Infelizmente Juntos escrita por Luangel


Capítulo 34
Meu amor


Notas iniciais do capítulo

Oiê! Tudo bem com vocês meus amados leitores? ^^ Peço desculpas pela demora mas é q tive um bloqueio criativo tenso demais, mas agora eu consegui fazer um capítulo grandão ^-^ ah, o titulo é o nome da musica q aparece no cap e é da Sai. Boa leitura para vocês meus amores! o/



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“—Eu também te amo meu filho. Seja bem-vindo de volta.”

Sakura Haruno:

Suspirei com alivio, ao ver o ultimo civil abandonar o recinto. De súbito, uma risada histérica cortou o ar e quando me virei, vi Sasuke de joelhos, totalmente vulnerável a qualquer ataque. A ruiva se aproximou perigosamente do moreno e deu-lhe um peteleco estalado na testa e o Uchiha tombou com a cabeça para trás, caindo logo em seguida de forma estrondosa contra o chão, como se fosse apenas uma casca vazia.

—O que você fez?— Gritei enquanto a garota ria ruidosamente, já se aproximando novamente dele, e dessa vez, algo me diz que ela não vai dar só um peteleco.

Ao ouvir meu grito a ruiva se virou para mim e bateu palmas como se fosse uma criança pequena, só que uma criança doida, histérica e altamente perigosa.

Ela passou a língua pelos lábios e disse:

            —Era isso que eu queria ver!—Exclamou animada.— Sua expressão, sua linguagem corporal, sua áurea denuncia o seu desejo, denuncia a deliciosa fúria que corre por suas veias nesse exato momento!

Irada, eu dei um violento soco contra o chão, fazendo o mesmo se abrir em uma fenda funda e nem um pouco tentadora, do teto, fios de pó caíram sutilmente no chão, confirmando que eu abalara a estrutura do prédio com meu golpe mas a maldita ruiva ainda se manteve bem.

            Mesmo no meio desse pandemônio, Sasuke continuava no chão, caído, inerte, inconsciente e da distancia de onde eu estou, não sei dizer se ele está bem ou não.

            —Seu estilo de luta é tão... Deselegante.—Reclamou a mulher, limpando o pó de sua roupa.

            —O que você fez com Sasuke?!—Rosnei e a ruiva me olhou com um sentimento que quase parecia compaixão, mas na verdade ela me olhava como se eu fosse patética, o que me deixou ainda mais irritada, se é que isso é possível.

Meu corpo tremia, e mesmo odiando admitir, a mulher estava certa e a fúria pulsava em minhas veias, corroendo meu corpo e minha mente.

Por causa da minha raiva, meus pés acabaram afundando o piso onde eu estava e a ruiva percebeu isso e respondeu a minha pergunta com descaso.

            —Bah, deixe-o sonhar um pouco, Sakura-chan! Só ele sabe o quão agradável está esse sonho...—Murmurou com um sorriso estranho no rosto.

Aquela frase foi como um fósforo em um barril de combustível altamente inflamável e infelizmente fui guiada pela minha fúria, partindo para o ataque direto com minha Kunai.

A ruiva facilmente desviou deixando sua guarda aberta e foi então que eu aproveitei, lançando uma senbon contra ela, e esse ataque felizmente surtiu efeito, acertando o braço da ruiva que gritou de dor.

            —Ora sua vadia!—Urrou, arrancando a agulha de seu braço e a jogando no chão.—Não serei mais bondosa com você, rosada!

A mulher sacou uma lança e investiu contra mim, e se eu não tivesse desviado a tempo, ela ia fazer mais do que um corte pequeno em meu rosto. Ao ver o filete de sangue manchar meu rosto de escarlate, a mulher arregalou os olhos de prazer ao ver a ferida.

            —Eu não vou deixar mais nem uma gota de sangue nesse seu corpo.—Falou manejando a lança com habilidade por entre seus dedos.

Passando a mão em meu rosto, eu limpei o sangue da melhor forma que podia e a ataquei com o meu poderoso taijutsu e assim a luta transcorreu, a lança cortava a minha carne, enquanto meus golpes quebravam-lhe os ossos, mas nenhuma das duas hesitava em lutar, nenhuma das duas admitiria a derrota ou mais uma luta adiada, não seria como da outra vez.

