O Sequestro escrita por Lívia Black


Capítulo 14
Capítulo 13 - Toque em mim, e eu gritarei.


Notas iniciais do capítulo

Oláaaa lindas de my heart. Não acreditem nas minhas promessas, nunca. Eu acho que sempre vou demorar duas semanas para postar OS ¬¬ me matem. Na boa, já tá na hora de eu ser esfaqueada pelo menos um pouquinho! Maaaaaaaaas, poréeeeem, contudo, entretanto, todavia, tenho quase certeza de que ESSE CAPÍTULO vai compensar tudo inteiramente *-* é meu favorito na fic até agora, hehehe. E espero que vocês gostem também! Não vou me prolongar demais hehe deixem reviews lindões para me fazer feliz *-* amo vocês



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Capítulo 13 - Toque em mim, e eu gritarei.


E como se faz alguém parar de gritar?



Poseidon sorriu, com os olhos praticamente brilhando de ansiedade, enquanto Atena tornava-se seu reflexo oposto: inteiramente horrorizada e não-ansiosa.


–Argh!!! Massageá-lo?! Você quer dizer, executar manobras com os dedos para a sua satisfação??? –O deus assentiu duas vezes com a cabeça, feliz. - Isso seria totalmente repugnante!


–Hmmm... É isso ou lavar minhas cuecas com estampas havaianas que eu usei a semana passada inteira. O que você prefere?


–ARGH! –Ela exclamou, fazendo uma careta de asco simultânea com a de insatisfação-. Você me enoja, Poseidon. É sério. A massagem chega a ser melhor do que isso, por incrível que pareça. Ok. Deita logo nessa cama estúpida.


A frase poderia ser interpretada com duplo sentido, mas era mais fácil um homem chegar vivo na Galáxia de Andrômeda do que Atena jogar indiretas maliciosas para Poseidon. Além do fato de que, é claro, a voz dela foi totalmente seca.


Mas ele não hesitou nem dois segundos antes de voltar a se jogar preguiçosamente na cama larga e fofa. Deitou de bruços, apoiando a cabeça nos braços, com um sorriso gigante tipo-melancia-fatiada, seguido por uma Atena visivelmente estressada e desconfortável, que sentara ao seu lado esquerdo de pernas cruzadas – com cuidado redobrado para que o vestido não subisse mais nem um nanômetro - e postura alinhada.


Ela fazia caretas constantes ao notar o que estava prestes a fazer, enquanto tomava o cuidado de suas peles não se encostarem nenhum um milímetro mais que o necessário.


–Não precisa se despir...porque né, você já não está vestido.


Ele só não riu da expressão de desaprovação no rosto dela porque não estava em uma situação favorável. Mesmo assim, decidiu provoca-la.


–Eu posso tirar a cueca também, se você preferir.


NÃO!


–E você pode deitar sentar nas minhas costas para me massagear!


–ECA!


–Tsc, tsc, tsc... –Ele debochou, enquanto se controlava para não rir das caras que ela fazia. -Você seria linchada por todas as mulheres do mundo se elas soubessem dessa sua recusa orgulhosa.



–É mesmo? Não estou nem ligando. Idiota. – ela deu uma pausa – Mas,pensando bem, ser “linchada por todas as mulheres do mundo” não parece uma opção assim tão desagradável,se eu considerar o que você acabou de me obrigar a fazer.


Ela segurou agressivamente a cabeça dele com os dedos, girando-a para direita, para que não tivessem contato visual. Seria pior ainda se ele ficasse a fitando com aquele sorriso absolutamente desprezível enquanto o...massageava. Argh, a própria ideia da palavra já lhe parecia inconcebível!


Respirou fundo 3 vezes e com uma dose aguda de hesitação, encostou nos ombros dele. Inicialmente, fez gestos com delicadeza, mas depois acabou pressionando bem forte e fazendo movimentos circulares com os polegares. Era uma tentativa de fazê-lo sofrer um pouquinho. O que, decididamente, não estava dando certo.


