Infelizmente Juntos escrita por Luangel


Capítulo 22
*Capítulo Bônus*: Pureza


Notas iniciais do capítulo

Oiê! Como vão vocês meus leitores lindos? Gente peço mil desculpas pela demora, mas é q esse cap foi muito dificil de escrever, foi algo mais maduro e ao mesmo tempo quis deiar um pouco natural, particularmente eu achei ele + ou - sabe? ><, espero que gsotem!^^



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Pouco eu sabia do pai dela, e da outra vez que perguntara a rosada me cortara, não querendo me contar o que realmente aconteceu com seu pai. Ele morreu quando a Haruno era muito nova, uma criança na verdade, mas dá para perceber que ele ainda tem muito significado na vida da garota.

                Itachi Uchiha:

                Uma brisa refrescante entrou pela fresta da janela de meu quarto me fazendo acordar devido ao incomodo que senti do encontro do vento frio com minha pele quente. Levantei-me preguiçosamente e após fazer minha higiene matinal, sai do quarto, guiado por meu estomago que procurava por comida urgentemente. A casa estava silenciosa e escura, e a única luz ligada era a da cozinha, onde surpreendentemente eu encontrei o meu querido irmãzinho mais novo, porém Sasuke nem percebeu a minha presença, seu olhar estava focado para a janela, na verdade em algo lá fora.

                O Uchiha mais novo ainda usava seu pijama azul e seus cabelos se mostravam mais desgrenhados que o normal, e sua caneca de café ainda estava fumegante, porém intocada por seu dono que ainda estava perdido em seus próprios devaneios. Senti-me tentado a descobrir o que de tão especial, prendeu a atenção do moreno e segui o seu olhar, que deu em um jardinzinho lá fora que eu nem sabia que existia.

                No mini-jardim havia uma pessoa, ajoelhada na terra de frente a uma arvore mediana que exibia poucos galhos. Suas mãos estavam cobertas por nada elegantes luvas laranjas de jardinagem e seu rosto estava sendo coberto por seu grande chapéu de palha, não me revelando assim, sua identidade. Quando abri a boca para perguntar se meu irmão havia contratado um jardineiro, um forte vento lambeu a casa e agitou as plantas do jardim lá de fora, o jardineiro tentou segurar o chapéu em sua cabeça, mas a força da natureza foi mais rápida arrancando-lhe o chapéu da cabeça e revelando um cabelo cor de rosa preso em um coque desarrumado.

                Reprimi um sorriso ao ver a desajeitada Sakura correr atrás de seu chapéu de palha que até agora não parava de fugir de sua dona. O Uchiha mais novo pareceu perceber minha presença e voltou seus olhos negros para mim.

                —O que Sakura está fazendo, irmão?—Perguntei e mesmo sabendo a resposta eu queira que o moreno dissesse, somente para irritá-lo.

                —Um jardim. —Respondeu o garoto, sua voz carregada pela frieza.

                —Por que não vai ajudá-la?—Perguntei tentando soar casual, na verdade queria ouvir a resposta dele. —Ela está tento dificuldades com isso... —falei vendo que só agora a Haruno conseguiu pegar seu chapéu de volta, exibindo um sorriso vitorioso e quase que infantil.

                —Hmft!—Respondeu o garoto pegando sua caneca de café.

                Revirei os olhos, interpretando o “Hmft!” do Sasuke como um “Sakura que inventou a porcaria desse jardim, agora se vira...”. A rosada e o moreno não andam se falando mais direito... Desde a cena do beijo um está afastado do outro, não brigam mais, mas em compensação nem falam bom-dia direito e se falam quando é estritamente necessário. Ás vezes quando os dois se topam pela casa, a garota abaixa a cabeça e corava violentamente, já o garoto ficava visivelmente desconfortável e a ignorava.

                A casa vivia mergulhada em um silêncio insuportavelmente pesado, e chego a pensar que um túmulo parecia mais agitado que aqui!

                —Até quando vocês dois vão continuar com essa frescura, Sasuke?—Perguntei irritado, surpreendendo ele.

                —Que frescura?—Indagou Sasuke bebericando o liquido fumegante.

