Lembre-se De Mim escrita por Tsuki Hikari


Capítulo 21
Até que a morte os separe


Notas iniciais do capítulo

Gente, quero dedicar esse capítulo à NekoChan, que me enviou uma lista com os sobrenomes de praticamente todos os personagens do GC, já que eu não sabia o de todos.
Como quem já está acompanhando a história desde antes desse capítulo sabe que, como eu não sabia o sobrenome do Dio, inventei "Alcarin". Mas graças a lista que me foi enviada, agora sei que é "Von Burning", e irei mudar todos os "Alcarin" que apareceram para o sobrenome certo. Obrigada, NekoChan ^_^.
Sem mais delongas, boa leitura.



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Algumas semanas depois...

            A notícia se espalhava rapidamente, o que era esperado, visto a gravidade dela.

            Sieghart tinha morrido. Grande coisa.

            Dio não entendia. Quando um grande país era destruído por completo numa guerra, o assunto rendia apenas um dia, mas quando um rapaz qualquer morria, era como se o mundo acabasse.

            Tudo bem, na prática Sieghart não era um rapaz qualquer. Mas na teoria, ele era sim. Ou pelo menos na teoria composta pela mente de Dio, que se recusava a pensar nele como alguém importante. Afinal, ele mesmo havia conseguido ganhar dele num duelo, semanas antes. Mas, como sempre acontecia com pessoas famosas, as pessoas haviam distorcido os detalhes do duelo até parecer que Sieghart havia vencido ao invés dele. Sim, revoltante.

            - Nunca vi tanta gente de preto num lugar só. Parece até um necrotério. – Comentou Dio, sobre os humanos que andavam pela cidade em clima depressivo, melancólico, todos de roupas escuras, de luto pela morte do herói delas.

            Mas na multidão, uma pessoa lhe chamou a atenção.

            Uma jovem que parecia mais infeliz do que todas aquelas pessoas juntas. Andava como um zumbi, parecendo completamente sem alma. Seus olhos estavam vermelhos e seu rosto cinzento de amargura. Alguns fios de seu cabelo longo e vermelho estavam colados em seu rosto, devido às lágrimas. Ela vestia um delicado vestido de cetim negro, simples e bonito.

            “Que exagero!”, Dio pensou, “Ficar assim por causa dele.”.

            Mal ele sabia da verdade.

*********

            A jovem andava pela cidade com sua alma afogada na dor.

            Enquanto ela caminhava pela rua, algumas pessoas a paravam para expressar-lhe seu pesar. Bando de idiotas. Eles estavam tristes por perderem o herói delas, não por perderem Sieghart, como pessoa. Nunca entenderiam como Alexia se sentia.

            Alexia era a noiva de Sieghart. Ou melhor, agora a viúva de Sieghart. Era a moça de cabelos vermelhos que andava pela cidade feito uma morta-viva, sem rumo, sem lugar para ir. Desolada, inconsolável.

            Então, casualmente, ela virou sua cabeça para esquerda e viu o rapaz de cabelos roxos com quem seu noivo havia lutado havia algumas semanas. Ela estava presente no evento, e se naquela época alguém lhe dissesse que o seu Sieg ia ir combater a Rainha das Trevas ao final de alguns dias e iria perder tão horrivelmente que iria morrer, ela com certeza não acreditaria. Ela estava tão infeliz...

            Alexia franziu a testa ao ver o garoto que ela sequer sabia o nome. Por algum motivo irracional, ela sentia que a culpa era toda dele. Sentia que, se Sieghart não tivesse perdido para ele daquela vez, não teria perdido da Rainha das Trevas, e estaria vivo e ainda mais famoso (se é que isso fosse possível). E, principalmente, estaria com ela.

            Mas não. Ele estava morto. Ele nunca mais estaria com ela.

            Mais lágrimas lhe correram a face.