–Ah, isso mesmo, Atena, comece pelos ombros...Ahh... –Ele foi de capaz de fechar os olhos e gemer, como se estivesse com frio e acabasse de se jogar em um mar de ovelhinhas quentes, macias e felpudas, só que um milhão de vezes mais gostoso. Não precisava ser um gênio para saber que,mesmo Atena sendo um pouco menos delicada do que ele gostaria,a pequena parcela de dor chegava a ser prazerosa.E,mesmo que não fosse,ele faria questão de mostrar que os esforços dela para machucá-lo não estavam dando certo.


Droga, será que ele nunca iria encontrar algo que Atena não executasse com plena perfeição? Até mesmo com ela perigosamente irritada, aquela estava começando a ser a melhor massagem de sua vida. E só foi melhorando cada vez mais, conforme ela dedilhava ombros, nuca e costas, variando em intensidades suaves e tensas com uma brilhante sincronia, que somente ela poderia possuir.


–Poseidon? –Ela chamou, com um pouco de receio, porque já estavam há uns bons dez minutos assim, e o deus parecia estar aproveitando cada segundo como nunca fizera antes. Ela nunca suspeitou que seu pior inimigo fosse capaz de ficar tão à vontade à mercê de suas mãos.


–Hm? -Foi o melhor que ele conseguiu produzir em seu estado dosado de êxtase.


–Me responda, só a título de curiosidade. O que você disse para Afrodite para ela topar te ajudar com o sequestro? Quer dizer, suponho que ela não tenha se oferecido de livre espontânea vontade...Mas pensando bem, ela é mesmo A oferecida...


Ele riu de canto de lábio.


Poderia concordar com Atena nesse aspecto, mas não fora bem assim que as coisas funcionaram com a deusa do amor.


–Nah, ela não se ofereceu assim pra mim. Digamos que eu tive que ser um pouquinho mais persuasivo.


–Persuasivo como?


–Hm...-Essa era a parte em que as coisas ficavam um pouco mais complexas. -Eu disse que estava apaixonado por você, que todas as nossas brigas na verdade eram a prova do meu amor não-consumado e secreto, e que queria muito que ela me ajudasse a ficar uns dias a sós com você para tentar te conquistar.


Se Poseidon soubesse o que estava perdendo com o rosto virado para o lado errado, se arrependeria disso até os fins dos tempos. A expressão de Atena era simplesmente impagável.


–Sério? –Ela inquiriu depois de um tempo, num lapso de incredulidade.


–Aham.


–E ela acreditou, assim? Tão fácil?


Ela estava praticamente indignada. Quer dizer, por mais descerebrada que Afrodite fosse, quem, em sã consciência, poderia acreditar numa babaquice de que Poseidon (que era o mais perfeito exemplo de machismo e insensibilidade) pudesse...estar apaixonado por ela? Logo ela? Pelos céus, eles brigavam a unhas e dentes, a ferro e fogo, quase arrancavam as peles nos Conselhos Olimpianos! Atena jamais seria capaz de enxergar qualquer mínimo rastro de romantismo nisso. Porque não havia, é claro. Nunca haveria. Era uma certeza absoluta. Como dizer que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço ou que o seno de 30° é 0,5. O que só comprovava o quanto Afrodite era insana e desmiolada.


–Sim. Eu consigo ser bem convincente quando quero, Atena.


–Hmmm...


Ela murmurou, só para não ficar sem dizer nada. Por mais convincente que ele pudesse ser, jamais a faria acreditar naquilo. Seria obrigado a abrir seu cérebro e implantar a ideia ali dentro, caso contrário, seria improvável até o último segundo! Pff!


