Be Your Boy escrita por Yusagi


Capítulo 5
-Especial- Gato Dado Não se Olha os Dentes


Notas iniciais do capítulo

Oiiii~
Ia postar o novo capítulo só no final da tarde, mas acabei ficando ansiosa e postei de madrugada mesmo HAIOAHIOHAO Com sorte alguém aí tá acordado pra ler! D:
Bom, como hoje é aniversário de Shizu-chan, temos um capítulo especiaaal~ ♥
Espero que gostem, deu trabalho fazer e quase perdi o capítulo inteiro! xD
Boa leitura! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/189136/chapter/5


Estavam sentados havia mais de quinze minutos, um do lado do outro, porém em extremidades opostas no sofá. Enquanto isso, Kasuka tinha Ruruka e Chocora no colo, os dois ronronando calmamente e o moreno acariciando-lhes as orelhinhas.

Shizuo estava nervoso. Realmente não esperava a visita do irmão – era a última coisa de que ele precisava enquanto Izaya estava por lá, e o fato de que Kasuka apareceu justamente em um momento tão tenso não facilitava as coisas, definitivamente.

- Kasuka... o que te traz aqui? - , perguntou o loiro, sentindo uma gota de suor frio escorrer por sua bochecha. – Não é óbvio? - , disse o Heiwajima mais novo, suavemente.

A poltrona onde Kasuka estava fez um pequeno rangido quando o moreno se pôs em uma posição mais confortável, com as pernas cruzadas. – É seu aniversário.

Shizuo e Izaya ficaram em completo silêncio enquanto Kasuka cantarolava uma música. Os dois estavam estupefatos; haviam se esquecido completamente disso. – Ah... espero que não se importe, liguei para os seus amigos e marquei uma festa. Eles chegam em meia hora.

- Uma- uma festa? – Shizuo não sabia o que dizer – estava feliz mas, ao mesmo tempo estava um pouco preocupado com as pessoas que seu irmão havia chamado. – Na verdade era pra ser uma festa surpresa, mas tudo bem você ter chegado mais cedo... pode me ajudar com os preparativos.

O tempo todo Kasuka parecia sem expressão, como normalmente, mas tanto Izaya quanto Shizuo podiam sentir que ele estava bastante animado. – Ah, com certeza! - , disse Shizuo, tentando não acabar com a animação do irmão.

O Heiwajima moreno depositou cuidadosamente os gatinhos sobre a poltrona e levantou-se, andando até o quarto de Shizuo e depois saindo dele novamente, com uma enorme caixa nas mãos. Colocou-a no meio da sala e agachou-se, abrindo o objeto de papelão.

Dentro dela havia todos os tipos de coisas para festas – bexigas, balões maiores, enfeites coloridos e variados, chapéus de festa... Kasuka estava realmente preparado. – Gatinho, será que pode me ajudar com as decorações enquanto meu irmão enche as bexigas?

Izaya corou quando Kasuka o chamou de gatinho, e já ia se levantar para ajudar quando Shizuo levantou-se do sofá, bravo. – Não o chame assim! E acha mesmo que alguém como ele devia ajudar? Vai estragar todo o seu trabalho, Kasuka!

O Orihara olhou Shizuo por um instante, surpreso com as palavras um tanto rudes do “companheiro”. – Irmão, Izaya-san parece ser bem cuidadoso.

- Er... tudo bem, Kasuka-chan, eu tenho algumas coisas pra fazer. Divirtam-se na festa! - , disse o pequeno jovem enquanto se retirava da sala, sem olhar para trás. Quando Shizuo e Kasuka ficaram sozinhos, um clima tenso se estabeleceu. – Você continua pegando pesado com ele.

Shizuo não soube responder ao irmão. Normalmente ele citaria as milhares de tentativas do Orihara de matá-lo, mas naquele momento ele sentiu que estaria enganando a si mesmo se dissesse algo assim. – Bom, vamos preparar essa festa ou não?

-

Izaya andava pelas ruas chutando uma pequena pedra que ele havia encontrado; suas pequenas mãos cerradas bem fundo em seus bolsos enquanto ele tentava controlar o turbilhão de emoções crescendo em seu peito.