                —Não se faça de bobo. —Murmurei tentando não revirar os olhos. —Até quando você e a Sakura vão continuar a agir desse jeito, parecem dois pirralhos birrentos!

                —Cale a boca. —Retrucou o Uchiha mais novo me encarando, seus olhos mostravam a irritação que sentia. —Isso não é da sua conta!

                Bufei e cerrei meus punhos antes de dizer:

                —Você tem razão Sasuke, isso não é da minha conta, afinal o casamento é seu mesmo... Vou dar uma volta pela vila, esse silêncio aqui vai me enlouquecer!—Caminhei a passos largos até a porta e saí o mais rápido possível de casa.

Enquanto caminhava pela vila, eu fui me acalmando, argh, apesar de Sasuke ter crescido fisicamente, ele continua sendo um idiota!

                Perdido em meus devaneios, acabei indo parar em um lugar que não conhecia muito bem: que ótimo agora eu estava perdido! Era uma área comercial pouco agitada, com mais restaurantes do que lojas. Meu estômago roncou e então eu me lembrei de que não havia comido nada ainda. Os estabelecimentos daquela rua ainda não haviam sido abertos, aumentando a ainda mais a minha frustração, até que eu vi um homem saindo de um lugar com um saco de vinhos em mãos.

                Vinhos... A minha paixão por vinhos, mais a minha fome arrasadora me levaram a caminhar até o estabelecimento de onde o homem havia saído antes.  O lugar apesar de pequeno era aconchegante, o letreiro era de madeira, mas letras douradas confirmaram as minhas suspeitas: Ali era uma adega. Quando entrei o típico sininho em cima da porta tocou e uma atendente loira sorriu abertamente para mim:

                —Bom dia!

                Apesar de ter sido pego de surpresa pelo animado cumprimento da loira, eu assenti educadamente e caminhei até as prateleiras repletas de vinhos e mais vinhos de todas as épocas possíveis. Aquele era o meu paraíso, e lentamente meus dedos analisavam os vinhos, tentando me decidir em qual tomar. Não sei quanto tempo fiquei ali, mas as pessoas iam e vinham daquele lugar que era curiosamente bem movimentado, afinal não é tão fácil assim arranjar uma bebida que é feita do outro lado do mundo com um preço acessível como se encontra aqui!

                A porta foi aberta mais uma vez e o som do “sininho” se repetiu, mas ao contrário das outras vezes, a balconista loira não falou seu animado “Bom Dia!”, e sim arregalou seus olhos castanhos, antes de exclamar:

                —Onee-chan! Que bom que voltou!

Curioso olhei para a tal “onee-chan” da balconista.

                A mulher usava um grande e elegante chapéu que não me deixava ver sua face. Tentei desviar o olhar da moça que agora abraçava a irmã mais nova com carinho, mas eu não conseguia, algo me chamava nela, eu queria olhar para ela.

                —Como vão as coisas por aqui?— Perguntou a moça para a balconista enquanto cumprimentava alguns clientes com um aceno de mão e era respondida com sorrisos, a misteriosa moça era uma pessoa bem conhecida por ali.

                —Vão bem, peguei o jeito da coisa, não precisa se preocupar!—Respondeu a balconista acompanhando a irmã mais velha que agora caminhava pelo estabelecimento, o longo vestido florido que usava parecia uma extensão de seu corpo, que exalava graça e leveza.

                —Estou tão orgulhosa de você!—Exclamou a mulher acariciando a face da irmã mais nova que pareceu ter ganhado o dia só de ouvir aquela frase.

                Estremeci ao ver que ela se aproximou da “estante de vinhos”, onde eu estava.

                —Procurando algum vinho em particular?—Perguntou ela, em tom amigável.

Engoli a seco tentando encontrar a minha voz. Suspirei e respondi:

                —Não sei, estou procurando algum para beber agora. —Ao meu lado a mulher riu genuína e delicadamente.

                —Beber assim tão cedo?—Questionou, divertida e eu dei de ombros, não sabendo direito o que responder.

                —Me recomenda algum?—Perguntei.

                Ela pôs os dedos sobre o queixo e começou a pensar, dava até para escutar as engrenagens de seu cérebro trabalhando a todo vapor.