E tudo fazia sentido agora. Quer dizer, como ela podia não ter percebido isso antes? Devia ter premeditado, se prevenido, calculado ou qualquer coisa do tipo! Havia sido total imprudência de sua parte. Bem que achara estranho aquela repentina e alegre aproximação de Afrodite nas últimas semanas. A deusa do amor não suportava ficar na companhia de Atena por mais de dez minutos, primeiro porque jamais vencia as discussões as quais ambas inevitavelmente ficavam presas, e segundo porque as duas quase nunca conseguiam concordar em alguma coisa. Era praticamente como ela e Poseidon. E agora parecia claro, que a pseudo-barbie estúpida estivesse ao lado do dito cujo, e tivesse se aproximado dela daquele jeito. Se parasse para pensar, Afrodite lhe oferecera uma bebida antes que Atena voltasse para seus aposentos e desmaiasse na cama. Devia ter desconfiado antes! A deusa também a olhava sempre com um ar cheio de expectativa no rosto, como se ansiasse por alguma coisa que a envolvesse, mas sempre que Atena lhe fazia alguma pergunta a respeito ela desviava. E também havia o fato de que ela a enchera naqueles tempos, com infindáveis questões estranhas e bizarras, que ocupavam uma imensa lista, que começava com sua personalidade e depois variava para seus gostos, preferência, intimidade, super- intimidade, ultra-mega-intimidade e ultra-super-mega-power-plus-adventures-intimidade...


E ela não fazia ideia do por que daquelas perguntas hiper-esquisitas. Pensando bem, ainda não sabia ao certo para que ela usari...


NÃO.


Seus dedos automaticamente pararam de massagear os ombros de Poseidon.


NÃO.


NÃO, NÃO, NÃO.


NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO. NÃO.


NÃO podia ser.


NÃO.


A resposta NÃO podia estar diante do seu nariz durante aquele tempo todo.



Ela NÃO podia ter notado só agora.


NÃO!


Flash Back: On


O sorriso de Afrodite praticamente ofuscava Atena, que, sentada em um amplo sofá da biblioteca, tentava devorar pela vigésima vez “Orgulho e Preconceito”, e esboçava uma imagem completamente oposta a da deusa do amor, por estar sendo interrompida.


Afrodite estava novamente com aquele infeliz caderninho rosa na mão. Desde que começara a fazer perguntas estranhas sobre sua personalidade, no dia anterior, vinha escrevendo desesperadamente naquela coisa felpuda e idiota. Argh. E ainda por cima conseguia deixar Atena confusa.


Ela se sentara ao seu lado com as pernas cruzadas e caneta a postos. Pronta para iniciar com sua incrível e previsível perturbação.


–Qual é seu tipo de roupa preferida?


–Argh, Afrodite! Por que você quer saber esses detalhes idiotas sobre mim, hein?! Tenho certeza que é irrelevante para sua vida!


–Ai, Atena, que mau-humor! Estou apenas interessada na minha deusa favorita depois de mim mesma. –Ela alargou o sorriso, dando-se por completamente inocente. Atena revirou os olhos com o puxa-saquismo. -Vamos logo, fale.


–Sei lá...Vestidos, eu acho. Mas os longos, porém.


–Longos? Hm...-Ela pareceu estar desapontada, mas ia anotando agilmente tudo no caderno.


–E a sua cor favorita?


–Cinza.


–Dia da semana favorito?


–Terça-Feira.


–Tipo de música favorito?


–Clássica.


Afrodite não conseguiu esconder seu descontentamento, contraindo o corpo como se Atena tivesse acabado de ditar algum daqueles textos detestáveis e incompreensíveis que ela adorava ler. Mas precisava prosseguir. Atena estava empenhada em responder, mesmo com sua pouca-vontade. A deusa não tirava os olhos daquele livro ridículo.


–Compositor favorito?


–Hm, Chopin.


–Bebida favorita?


–Chá.


–Chá de quê?


–Ah, sei lá! Frutas Silvestres, talvez.


–Cor de esmalte que você usa com mais frequência?


–Branco.


–Flor favorita?


–Lírios.


–Jóia que...


Afrodite! Chega! Será que você não vê que eu estou tentando fazer algo mais produtivo do que responder suas perguntas idiotas? – Atena inquiriu, descontrolada, sem conseguir esconder a própria irritação.


–Nossa, Atena...Assim você me magoa. Estou querendo apenas conhecer minha família!


