Lembre-se De Mim escrita por Tsuki Hikari


Capítulo 16
Antipatias


Notas iniciais do capítulo

Gente, eu gostaria de dedicar esse capítulo à minha amiga Alexia. Mas não posso dedicar só a ela. Então, lá vai todas dedicatórias que eu quero fazer:
Primeiro, como já falei, à Alexia, por que esse capítulo de uma maneira ou de outra responde a uma pergunta que ela me fez um dia.
Depois, à DarkBringer, por recomendar a história e por comentar em todos os capítulos com seus comentários compridos e engraçados, que eu sempre rio ao ler.
Em terceiro lugar, à AngeelJaegerjaquez, pela recomendação.
E em último (mas não menos importante), à Lady Nath, que não recomendou, mas comenta todos os capítulos.
E a todos, uma boa leitura.



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Tae já tinha se esquecido de como era estar viva.

            Já tinha se esquecido de como era sentir o vento batendo em seus cabelos, como era respirar, como era sentir o sangue correndo em suas veias novamente. Sim, é perfeitamente possível sentir o sangue correr dentro da gente, mas isso a gente só percebe depois de morrer. Só a perda para nos fazer valorizar.

            Então, de repente, ali estava ela parada naquela floresta tão distante de tudo que ela conhecia, viva novamente (mesmo que só por mais uma semana), e certamente perto de Zero. A sensação era muito boa, mas também era um pouco angustiante.

            Após alguns minutos de reflexão, ela decidiu procurá-lo. Começou a andar, com cuidado, desconfiada. Afinal, uma vez em que ela não sabia onde estava, não dava para ter certeza de que não pularia um monstro de entre as árvores e a devoraria, encerrando o seu tempo de vida sete dias antes do combinado.

            Mas ela não encontrou monstro algum. E também não encontrou Zero algum. Ela andou durante bastante, bastante tempo, e nada. Foi aí que lhe ocorreu: Ela havia dito que queria ressucitar onde Zero estivesse. Isso podia ser no mesmo lugar, na mesma cidade, no mesmo país, no mesmo mundo. Ele poderia estar no outro extremo de Erna agora. Maldição.

            “Porque eu não fui mais específica?”, ela pensou, chateada, se sentando no chão. Lágrimas quentes começaram a lhe escorrer pelo rosto. Ela também já tinha se esquecido de como era chorar, mas não era nisso que ela estava pensando no momento. Tudo que ela pensava era: O que fazer?

*********

            Grandark parecia possuída. A presença de Eclipse, que estava sempre presente no ar daquele mundo, simplesmente havia desaparecido. Isso só podia dizer uma coisa: Eclipse não estava mais em Erna. Mas como isso era possível, se ela certamente estava com Duel e Duel certamente estava na guerra?

            - Não é possível... - Ela murmurava consigo mesma - ... Como pode ter sumido tão de repente?

            - Hm... Grandark? – Zero arriscou chamá-la, depois de deixá-la surtar por alguns instantes.

            - O que foi, garoto? – Ela perguntou, ríspida.

            - Porque não vamos ver o que aconteceu? Creio que há uma cidade perto dessa floresta.

            - O que quer dizer com isso? Que humanos saberão onde está Eclipse, por acaso? – Ela perguntou, zombeteira.

            - Sim e não. É que a presença dela pode estar ausente por um motivo, vamos dizer, complexo.

            - Bom, nós não iremos encontrá-la aqui parados. Que seja, garoto. Vamos para a cidade, então. – Ela concluiu.

            Zero assentiu e começou a caminhar em direção à cidade. Ou pelo menos na direção que ele acreditava ser a da cidade. Era difícil saber o caminho de tudo e ter razão o tempo inteiro. E, dessa vez, parecia que ele estava errado, pois ele estava aparentemente entrando mais na floresta a cada passo que dava.

            - Zero. Você não está no caminho certo. – Grandark declarou o óbvio.

            - Perdão. – Ele respondeu, e parou de andar. Então apenas ficou parado, indeciso, tentando descobrir o caminho.

            Foi então que ele ouviu um choro.

            - Você está ouvindo isso? – Ele perguntou para a espada.

            - O que? Ah, o choro. O pior é que estou, sim. Mas não perca tempo pensando nisso, Zero, foque no caminho da cidade! – Ela ordenou.