            Então, ela percebeu que o garoto a olhava de volta. Alexia lhe lançou um olhar de puro ódio, e continuou o seu caminho. Mas foi por pouco tempo, pois logo outra mulher que morava por perto a parou e lhe disse:

            - Ah, você é a Alexia, noiva do Sieghart, não é? Meus pêsames.

            Alexia era uma pessoa direta, e às vezes difícil de lidar. Ela olhou para a mulher com reprovação e depois lhe deu as costas e voltou pelo caminho na qual estava vindo, sem lhe dar uma resposta. Não estava aguentando mais aquelas pessoas que fingiam se importar. Importavam-se coisa nenhuma.

            Quando ela estava voltando o seu caminho, consequentemente passou mais uma vez pelo jovem que havia vencido o duelo com seu noivo. Mas evitou olhar para ele, para não ficar com mais raiva ainda.

            Porém, apesar de está-lo evitando, não fez diferença, pois ele fez questão de ir a sua direção e pará-la.

            - Por favor, me diga que você não está assim por causa dele. – O rapaz deu ênfase na palavra, claramente achando aquilo um absurdo.

            - Não fale do que não sabe. – Alexia respondeu. – Você não sabe o que ele significava para mim.

            - Ah, é? E o que significava? – Ele desafiou.

            - Ele era meu noivo. Nós íamos nos casar. Isso tem significado o suficiente para você?

            O garoto ficou quieto por um instante, mas então respondeu:

             - É, acho que você tem um bom motivo. Mas só você, eu acho.

            - Você não é um humano. – Ela declarou, mudando absurdamente o assunto, só para provocá-lo, mesmo, apesar de ser verdade. E Alexia não havia percebido aquilo naquele momento, e sim no dia em que ele e Sieghart lutaram.

            - Não, não sou. – Ele respondeu no mesmo tom. – E você não é muito inteligente para escolher maridos, sabia?

            - Idiota!

            - Quem, eu? – O rapaz perguntou, se fazendo de desentendido. – Eu só quero dizer que as pessoas morrem. Não há motivo para chorar.

            - Você já perdeu alguém? – Alexia perguntou, em tom de voz violento.

            - Sim, já.

            Ela não esperava essa resposta.

            - Ah... Certo. Mas como você disse que se chamava, mesmo? – Ela falou, num tom de voz um tanto quanto piedoso, devido a resposta dele.

            - Eu não disse. – Ele respondeu. – Mas é Dio.

            - E quem foi que você perdeu?

            A expressão facial dele ficou sombria, como se Alexia houvesse acabado de tocar em um assunto delicado. Mas ela sabia que a reação dele seria algo como isso.

            - E isso por acaso é da sua conta? – Dio perguntou com hostilidade.

            - Nem um pouco. Mas acho que agora estamos quites. – Alexia disse, dando de ombros.

            - Idiota.

            Alexia lhe estendeu a mão.

            - Poderia ter sido um prazer conhecê-lo... Dio.

           - Você acha? Eu acho que teria dado no mesmo. – Ele respondeu, sem segurar a mão dela. – Adeus, então... Noiva do Sieghart.

            Ele fez um cumprimento rápido com a cabeça para ela e em seguida deu-lhe as costas e saiu andando, voltando para o canto de que tinha vindo. Mas, no meio da caminho ele ouviu a voz da jovem o chamando.

            - Ei, Dio!

            Ele parou e se virou.

            - Esse é meu nome. Não gaste.

            - O meu nome é Alexia, não “Noiva do Sieghart”. Só para constar.

            - Hm, O.K.. Então adeus... Alexia.

            Depois disso, ele realmente se foi. Alexia suspirou.

            Ele tinha razão. Um dia a vida acabava e as pessoas morriam. Simples assim. Não tinha motivos para chorar. Para os vivos, de uma maneira ou de outra, as coisas continuavam. Continuariam para ela também.


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Notas finais do capítulo

Ah, antes de terminar o capítulo, uma mensagem: A votação para ver se a personagem Tae continuava ou não teve 5 votos para "sim" e 1 para "não". Mas, se alguém ainda quiser opinar, a votação continua aberta até o próximo capítulo.