            Estávamos ofegantes, o sangue se misturava quando caia no chão e nossos membros tremiam devido a força que ambas aplicávamos aos nossos braços. Minha kunai estava em uma luta contra a lança da ruiva, e sinceramente eu não sabia ao certo há quanto tempo estávamos nisso. Comecei a forçar a kunai para frente, fazendo com que minha oponente não pudesse fazer mais do que andar para trás. De súbito, seus olhos amendoados se arregalaram de medo e eu não contive meu sorriso de prazer ao ver aquilo, mas a expressão dela logo mudou para a arrogância e loucura de antes.

            —Não conte assim tão cedo com a vitória.—Disse sorrindo de modo diabólico.

            Lentamente, uma fumaça roxa escapou por entre seus dentes alvos e quando ela gargalhou, a fumaça acertou em cheio o meu rosto com seu odor adocicado e irritante. Tossi e minha cabeça pareceu ficar leve como um balão, como um balão envolto de uma tempestade cruel.

            —Sakura-chan?—Ouvi uma voz calorosa e amável que há muito tempo eu não ouvia.

            —P-Papai?—Sussurrei ao ver o Haruno estender a mão para mim e sorrir do mesmo jeito que ele sorria em minhas lembranças mais amadas.

            Lágrimas de saudade se acumularam em meus olhos, eu desejava tocá-lo, abraçá-lo e beijá-lo, ter aquela segurança paterna de que tudo vai ficar bem novamente.

            —Venha minha florzinha...—Sussurrava o ruivo e eu caminhava até ele, como se estivesse hipnotizada, sendo guiada por minhas memórias felizes.

De súbito, as orbes verdes de Ichiro brilharam de uma forma que eu nunca havia visto antes. Era um brilho sombrio e que não lembrava em nada o meu falecido pai. Falecido. Essa palavra me acertou em cheio como um soco no estômago. Afinal, meu pai estava morto, ele não estava ali...

            A risada maléfica da ruiva perturbou a minha mente e a imagem de Sasuke vulnerável do jeito que estava me vez parar de andar até o ruivo.

            —Sakura-chan...—Chamou Ichiro, balançando a mão que ele havia estendido para mim, me incentivando a avançar até ele.

Mas agora, por mais que eu o visse como o rosto e o corpo de meu pai, eu conseguia enxergar a áurea negra que o cercava, que se projetava como uma aranha, com sua patas nojentas querendo me pegar. Seus olhos estreitaram, como se começasse a ficar desesperado por não me ter consigo e o brilho sinistro que havia em suas orbes agora era amplamente visível.

            —Você não é o meu pai.—Disse com firmeza, disparando a única arma que tinha em mãos, a kunai.

            Quando a lâmina o atingiu, não houve sangue, a imagem de meu pai simplesmente se dissolveu num redemoinho feroz e eu estava novamente no salão semi destruído. A ruiva me encarava com perplexidade que logo se tornou cólera, que foi demonstrado num ataque brutal. Eu tentei me defender, mas a minha ferida inicial era profunda e somada junto as outras resultou numa defesa falha que foi facilmente ultrapassada pela ruiva. Meu corpo se chocou violentamente contra as paredes, fazendo com que eu cuspisse sangue, para o deleite de minha inimiga. Ali naquele chão, mesmo longe do moreno, eu conseguia ver suas expressões faciais, e incrivelmente eu nunca o havia visto tão sereno antes.

            Seus lábios se repuxaram em um sorriso amável que eu nem sequer sabia que poderia existir em seu rosto. Suas pálpebras se moviam com rapidez, mas não se abriam, eu poderia jurar que ele estivesse... Em um sonho. A ficha caia como as gotas do meu sangue e juntando todo o meu fôlego eu gritei.

Sasuke Uchiha:

            O delicioso chá, preparado por minha mãe queimava quando descia por minha garganta, mas eu não me importava e logo tomava mais outro gole fumegante.

            —Vai acabar queimando a língua desse jeito.—Disse minha mãe passando a mão por meu cabelo.

            —É que faz muito tempo que eu não tomo o seu chá, eu só...—Disse olhando para o meu reflexo no líquido escuro e fumegante.— Queria matar a saudade, sabe?

