder a caixa.

– Ahn... Com licença? – Uma voz os interrompeu, e no mesmo instante os risos cessaram e todos se viraram para a porta, da onde a voz vinha, somente para verem a irritada Erzsébet, que tinha um envelope em suas mãos – Vim em má hora?

– Tanto faz – Dio respondeu instantaneamente – O que é isso? – Ele apontou para a carta, sentindo-se eufórico, de repente.

– O mordomo da Srta. Rey veio até aqui e disse para que eu a entregasse a você. – Erzsébet falou.

Sem mais nada a esperar, ele correu e praticamente arrancou a carta de suas mãos. Ele não via Rey há oito meses, mas mesmo assim ele insistia em mandar Erzsébet levar uma carta para ela toda semana em sua mansão, sem resposta. Toda vez que ele ia pessoalmente até lá, sempre recebia de James a mesma resposta: “A madame não pode atendê-lo agora”. Uma carta dela depois de tudo isso era realmente algo animador.

Ele já ia rasgando o envelope para pegar a carta quando de repente se lembrou dos outros garotos e olhou demoradamente para cada um deles.

– Então... Vamos indo? – Dio perguntou em um tom sugestivo e os três se levantaram.

– Credo, tá expulsando a gente... – Hartwig comentou.

– Que feio... – Concordou Abacuc.

Cartinha da namoradinha – Cantarolou Gordon.

– Imagino que o Dio usa todos aqueles papéis em sua escrivaninha para passar a noite toda escrevendo poemas para ela. – Zombou Hartwig.

– Caiam. Fora. AGORA!

E os três, rindo, saíram.

Dio se jogou em sua cama, terminou de abrir o envelope e puxou a carta de dentro. Desdobrou-a ansioso, para encontrar apenas uma pequena mensagem, escrita na caligrafia clara e inclinada de Rey:

“Dio,

Pare de vir até minha casa, eu não quero mais vê-lo.

Não vejo mais graça alguma em brincar com você.

Nem precisa devolver a caixinha de música. Pode ficar com ela.

Rey Von Crimson.”

Seu rosto perdeu a cor. Como assim, Rey não queria mais vê-lo? Ela não era mais amiga dele? Ele passou tanto tempo sendo provocado por brincar com uma menina por nada? Dio se sentiu horrível por dentro. Mas não, não podia ser verdade. A carta não podia ser dela. Alguém saberia imitar sua caligrafia, tão bonita e original? Mas esse era o tipo de coisa que não se resolvia pensando sobre o assunto, nem que fosse por horas e horas. Ele tinha de agir, reencontrá-la, e agora era sério.

Ele abandonou a carta em cima da cama, saltou para fora dela e saiu correndo de seu quarto exclamando: “Erzsébet! Erzsébet!”. Sua voz estava rouca, mas ele pigarreou para ela voltar ao normal. Ele havia ficado com vontade de chorar ao ler a carta, mas se recusou a fazer isso. Garotos não choram.

A criada, que fora acompanhar Gordon, Abacuc e Hartwig até a porta de entrada e que agora voltava, correu na direção do menino, meio assustada. Será que estava tão óbvio assim que ele estava meio atormentado?

– Erzsébet, eu preciso ir até a mansão dos Von Crimson... – disse, esfregando os olhos, pois a ardência neles provavelmente significava que estavam mais vermelhos que os de Abacuc eram naturalmente.

– Sim, senhor. – Ela concordou rapidamente e, sem tempo a perder, Dio começou a ir em direção a porta com a criada a poucos passos atrás. Ele saberia ir à casa de Rey de olhos fechados, de tanto que fazia o percurso, mas seus pais, superprotetores, negavam que ele fosse sozinho até lá, então sempre que queria ir, pedia a companhia de Erzsébet.

O caminho parecia que não acabava nunca. Eles andaram e andaram, e embora provavelmente estivesse demorando os dez, quinze minutos de sempre, para Dio pareceu que eles ficaram horas e horas andando até chegar lá.

Até o casarão parecia diferente. O lugar que sempre fora divertido para ele agora estava parecendo sombrio e triste. Ele subiu as escadas do alpendre e bateu na porta com firmeza.

James atendeu, como sempre, e o olhou friamente, provavelmente cansado de repetir sempre a mesma mensagem, apesar dessa vez ela ter sido dita com palavras mais duras:

– A madame não quer atendê-lo. Vá embora, por favor.

– Não. – Dio respondeu – Eu estou cansado que me mande ir embora. Deixe-me entrar! – Ele tentou passar por James, mas o mordomo lhe barrou a passagem com o braço.

– Vá embora. Não é mais bem vindo aqui. Se continuar insistindo terei de expulsá-lo a força.

– Não fale assim com ele! – Exclamou Erzsébet, para a surpresa de Dio. Ele sempre achara que ela não gostava dele, mas a verdade era que Erzsébet nunca tivera filhos e não era mais jovem e cuidara de Dio desde que ele nasceu. Não ia permitir que aquele mordomo, que nunca antes havia demonstrado tamanha grosseria, tratasse alguém de tamanha importância para ela daquele jeito.

– Falo assim com ele e se precisar, hei de falar assim com você também. Portanto, saiam. – James bateu a porta com força e a fechou a chave.

– Não! Eu quero falar com Rey! Abra essa porta! Abra logo essa porta, droga! – Dio gritava, chutando e socando a porta. Erzsébet também parecia revoltada, mas obviamente não faria o mesmo que ele.

– Senhor, não há necessidade disso. Vamos embora que lhe prepararei o que quiser comer, que tal? – Ela tentou convencê-lo, incomodada por tamanho escândalo.

Dio negou com a cabeça, mas desceu do alpendre e lançou um olhar em direção à sacada do quarto de Rey.

E Rey estava lá, dentro do seu quarto, sentada em uma cadeira perto da vidraça, observando toda cena, seu rosto oculto pelas sombras.

– REY! REY, PORQUE VOCÊ NÃO QUER FALAR COMIGO?! VOCÊ NÃO É MAIS MINHA MELHOR AMIGA? E A PROMESSA DE FICARMOS JUNTOS PARA SEMPRE? – Dio berrou desesperado, mas a menina apenas fechou as cortinas.

Então ele caiu de joelhos na grama bem cortada, derrotado. Havia acabado. Tudo.

E dentro de seu quarto, mesmo sem Dio saber, Rey chorava tanto que até soluçava.

 – D-Dio... Eu sinto tanto sua falta!


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Notas finais do capítulo

Bom... Antes este capítulo estava todo desconforme, mas eu formatei e agora está certinho. Para quem leu antes de eu concertar o formato, desculpe o transtorno. =(



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