Lembre-se De Mim escrita por Tsuki Hikari


Capítulo 11
Descanse em paz, meu amor...


Notas iniciais do capítulo

Me atrasei, eu sei, mas estou numa época em que tenho de entregar um monte de trabalhos, e lições, e me preocupar com provas e etc., vocês sabem como é.
Enfim, espero que gostem!



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Uma semana depois...

Rey soube que seu pai havia chegado quando o ouviu gritar do andar de baixo. Adellina provavelmente tinha corrido para seus braços logo quando ele chegou, contando em detalhes o que havia acontecido naquele dia em que Dio viera, e também com certeza inventando muita
coisa, a fim de fazer Rey parecer mais rebelde, mais indecente e mais traidora.

A última semana fora uma das piores da vida da garota. Por algum motivo, na manhã seguinte à visita de Dio, ela acordou tão mal que não conseguia mexer um músculo sequer e sua cabeça doía tanto que parecia estar sendo pisoteada. Sendo assim, ela passara a semana inteira afogada em dor, sem entender porque não morria de uma vez por todas.

Então ela teve uma vaga noção de alguém entrando em seu quarto. Esperou ouvir seu pai lhe dizendo algo como “Você estragou tudo!”, “Você é a menina mais ingrata que conheço” ou coisas do tipo, mas ao invés disso quando ele falou não tinha traço algum de irritação na voz, apenas preocupação e choque, por que com certeza não esperava que ela estivesse tão ruim assim:

– Filha... Se você puder aguentar mais algum tempo, posso salvá-la. – Rey estava tão fraca que não conseguiu responder – Rey! Mais
alguns minutos, eu sei que você consegue mais alguns minutos!

Há alguns dias tudo estava tão confuso em sua mente, que às vezes um dia inteiro parecia um minuto para ela, e às vezes um único minuto parecia um dia inteiro. A fraqueza absurda, a dor, a confusão... Tudo indicava que ela havia chegado ao estágio final de sua doença.

- Peter... Se eu fosse você, não faria isso. Pode ser perigoso. Pense na alma de Rey! O corpo vai morrer da doença, mas a alma não. E se esse ritual deixar a alma dela doente também? Aí sim iria se perder
totalmente! – Ela ouviu Adellina dizer, apesar de não se recordar de ouvir mais de uma pessoa entrando no quarto. E também estava claro que ela não queria que o marido tentasse salvar Rey porque queria que a menina morresse. Mas Adellina dissera “ritual”. Havia mesmo um ritual, um jeito de viver? Ele havia dito a verdade quando disse para a filha “Eu vou dar um jeito”, poucos meses antes?

- Eu tenho que arriscar. – Peter falou com tristeza – É a minha única herdeira.

Rey sentiu cheiro de erva, e não precisou pensar para saber de qual se tratava, de tão familiarizada que estava com ela. Era uma erva bem cara, tanto que às vezes até os Von Crimson, provavelmente a família mais rica daquela dimensão, achavam o preço inconveniente. Seu nome era Daemonum sanitatem, e ela adiara absurdamente a data da morte de Rey, pois ingerir algo feito dela era como ingerir uma dose de energia vital. Todos os dias a garota costumava tomar uma xícara de chá preparada com a erva, e ela a fazia se sentir bem melhor. Sem ela, Rey provavelmente não teria completado cinco anos de idade. Mas já fazia alguns meses que tomar e não tomar se tornaram a mesma coisa.

Dessa vez, porém, ela não teve de ingeri-la. Peter simplesmente colocou um maço da Daemonum sanitatem na mão esquerda aberta da filha e delicadamente fechou os dedos dela ao redor.

Então, ele pressionou o pulso da menina para ouvir se seu coração ainda batia.

- Agora, querida, você vai dormir, e quando acordar, eu terei feito um ritual e isso tudo estará acabado. – Peter sussurrou para ela, e Rey sentiu o cheiro de outra coisa. Um cheiro que ela nunca havia sentido antes, mas era forte e ela tinha certeza que era composto de substâncias mágicas.

A próxima coisa que sentiu foi uma picada no braço que estava segurando a erva, e de repente toda a dor sumiu. Então, não sentiu mais nada.

*********



         A guerra começou há pouco tempo e estamos com vantagem. Tenho certeza de que Elyos triunfará e Calnat verá quem é que manda. Durante muito tempo nossa dimensão tentou não encrencar com Erna, mas o nível de magia de Calnat estava se aproximando perigosamente do de Elyos, então tivemos de começar a guerra para pô-los de volta em seu lugar.

Mas há algo que não está me agradando. Eu já falei para Duel de novo e de novo, mas ele não me ouve. De qualquer maneira, espero não estar certa. Acho que alguns dos nossos estão contra nós. Duel não percebe. Ele está muito ocupado com a guerra e com Eclipse para prestar atenção em detalhes.

No começo, os possíveis traidores apenas olhavam torto. Depois, começaram a cometer erros banais, que ninguém conseguiria cometer, ao menos que quisesse. E há algum tempo eles começaram até a ir explicitamente contra os planos de ação.

Hoje, especialmente, eu acordei com a sensação de que algo horroroso aconteceria. É comum de minha parte ficar perto de Duel, mas hoje decidi não deixá-lo só nem por um instante sequer. Está claro como a água que isso o está deixando aborrecido. E eu sinto muito, mas já me decidi.