Um silencio desconfortável pairou pelo ar assim como a fumaça que saia do bule. Com um suspiro a mulher se levantou de sua cadeira veio atrás da minha cadeira e me abraçou, me pegando de surpresa.

            Sua cabeleira negra cobria meu rosto e sua respiração quente fazia cócegas em meu pescoço frio, eu me mantive quieto, como se qualquer ação minha pudesse destruir aquela sensação de segurança e nostalgia que percorria meu corpo.

            —Bem, agora você nunca mais vai sentir saudade.—Disse antes de dar um beijo estalado em minha bochecha.

Sorri de lado, eu não sentiria mais saudade, nem dor, nem solidão e nem ódio, eu me sentia calmo e feliz assim como a minha mãe. Eu a observei enquanto ela lavava louça e minha mente divagava na minha felicidade que agora sentia e que há anos eu desejava, isso pode soado um pouco estranho e meloso demais, eu admito, mas é assim que eu estou me sentindo.

            De súbito eu senti como se algo faltasse, como se num jogo de peça cabeça incompleto, a última peça não se encaixava entre as demais. Franzi o cenho, tentando me lembrar de algo que havia deixado para trás, mas nada me vinha à mente. Minha mãe se preocupou com minha expressão e se aproximou enquanto secava as mãos e um pano de prato qualquer.

            —Algo de errado, filho?—Indagou franzindo o cenho.

            —Não, não é nada demais, mas é que...—Disse lentamente e foi então que eu vi.

No pano de prato onde a morena havia secado as mãos havia um desenho que chamou a minha atenção.

            De caules finos, saiam delicadas e belas flores de cerejeira que decoravam lindamente o pano de prato, o que deveria ser só um desenho simples de um simples pano de prato para mim representava algo bem mais complexo.

            —Sakura.—Falei subitamente, a palavra estava quase enganchada em minha língua.

            —O que?— Indagou Mikoto, como se não tivesse entendido o que eu havia dito, mas eu me mantive em silencio, tentando ordenar meus pensamentos e tentando descobrir de onde eu havia tirado aquela “necessidade” de Sakuras.

            —Sasuke!—Ouvi uma voz feminina gritando, e agitado eu me levantei da cadeira, deixando que a mesma caísse ruidosamente contra o chão, assustando também minha mãe.

            —Filho!—Repreendeu minha mãe, pegando a cadeira do chão.—Você está começando a me assustar...

            —Shhh.—Falei, colocando o dedo indicador na frente de meus lábios, ao ouvir outro grito por meu nome.—A senhora não está ouvindo?—Perguntei segurando pelos ombros de minha mãe e ela negou freneticamente com a cabeça, me olhando como se eu estivesse louco ou algo do gênero.

            —Sasuke Uchiha, seu noivo maldito, acorda agora!—Gritou a voz, sua voz beirava ao desespero.

            Olhei para a porta, vendo que os gritos vinham dali. Tudo aquilo era como uma bomba para o meu cérebro, as vozes, as flores e de repente a bomba explodiu em imagens da rosada e então me recordei de que estava preso em um genjutsu. Com passos largos eu caminhei até a porte, mas quando eu finalmente coloquei a mão na maçaneta, algo me impediu de sair. Mikoto segurava o meu pulso com força, tentando me impedir de sair, mas é obvio que se eu quisesse, somente um empurrão a distanciaria de mim, mas eu não queria, eu não tinha coragem de fazer isso, mesmo sabendo que ela faz parte de um jutsu, mesmo sabendo que ela não existia de verdade.

            —Por favor filho, não saia, você acabou de chegar...—Suplicou, seus olhos negros estavam marejados.

            —Eu tenho que ir.—Disse depois de desfazer o nó que havia se formado em minha garganta.

            —Porque? É tão cedo...—Disse já chorando.

            —Minha noiva precisa da minha ajuda agora, mãe.—Falei e os olhos dela se arregalaram de surpresa.

            —O que disse? N-noiva? Você tem uma noiva?—Indagou, perplexa.

            —Sim, e ela está precisando muito da minha ajuda agora.—Disse lentamente, como se estivesse falando com uma criança pequena e frágil.

            Lentamente ela foi me soltando e murmurou:

            —Como eu estou velha, daqui a pouco eu serei vovó...

Mesmo estando num jutsu eu não pude deixar de me sentir desconfortável com a fala de Mikoto, mas me mantive quieto.

