O Sequestro escrita por Lívia Black


Capítulo 29
Capítulo 27. Ponte sobre águas turbulentas.


Notas iniciais do capítulo

Há seis anos, uma Lívia Black de 16 anos abandonou essa historinha, pela qual ela nutria muito carinho e apego. Foi uma das decisões mais tristes que ela teve que tomar, por causa do vestibular, dos problemas pessoais, da depressão... Enfim, um monte de coisas chatas que simplesmente paralisaram sua escrita. Hoje, porém, ela está aqui, de volta no nyah, no intuito de terminar essa história para os poucos leitores que ainda estão esperando. Se é que existe algum. HAHA
UMA ATUALIZAÇÃO DEPOIS DE SEIS ANOS, GALERA!
Não é preciso reler a fic toda para entender esse capítulo, reler os cinco últimos talvez seja suficiente. Mas eu recomendo reler tudo, porque O Sequestro é simplesmente uma leitura muito agradável!
Não é nem justo pedir isso, mas se vocês gostarem, por favor, comentem! Se existir alguém que esteve esperando pela volta da história, se manifeste! Eu, agora com 22 anos, vou ficar muito contente pelo carinho.
Espero que minha escrita não tenha mudado muito e ainda seja do agrado de vocês.
Um beijo enorme,
Lívia Black.



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“O impossível existe até quando alguém duvide dele e prove o contrário.”

Os lábios de Poseidon sugavam o pescoço de Atena como se ele estivesse coberto por mel e chocolate. O deus não conseguia conter a fome que tinha por explorar a pele daquele local, que parecia ter sido acumulada por milênios, como se estivesse esperando por isso há muito tempo. Abaixo de si, a mulher que ele sabia ser sua pior inimiga, Palas, começava a emitir um som delicado através de uma respiração arfante.

—Ohhn...

 Aquele som era um gemido. Não como se ela estivesse protestando de descontentamento, ou grunhindo de infelicidade. Nada disso. Ele sabia como reconhecer um murmúrio sexual, e era definitivamente isso que aquele gemido era, embora em toda a sua eternidade jamais tivesse ousado imaginar que ouviria um dela, muito menos por uma atitude sua.

Talvez justamente por esse fato, aquele ruído se tornou uma das coisas mais sexys que ele já escutara. Não foi capaz de controlar seus instintos; sentiu-se enrijecer de pronto e sabia que ela acabaria por detectá-lo, em breves segundos. Entretanto, se ela o fez não se esquivou de asco ao sentir algo duro contra as próprias coxas, como seria possível de se imaginar que ela faria, e em vez disso apenas continuou emitindo sons de deleite.

 Ele estava sem palavras para aquelas atitudes dela, simplesmente inexplicáveis. Mas diante do nada que ela fazia para refreá-lo, ou seja, diante de nem mesmo um pingo de hesitação de sua parte, começou a deslizar com mais liberdade as mãos em seu corpo esguio, sentindo cada centímetro de sua pele se arrepiar ao mínimo contato. Chegou muito, muito rápido aonde queria, o tecido inferior vestido dela, e começou a erguê-lo, enquanto a distraía com beijos embaixo do queixo. Se ela sentira que seus dedos agora se aproximavam de um lugar imaculado o qual nem ela mesma se permitia tocar com aquele tipo de lascívia, ela não demonstrou. Poseidon não perdeu tempo e tocou-a, de uma vez, por cima do tecido da calcinha.

O deus nunca havia amado tanto a umidade até senti-la presente na roupa íntima de sua pior inimiga. Isso considerando que ele era Deus dos Mares e Oceanos, o próprio deus da umidade.

Atena estava molhada por ele e não havia nada mais enlouquecedor que isso.

Ele tentava se convencer de que estava feliz só porque a odiava, e porque podia usar isso a seu bel-favor - afinal o plano de Alana era que ele seduzisse Atena e depois quebrasse seu coração. Porém, por mais que repetisse isso para si mesmo, era muito pouco convincente. Não era por causa de um maldito plano que ele havia avançado, e sim porque ficara extasiado ao saber que ela queria que ele a beijasse.

Porque, na verdade, ele também queria beijá-la.

Ele nunca estivera tão excitado com uma situação como aquela, simples beijos, e não se lembrava de seus lábios tocarem uma pele tão macia e tão delicada na vida, de maneira que poderia ficar fazendo isso o dia todo que não cansaria. Debaixo de sua bermuda, porém, seu membro pulsava incomodando-o e pedindo para que ele rasgasse as roupas de Atena e simplesmente a possuísse.