                —Este aqui!—Exclamou animadamente enquanto pegava uma antiga garrafa da adega. —Faz quase três anos que este está conosco, vem de fazendas nobres da Itália, eu mesma adoro ele!

                Aparentemente o vinho não parecia ser grande coisa, mas resolvi escutar a moça pedindo para degustar o vinho. Sentei-me em uma mesa perto e a balconista logo trouxe uma taça para mim. Abri o vinho com facilidade e despejei o liquido escuro dentro da taça. Levei-o até a boca e me surpreendi com o gosto daquele vinho, era espetacular! A textura o gosto e até o aroma, tudo era perfeito e completamente novo para mim, nunca havia tomado um vinho tão bom como esse antes!

                Fechei os olhos absorvendo e aproveitando daquele vinho tão... Único, mas foi interrompido pelo som do “sininho” de entrada sendo tocado. Como um instinto eu abri meu olhos bruscamente, encarando os dois homens que entraram na adega, os dois eram grandalhões e não pareciam querem comprar vinho ali... Antes que alguém pudesse fazer algo, um deles se aproximou do caixa e sacando uma perigosa espada disse ameaçadoramente para a balconista sorridente de antes:

                —Passe todo o dinheiro do caixa ou cabeça irão rolar!

                A balconista ficou pálida e seus olhos castanhos estavam amedrontados com a ameaça dos dois brutamontes, o silêncio pairava como o ar no lugar. De súbito alguém quebrou o terrível silêncio e do fundo do estabelecimento, a misteriosa mulher que havia me apresentado o melhor vinho de minha vida, aproximou-se dos dois homens e furiosamente gritou:

                —O que está acontecendo aqui?!

                —Cale a boca!—Rugiu o outro que até agora não havia se pronunciado, mas seu tom de voz ofensivo pareceu não assustar a jovem que agora parecia mais furiosa se possível.

                —Se vocês acham que podem fazer o que bem entendem na MINHA adega estão muito enganados seus idiotas! Quero que desapareçam daqui a três segundos senão eu vou fazer...

                O primeiro revirou os olhos, visivelmente impaciente com a tagarela mulher a sua frente e com um aceno de cabeça ordenou ao outro para que pegasse a tal. Ao ver o segundo homem se aproximando de si, a moça parou de falar e começou a observar seu oponente, que por sua fez, puxou da cintura uma perigosa espada e desferiu contra a moça. Para a minha surpresa, a mulher desviou facilmente do ataque do homem, que furioso investiu contra ela novamente, mas a moça delicadamente desviou, dando um curto e calculado passo para a esquerda; saindo completamente ilesa dos fatais golpes que tentavam fatiá-la.

                Eu podia ver a fúria se acendendo nos olhos do homem e a situação estava começando a ficar perigosa para a mulher que na minha nada singela opinião, tinha sentidos perfeitos para uma civil qualquer... Preocupado com a moça e irritado com os assaltantes eu me levantei bruscamente de meu assento e o primeiro assaltante sorriu com deboche para mim, revelando dentes amarelados devido ao consumo desenfreado de bebidas.

                —Senta logo, idiota, ou te cortarei ao meio!—Ameaçou.

                De repente a mulher se virou para trás, possivelmente preocupada pelo “idiota” que havia levantado e essa foi a primeira vez que nossos olhares se cruzaram e finalmente pude ver a cor de seus olhos... Possuíam um belo tom de azul, azul que me lembrava o céu, livre e aparentemente infinito. As orbes azuis transpareciam a preocupação para comigo e uma fúria incandescente que nutria pelos bandidos, parecia uma leoa selvagem.

                Devido a essa distração, o assaltante que lutava contra ela, enlaçou sua cintura com seus braços gigantescos, a tirando do chão e colando-a junto a si, a mulher se debatia contra o seu inimigo que pouco se importava com a moça.

                —Ótimo, agora temos uma refém!—Exclamou o outro enquanto passava uma grande sacola para a balconista que agora tremia incontrolavelmente.

                Dei um insano passo a frente, pensando em alguma estratégia de combate.

