- Que saudades, querido. Há eu não agüento isso – chorou – estou tão feliz, nem acredito que está aqui conosco.

- Mas estou mãe – sorri.

- Vamos, entre, leve suas coisas para seu quarto, seu pai foi até o mercado e já volta, Cho está na cozinha, preparando o almoço. – Cho era a única empregada que tínhamos, ela era na verdade da família, não considerávamos ela com uma empregada. Ela foi quem me criou junto de minha mãe, mas a considerava como uma avó, do que uma segunda mãe. Depois de deixar minha mochila no meu quarto, junto com meu violão, olhei em volta, tudo estava como eu havia deixado, desde que estive ali pela ultima vez, tudo com os mesmos pensamentos de um garoto de dezoito anos de idade, com posters, decorações simples, havia mais fotos, sempre gostei muito de fotografia, fui até a parede onde se encontrava mais concentração delas, havia fotos de quando meu time de futebol, ganhou o inter-colegial, aniversários, a foto do baile de fim de ano, e lá estava ela, linda e perfeita em seu vestido branco.

Fui tirado de meus devaneios quando ouvi batidas na porta, pedi eu entrasse e da soleira, apareceu meu pai, com sua face séria de sempre, mas seus olhos estavam felizes em me ver, seguro e consciente.

- Oi. – comecei.

- Oi – disse ele, meio sem graça. Com meu pai, demonstrar sentimentos era um pouco difícil, já que ele ainda não aceitava meu modo de vida aparente. – como está?

- Bem – dei de ombros

- Hn. É...seja bem vindo – assenti

- Obrigado.

- Então...é...bom, estamos te esperando lá em baixo.

- Tudo bem – ele assentiu e me deixou sozinho novamente. Dei uma ultima olhada nas fotos e suspirei.

Cheguei a cozinha, minha mãe sorriu em me ver e vi Cho, virada de costas em minha direção, ela enfeitava, acredito ser um bolo, para a ceia de hoje a noite. Assustou-se quando a abracei pela cintura e beijei sua bochecha.

- Menino, assim você me mata do coração – disse colocando a mão no peito, normalizando a respiração. Eu ria de sua cara e enquanto ela me batia no braço, peguei uma maça posta no balcão e me sentei no banco alto que tinha ali.

Começamos a conversar sobre as coisas que me vinham acontecendo, sobre as fofocas que saiam nas revistas, minha mãe se sentia enciumada quando Cho tocou no assunto das “vadias” que apareciam nas fotos das revistas comigo, mas eu dizia que eram apenas conhecidas. Minha mãe tratou logo de mudar de assunto e eu ria de sua cara emburrada. Meu pai estava em seu escritório, como sempre, e somente nós três estávamos na cozinha, conversando, um ambiente bem animador e bem no clima natalino, fomos interrompidos pela porta da cozinha se abrindo, meu corpo congelou e senti somente que meu coração estava se mexendo, como se ele fosse a única coisa viva em meu corpo, batendo forte e acelerado.

- O mercado estava um caos – disse, sua voz soou como musica em meus ouvidos, mas estava diferente, estava mais voz de mulher, do que a doce voz de menina que me recordava, ela nem havia notado minha presença, ali no canto da cozinha. – ainda encontrei Naruto que Hinata com, Natsuko. Ela estava muito engraçadinha com o gorrinho de Papai Noel... - Meus olhos avaliavam todo seu corpo, estava ainda mais linda e eu me perguntava como isso era possível. Usava uma calça jeans, botas marrons, um casaco de cola alto, da cor branca, seus cabelos estavam maiores e iam até sua cintura. Todo seu corpo, todas as curvas perfeitas, pareciam terem sido esculpidas, pelos deuses, o verdadeiro país das maravilhas. Ela não parava de falar, ma seu nem fazia idéia do conteúdo que saia de seus lábios perfeitos, colocou as sacolas que estavam em suas mãos, sobre a mesa no centro da cozinha. Minha mãe pigarreou e ela parou de falar, olhando pra ela, Sakura franziu as sobrancelhas e olhou minha mãe de forma confusa, Mikoto indicou com a cabeça em minha direção e então ela se deu conta.