Ele estava com raiva – dificilmente ele havia sentido tanta raiva assim antes. Shizuo devia estar contente que o Orihara não lhe havia feito mal enquanto o loiro estava tão vulnerável cuidando dele.

Shizuo estava sendo irracional e mal-agradecido pela boa vontade de Izaya, e não deveria ficar tão irritado por causa de uma simples brincadeira... além do mais, foi o próprio loiro que ligou todo bravo para Shinra no primeiro dia, alegando que o Kishitani deveria tomar conta de Izaya, que era responsabilidade dele e somente dele.

Mas ao mesmo tempo, o menino-gato estava triste. Nesses dias que passou com o loiro, ele não se sentia o mesmo de antes. Não tinha vontade de sair brincando com as pessoas, torturando-as em experimentos bizarros de pressão psicológica, e nem de fazer mal algum ao próprio Shizuo.

Ele havia realmente se aberto para o loiro. Ainda que fosse só um pouco, Izaya não era do tipo de pessoa que saía por aí chorando na frente de qualquer um, e nem acordava de madrugada para fazer um café da manhã digno de um príncipe para alguém que não ele mesmo.

E também...

O Orihara corou um pouco. O beijo que ele havia dado em Shizuo foi uma ação um tanto drástica, até mesmo para ele. Odiava ficar frustrado, mas não imaginava que chegaria ao ponto de fazer algo tão... meigo? Somente para chamar a atenção de alguém.

Principalmente esse alguém sendo Shizuo.

Apertou os dentes enquanto tentava esquecer o acontecido – aquele beijo havia deixado uma sensação esquisita em seus lábios, e ele não estava gostando nada de não conseguir esquecer o gosto do Heiwajima.

O amargo do tabaco combinado com o doce do pudim... só mesmo Shizuo, para ter uma combinação tão exótica de sabores.

Izaya chutou a pedrinha longe e a perdeu de vista. Estava ficando frustrado novamente, e sentou-se no meio-fio. Estava torcendo para que um caminhão bem grande o atropelasse quando ouviu uma voz atrás de si. – Izaya-kun? Por que você está parecendo um gato?

Era Simon – sua voz grave era inconfundível. O Orihara não quis olhar. – Yo, Simon. Experiências do Shinra. - , disse, desanimado. O russo, que carregava uma enorme caixa em sua cabeça, sentou-se ao lado do pequeno Izaya e depositou sua caixa ali ao lado. – Parece triste. Não quer sushi? Suzhi faz as pessoas felizes.

O Orihara soltou um suspiro. – Não, Simon. Sem sushi hoje. – O Brehznov levantou uma das sobrancelhas, desconfiado. – Eu estou indo para a festa surpresa de Shizuo-kun. Você não vem?

- Não diga esse nome perto de mim! - , esbravejou o menino-gato, que ia sentindo algumas lágrimas em seus olhos. – Aprontou com ele de novo?

- Eu não fiz nada! É sempre ele que me tira do sério com aquela personalidade indomável! Ele não tem noção de como é estúpido e cruel, aquele homem é um ogro! - , disse enquanto tremia um pouco, tentando segurar o choro.

Simon olhou o céu de pôr-so-sol acima de suas cabeças. – Hm... Shizuo-kun é como uma pedra. – Izaya olhou-o com os olhos arregalados. – Uma pedra? – O Brehznov acenou positivo com a cabeça, fechando os olhos para terminar seu pensamento. – Izaya-kun, você é o ferro. Ferro duro em pedra dura tanto bate até que a galinha enche o papo.

- ...você quis dizer “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”?

- O que eu quero dizer é... vocês dois são teimosos e temperamentais, principalmente Shizuo-kun. Se quer mesmo se aproximar dele...

- Quem disse que eu quero isso?!

- ...você deve ir com calma e quebrar o casco primeiro. A ostra nunca dá a pérola sem se abrir antes. – Izaya estava surpreso – até que o raciocínio de Simon fazia sentido. – Aqui, pegue um sushi gostoso. Gatos gostam de sushi.

- E- er... obrigada mas eu não- Espera! Simon, pode me emprestar uma moeda?

