“O ninja fez uma careta, como se quisesse retrucar algo, mas não o fez, e vendo que não teria argumentos para rebater ele me obedeceu e se levantou do chão. Sabendo que teria que ir embora, Sasuke olhou pela última para a garota e seus olhos estavam fixos na mão delicada e feminina de Sakura, enquanto os dedos de sua mão se moviam, como se o moreno tocasse uma espécie de piano no ar. Ele visivelmente hesitava em tocá-la, mas minha presença ali o impediu e com um suspiro, meu paciente finalmente saiu do quarto da Haruno.”

Sasuke Uchiha:

            Eu andava lentamente, arrastando meus pés, chutando as pedrinhas que apareciam no meu caminho.Meus pensamentos, ao contrário do meu corpo, divagando em uma velocidade impressionante.

             O vento gélido lambia minhas costas, e em um gesto automático, eu me encolhi dentro de minha jaqueta de couro, mas ainda assim, nada tirava uma certa flor de cerejeira da minha mente.

            Há poucos dias eu havia recebido alta, para minha infelicidade. Confesso que fingi ter quaisquer doença e alergias possíveis, desde Acantose Nigricans até Gripe, mas a maldita da Ino é muito competente no que faz e logo aquela loira encalhada descobriu todas as minhas mentiras e já não agüentando mais ver minha cara naquele hospital (a propósito, deixo bem claro que esse sentimento é mútuo) me despachou para longe daquele prédio, exibindo um irritante sorriso e um aceno falso, como se desse graças a Deus pela minha ida.

            Puxei a manga da jaqueta para ver o relógio e me assustei com as horas que os ponteiros mostravam, e apertei o passo, antes que perdesse a hora da visita no hospital. Minha pressa somada com a distração de uma criança, acabou com um “encontrão” entre a gente.

            A menininha pediu desculpas e seguiu seu caminho, carregando em sua pequenina mãozinha, um perfumado lírio branco. Meus olhos se prenderam naquela flor, e uma onda nostálgica invadiu a minha mente, a inundando de lembranças.

            Lembrava-me de quando ficava no hospital e a rosada trazia sempre um lírio branco, e toda vez que eu acordava, sentia o cheiro daquela adorável flor. Automaticamente, eu virei minha cabeça procurando uma floricultura por ali perto, e felizmente encontrei a floricultura dos Yamanakas.

Na vitrine, várias flores se exibiam delicadamente, cada uma encantava cada vez mais clientes. Como uma criança, eu contemplei os grandes e belos lírios que havia ali dentro e esquecendo temporariamente a minha antipatia pela ridícula da Yamanaka, eu entrei na loja, minha presença sendo logo denunciada pelo agudo sino acima da porta.

A loira estava de costas para a porta, preparando algum arranjo floral, mas disse:

—Seja bem vindo!—A ninja se virou e quando me viu, seu sorriso murchou e sua cara azeda se revelou enquanto ela me olhasse como se eu não fosse “bem vindo” ali.— Ah... é você.—Murmurou.

            —Vim aqui para comprar um lírio, anda logo.—Disse tirando uma cédula da carteira, mas Ino se manteve onde estava, como se não tivesse me ouvido.—O criatura, você é surda por acaso?—Falei sacudindo a cédula na frente do rosto da loira que revirou os olhos e pegou a cédula com força, indo pegar a flor que eu pedi.

            Poucos segundos depois, a médica voltou com um lírio bem grande e aberto, distribuindo seu perfume.

            —Sabe no que eu estava pensando?...— Cantarolou a garota, mas eu a ignorei, já pegando a flor e indo embora.—Espero que a Sakura goste do lírio!—Gritou Ino antes que eu saísse.

            Bufei, céus, como essa garota é idiota.