                —Para trás!—Gritou um dos bandidos que tinha a refém em posse e para me ameaçar, ergueu a espada até a altura do pescoço dela.

Assustada, a balconista que antes distribuía sorrisos agora se desmanchava em lágrimas, irritando os assaltantes.

                —Pare de chorar!—Berrou o outro, batendo violentamente contra a bancada de mármore que separava a jovem balconista dos covardes bandidos. —Anda logo sua desgraçada...

                —Não fale assim com ela!—Rosnou a mulher praticamente cuspindo as palavras, como se queimassem em sua língua, e mesmo estando feita de refém, não se deixava abalar pelo medo. —Desgraçado aqui, só vejo você, seu idiota inútil...

                A frase dela foi interrompida pelo rude contato da mão de um dos bandidos em sua delicada pele de porcelana. Com o violento impacto, o chapéu de palha que decorava a cabeça dela caiu no chão, libertando uma cascata de fios dourados que logo emolduravam seu rosto agora vermelho, tanto por causa do tapa, quanto pela raiva que parecia inflamar cada vez mais dentro dela.

                Na hora, eu me senti tonto, como se todo o sangue do meu corpo mudasse de “direção” e para me equilibrar dei um meio-passo para trás... Parecia que eu havia sido pego por uma irônica brincadeira do destino. Eu a reconheceria em qualquer lugar e em qualquer época do mundo. Aqueles cabelos dourados pareciam de aparência tão sedosa permaneciam os mesmo desde a infância, ou melhor, pareciam ainda mais bonitos! Seus olhos não possuíam mais o animado brilho da infância, já que fora trocado por um olhar mais misterioso e feminino que parecia combinar melhor com ela, deixando-me tentado a (re)conhecê-la.

                —Jun-chan!—Gritou a balconista angustiada e preocupada com a irmã e confirmando minhas suspeitas de quem a bela moça loira seria, o meu único, primeiro e secreto amor: Jun Tanaka.

                A incredulidade se transformou em fúria e guiado pela mesma, dei um longo passo a frente, atraindo atenção de um dos assaltantes que pressionava á balconista a colocar o dinheiro mais rápido dentro da sacola.

                —Ei, seu...

                —Cale essa maldita boca. —Sussurrei, meu tom de voz estava baixo e rouco como o sibilar de uma serpente fatal.

                —Quem você pensa que é?!—Vociferou o outro, sacudindo perigosamente a espada debaixo do pescoço de Jun.

                Apesar da vontade de matar aqueles dois otários, eu teria que tomar cuidado, afinal, a segurança de Jun dependia disso.

                —Eu sou Itachi Uchiha, o cara que vai fazer você se arrepender de ter ousado levantar essa sua mão imunda contra uma mulher.

Um silêncio indescritível se formou no estabelecimento, os clientes estavam mais temerosos do que nunca, a balconista chorava baixinho, seu olhar castanho intercalando entre mim e os assaltantes, enquanto jogava o dinheiro na sacola.

                 Os assaltantes estavam paralisados, e em seu olhar eu consegui ler o medo e surpresa, já Jun... Na verdade eu sentia suas orbes azuis sobre mim, mas resolvi não retribuir o seu olhar que parecia perfurar a minha alma.

                —Há!—Ironizou um deles, quebrando o silêncio e exibindo um sorrisinho superior. — Quem me garante que você é o impiedoso e demoníaco Itachi Uchiha? Cadê o Sharingan?

                Tombei a minha cabeça para o lado, rindo da ingenuidade do idiota a minha frente.

                —Não preciso do sharingan para derrotar vocês, na verdade vocês nem merecem vê-lo.

Cansado de tanta lengalenga eu rapidamente apareci atrás de um dos assaltantes e usando apenas dois dedos, golpeei a nuca do homem com precisão o fazendo soltar Jun, e cair de joelhos contra o chão, urrando de dor.

                O outro, aquele que me desafiara antes, estava pálido de medo e seus olhos antes arrogantes agora demonstravam o temor que ele sentia, a boca dele abria e fechava, sem contar que tremia involuntariamente. Não pude deixar de sorrir de deboche para o que restou do “fatal bandido” que ao me ver aproximando-me dele, berrou algo sem nexo e tentou me atingir com seus punhos, que guiados pelos desespero, eram fáceis de se desviar.