- Uma moeda?

- Preciso fazer uma ligação.

- Você consegue alcançar o telefone?

Então estava Izaya, nos ombros de Simon, discando números num telefone público. O Orihara estava se sentindo ridículo, mas definitivamente não era um desistente – se era pra ele quebrar o casco de Shizuo, ele o faria, não importa o quanto custasse.

- Namie Yagiri. Com quem eu falo?

- Ahhhh, Namie~ Que bom ouvir sua voz!

- Pensei que estivesse morto... que pena que eu estava errada.

- Tão cruel~! Ora, vamos, preciso de um favor seu!

- Nem pensar.

- Nem por um vestido novo?

- ...não compensa a inconveniência.

- Um vestido e um par de sapatos? – Houve silêncio no outro lado da linha por algum tempo. - ...onde você está?

-

Namie estava sem palavras. Dirigia seu carro tentando ao máximo não perder o controle da direção – o que Izaya lhe havia dito era totalmente inesperado.

Bom, ao menos... da forma que ele disse.

Segundo o Orihara, ele precisava de todas as formas quebrar o casco de Shizuo. Quando a Yagiri perguntou-lhe se era uma nova forma de matar o Heiwajima, Izaya deu risada e disse-lhe que matar o homem não seria divertido, e que na verdade o que ele queria era se aproximar.

Então Namie perguntou-lhe se seria um novo tipo de tortura. Mais uma vez, Izaya riu e disse que a mulher estava parecendo uma psicopata, e para completar disse que faria Shizuo prestar atenção nele, e somente nele.

Se isso não era algum tipo de tortura, Namie não sabia o que era.

Mas, claro, em toda sua “onipotência”, Izaya nunca perceberia que estava se insinuando para o loiro. Na verdade era até engraçado pensar que o Orihara achava que o que estava fazendo era normal, e não mais um dos joguinhos dele.

Não que a Yagiri nunca tivesse desconfiado da obsessão de seu chefe por aquele homem. Se ela tivesse que dizer, Izaya estava perdidamente apaixonado e nem percebia. Por mais que o Orihara insistisse que o amor que sentia pela humanidade era de uma forma geral e não para com um único indivíduo, Namie duvidava que ele fosse incapaz de se relacionar emocionalmente com alguém em particular.

No caso, Shizuo.

Izaya devia ser masoquista – a Yagiri não conseguia enxergar outra razão para essa obsessão, paixão, ou o que quer que fosse. Izaya gostava de sentir dor e a única pessoa que podia lhe proporcionar isso era justamente seu arquiinimigo loiro.

Namie suspirou – finalmente chegaram ao seu destino, o shopping. Saíram do carro e Izaya andava rápido, forçando a mulher a apertar o passo para acompanhá-lo. – Ei, onde é que você vai com tanta pressa?!

- Preciso comprar as coisas pro presente. - , disse simplesmente. Ele já sabia exatamente o que iria fazer, e se não corresse logo, não conseguiria entregar o presente até a meia noite.

Entraram logo em uma loja de linhas e tecidos. Izaya observou os materiais cuidadosamente antes de pegar algodão, algumas linhas coloridas, e os tecidos mais macios e felpudos que podia encontrar. Pegou também alguns botões de tamanhos diferentes, várias fitas decoradas e finalmente foi até o caixa.

Além disso, passaram em uma papelaria para que Izaya comprasse uma boa tesoura e outros pequenos acessórios. Quando saíram de lá, Namie já ia toda contente para uma loja de sapatos quando Izaya puxou a barra de sua saia.

- Outro dia você compra suas coisas, eu preciso correr com isso!

A mulher suspirou e os dois foram até o carro. Izaya pediu que ela fosse até o apartamento do loiro, mas que estacionasse o carro na rua de trás para que ele não os visse.

Assim que ela estacionou o carro, Izaya abriu os pacotes e começou a separar os materiais. Namie ficou observando, boquiaberta, enquanto o pequeno Orihara se cortava todo e se picava com a agulha nos lugares mais impossíveis só para terminar o presente a tempo.