Ao encontrar seus olhos arregalados, tentei sorrir, ela sorriu abertamente e veio praticamente correndo em minha direção, me abraçando. Correspondi seu abraço e fechei os olhos, apreciando o mesmo perfume que ela usava, o que nunca saia de minha cabeça, apreciando cada segundo que seu corpo estava junto ao meu.

- Meu Deus – disse ela, se distanciando de mim, deixando meu corpo em chamas pela sua ausência – nem acredito que está aqui Sasuke. Seja bem-vindo.

- Obrigado – sentia meu rosto esquentar e ela desviou os olhos dos meus, parecendo envergonhada.

- O Naruto vai surtar quando souber que está de volta. Como está?

Novamente iniciamos a longa conversa entediante de como era minha vida e como eu a encarava. Sakura se mantinha super interessada e entretida no assunto, enquanto eu parecia desanimado em contar tudo, estava mais interessado em como a vida dela estava, se havia casado, se tinha filhos, esse pensamento, fez com que um nó em minha garganta se formasse.

- Oh, não – sorriu minimamente, quando perguntei – ainda não tive essa felicidade.

- Hn.

- Sakura é professora do jardim de infância – informou-me minha mãe, parecia orgulhosa da Haruno. Orgulho, isso me fez lembra...

- E seus pais? – Sakura ficou séria, seu sorriso radiante havia morrido, isso fez com que me odiasse, por ter tocado em algum assunto delicado.

- Meus pais morreram há dois anos – disse triste. Surpreendi-me com aquela revelação, os pais de Sakura era uns dos amigos de meus pais. Senti-me culpado por tocar naquele assunto e por não está do lado dela quando aconteceu.

- Como aconteceu?

- Foi acidente de carro, eles voltavam de uma festa na casa dos Nara e meu pai havia bebido muito, então...- deu de ombros.

- Sinto muito – disse, senti-me triste por ela e com certa raiva, por meus pais terem escondido esse fato de mim.

- Tudo bem. – tentou sorrir novamente, disfarçando e forçando as lagrimas a não caírem.

- Então...como é ser professora? – tentei mudar de assunto e acho que funcionou, pois sua animação havia voltado.

- A melhor coisa do mundo. - Ficamos conversando sobre banalidades, relembrando os velhos tempos e gargalhamos ao lembrar-se de quando éramos adolescentes, de nossas travessuras. – Naruto casou com Hinata – disse, logo depois mordeu um pedaço da bolacha.

- Eu sabia que esse Dobe ia casar com ela – bebi mais um pouco do chocolate quente, ela assentiu.

- Eles tem uma filhinha de dois anos, Natsuko, ela é muito linda. Parece muito com o Naruto no jeito e os olhos, mas todo o resto puxou Hinata. – sorri, gostaria de vê-los antes de ir embora. – Shikamaru também casou com Temari.

- Não acredito – disse surpreso – Ela colocou ele na rédea? – Sakura gargalhou.

- Depois que você foi embora, eles começaram a sair. Shikamaru e Temari foram pra faculdade juntos e voltaram noivos, depois casaram eventualmente e agora ela está grávida de cinco meses.

- E Ino e Gaara?

- Esses dois continuam juntos. Casaram-se há pouco tempo, mas continuam brigando – sorriu

- Nossa parece que todo mundo se arranjou – Sakura assentiu, mas parecia triste. Levantou-se da cadeira que estava sentada, diante de mim e pegou sua caneca, indo até a pia, lavando-a. Notei que estávamos sozinhos na cozinha, nem havia percebido que Cho e minha mãe haviam nos deixado ali.

- Bom, tenho que ir – disse, depois de lavar a caneca, já lavada, virada pra baixo sobre o pano de pratos. – tenho que arrumar umas coisas...em casa, mas volto mais tarde – sorriu. Eu assenti e a vi sair pela porta.