                O desespero deixa o homem tão descontrolado ao ponto dele fazer coisas absurdas! Após desviar de uns quatro golpes ridículos de meu oponente eu encontrei uma abertura em sua péssima defesa e colocando a minha mão contra o seu pescoço, o pressionei contra a parede, vendo sua face assumir diversas cores, devido à falta de ar que deveria estar sentindo.

                —V-vo-cê é... —Murmurou, ou pelo menos tentou murmurar algo. —É m-m-mesmo um U-chiha.

                —Sério?—Perguntei irônica e malevolamente, sem me importar com as pessoas ao meu redor, este imprestável machucou a Jun eu... Eu... Argh!

                A imagem do tapa que a loira havia levado, ainda estava fresca em minha mente, me deixando extremamente raivoso, e pode acreditar, ninguém deseja me ver nervoso. O bandido pareceu perceber a minha fúria e com a voz suplicante, sussurrou:

                —P-P-Por favor, n-não me m-ma-te...

                —Não vejo motivos para te deixar vivo. —Disse sombriamente enquanto sorria com maldade, é claro que eu não iria matá-lo, vontade não me faltava, mas eu não podia simplesmente matar alguém assim...

                Em resposta o homem engoliu a seco e em sua testa, gotas de suor se formavam. Seus olhos marejados, mostravam o quão covarde ele realmente era.

                —Hoje eu estou de bom humor, então vamos fazer o seguinte: Você e esse traste desse seu parceiro vão embora sem levar nada e se eu encontrar vocês mais uma vez, nem que seja perambulando por Konoha, eu não hesitarei em matar os dois da maneira mais dolorosa possível, entendeu?

                Ele assentiu freneticamente enquanto eu afrouxava a minha mão contra o seu pescoço, quando se viu livre, o homem puxou seu companheiro pela camisa e ambos saíram ligeiramente do estabelecimento, como se suas vidas dependessem disso, e era realmente verdade. Alguns segundos que mais pareciam durar eras se arrastaram, ninguém se movia e aos poucos eu fui me acalmando e depois de estar mais tranqüilo, eu me virei e como eu suspeitava, todos olhavam para mim.

                — Me desculpem pelo... Transtorno. —Falei a primeira coisa que me veio à mente e já me sentindo desconfortável com toda aquela atenção direcionada a mim, eu voltei a minha mesa, no fundo do estabelecimento e assim que eu me sentei, quase que imediatamente todos os clientes se levantaram foram até o caixa e pagaram suas contas e foram embora, ainda assustados com a tentativa de assalto.

                Fechei meus olhos, ainda tentando assimilar o que havia acontecido, não que eu estivesse pensando nos dois covardes idiotas que eu facilmente derrotei, o que não saia de minha cabeça eram aqueles longos e lisos cabelos dourados, a pele de porcelana e aquelas misteriosas orbes azuis... Senti o olhar de alguém sobre mim e desconfortável, abri meus olhos e quase caí do banco quando meu olhar se cruzou com a pessoa que estava sentada a minha frente.

                Ao ver a minha surpresa, Jun soltou uma delicada e gostosa risada, ela parecia estar muito bem para quem havia acabado de ser refém em uma tentativa de assalto.

                —Itachi... —Murmurou passando o dedo indicador na taça borda da taça, fazendo um agudo, porém não irritante melodia.

Passei um tempo sem fala, na verdade eu queria pedir para que a loira falasse meu nome novamente, a voz dela parecia dar um ar novo ao meu nome, e eu gostava disso.

                Seus olhos azuis me analisavam de um modo que não pude ler o seu olhar, o que me deixava um pouco desorientado. Perante a uma mulher daquelas eu em sentia só um garoto imaturo. De súbito ela exibiu um sorrisinho de canto e pegou a taça elegantemente.

                —Posso?—Pediu me mostrando o restante do vinho que ainda restava na taça e em resposta eu assenti, e Jun tomou em poucos goles.

                Eu precisava começar uma conversa com ela, não queria que Jun me achasse um antipático arrogante, aliás esse é o papel de Sasuke, não meu...