Por todos os Mares, por debaixo de um fino tecido molhado estava a intimidade dela! Sem conseguir controlar mais, começou a sentir a região, movimentar os dedos por ali.

—Ah...-os gemidos eram da pura e mais sincera satisfação.

 Ele imaginava como seria sentir o prazer de ser masturbada pela primeira vez, porque aquela com certeza era a primeira vez, em todos os éons de existência, que a deusa sentia algo semelhante a isso. Ela era uma das deusas donzelas, o que significava que ela nunca havia tido nada parecido com sexo durante toda a sua vida. Na verdade, ele tentava, mas não conseguia imaginar o quanto aquela região devia ser sensível para ela. Estava prestes a enfiar a mão por debaixo do tecido, para senti-la de verdade, quando ela finalmente pareceu despertar para realidade.

Temia que isso acontecesse, e até então estava sendo cauteloso para não trazê-la à realidade, mas aparentemente aquilo havia sido demais para Atena. O silêncio tomou o lugar dos gemidos e sentiu a mão dela segurar seu pulso com firmeza, impedindo-o de avançar para onde ele queria.

—Desculpe. -Pediu, no automático, e sua voz soava realmente sincera. -Achei que você quisesse. -Afastou a mão que ela segurava, e em seguida utilizou a outra que apoiava no chão para tomar impulso para trás, recuando seu corpo e sentando-se no chão de frente pra ela, de modo que suas peles não se encostassem.

Atena mantinha os olhos fechados e respirava descompassadamente. Seus punhos estavam cerrados e seus lábios mordidos com tanta força que pareciam querer sangrar. O coração dentro dela fervia, e ela estava fazendo uma força absurda para não chorar devido ao turbilhão de sentimentos que agora se confundiam dentro de sua mente.

 Era como se, durante o beijo, seu cérebro tivesse desligado. Ela tinha ficado num limbo confortável e morno, e de repente, um fio de consciência e lucidez a obrigaram a pular sem paraquedas num vulcão infernal. A incompreensão era o combustível dele, e também o que mais a atormentava.

“O meu beijo foi a melhor sensação que você já experimentou na sua vida, não foi?” Ele perguntara, e todas as fibras de seu ser tinham certeza de que aquela pergunta ridícula tinha a resposta mais óbvia de todas: NÃO.

Mas o cristal ficara dourado, havia mostrado a ela um lado de si mesma que ela não imaginava que existia, e de súbito aquele lado se libertou e a possuiu durante todo aquele tempo, em que ela – e ainda parecia demasiado impossível e abominável- havia permitido que Poseidon a beijasse de forma lasciva  e pecaminosa, e a tocasse em regiões jamais exploradas.

 Aquilo ia contra todos os seus princípios, contra tudo que ela era – ou pelo menos contra tudo que ela achava que era, porque aparentemente havia uma parte dela que discordava de tudo isso e pensava que os beijos de Poseidon cheios de luxúria eram o âmago de seu desejo.

Era tão contraditório e tão assustador que ela ficava paralisada, não tinha ideia de como iria reagir e de como lidaria com aquilo dali em diante - só sabia que estava repleta de medo.  

Mas o pior de tudo é que ela teria que reagir, sabia que ele não ia deixá-la em paz até obter respostas ou então gabar-se do que acabara de acontecer.

Quando pareceu darem uns cinco minutos em que ela estava imóvel, nessa situação, e nada havia mudado, de fato, ele concluiu que precisava fazer alguma coisa. Mal seu dedo havia tocado a antebraço dela, para cutucá-la, a loira abriu os olhos, arregalando-os, e arrepiou-se toda de pavor.

—NÃO TOQUE EM MIM! – Gritou ela, veementemente. Então era isso, seu instinto mais primitivo pedia para que gritasse e o xingasse. Afinal, toda essa confusão era culpa dele mesmo. Algo em seu tom, e na forma que todos seus músculos do rosto se contraíram numa mistura de asco e repulsa ao lhe dirigir o olhar, fez com que ele se sentisse subitamente mal, de uma maneira que só ela conseguia fazer. - NEMATÓDEO ASQUEROSO E MALIGNAMENTE ABUSADO!