Talvez a obsessão-barra-paixão de Izaya fosse saudável... pelo menos era o que Namie achava enquanto assistia ao esforço do chefe.

-

Shizuo deveria estar feliz. Quer dizer, Kasuka havia chamado todos os seus amigos – Shinra e Celty, Simon, Tom, Kadota e amigos –, a comida estava maravilhosa – até mesmo as comidas do Rússia Sushi que Simon havia trazido -, o bolo estava suculento e todos comemoravam como se não houvesse amanhã. O apartamento do loiro parecia mais um salão de festas do que um lar.

Mas parecia que algo estava faltando. Principalmente após ele e o irmão completarem metade da arrumação da casa, ele passou a se sentir mal. Ele havia questionado Kasuka – queria saber se ele não iria perguntar por que Izaya estava daquele jeito, mas agora se arrependia.

Kasuka respondeu-lhe, simplesmente, que não importava o que Izaya era e nem por que estava parecendo um gato – Shizuo estava cuidando dele, e isso só já bastava.

Não tinha como fazer o Heiwajima se sentir mais culpado.

Ele havia, sim, ficado com raiva de Izaya por fazer uma brincadeira de tanto mal gosto e tão desnecessária, e ele havia, sim destratado o Orihara... mas o que mais ele poderia fazer? Passar a mão na cabeça do moreno e deixar que ele continuasse daquele jeito?

Era inaceitável que Izaya se comportasse daquela maneira após Shizuo ter tanto trabalho tomando conta dele. Ao invés de reconhecer o loiro, ele havia resolvido falar o tempo todo de Tom, que mal havia trocado uma palavra com ele, e pior – disse que talvez se mudasse para a casa do homem.

Shizuo não conseguia pensar numa forma de ser mais sem-coração.

E, para piorar mais ainda – como era orgulhoso, só para poder chamar sua atenção o Orihara lhe deu um beijo. Um maldito beijo! Se ao menos tivesse sido sob outras condições, e não uma mera demonstração de controle, talvez Shizuo não tivesse ficado tão irado.

Ah... a quem ele estava enganando? Aquele contato diferente havia mandado um arrepio por toda sua espinha, e ele ainda se sentia um pouco abalado apesar de ter sido um beijo totalmente superficial. Músculos que ele nem sabia que possuía reagiram.

A boca de Izaya era quente e úmida, mas o que mais chamava a atenção do loiro era o calor. Era um sabor quente; ele não sabia colocar com exatidão, mas lembrava chocolate com pimenta – um sabor que Shizuo não conseguia esquecer, não importava o quanto comesse na festa.

Sentou-se na poltrona e encostou a cabeça em sua mão; seu cotovelo repousando sobre o descanso de braço. A música tocava não muito alto para não incomodar os vizinhos, mas um ruído que fosse já deixaria Shizuo irritado.

Como se não bastasse, Shinra logo se aproximou dele. – Shizuo, eu pensei que ele estivesse no banheiro ou coisa assim, mas... cadê o Izaya? Não o vi até agora.

- ...nós brigamos. - , disse Shizuo secamente. – Puxa vida... vocês realmente parecem marido e mulher, sabia? – A risada histérica que o médico soltou depois disso foi o gatilho necessário para tirar Shizuo do sério. – Não seja idiota! Eu morreria antes de aceitar uma comparação dessas! - , disse sério.

- Sabe, Shizuo, é essa sua atitude que distancia vocês dois. – O loiro foi pego de surpresa, e quase engasgou. – O que você quer dizer com isso?!

- Ora, ora, então você não percebeu mesmo, né? Por que acha que Izaya implica tanto com você?

- Por que é um bastardo, é lógico!

- Não seja bobo, Shizuo. – Shinra estava estranhamente sério. – Desde os tempos de colégio Izaya vem querendo chamar sua atenção. Ele te testava pra saber até onde a sua força ia e pra saber a forma certa de agir; te matar nunca foi realmente a intenção dele. Não acha que se fosse, ele já teria conseguido?

Shizuo arregalou os olhos – o que Shinra havia dito fazia todo o sentido. – Mas então o que diabos ele quer?! - , perguntou, bufando.

