POV Annabeth

Hoje é sábado. Fazem três meses que descobrimos sobre a porcaria de aposta. No começo confesso que não acreditei que Percy realmente estivesse dentro dessa, mas depois fui acreditando. Depois Thalia ainda teve a ideia genial de se vingar dos meninos. Eu nunca quis fazer isso, mas acho que se eu me opusesse aquilo as meninas iam meio que ficar emburradas comigo e eu sinceramente não gosto disso.

Bom, nesses três meses nós continuamos meio que na mesma. Eu estudei até quase perder os dedos de tanto escrever resumos das matérias. Percy e eu estávamos juntos quase todo o tempo, até quando eu tentava estudar, e digamos que estamos nos dando bem, bem até demais pro meu gosto, isso dificulta tudo, droga.

Luke e Thalia estão lá na frente, sempre juntinhos, se pegando, etc, etc, etc. Luke com certeza está apaixonado pela morena, esses dias eu vi ele escrevendo um poema, quando eu li, digamos que deu pra perceber que era pra ela, eu fiquei com aquela típica cara "What?". Mas não acho que Thalia esteja tão na dele assim, mas ela também não está totalmente desenrolada do loiro.

Megan e nico, nem vou comentar, porque eu não compreendo a relação deles. Ponto final nesse assunto.

Mesmo assim, com a vingancinha secreta, a convivência está bem tranquila. Eu fiz amizade com Nico, ele é um cara bem legal, gosta das mesmas coisas que eu, e me lembra meu antigo melhor amigo. Saudades dele, snif snif snif.

Eu tenho falado com a minha mãe utimamente. Ela disse que a empresa de arquitetura está passando por algumas turbulências, e que minha irmã, Katie, está cada vez mais histérica, meu pai sumiu do mapa (pra variar) mas ela acha que logo ele vem me vizitar aqui em Los Angeles, o que eu quero muito que não aconteça.

Tá parei com a coisa de recapitular. Agora eu estou na sala de estar lendo uma revista em quadrinhos. Adoro quadrinhos.

-Oi Annie. -Nico se joga no sofá ao meu lado.

-Oi Nico. -resmungo sem tirar os olhos dos desenhos.

-Para de ser nerd, larga esse manga. - ele joga minha revista debaixo do sofá e senta em cima.

-Nerd? Olha quem fala!!!

-Nem vem loirinha, nós já conversamos disso antes, você é a nerd da nossa relação. - ele ri.

-Humpf. Não preciso dessa relação mesmo. - brinco.

-Eu sei que você me ama vai, sou seu melhor amigo.

-Se acha, só porque te dei um colarzinho de Best friend. - dou língua.

Ficamos rindo por um tempo, até que Megan chega, se pega com Nico por alguns minutos e depois pergunta se ele pode subir pra ela conversar comigo. Logo que o moreno sobe Thalia aparece da cozinha e senta no tapete.

Isso é uma reunião da CIA ou o quê?

-Que aconteceu? - pergunto pegando minha revista de volta.

Mais uma vez a coitada é jogada para longe, mas dessa vez foi Megan a autora do massacre a revista. Gente sem cultura, fica acabando com mangás.

-Chegou a hora. - diz Thalia.

-Hora do quê? - pergunto, e depois me lembro do que elas estão falando. - Vocês vão ter coragem?

-Claro.

-Manda. -digo me ajeitando no sofá para escutar o grande e maléfico plano de Thalia Grace.

-É o seguinte. Tenho certeza que os três já estão morrendo por cada uma. Então... Vamos acabar com a festa deles. Vamos contar que sabemos que eles apostaram, e que só estávamos brincando com eles, do mesmo jeito que eles estavam fazendo com a gente.

-Depois disso é ignorar geral. - completa Megan.

Engulo em seco. Não sei se consigo fazer isso. Por mais que eu queira negar Percy me enfeitiçou, ele me prendeu de uma maneira nova. Percy é o tipo de cara que não se conhece a qualquer hora, muito menos em qualquer lugar.

Por mais que eu não queira acreditar estou apaixonada pelo cara da praia, o cara que me beijou pela primeira vez brincando, e na segunda pediu permissão. O cara que faz meu mundo girar e meus pés saírem do chão.

-Então apertem o botão de play. - diz Thalia. Ela sobe as escadas, e eu simplesmente não quero ver isso.

Megan também sobe, e alguns segundos depois sua cabeça pende para trás e ela gita pra mim:

-Vai logo Annie!

-To indo. -resmunguei.

POV Luke

-Prova de alemão dos infernos! - resmungo batendo no livro com a régua.

-Ei gato, pra que tanta raiva?- Thalia entra no quarto e senta na cama.

-Prova de alemão.

-Hum... -pausa. - Então, uns tempos atrás eu ouvi você conversando com o Nico e com o Percy... - comenta ela.

Decido largar a porcaria da apostila lá em cima e vou me sentar ao seu lado. Ela senta com as pernas parecidas coma de um índio e vira o corpo para mim.

-O que você ouviu? - pergunto distraidamente.

-Que vocês iam parar com uma tal aposta de nos levar pra cama. - sua expressão não é mais calma, é fria e travada. Meu corpo congela. Meus olhos se arregalam e eu não consigo dizer uma só palavra. - Isso mesmo, eu sei, e as meninas também.

-Por que não brigou comigo log de cara? - pergunto cauteloso.

-Porque eu achei que você deveria sofrer um pouco.

-Do que está falando.

-Eu estava gostando de você, sim isso é uma coisa extremamente rara, mas eu estava, aí eu descobri essa história, e digamos que sou meio vingativa também.

-Quer que eu sinta como foi pra você? - ela sorri friamente e sai do quarto.