            —Então vá ajudar sua noiva, esse é o seu dever de noivo.—Disse com a voz tremula de quem logo, logo iria desabar em uma cascata de lágrimas.—Só me prometa uma coisa.

            —Qualquer coisa.—Disse já começando a ficar preocupado com a Haruno, já que seus gritos haviam cessado.

            —Quero conhecer meus netos, hein.—Falou com um sorriso enquanto lágrimas começavam a escorrer por seu rosto e percebi que ali minha “mãe” nem tinha noção que nem estava mais viva, mas mesmo assim eu assenti e abri a porta, enquanto todo aquele ambiente ao meu redor se dissolvia num redemoinho violento, mas mesmo assim eu jurava ter ouvido minha mãe dizer:

            —Vou sentir saudade.

Sakura Haruno:

            —Sasuke Uchiha, seu noivo maldito, acorda agora!—Gritei com a voz rouca e desesperada.

            A ruiva ria e se aproximava cada vez mais perto de mim, infelizmente todas as minhas Senbons haviam sido usadas para retardar a chegada dela, mas devido ao meus ferido e ao jutsu que me deixara ainda meio tonta, a minha mira realmente não estava das melhores. A melhor coisa que eu havia conseguido fazer era quebrar a lança dela ao meio, ficando com uma metade, que infelizmente não era a que tinha lâmina, então digamos que não foi muito proveitoso. Como num último recurso quase suicida, eu me sentei em posição de lótus e comecei a fazer a minha invocação.

            —O que você está fazendo?—Zombou minha inimiga.—Uma última prece á Deus?

Eu a ignorei, me mantendo concentrada em meu chackra e na minha invocação. De súbito, o chão tremeu com violência, fazendo com que a ruiva até caísse de forma engraçada no chão. Da rachadura do chão que havia socado anteriormente, grossas e irregulares raízes saíram, tomando conta do salão como bem entendiam, tomando conta no piso, subindo as paredes e adornando o teto num mosaico nunca visto e igualmente bonito e fatal. Alguns ramos formaram um balanço rústico e ali surgiu uma bela figura feminina, seus cabelos rosados estavam diferentes da outra vez que a vi, sendo que agora estavam decorados com uma enfeitada coroa de flores.

Eu poderia ter invocado um clone meu ou qualquer outra coisa, mas eu já estava cansada e desesperada demais para elaborar alguma complexa estratégia, então porque não invocar a única que poderia acabar com aquela luta em questão de segundos? Yoshie, a melhor e mais fatal assassina.

Sasuke Uchiha:    

Mesmo não conseguindo nem mover meu corpo, eu conseguia ver o que acontecia ao meu redor e confesso que eu estou impressionado. Do nada surgiu meio que essa fada ou ninfa ou sei lá o que essa garota é, mas parece que felizmente está do lado da Sakura. Eu nunca tinha visto uma invocação deste nível, assim, desse jeito, essa garota que foi invocada tem um olhar infantil, como se tudo chamasse sua atenção e pelo decorado e pesado quimono que ela está usando, certamente não deve ser uma invocação de combate, só espero que a rosada saiba o que está fazendo. Nossa oponente lançou uma kunai contra o espírito, mas logo uma das raízes se colocou na frente da garota, aparando o ataque.

A garota a olhou com desdém e ira e foi então que nessa hora, a Haruno gritou:

—Vale sereno! Cerejeira.

Eu não entendi o que aquilo deveria significar, mas a invocação sim, já que a delicada menina sorriu de forma meiga e assentiu, tocando uma harpa que havia seu colo que não havia nem percebido que estava ali até agora. O som incrivelmente se propagava em alto e bom som naquele ambiente e das raízes, nasciam centenas de flores de cerejeira que mau haviam acabado de florescerem extremamente rápido, e já eram tragadas por um vento inexistente e rodopiavam ao nosso redor, formando um paredão cor de rosa e veloz.

            —Que bruxaria é essa sua víbora?!—Berrou a ruiva olhou ao seu redor, assustada e confusa, sem entender o que aquilo significava, mas que no fim não seria bom para ela.