–Então vá começar por Ares, ou sei lá quem mais tem paciência suficiente para suportar você! -A loira até se sentiu um pouco grosseira demais com Afrodite, que até então não tinha feito nada tão grave além de irritá-la com seu jeito irritante natural de ser, mas se sentiu feliz porque pelo menos havia conseguido fazer a deusa do amor se levantar, toda empinada, fechando o caderninho rosa como se tivesse sido brutalmente ofendida.


–Isso não terminou aqui, Atena. Precisamos..er, preciso saber muito mais sobre você ainda. –Ela lançou-lhe um último olhar apurado e fixo, que Atena retribuiu indiferente, e em seguida deu de costas, fazendo seus longos cabelos ricochetearem nas costas.


Saiu rebolando pela biblioteca.


–Graças a Zeus! –Atena ficou tão contente por Afrodite ter ido embora e finalmente tê-la deixado em paz com seu exemplar de “Orgulho e Preconceito” que mal se permitiu refletir sobre o quão fora estranho aquele intruso “precisamos” na frase anterior. Ficou perdida no mundo criado por Jane Austen, e nos outros dias foi basicamente o mesmo.


Flash Back: Off


Ela jamais teria feito a mais sutil associação naquele momento. Teve de ser sequestrada, e teve de ter tarefas humilhantes rudemente esfregadas em sua cara para que finalmente se tocasse do que devia ter sido o óbvio das obviedades óbvias desde sempre!


Poseidon trapaceara!


É claro que ele trapaceara!


Era assim que as coisas sempre haviam funcionado com ele. Ele sempre trapaceava. Sempre. Ela que fora idiota de pensar que havia sido diferente daquela vez!


Ele simplesmente a enganara o dia inteiro. O tempo inteiro! Como se ela fosse uma ignorante retardada, acéfala, ou qualquer coisa pior! Grr! Como se ela fosse a criatura mais ingênua, estúpida e idiota do mundo todo! E de fato, ela se sentia assim. Como não podia ter percebido antes?


Ele estava se divertindo sadicamente às custas do que ela não sabia. Mas acontece que ninguém tinha o direito de fazer isso com ela. Ninguém simplesmente elaborava um desafio durante meses com uma ajuda mega-especial, de modo que a vitória fosse premeditada e óbvia. Ninguém a trapaceava dessa maneira tão suja. Ninguém, e muito menos Poseidon!


Atena sentiu uma raiva e ódio tão grandes, juntos, e misturados que por um momento achou que iria explodir com tudo isso literalmente. Parara de massageá-lo há cerca de um minuto, e sabia que ele estava provavelmente protestando, em algum lugar fora de sua consciência de que havia sido trapaceada. Mas não importava. Tudo que ela sentia era aquela explosão, e ela realmente explodiu! Não literalmente, mas quase isso.


O que era uma massagem nas costas nuas de Poseidon, se transmutou para uma sucessiva sequência semi-sincrônica de socos, tapas e arranhões, dos tipos ardidos e altamente dolorosos que quase arrancam pedaços de pele e fazem sangrar. E cada um deles era acompanhado por gritos agudos de histeria e violência. Qualquer um que visse a cena daquele jeito não conseguiria crer que a racional e politicamente correta Atena pudesse ter perdido todo o seu equilíbrio em um lapso de consciência.


Mas foi inteiramente inevitável.


–SEU PEDAÇO DE FEZES DE RUMINANTE FEDIDAS E REPULSIVAS! PEIXE DEFORMADO E FISICAMENTE ADAPTADO A ESGOTOS! PROJEÇÃO DE MISÉRIA, TRAPAÇA, ARROGÂNCIA, ORGULHO, EGOÍS...


– ...QUE PORRA É ESSA, ATENA?


Poseidon também berrou, de repente, por dois motivos:


Os tapas, socos, arranhões e mais toda a bagunça que Atena estava fazendo em suas costas com doses altamente perigosas de força estavam doendo a níveis astronômicos. Não havia como Atena discernir suas palavras se ele não gritasse ainda mais alto do que ela estava gritando/xingando (ou seja, a quase um milhão de decibéis), por um motivo totalmente incompreensível.