Agora está de noite, e apesar de nos mantermos sempre silenciosos, à noite tomamos o dobro do cuidado. Esse horário é perfeito para atacar, e não é apenas o nosso lado que acha isso. Por isso montamos o acampamento em meio a uma floresta, onde é mais difícil nos localizarem. Apesar de termos ocupado um bom espaço dela, não tivemos incômodos até agora.

Toda noite, enquanto alguns vão dormir, outros ficam montando guarda, ou ao redor do acampamento ou mais adiante. Duel, por ser o líder da facção genocida, fica apenas dando ordens sobre quem vai fazer o que, mas dessa vez ele decidiu ajudar a montar guarda na frente do acampamento. E eu, claro, me ofereci para ajudar.

“Edna...”, ele começa a dizer com a voz irritada, mas eu o interrompo.

“Não diga nada. O que quer que você vá dizer será para me enrolar.”

“Edna, é sério...”, pelo olhar que me lança sei que ele está prestes a me passar um ultimato, mas dessa vez não sou eu quem interrompe.

Um homem que estava montando guarda a certa distância do acampamento no turno da tarde, e que agora fora avisado por seu substituto que já podia descansar, chega correndo com uma expressão alarmada estampada no rosto. O que quer que tenha acontecido deve ser grave, por que senão aposto que ele não teria tido a falta de educação de interromper nossa conversa.

“Senhor”, ele faz uma saudação para Duel, “Temos um problema.”

“Pode falar.”, Duel se vira para ele. Provavelmente se esqueceu de mim à menção da palavra ‘problema’.

“Não há tempo. O senhor precisa vir comigo.”, o homem diz com urgência, mas por algum motivo não me convence. Mas não falo nada por que o papo não é comigo.

“Certo.”, ele se vira para mim novamente. Não se esqueceu de minha presença, afinal, "Edna, pode não me seguir por um instante? Preciso que você fique no meu lugar enquanto vou."

“Não se preocupe, eu fico.”, respondo.

O homem parece um pouco mais aliviado, e começa a andar em direção da onde tinha vindo, com Duel o seguindo. Meu plano realmente era ficar esperando ele voltar, mas minha intuição fala mais alto, eu espero eles se afastarem um pouco e então disfarçadamente começo a segui-los.

Enquanto sigo, mantenho-os sempre dentro do meu campo de vista, mas nunca me aproximo. Dá certo, porque eles não me veem em instante algum.

Alguns minutos andando, e depois eles param. Eu me escondo atrás de uma árvore caso eles decidam se virar. É então que a sensação ruim que eu tive o dia inteiro piora e eu puxo minha espada por questões de segurança. E fiz bem, porque nesse instante outro homem sai detrás da árvore que está em frente a minha, também segurando uma espada e a aponta para mim.

“Vá embora, Edna.”, ele diz, sussurrando. Talvez tivesse me afligido se eu não tivesse notado insegurança em sua voz.

Minha mente demora uma fração de segundo para decidir como desarmá-lo, mas ao mesmo tempo me lembro de Duel. Com um golpe, desvio a arma dele e desfiro minha espada em seu braço. Ele grita de surpresa e de dor enquanto eu a puxo de volta e saio em disparada em direção a onde Duel está.

“DUEL! É UMA ARMADILHA!”, berro com toda a força de meus pulmões e ele se vira para mim por reflexo.

Droga de reflexo. O traidor que o havia trazido para cá puxa sua lança. Ele vai matá-lo!

“NÃO!”

Não sei como, mas eu consigo chegar a tempo. Empurro Duel da frente da ponta da lança, e entro com meu próprio corpo. Tudo em seguida é muito rápido. Sinto a lança sendo enterrada em meu peito ao mesmo tempo em que vejo Duel enterrando Eclipse nas costas do homem. A dor que me invade é tanta que eu caio no chão.

“EDNA!”

Ele se ajoelha ao meu lado. Pela primeira vez ele parece estar com medo, mas a cena realmente deve estar sendo horrível. Sinto minha roupa ensopada com meu sangue que não para de sair, e minha visão está ficando fora de foco. Meu último desejo é que Duel pudesse ficar ao meu lado até eu morrer, mas não dá para se ter tudo o que quer. Ele ainda tem que matar mais alguns se não quiser morrer.

“Jamais te esquecerei...”, ele diz, e eu não preciso escutar mais nada, e nem vou. Meus olhos se fecham.

Ouço um leve barulho quando Duel se levanta e vai para a briga. E não ouço mais nada.

*********

- DUEL! DUEL!

Já fazia quase seis horas desde que Peter havia feito o ritual. Já passavam das três da manhã, e ele ficara ao lado da filha o tempo inteiro. Não tinha certeza se tinha funcionado, e foi pego totalmente de surpresa quando ela começou a gritar o nome de Duel. Mas não gritou por muito tempo. Tão de repente quanto quando começou a gritar, ela parou, e seu corpo começou a tremer por completo.

Peter, assustado, segurou com força a mão de Rey.

Então ela parou de tremer e abriu os olhos.


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Notas finais do capítulo

Sempre que eu copio um capítulo do Microsoft Word e colo na página do Nyah! ele aparece desconforme e eu tenho de mudar o formato. Detesto fazer isso e demoro uns 15 minutos. Agora eu estava formatando e estava no penúltimo parágrafo quando, não sei o que eu apertei, a página saiu. Eu sou tão sortuda xp, tive de formatar tudo de novo.



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