            Logo um cheiro adocicado e inebriante tomou conta do ar, apesar de ser tão doce a ponto de me fazer espirrar, eu não consegui deixar de sentir aquela fragrância hipnótica. A ruiva soltou um grito desespero ao cair de joelhos contra o chão, parecia que aquele odor tinha outro efeito sobre ela, como um veneno letal e impossível de se conter.

                —Morra. — Gritou Sakura, seus olhos pareciam duas brasas e o espírito feminino sorriu como se estivesse ansiosa pelo o que estava por vir.

A rosada dedilhou seus delicados dedos nas cordas da harpa, mas enquanto o som se espalhava harmoniosamente, subitamente uma das cordas do dourado instrumento musical se rompeu, fazendo um som agudo e irritante como o de um microfone ruim.

            A face infantil do espírito se tornou confusa, abandonado seu sorriso meigo e tentou tocar novamente, mas o resultado foi o mesmo. Inquieta a rosada olhou de forma preocupada para Sakura e eu entendi o porque. A Haruno estava ofegante e tremia violentamente, fazer aquela invocação exigia muito controle que visivelmente a ninja ainda não tinha, mas se esforçava para tentar. De súbito, o paredão de pétalas parou de girar e caíram no chão, onde sua coloração mudava até que ficassem invisíveis e desaparecerem. O espírito ainda encarava a médica, mas agora seu olhar era duro e rígido, um olhar que era muito parecido ao que meu pai dirigia a mim quando eu era criança.

            Um olhar que significava desaprovação, decepção e que denunciava o quão fraco você era perante esse olhar. As raízes que cobriam todo o salão começaram a voltar pela rachadura de onde possivelmente haviam vindo.

            —Yoshie!—Gritou minha noiva enquanto sua invocação se desfazia em flores diversas.

Sakura Haruno:

            O silencio reinou por alguns instantes, ninguém ali havia acreditado no que tinha acabado de acontecer, muito menos eu... Lágrimas de raiva invadiam meus olhos e eu sentia vontade de socar alguma coisa. Eu havia falhado, e gosto amargo da derrota estava na minha língua. Yoshie era a minha última chance e eu joguei fora por ser fraca demais para controlá-la. Agora vejo que por mais que a rosada seja uma aliada, ela tem sede de sangue, contempla a morte e destroça o inimigo sem nem pensar duas vezes, e a única coisa que ela deseja é força, aquela de aparência tão suave e feminina só doa seu poder para os fortes. Se por acaso ela sentir insegurança ou fraqueza, ela simplesmente não ajuda, nem se esforça para manter seu estado no mundo físico.

            Os fracos não são merecedores de glória. Enquanto eu estava perdida em meus pensamentos nada positivos, minha inimiga se recuperou e disse enquanto se levantava com dificuldade:

            —É, esse truque foi bem divertido.—Disse com seriedade enquanto manejava o que sobrou de sua lança.—Mas é uma pena que eu cansei de brincar.

            —Sa...Ku...Ra...—Sussurrou Sasuke, e eu o olhei.

O Uchiha estava bem mais debilitado do que eu por causa do jutsu, quanto mais tempo se passa preso naquela ilusão, mais seu corpo ficava mais lento, mais absorto naquele mundo falso até o ponto em que a pessoa realmente deixasse de viver no mundo real.

            Mesmo assim, ele me encarava com determinação e forçava seus braços a levantarem o peso de seu corpo, sem muito sucesso, mas aquilo me fez dar um sorriso bobo, eu estava feliz por ele ter voltado. Eu havia passado a luta toda temendo pela vida do moreno e agora ele está aqui, debilitado e fraco, mas está aqui, perto de mim, de corpo e alma. Infelizmente, a ruiva viu o sorriso em minha face e as engrenagens de seu cérebro logo começaram a reformular seu plano maquiavélico.

Meu amor, negue-se a si mesmo

Pulse dentro de mim

Torne-se cego

            —Pensando bem, — Começou mulher com ar pensativo.— Tirar a sua vida não adiantaria muita coisa, afinal, você morreria e tudo acabaria aqui. Então eu acabei pensando...—Disse voltando seus olhos horripilantes para meu noivo. —Que tal te fazer viver o resto da sua vida com a mesma dor que eu sinto. A dor de perder quem se ama num trágico assassinato, bem na sua frente...—Ela passou a língua sobre os lábios, como se estivesse saboreando a cena da morte que corria em sua mente.—Será maravilhoso!Um Grand Finale para essa luta épica, não acha, Sakura-chan?