–PORRA? A ÚNICA PORRA AQUI, É ISSO QUE VOCÊ CHAMA DE NEURÔNIOS, SEU CANALHA FILHO DA PUTA! EU VOU TE ENCHER DE SOCOS ATÉ VOCÊ PERDER A CONSCIÊNCIA, SEU DESGRAÇADO!


Poseidon simplesmente não conseguia entender a violência e agressividade repentinas de Atena (ela estava berrando como uma surtada e falando palavrões!), mas não precisou raciocinar por mais de um segundo que ela não estava brincando – nem um pouco. E ele não podia deixa-la espanca-lo sem fazer nada.


Inverteu o jogo de forma ágil, enquanto ela socava suas costas consecutiva e dolorosamente, mal ligando para qualquer coisa que ela chamava de pudor – esse Universo não existia mais agora, e tudo que importava era soca-lo, com todas as forças, o máximo que conseguisse. Ela havia subido, literalmente, em cima dele, o que lhes dava uma posição nem um pouco correta, considerando que ela estava realmente sentada em cima de seu corpo. Quando ele virou de costas para cima, isso ficou pior ainda. Não que Atena estivesse se importando ou sequer percebendo isso, ela apenas estava agindo por seus instintos destrutivos e estratégicos, que simplesmente gritavam: destrua o inimigo!


–ACÉFALO, ORDINÁRIO, NOJENTO!


Ela começara a arranhar o peitoral dele até a altura do tórax, o que ardia profundamente mais do que nas costas, e lhe fazia ter vontade de gemer, mas que lhe deu a oportunidade de, numa dessas, segurar os dois pulsos dela, e encará-la nos olhos, que pareciam querer carboniza-lo conforme conflagravam em cinza.


–O QUE FOI QUE EU FIZ, ATENA?!! –Poseidon realmente sentia-se perdido, e tinha que segurar com bastante força os pulsos da loira, que ao perceber que fora pega, começara quase a rosnar para o deus.


–E AINDA OUSA PERGUNTAR O QUE FEZ?! SEU CRETINO! EU POSSO TER DEMORADO PARA COMPREENDER, MAS SUA FARSA SUJA JAMAIS PODERIA DURAR PARA TODA ETERNIDADE! EU SEI QUE VOCÊ FALOU PARA AFRODITE PERGUNTAR CADA MÍNIMO DETALHE SOBRE MIM PARA PODER USAR NO JOGUINHO SÓRDIDO QUE VOCÊ DEVE TER PLANEJADO POR MESES PARA FAZER DE MIM SUA MALDITA EMPREGADA! EU DEVIA ARRANCAR OS SEUS MEMBROS UM POR UM POR ME TER FEITO LIMPAR ESSE LUGARQUE NEM UMA HUMANA, VESTIR AQUELE UNIFORME ESTÚPIDO, TOMAR BANHO E FAZER MASSAGEM EM VOCÊ!!! MAS ESTAREI CONTENTE SÓ EM DESFIGURAR A SUA CARA! PORTANTO, ME SOLTE! AGORA!


Ela começou a lutar contra ele, e Poseidon quase sentiu vontade de ceder. Com aquelas palavras, ela conseguia tornar tudo muito mais ordinário e perverso do que fora. Quer dizer, seus planos não foram assim tão diabólicos. Mas ele não conseguiu parar de sorrir – idiotamente - enquanto ela falava, então ele sistematicamente compreendia a ira da deusa. Mas não ia deixá-la atacá-lo como era sua intenção. Ensurdecê-lo com seus gritos já era bem suficiente.


–Eu não vou soltar, Atena. Você precisa se acalmar. –Ele declarou, como se aquilo fosse a coisa mais absolutamente normal do mundo, e não como se ele estivesse acabando de abaixar a bandeira branca e declarar guerra contra a inimiga.


