“Bufei, céus, como essa garota é idiota.”

Sasuke Uchiha:

Olhei para os lírios. Ino poda ser uma idiota sem cérebro, mas que era boa no que fazia, isso eu não posso negar, o arranjo de flores que a loira fez para mim estava simplesmente maravilhoso. No meio do caminho, surgiu uma ventania dos infernos que ameaçava destruir os alvos e delicados lírios e eu para protegê-los, eu tentei aconchegá-los dentro da minha jaqueta. Agora que eu cheguei no hospital, estou parando para pensar em como eu parecia ridículo fazendo aquilo e agora sei o porque das pessoas me olharem tanto enquanto eu andava.

Bem, mas isso não importa mais, o importante é que eu cheguei no hospital ainda no horário de ver Sakura. Passei direto pela balconista, já que a mesma já me conhecia e sabia o que eu ia fazer ali. Fui direto para o quarto da rosada, mas como sempre antes de entrar, eu hesitei, passei as mãos no cabelo e pigarreei enquanto ajeitava a minha roupa, eu sei, pareço um pré-adolescente idiota, e ainda mais idiota porque Haruno nem está acordada para ver qualquer desleixo com a minha aparência... Suspirei e abri a porta do quarto devagar e sorri ao ver a ninja.

Ela já estava bem melhor de quando eu me lembrava, já haviam tirado os equipamentos de seu corpo, e sua expressão estava bem corada e saudável, além de que sua respiração estava tranqüila, como se estivesse apenas dormindo pronta para acordar por qualquer barulho... Me aproximei devagar e coloquei as flores na cabeceira ao lado da cama e puxei uma cadeira para ficar ao lado da garota e comecei a falar:

—Você anda perdendo muita coisa, Sakura. Precisa acordar logo para fofocar com a Porca, por que ela deve ser melhor e ter uma entonação mais emocionante para tagarelar sobre a vida alheia...

Ok, você pode me julgar como quiser, afinal de contas, quem seria o estranho a conversar com um paciente impaciente? Bem, eu! Pelo menos é melhor do que ficar a encarando como se fosse uma espécie de maníaco, sei lá, parece ser mais confortável conversar, mesmo que ela não me escute...

—Bem, por onde que eu devo começar?... Ah, dessa você vai gostar, o idiota do Naruto finalmente chamou a Hinata para sair, não sei dos detalhes, mas Neji me falou que sua prima estava insuportavelmente animada e com a cabeça nas nuvens, mas ninguém pode culpar a menina né... Ah, ontem eu visitei o orfanato com Hinata e Naruto, afim de ver a Miku. Sei que você anda preocupada com ela, assim como eu, mas para o nosso alívio, aquela pirralhinha está muito bem, continua sapeca e ligada no 220 volts.—Falei dando um sorriso de lado, me lembrando da risada alta e gostosa da pequena garotinha.— O único problema é que ela arranjou um “amiguinho”...—Murmurei, me lembrando de um garotinho loiro, dos olhos acinzentados e que infelizmente, vivia grudado com a moreninha.—O nome dele é Arata, mas a Miku está com a mania ridícula de chamá-lo com o sufixo “kun”. É tão irritante, sabe?—Olhei a face serena da rosada e consegui imaginá-la adorando o tal de Arata, seria mais uma a chamá-lo de “Arata-kun”.—Não, você não sabe, na verdade você iria adorar aquele sorrisinho que eu acho irritante e iria achá-lo um príncipe de tão educado. Sinceramente, ele não é um menino ruim, confesso, mas só não o quero perto da Miku, ela é tão... tão...—Falei tentando achar alguma palavra que se encaixava na sentença, mas não encontrei nenhuma que servisse no meu vasto vocabulário.— Enfim, Naruto adorou aquele moleque, acho que os dois devem ter a mesma idade mental, sei lá.—Falei dando de ombros, sentindo que eu deveria falar a parte chata da minha visita para o orfanato.—Bem, a Miku meio que perguntou onde você estava e por que ainda não havia ido visitá-la também... Está ficando complicado mentir para ela, aqueles olhinhos tristonhos, é claro que eu falo que você está trabalhando e tal, mas ela é esperta, vai acabar descobrindo logo, o que não vai ser nada bom, ela não pode te ver assim.— Eu toquei a mão gélida de Sakura, e a afaguei.— Bem, acho que todo mundo te quer de volta, a Miku sente sua falta, Ino vive dando uma fugida e vindo aqui quando trabalha, Naruto me pergunta toda hora sobre você, chega até a irritar... E até aquela sua tia que vive distante está enviando cartas lá para casa, e tendo tantas eu tive que responder algumas, até que ela é legal, mas está bem preocupada com você. Bem, a casa está diferente sem você... Principalmente a cozinha.—Disse dando uma risadinha forçada, e eu me senti um idiota por falar aquilo, como se Sakura fosse apenas uma empregada domestica.—Pode acreditar, cozinhar não é um dos meus dotes culinários...— Eu fiquei em silencio, pensando o que eu poderia dizer a seguir, mas nada me veio em mente, só o aperto no meu coração, eu me aproximei do rosto da rosada e antes de beijar carinhosamente a testa dela eu falei:— Sério, eu estou com saudade de você.

—Espero que você não tenha destruído a minha cozinha, Uchiha...—Sussurrou uma voz feminina e rouca, como se há muito tempo não a usasse.

Surpreso, me afastei, sendo encarado por um par de orbes esverdeadas que me encaravam com vivacidade. Ao ver a minha expressão, a Haruno sorriu com diversão, e aquele sorriso era como o de um anjo, da minha salvação. Guiado pela vontade de vê-la bem, eu avancei para cima dela e a abracei com força, querendo mantê-la ali para sempre...