Meu amor, você encontrou a paz

Você estava procurando

Por ajuda

            —Deixe-o em paz, sua vingança é contra mim, não contra ele!—Bradei enquanto me levantava, segurando o pedaço de pau em minha mão com tanta força que meus dedos até ficaram brancos.

            —Por debaixo dessa sua pose de durona e poderosa, o seu medo é visível. Eu consigo enxergar o medo de perder seu amado Uchiha para a morte e isso meus amor, —disse dando uma risada psicótica.— isso vale muito mais do que matar você.

            A partir de agora, tudo aconteceu muito rápido, tão rápido que chega a ser difícil e confuso narrar o que realmente aconteceu, mas vou tentar. A ruiva correu na direção de Ssauke, tenho em mãos a lâmina da lança que brilhava sinistramente a procura de mais sangue a ser derramado. O moreno não podia fazer muita coisa, e após tentar se levantar, sem sucesso, ele apenas fechou os olhos, ato que mostrava sua rendição à morte. Aquilo estava estranhamente lento para mim, como se algum Deus cruel queria que eu visse aquela cena horrível ainda mais cheia de detalhes. Lágrimas escorriam soltas por meu rosto, eu estava exausta em todos os sentidos e a culpa da minha falha com Yoshie ainda estava entalada em minha garganta, me arranhando internamente.

Você me deu tudo

Cedeu ao apelo

Você se arriscou e

Você caiu por nós

Você chegou atenciosamente

Me amou fielmente

Você me ensinou a honra

Você fez isto por mim

            Eu não agüentaria mais uma derrota, eu não agüentaria mais alguém me rotulando como fraca e acima de tudo, eu não agüentaria ver a pessoa que eu amo morrer bem na minha frente.

Hoje você vai fugir

Você irá esperar

Por mim meu amor

Sasuke Uchiha:

            Eu não escutava nada, a minha respiração e meu coração pareciam estar altos demais para que eu pudesse escutar ao além deles. Mas pouco importava, o que eu iria querer ouvir? A risada louca dessa ruiva maldita? E o que eu iria querer ver? A lâmina atravessar meu corpo e tirar minha vida? Isso pode ter soado até um pouco covarde ou egoísta, mas eu não me importo, a morte a minha mesmo, penso e faço o que eu quiser dela. Mesmo assim eu me sentia até um pouco aliviado em morrer no lugar da Sakura, pelo menos vai continuar viva, provavelmente vai se enfiar naquele hospital novamente até que Tsunade ou Ino a arraste para alguma festa qualquer, onde ela vai encontrar um cara legal que se apaixone pelo seu jeito delicado e ao mesmo tempo forte de ser.

Agora eu sou forte (agora eu sou forte)

Você me deu tudo

você deu tudo o que você tinha

E agora eu estou inteira

            Mas mesmo que seja com outro homem, ou até mesmo sozinha, eu sei que a rosada vai superar a minha morte, ela vai superar assim como ela supera tudo de ruim que acontece ao seu redor, porque afinal, ela é minha noiva e eu não escolheria mulher melhor do que ela para estar do meu lado. Pelos meus últimos instantes eu sorri, não tenho uma certeza sobre o porque desse sorriso, mas eu simplesmente sorri. Esperei por alguns segundos o golpe final que não veio e foi quando eu sentia algo pingar em meu rosto foi quando decidi abrir meus olhos e meu sorriso murchou, sendo substituído por uma expressão de horror.

Meu amor, deixe-se para trás

Pulse dentro de mim

Deixou você cego

Meu amor, veja o que você pode fazer

Eu estou melhorando

Eu estarei com você

O golpe final da ruiva havia sido dado, mas não em mim. Não sei como, a Haruno estava ali, na minha frente, com a lança atravessando dolorosamente seu dorso, a lâmina estava rubra devido ao sangue que agora pingava. De súbito e para meu espanto, a ruiva caiu para trás, como uma boneca inanimada e foi então que vi o que a fez cair. Sakura não foi a única a ser ferida, o corpo inerte da ruiva jazia com um pedaço de pau que numa visão nada bonita, atravessava seu pescoço com violência. Por poucos instantes nós nos mantivemos em silêncio, não acreditando no que havia acabado de acontecer. Lentamente a rosada virou sua cabeça de lado e exibiu um sorriso vermelho, pois sua boca estava manchada de sangue.