            - Estou focando! Pense comigo, se há choro, há um humano, se há um humano, provavelmente há vários, porque eu sinceramente nunca vi raça tão unida, e se há vários humanos, há cidade!

            - Não tinhamos combinado nunca mais nos envolvermos com humanos, desde aquela menina? Qual era o nome dela, mesmo? Dae?

            - Tae. – Respondeu Zero. Ah, de Tae ele se lembrava perfeitamente. O espírito da garota de cabelos dourados e olhos de esmeralda, tão bonita e alegre. De repente, ele sentiu saudades dela. Isso era muito, muito estranho. Ele nunca tivera antes esse sentimento por alguém. Mas não fazia diferença, desde que Grandark (que manipulava o garoto de maneira doentia) não soubesse. – E nós não vamos nos envolver com humano algum. Só vamos seguir o choro.

            - Siga, então. Mas se por acaso nós nos envolvermos em algo, eu vou te fazer andar durante um ano inteiro sem descanso, como castigo! – Ela ameaçou.

            - Tudo bem. Por mim, está ótimo. Então, seguiu o som, esperando ver qualquer coisa chegando lá, menos o que viu. Uma menina de costas, sentada no chão. O cabelo idêntico ao de Tae, em cor, corte e até a mesma flor branca os enfeitando. Será que ele estava com tanta saudades dela, assim?

            Então, a garota se virou para ele. Era a Tae! Só podia ser ela! Os mesmo olhos verdes, o mesmo rosto. O único buraco na história era... Tae estava morta. Como podia estar lá agora e, além disso, chorando, que era luxo dos vivos?

            Ao olhar para Zero, o rosto da menina se iluminou.

            - Zero! É você mesmo! – Ela exclamou. E definitivamente, era a voz de Tae.

*********

            Tae ficou com medo ao ver a expressão de surpresa dele quando ela o reconheceu. Pela primeira vez ela se perguntou se ele se lembrava dela, também.

            - Você! – Ele falou, depois de um tempo de choque. A entonação não demonstrou algo positivo nem negativo, mas, pelo amor de Thanatos, era só um “Você!”! Não era para ser positivo ou negativo. Mas pelo menos mostrava que ele se lembrava dela.

            - Ah, quem diria. A Dae. – Grandark falou, sem parecer nem um pouco surpresa. Provavelmente só para contrariar Zero.

            - Na verdade meu nome é Tae... – Ela corrigiu, timidamente. Achava meio desconfortável falar com espadas. Quer dizer, não era algo muito normal para humanos...

            - Tae, Dae, Kae, Nae, Sae... Que diferença faz? É um nome feio de qualquer modo. – Grandark respondeu com maldade.

            - Tae, não me leve a mal, mas você deveria estar morta. – Zero mudou de assunto, para não ter de concordar com Grandark. E pelo visto a espada não percebeu seu verdadeiro motivo. O que era bom.

            - Sim, mas estou aqui. Em carne e osso, e  não em espírito. – Tae anunciou, as lágrimas sendo substituidas por um sorriso radiante.

            - Certo. E agora eu lhe pergunto: “Por quê?”.

            - Por quê? É que... Você sabe que eu morri de uma maneira muito trágica e muito repentina, não é? Então. Antes de reencarnar, pedi para o líder dos caçadores de recompensa de Hades para me deixar voltar como Tae para me despedir direito. E eles deixaram, e me deram uma semana para me despedir. E, coincidentemente foi perto de você. Erna é um mundo pequeno, não é? – Ela falou, e acrescentou ao final uma risadinha sem graça. Por algum motivo que nem ela sabia, não teve coragem de contar para ele que tinha voltado durante uma semana para se despedir dele, e dele.

            - É, deve ser. Mas, escute. Você sabe onde fica a cidade mais próxima? – Ele perguntou, fazendo total pouco caso para a desculpa da garota.

            - Há! Não sei nem em que continente estamos, quem diga perto de qual cidade!

            - Estamos na Península de Vermécia. – Zero respondeu.

            - Vermécia?! – Tae ficou embasbacada. Ela nascera e vivera toda sua curta vidinha em um vilarejo de Arquimídia, e nunca havia sequer sonhado em ir para Vermécia, que era realmente muito, muito longe de onde ela nasceu.

            - Pois é.

            - Ei, Zero. – Chamou Grandark – Encerre logo essa conversa e vamos procurar logo a cidade!

            - Posso ir com vocês? – Perguntou Tae.