–EU. DISSE. PARA. ME. SOLTAR! – Ela berrou, já perdendo totalmente o controle, mas com seu corpo todo imobilizado por ele, que de repente, invertera tudo, girara seu corpo contra sua vontade e era ela agora quem estava na parte debaixo, com o joelho dele no meio de suas pernas, e prendendo seus punhos para o alto, de modo que ela estava totalmente imobilizada, à mercê de Poseidon.


Não que isso a comovesse, a fizesse desistir ou mudar de opinião. Nem sonhando. Começou a lutar contra o corpo dele, muito mais pesado, e a forte pressão que ele exercia em seus músculos contra o colchão. Lutou até começarem a vazar gotas de suor pelos fios louros de seus cabelos de tanto esforço, motivada pelo sorrisinho de canto que Poseidon não conseguia apagar enquanto ela tentava se soltar.


–AAAH, ME SOOOLTAAAAAA, NEMATÓDEO ASQUEROSO! ARRGHHH! –Ela começou a se debater, mas realmente, não adiantava nada. Poseidon parecia não estar sentindo nem o esforço dela, e ela começara a perceber o quanto era desconfortável ficarem naquela posição, principalmente com ele daquele jeito: seminu. E ela estava odiando-o tanto naquele momento que poderia assisti-lo sendo empanado e frito numa frigideira, com muito gosto. Até comeria uma pipoquinha para acompanhar o prazeroso filme.


Não. –Ele realmente sorriu, involuntariamente, quando sentiu o desespero odioso que ela emanava. Era como se a parte racional de sua mente, que dizia a ele para resolver aquilo de outra forma, estivesse sendo esmagada por uma outra que desejava com todas as forças contradizer Atena, deixa-la ainda mais furiosa – se isso fosse mesmo possível.


–É ASSIM? TÁ BOM, ENTÃO OK. EU VOU GRITAR.


–Mas ninguém vai ouvi-la, gênia.


–Você vai.


–Mas eu não....


–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!


Poseidon ia dizer que ele não se incomodava nem um pouco com gritos, mas logo após a primeira entonação vocálica da deusa ele soube que se arrependeria se tivesse dito. Sentiu, de repente, uma espécie de desejo desesperador de se jogar de um abismo infinito. Os outros gritos perto desse pareciam melodias para ninar.


Atena berrava como se estivessem mutilando-a - ou algo pior - e até mesmo a resistência física dela não superava a vocálica. Depois de um minuto de grito contínuo, com apenas uma mínima pausa para respirar, ele teve de fechar os olhos e se imaginar numa praia deserta para conter o desejo súbito de não ser imortal. Mas o grito era uma coisa surreal. Incessante.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH! –

Agudo. Terrível. Estridente. Enlouquecedor.


Abriu os olhos. Ela também estava com os cinza abertos, terrivelmente próximos, e satisfeitos. Ela parecia saber que ele estava se incomodando demais, quase afrouxando a pressão em seus pulsos e desistindo. Mas Poseidon era orgulhoso demais. Ele não ia desistir. Nunca.


E com certeza devia haver uma forma de calar um grito, sem utilizar as mãos.


Na verdade, ele sabia muito bem qual era essa forma. Só faltava a coragem para usá-la. Mas Poseidon nunca fora covarde. Jamais.


E não era como se Atena estivesse lhe dando outra opção, gritando daquela forma, quase enlouquecendo-o com sua voz aguda e estridente a quadrilhões de decibéis intermináveis.


–AAAAAAAAAAAAAAH! ...AAAAAAAA- ela estava prestes a começar a dar outro grito, que parecia ser uma tentativa de ser ainda pior do que os outros, mas ela mal conseguiu completa-lo.


E mal conseguiu completa-lo por uma razão.


O silêncio, de repente, ocupou todo o extenso aposento. Tudo que se podia ouvir eram leves respirações ofegantes.


E o rosto de Poseidon, agora, já não estava mais tão distante do de Atena. Assim como o resto de seu corpo. Principalmente seus lábios. Na verdade, agora eles estavam exatamente contra os dela.


(Ele a calara com um beijo.) <?????????



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Notas finais do capítulo

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