- Não faço idéia. - , respondeu o médico com uma gargalhada. – Shiiiiiinraaaa... – Antes que Shizuo pudesse lhe dar uma surra, o Kishitani correu para se esconder atrás de Celty.

O loiro suspirou – queria que a festa acabasse logo.

-

Izaya suspirou em contentamento quando terminou tudo. Seu corpo todo doía tanto pelo trabalho que teve quanto pela posição desconfortável na qual ele teve que ficar no carro. Porém, o esforço valeu a pena – ficou tudo ainda melhor do que ele esperava.

Cuidadosamente ele embrulhou a obra-prima e espreguiçou, grunhindo baixinho. – Namie, vou ali levar o presente. Espere eu voltar! – O moreno abriu a porta do carro quando foi interrompido pela mulher. – Não vai mais morar com ele?

Izaya ficou quieto por um segundo, olhando a porta do carro. – Eu não demoro! - , disse finalmente. Namie suspirou, praguejando a teimosice de seu chefe enquanto ele corria até o apartamento de Shizuo.

Ao chegar lá, bateu na porta fervorosamente, até que Kasuka a abriu. – Ah, Izaya-san! Entre por favor. – O Heiwajima deu espaço para que o pequeno menino-gato, apesar de Izaya preferir simplesmente deixar o presente para que alguém o entregasse.

As pessoas da festa mal pareciam notar o jovem, que logo avistou Shizuo sentado na poltrona com uma expressão de puro tédio.

O Orihara sentiu um frio terrível na barriga. Apertou o presente em suas mãos e marchou pesadamente até a poltrona.

Cabisbaixo, já que suas bochechas queimavam, Izaya ofereceu o pacote a Shizuo, murmurando baixinho “Feliz aniversário”. Sentiu os olhos do loiro lhe observando por um longo tempo até que o peso em suas mãos sumiu – o Heiwajima finalmente aceitou o presente.

Ainda sem olhar no rosto do maior, Izaya abriu a pequena boca para falar. – Bom, acho que é isso. Vou pegar minhas coisas no seu quarto, Namie está me esperando no carro lá fora. – Com isso, o Orihara saiu correndo lá, entrou no quarto de Shizuo e fechou a porta atrás de si enquanto ofegava pesadamente encostado na porta.

Sentiu seu peito queimando e sabia que uma onda de choro se aproximava. Ele não queria ter que sair de lá – nunca havia se sentido realmente em casa, num lar, e vivendo com Shizuo ele se sentia seguro e confortável. Talvez até gostasse do homem.

Limpando suas lágrimas sempre que caíam, Izaya foi até o guarda-roupas de Shizuo, onde havia deixado sua jaqueta e camisa, e segurou-as forte contra seu peito enquanto tentava suprimir alguns soluços.

Sentiu algo se movendo em sua perna e avistou Ruruka, que lhe olhava preocupado, quase como se soubesse que o dono estava mal. – Ruruka-chan...! – Soltou suas roupas e sentou-se no chão, abraçando o animal enquanto chorava.

Odiava chorar; não conseguia pensar em um ato mais desprezível que este. Porém, quando começava, dificilmente conseguia parar. Logo Chocora também estava lá, esfregando-se no dono tentando acalmá-lo.

Estava tão concentrado em seu choro que não ouviu a porta se abrir até que um dos gatos miou, olhando Kasuka que estava sentado na cama do irmão. – Izaya-san, por que está chorando?

Assustado com a presença do outro, Izaya virou-se até ficar de costas para ele, e começou a enxugar suas lágrimas. – Não estou chorando! - , disse entre soluços. – Hm... não quer comer bolo? É de chocolate.

Izaya chacoalhou sua cabeça em negativo, levantando-se para recuperar suas roupas. – Não posso. Tem uma pessoa me esperando pra ir pra casa.

- Não é aqui, a sua casa? – Izaya finalmente olhou Kasuka – a expressão no rosto do jovem estava estranhamente suave, quase como se ele tentasse confortar o Orihara. – Nem pensar. Não dá pra viver com o cabeça-dura do seu irmão.