Você pegou minha mão

Adicionou um plano

Você me deu seu coração

Eu pedi para você dançar comigo

            —Finalmente acabou, Sasuke-kun.—Sussurrou e como se a Haruno não tivesse mais força, suas pernas desabaram diante de seu peso e exaustão e mesmo não conseguindo me levantar, consegui evitar que seu tombo afundasse ainda mais a lâmina em seu corpo.

            Sua roupa estava empapada de sangue, e eu sentia aquele liquido quente e viscoso escorrer por entre meus dedos. Sua pele se tornou mortalmente pálida em questão de segundos e da mesma forma, seus olhos verdes se tornaram opacos e fundos, como se a ninja fosse bem mais velha ou que não dormisse a mais de uma semana. A puxei para mais perto de mim, e tentei dar um colo para ela, na medida do possível, seu pequeno e delgado corpo tremia em espasmos violentos, e Sakura gemia já que a lâmina ainda estava em seu corpo. Eu não sabia o que deveria fazer, ou o que deveria falar, minha língua parecia ter sido devorada por um felino e eu não tinha coragem de dizer que ficaria tudo bem porque eu não sabia se estava certo.

Você amou honestamente

            A rosada me fitou e ergueu sua mão gélida para tocar meu rosto e com a minha mão, eu mantive seu toque para perto de mim.

Fez o que você podia para se libertar

            —Eu queria saber o que você estava sonhando...—Sussurrou com um fiasco de voz.

            —Sonhando?—Perguntei e a Haruno assentiu levemente.

            —É, naquela hora em que você estava no chão... Mesmo sendo um jutsu você não parecia estar sentindo dor.— A ninja puxou ar por alguns instantes, como se falar lhe custasse muito da sua energia. —Eu te vi sorrir e era um sorriso tão bonito que eu... Eu fiquei com inveja e com curiosidade, você estava em paz naquela hora, uma paz que eu nunca o vi ter antes. Quero que você me prometa uma coisa...

            Fechei os olhos, e balancei minha cabeça, me recusando a ouvir aquilo como se ela estivesse morrendo em meus braços, como naqueles filmes idiotas e dramáticos que ela gostava de assistir.

Eu sei que em paz nós iremos

Eu não vou aliviar esta pena

            —Quero que você me prometa que vai estar em paz como esteve no sonho, só que acordado, quero que você veja a beleza do mundo, que sorria, que ria, quero que você viva por você e por mim.

            —Fique quieta!—Exclamei e a médica felizmente se calou, minhas mãos tremiam e eu não sabia o porque.—Por favor...—Supliquei me acalmando um pouco. —Por favor, não me peça essas coisas ridículas. Não fale como se estivesse morrendo, porque eu não vou deixar! Quem você pensa que é, afinal?!—Exclamei irritado.— Você entra na minha vida como um furacão, me irritando, me atrapalhando e transformando a minha vida num completo caos, aí você faz essa idiotice e... Acha que vai simplesmente morrer?! Saiba que você se tornou importante demais para que só me faça prometer que vou viver bem e acabou. Como você acha que eu vou ficar bem sem você?!

            Sakura arregalou os olhos, surpresa e sem palavras e eu também não sabia como reagir, eu havia falado tudo o que estava entalado em minha garganta e acabei falando demais, mas não me arrependo. De repente, pessoas adentraram no salão e eu reconheci como sendo médicos, que logo vieram na nossa direção para nos ajudar, infelizmente me separaram da rosada e por mais que eu protestasse para ficar perto dela, eles não permitiam e eu fui ficando cada vez mais irritado e no fim os médicos me deram um injeção que me deixou mole em poucos segundos, era como se algo arrastasse a minha consciência para o fundo de um poço, e a última cena que vi foi a Haruno levantar o dedo mínimo, um símbolo de promessa, que tinha o significado ambíguo para mim. 

Agora eu sou forte(Agora eu sou forte)

Você me deu tudo

Você deu tudo o que você tinha

E agora eu estou inteira

Meu amor,

Deixe-se para trás

Pulse dentro de mim,

Eu estarei com você


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews ;-)? Recomendações ;-D? Ou tomates T.T? :*