—Eu só queria saber se você não tinha paralisado de choque. -Justificou-se Poseidon, com pressa, para que ela entendesse que ele não estava pretendendo retomar o contato anterior de forma alguma. -Sua estúpida.

—É ÓBVIO QUE EU ESTAVA PARALISADA DE CHOQUE. V-VOCÊ...VOCÊ QUASE...    -Ela não conseguia encontrar palavras para descrever o que havia acontecido naqueles últimos instantes. Desviou o olhar e ruborizou tanto quanto se estivesse esfregado molho de pimenta na cara. Parecia querer que o chão a engolisse.

—Toquei a sua coisa lá embaixo?

Ela finalmente olhou em seus olhos, os próprios quase saltando das órbitas. Se ficasse mais vermelha, era capaz de virar um tomate ambulante. O ar tinha evacuado de seus pulmões, e ela não respirava quando engoliu em seco.

—E-é.

Embora estivesse triste por ter sido interrompido em suas atividades, Poseidon riu. Não conseguia nem imaginar, agora, o tipo de coisa que se passava pela mente de Atena, nem o tipo de desespero que ela estava sentindo. Vê-la naquela situação era demasiado hilário para que pudesse aguentar. Queria constrangê-la ainda mais, e esfregar na cara dela cada detalhe do que havia acontecido.

—Eu sei que você é tapada demais para se ligar nessas coisas, mas é isso que as pessoas fazem depois de beijar, Atena...-Revirou os olhos, após vê-la franzir o cenho em incompreensão. - Sexo.

A palavra, que pareceu deixar explícito o que eles estavam prestes a fazer, se ela não tivesse despertado para a realidade, foi um soco na cara de Atena, de modo que ela precisou sentar, abraçar os próprios joelhos e fechar os olhos como se quisesse evitar o mundo externo em que estava.

—Eu não sou como o resto das pessoas, caso você não tenha reparado, seu platelminto desprovido de nervos. -De repente, uma ideia pareceu iluminá-la e explicar a razão pela qual havia agido daquela maneira tão intensamente. -Você colocou alguma coisa na minha bebida?

—Era uma bebida afrodisíaca. -Ele não negou, sob o olhar desconfiado que ela lhe lançara. -Mas não adianta nem tentar, Ateninha... Tudo o que você falou e fez foi por sua própria vontade...O líquido só ativa seus desejos reprimidos mais primitivos...

—Você está insinuando que eu tenho um desejo primitivo reprimido de transar com você, Poseidon?! – A própria frase era tão absurda que ela nem soube como conseguiu pronunciá-la corretamente, e teria corado mais, se suas intrujices não estivessem no limite. O tom de deboche em sua voz, também, era quase tangível.

O deus se empertigou todo.   

—Estou afirmando. Mas você não precisa ficar parecendo uma múmia paralítica por causa disso. -Apesar de Atena se recusar a concordar, múmia paralítica conseguia descrever bem como suas emoções a fizeram agir nos últimos instantes. -Aparentemente eu também tenho esse desejo. Mas eu não tenho dúvidas de que eu sou completamente normal, e que te odeio abissalmente.

A loira ficou completamente em choque. Sua boca se abriu num “o”, e ela quase não conseguia acreditar. Poseidon, finalmente confessando para ela que mentira todas as vezes que dissera que não se atraía por ela?

Aquilo era tão provável quanto Ártemis abraçar Apolo e dizer que ele era seu “maninho fofucho.”

—Então você admite que me deseja? Que todas aquelas ofensas ao meu corpo e ao meu comportamento eram só mentiras forjadas, porque na verdade o que você queria fazer era tirar a minha roupa e me ter pra você? -Ela não soube como arrumou coragem para fazer aquelas perguntas de maneira tão explícita, mas quando viu já tinha falado; a curiosidade a movia para frente.

Poseidon coçou o queixo, parecendo realmente refletir sobre o assunto agora que ela o mencionara.

—Eu não colocaria desse jeito. Veja bem, você continua sendo uma loira aguada irritante e sem-sal, que se veste mal, tem curvas bem meia-boca, e a cada dez palavras que fala 9 são chatices. E eu continuo achando que existem muitas mulheres bem melhores que você. Mas sim, eu te comeria bem gostoso nesse chão se você deixasse.  

A loira engasgaria com a própria saliva com essa última frase, se não estivesse se controlando ao máximo para não cuspir na cara dele devido àqueles comentários extremamente ofensivos.