Permaneço parado sobre a cama, mas meu tronco pende para trás. Coloco as mãos sobre os olhos. Não consigo acreditar nisso. Tem noção de que Thalia Grace foi a única menina que conseguiu despertar alguma coisa parecida com um sentimento em mim??? Percebeu a gravidade do problema.

Nunca passei por uma decepção amorosa ou qualquer coisa parecida com isso, sempre achei que fosse coisa de viado, mas parece que minha percepção das coisas mudou um pouco. Tem que ser muito forte para aguentar esse aperto no peito.

-Stop let me correct it. - digo um pedaço de minha música favorita.

Meus olhos queimam, mas a última coisa que vou fazer é chorar. Luke Castellan não chora.

A expressão triste é substituída por uma fria. Me levanto, pego minha carteira e a chave do carro. Desço para a garagem, entro no camaro e dirijo para o primeiro bar que encontro na minha frente. Compro dois engradados de bebida e vou para uma praia perto de casa.

Porque sentimentos são uma droga, inúteis e viciantes, se você entra na deles nunca mais consegue sair, e o único remédio que eu conheço é uma boa garrafa de álcool.

POV Nico

Depois que Megan pediu para mim subir eu fui para o quarto dela, e eu ainda estou aqui.

Estou lendo algumas composições dela. A morena compõe muito bem, e eu gostaria muito de ouvir ela cantando alguma delas.

De repente vejo uma. Se chama "sweet lie". Doce mentira. Começo a passar os olhos pela letra. Foi escrita a mão, e parecia um tanto revoltada. No final da linha estava escrito para Nico di Ângelo.

Por que ela escreveria isso pra mim?

"Foi bom enquanto durou.

Você realmente parecia certo pra mim.

Parecia o cara que levantaria meus pés do chão enquanto me abraçava forte.

Mas só parecia, não é?

Tudo aquilo.

Uma doce mentira.

Não passaram de palavras vazias e ações planejadas.

Pena que eu seja tão propensa a acreditar em mentiras.

Tão tola a aponto de deixar seu sorriso divertido guiar meus pensamentos.

Me diz que tudo era verdade e você leva um tapa.

Me diz que você se arrepende de tudo que leva outro.

Chega de mentiras, chega de ilusões.

Você chegou, me enganou e ainda se acha no direito de ganhar um beijo de despedida.

Então, se você não quer ter um final tão triste quanto uma chuva com relâmpagos, sai do meu caminho antes que eu mesma o tire.

Tudo aquilo.

Uma doce mentira.

Foi apenas uma doce mentira.

A única coisa que me entristece é saber que eu fui tão facilmente enganável.

Que me entristece é o fato de você saber que me tinha e simplesmente continuar indiferente.

Me entristece saber que nunca te conheci de verdade

Porque foi tudo uma doce mentira."

Alguém abre a porta bruscamente. É Megan. Eu não consigo pensar em nada no momento. Ela escreveu tudo aquilo e depois dedicou a mim. Por quê?

Ela olha para o papel em minhas mãos e por um minuto também fica sem palavras. Mas logo ela volta à situação e sua expressão paralisada da lugar a um sorriso sarcástico.

Estendo o papel a ela com uma cara interrogativa. Ela o pega e começa a tocar acompanhada do violão.

Mesmo sabendo que tudo aquilo de alguma forma era pra mim, eu me perdia em sua voz e em seu ritmo suave. Às vezes ela fechava os olhos com força e depois voltava a abri-los como quem reprime uma lágrima.

A última nota é tocada e ela levanta a cabeça na minha direção.

-Espero que tenha entendido.

-Mais ou menos. - confesso.

-Eu sei da aposta Nico.

-Aposta? Como ficou sabendo disso?

-Não interessa. A única coisa que interessa é que eu sei, e não quero mais você na minha vida.

-Há quanto tempo você sabe? - digo frio.

-Alguns meses.

-Meses? -levanto as sobrancelhas. - E você continuou me tratando como se nada tivesse acontecido? Como que uma revanche?

-É. - ela sorri friamente.

-Não achei que você fosse assim.

-E eu achei que você não seria capaz de apostar uma coisa daquela. - retruca ela. - Você não é a vítima aqui Di Ângelo.

-Parece que não tem mais vítimas. Estamos quites. - murmuro saindo do quarto.

Vejo Luke passando como um raio pelo corredor. Ouço seu carro arrancando. Faço o mesmo o sigo até a praia. Ele desce dois engradados de bebida e senta debaixo de um guarda-sol. Me sento ao seu lado e pego uma garrafa de bebida. Ele parece não ter percebido minha presença.

-Elas descobriram. – murmuro alguns minutos depois, mesmo momento que acabo minha primeira garrafa.

-Nico? Que tu tá fazendo aqui mano? – Luke quase joga a garrafa na minha cara com o susto.

-To aqui já faz uns dez minutos bebendo do seu engradado. – reviro os olhos.

-Ah. Bom, é, elas descobriram. – ele dá esse assunto por terminado e ficamos bebendo por uns quarenta minutos.

Quando aparece um Percy molhado pela água do mar com uma prancha sob o braço. Ele sorri acena para nós.

-Por que tão bebendo na hora na almoço? – ele se senta ao meu lado debaixo do guarda-sol.

-Ainda não recebeu a bomba?

-Que bomba?

-Já falou com a Annie hoje? – pergunto.

-Não.

-Então, não vai saber porque estamos bebendo. – viro meia garrafa na boca.

-Podem me contar então.

Eu conto toda a historia enquanto Luke nem se dá ao trabalho de perceber que Percy está ali. Pelo jeito essa coisa de coração mexe demais com ele. Ou talvez seja porque ele nunca sentiu algo parecido antes.