            - Não. – A espada respondeu imediatamente.

            - Grandark... – Zero começou, mas foi interrompido pela mesma.

            - Não ouse insistir, garoto! Esqueceu-se de quem manda aqui?!

            - Certamente não. Só ia dizer que é interessante termos uma humana conosco. Porquê, quando alcançarmos a cidade, comigo sendo asmodiano e você, uma espada, não poderemos falar com alguém. Por que quem vai querer falar com alguém do povo inimigo durante a guerra?

            - Você está me enrolando?

            - Nunca.

            - Se eu descobrir que você está me enrolando...

            - Irá me fazer andar durante um ano sem descanso, como castigo. – Zero completou. Ele já conhecia a ameaça de cor e salteado, pois era a única que ela fazia.

            - Hm, que bom que você sabe. – Ela pareceu satisfeita. – EI, GAROTA! Você está rindo do que?! – Grandark repreendeu Tae, que tinha deixado escapar um risadinha ao ver o garoto e a espada conversando daquela maneira.

            - Nada! – Tae respondeu, na defensiva.

            - Sei. – Ela falou com ironia. – Eu já deixei você vir conosco. Não me faça mudar de ideia.

            - Deixou?! – Zero e Tae perguntaram em uníssono.

            - É, é, deixei. Sei lá. Mas é melhor você vir logo.

            - Ah! Obrigada! – A garota se levantou e se aproximou. – Então, vamos! Juro ser o mais útil possível!

*********

            Toda Canaban parecia em choque. A guerra acabara de acabar. Calnat acabara de explodir. Quem tinha parentes ou amigos lá chorava. Todo mundo queria saber de mais detalhes. Dio nunca tinha visto os humanos tão alvoroçados.

            Ah, e um detalhe importante. Todos também não paravam de falar em um tal de Sieghart.

Claro, Dio já tinha ouvido falar nele. Ele era um guerreiro famoso em toda Erna, apesar de ser de Canaban. Provavelmente estava lutando em Calnat e morreu também.

Bom, pelo menos era o que ele achava, até ver um amontoado de gente na rua.

“Sieghart! Sieghart! A guerra acabou!”; “Sieghart, você viu o que aconteceu com Calnat?”; “Sieg, ainda bem que você não foi lutar nessa guerra! Já pensou você ter morrido?”, as pessoas gritavam.

“O que?”, pensou Dio, “O cara é o herói desse mundo e não foi à guerra? Que covarde! Humanos são tão idiotas...”

- É, eu sei, eu sei. – Respondia alguém aos gritos das pessoas. Sieghart, obviamente. – Eu não pude ir à guerra porque tinha de treinar para algo mais, hm, grave. Mas ainda bem que não fui, não? Imaginem, eu me machucar nessa droga. Sou muito valioso para isso.

“Mentira que ele falou isso mesmo...”.

- Sim, sim, Sieg! Você é! – Todos concordavam.

- Argh. Vou ali me matar e já volto... – Dio disse em voz baixa para o mordomo e o serviçal.

- Jovenzinho arrogante aquele Sieghart, não é? – Sebastian comentou.

- Mas, Sieghart, agora que você falou, conte! O que é mais grave que a guerra? – Alguém perguntou para ele.

- Oras, monstros, é claro! – Ele falou – Tudo bem, vou contar um segredo. Vocês sabem a Rainha das Trevas, não é? Pois bem. Estou treinando para derrotá-la.

- Ohh! Jura? E como você pretende conseguir isto?

- Na hora eu vejo. Eu consigo facinho! Não sabem que eu sou capaz de devastar montanhas e arrasar civilizações num piscar de olhos?

“Ah, claro. E eu sou a rainha de Canaban...”, Dio pensava.

- Claro que sabemos! Você é o maior herói de Vermécia!

- Vamos sair daqui? Esse tipo de gentalha me irrita. – Dio falou para seus acompanhantes.

- Como quiser, senhor...

Então, os três começaram a se afastar.

“Tomara que a Rainha das Trevas transforme esse canalha em pó...”


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Notas finais do capítulo

Hm, então, queridos leitores... Se tiverem interesse por lendas urbanas, eu estou escrevendo uma outra história, "Urameshiya!". É sobre lendas urbanas japonesas. Se quiserem ler, o link é esse: https://www.fanfiction.com.br/historia/237076/Urameshiya/
Grata desde já ;D



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