Ele era definitivamente o ser mais anencéfalico, babaca, apático, vermicular, abjeto, deteriorado e nefando que existia na face do planeta.

—Como você é romântico e sensível, Poseidon. -O sarcasmo parecia um gás tóxico emanando de cada palavra. - Realmente, sabe como fazer uma mulher querer se deitar com você.

—Obrigada por admitir, Palas.

Não me chame de Palas. E sim, eu também tenho certeza que te odeio abissalmente. E não tenho vontade nenhuma de ter relações sexuais com você...

Aham.

—Obviamente existe uma explicação muito óbvia para o que aconteceu aqui.

—Estou ansioso para ouvir.

Ele cruzara os braços, e inclinara a cabeça na direção dela, como se estivesse realmente curioso para saber qual seria a explicação para todo aquele comportamento atípico da deusa.

Atena estava satisfeita.

 Conseguira se acalmar, depois de quase ter um surto mortificante do qual imaginava que não voltaria em sã consciência. Felizmente havia conseguido trazer de volta para si a compostura e a lógica. Convenceu-se mentalmente, em um átimo de instante, de que havia uma explicação para suas atitudes imperdoáveis e impuras, naquele chão, e iria esfregá-las na cara de Poseidon, assim como ele esfregara o que fizeram quando teve a chance.

—Você perguntou no jogo o que eu achei da sensação de ser beijada. E, bem, eu achei a sensação agradável, de fato. -Essa era a única parte que ela realmente tinha culpa, e sentia-se mal por confessar. Porém, era para um bem maior expressar sua fraqueza. - Realmente, foi uma das sensações mais prazerosas que eu já senti. Porém, observe bem, que isso não tem nada a ver com você, Poseidon. Tem a ver com o ato de beijar, por si só. Não significa que eu não tenha nojo de você, e não te ache um energúmeno horroroso, entende? Infelizmente, eu tive o azar de ser você a pessoa quem me introduziu ao conceito do beijo. Mesmo assim, eu gostei do ato porque fiquei imaginando como seria com uma pessoa bonita e legal. Seria mil vezes mais agradável do que foi com o meu pior inimigo, porque mesmo com ele foi interessante De qualquer maneira, eu escolheria para beijar qualquer pessoa em vez de você, se tivesse opção. Infelizmente, há dois mil metros de profundidade, não há mais ninguém. Isso justifica o porque eu acabei cedendo à sua persuasão.

—Você é incrível, Atena. – O deus balançava a cabeça de um lado para o outro, conforme a loira ia falando, inconformado com os absurdos que ela inventava só para poder se isentar da responsabilidade de terem dado amassos quentes naquele chão, e continuar provando que não tinha desejo por ele. Era realmente surpreendente até que ponto ela era capaz de chegar: admitir que gostava de beijos e que se imaginava beijando pessoas. -Pela sua lógica, então, por que não experimenta a sensação do sexo? Se você achou beijar bom, imagina só isso...

—Um beijo é um beijo. É significativo, eu concordo. Mas sexo é muito mais. Milhões de vezes mais. O beijo eu deixei passar, mas isso eu jamais me permitiria fazer com alguém que desprezo. Além disso, eu fiz um voto, caso você não se lembre, e pretendo ser donzela por toda a vida, assim me abstendo dos prazeres carnais.

—Traduzindo: você é louca. -Ele revirou os olhos, com displicência, diante daquele discurso de castidade que ele tanto odiava. -E esse papinho ridículo de “eu gostei da sensação de beijar” não colou nem um pouco para mim, Atena. Quando é que vai admitir que três dias de convivência e você já está apaixonada por mim?

—Se tem alguém aqui apaixonado esse alguém é você, Cabeça de Alga!

—E que caraminholas na sua cabeça a fazem acreditar nesse desvario estúpido?!   

—Simples. – A loira simplesmente deu de ombros, como se tivesse a resposta na ponta da língua. Em seguida ergueu-se do chão, foi até a mesa e pegou um livro. Ela tinha jurado que não usaria aquilo contra ele até ler o caderno todo, mas diante daquilo não conseguiu se conter. Ele não estava entendendo nada até ela abrir o livro na frente dele, e ele observar que as páginas na verdade eram pergaminhos preenchidos com sua letra. Suas cartas endereçadas a ela. A farsa havia acabado. Ou pior, começado.  – Como você explica um caderno de cartas suas inteiramente dedicado a mim?


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Notas finais do capítulo

Reviews? > cara de gatinho do shrek~