                —V-Você mudou. —Falei chamando a atenção da loira enquanto eu me amaldiçoava por ter gaguejado na frente dela.

                —Você também. —Sorriu docemente, depositando a taça sobre a mesa.

                Enquanto tentava ler seus pensamentos pelas suas expressões, meus olhos se fixaram em uma de suas bochechas que ainda estava vermelha em conseqüência do tapa que levara.

                —Você está bem?—Perguntei subitamente, fazendo a loira ficar um pouco surpresa. —Quero dizer devido a esses malditos de agora a pouco. —Minha voz foi morrendo aos poucos, até eu parar de falar e felizmente a loira entendeu sofre o que eu estava falando.

                —Não sou tão frágil assim, Itachi!— Sorriu fazendo uma leve careta. —Esqueceu-se que sou uma jounin?

                Ah, então estava explicado o porquê de seus movimentos serem tão bem calculados e precisos, não esperava menos dela, a garota sempre fora muito ágil desde a época da academia.  De repente, a loira abaixou sua cabeça e algumas mechas de seu cabelo cobriram parcialmente seu rosto entristecido.

                —Pena que não posso dizer o mesmo de Hanna-chan... —Sussurrou olhando para sua irmã mais nova, a balconista tremia dos pés a cabeça e sua pele estava em tom pálido nada saudável e algumas ousadas lágrimas ainda caiam de seus olhos castanhos tão inocentes.

                Hanna sempre fora a protegida por sua irmã mais velha, desde a infância, a loirinha chorava por tudo o que acabava trazendo apelidos maldosos de algumas outras crianças. Lembrava de ter visto Hanna quando ainda estava na academia e a mesma sempre andava com a irmã mais velha, como se fosse uma segunda sombra, mas isso nunca incomodou Jun, que se sentia na obrigação de protegê-la de tudo e de todos.

                —Ela precisa de você. —Respondi e a loira voltou a me encarar. —Vá lá ficar com Hanna, a proteja, como você sempre fez...  

                Jun soltou um sorriso doce e indagou:

                —E você?

                —Vou voltar para casa, Sasuke deve estar cuspindo fogo a essa altura, mas fazer o que?... Ele é o meu irmãozinho mais novo. —Disse sorrindo e ela alargou seu sorriso, uma piadinha que só nós dois, como irmãos mais velhos entendíamos.

                Levantei-me da cadeira e caminhei até a porta mas fui interrompido por um chamado.

                —Ei!—Chamou Jun e eu me virei para ver o que a mulher queria. Ela esboçou um sorriso travesso e disse:—Pensa rápido.

Antes que eu pudesse fazer algo, uma garrafa de vinho foi lançada em minha direção, e fazendo pouco esforço eu a peguei antes que infelizmente se chocasse contra o chão.

                Li o rótulo e franzi o cenho, eu estava tomando esse vinho com ela há poucos instantes, por que Jun está...

                —Pode ficar. —Respondeu a loira antes que eu concluísse a minha linha de pensamento.

                —Desculpe, mas esse vinho é caro e...

                —Itachi, você salvou a minha vida e este lugar, esse é o mínimo que eu posso fazer por você, sei que gostou desse vinho, tanto quanto eu. —Respondeu dando uma piscadela camarada, que eu particularmente achei ligeiramente sexy.

                —Obrigado. —Respondi mostrando a garrafa de vinho.

                —Se você estiver com vontade de beber algo de bom gosto ou... —Jun desviou se olhar para o piso de madeiro, de repente sua confiança se restava apenas em hesitação. —Se quiser apenas conversar um pouco com alguém, sinta-se convidado a voltar aqui.

                —Claro Jun, corresponderei ao seu convite sempre que puder. —Respondi antes de abrir a porta e um vento primaveril me engolir, e logo depois não pude evitar que um sorriso bobo se abrisse em minha face, me sentia um idiota, porém feliz, mas mesmo assim, um idiota.


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews? Recomendações? Vocês devem estar se perguntando o porq do título ser "Pureza", é q o nome de Jun, significa pureza, foi meio que um trocadilho bem fail, mas tudo bem, bjs!