Surpreendeu-se quando ouviu alguns risos vindos do jovem Heiwajima. – Ele é realmente teimoso, mas tenho certeza que as coisas vão se acertar. Vocês estão se dando bem, não é? Estavam até se beijando, mais cedo.

Izaya só não corou mais porque já estava vermelho, graças a seu choro. – I- isso não tem nada a ver! Aquilo foi um acidente. - , disse enquanto apertava suas roupas. – Mas se ele não te jogou pra fora da casa depois desse acidente, então não tem problema, certo? Não concorda, irmão?

Shizuo, que estava escondido atrás da porta, assustou-se com as palavras do irmão e caiu dentro do quarto, logo se recompondo para gritar com Kasuka. – Não me assuste desse jeito!

- Mas não é verdade, irmão? Você não gosta de morar com Izaya-san? – Shizuo corou um pouco, olhando Izaya, que tinha o rosto virado para o lado oposto ao do loiro. Antes que o Heiwajima mais velho pudesse responder, Izaya tomou a palavra.

- Bom, não importa mais, Namie está me esperando! Tchau pra vocês. - , disse todo atropelado. Deu dois, três passos apressados até a porta quando Kasuka voltou a falar. – Se está falando da moça de cabelos compridos no carro, eu a mandei ir embora.

- Você o quê? - , exclamaram Shizuo e Izaya em uníssono. – Você ouviu o que eu disse, não ouviu, Izaya-san? Aqui é a sua casa. - , disse Kasuka suavemente enquanto afagava os cabelos de Izaya, esboçando um sorriso no rosto. – Bom, os convidados não podem ficar sozinhos. Irmão, vou voltar pra lá.

Assim que Kasuka saiu do quarto, um silêncio pesado se estabeleceu. Izaya ainda segurava forte suas roupas contra seu peito e encarava o chão; seus olhos ardiam por causa das lágrimas. - ...Shinra e Celty trouxeram algumas roupas pra você.

Izaya sentiu um pequeno tique em seu dedo. – Ah... legal da parte deles, né. - , disse baixinho.

Shizuo podia sentir o desconforto de Izaya e viu que ele ainda estava triste, então sentou-se no chão ao lado dele e puxou-o para um abraço; as roupas do menor caindo esquecidas no chão.

O Orihara olhou para cima e viu que Shizuo evitava olhá-lo. – Não fique me olhando assim, não vou te pedir desculpas. - , disse. Izaya encostou sua testa no peito do maior e fechou os olhos. – Eu sei.

- Mas, Izaya... - , começou, - Não faça mais brincadeiras daquele jeito. Já te disse que se não te quisesse aqui, você não estaria aqui.

Izaya sentia seu coração bater forte, bem mais forte que de costume – ele estava ansioso, estava nervoso; sentia frio na barriga novamente. Afastou sua cabeça do peito de Shizuo e levou suas mãos até o rosto dele, virando-o até que ele o encarou.

Antes que Shizuo dissesse algo que quebraria o clima – e muito provavelmente o faria desistir – Izaya tocou os lábios do loiro com os seus. Sentiu que a respiração do maior ficou presa em seus pulmões, e o Heiwajima lhe puxou para mais perto, roubando um suspiro.

Izaya abriu sua pequena boca e passou sua língua por entre os lábios de Shizuo que, em retorno, fez-lhe o mesmo, mais profundamente. O Orihara gemeu baixinho enquanto a língua do loiro explorava sua pequena boca; o som abafado fazendo com que o Heiwajima gemesse junto.

O moreno agarrou o tecido que cobria os ombros do Heiwajima enquanto este lhe puxava para ainda mais perto, num abraço apertado. O beijo era lento e profundo, mas logo Izaya ficou sem ar e afastou-se do maior; um fio de saliva ainda conectava os dois por um segundo.

Antes que pudessem dizer algo um para o outro, ouviram o barulho de algo pesado caindo atrás de Shizuo.

Todos – TODOS da festa estavam caídos no chão, completamente vermelhos. Estavam se escondendo atrás da porta enquanto Shizuo e Izaya se beijavam, porém um deles acabou tropeçando. – Há, há... Shizuo, já estava demorando! - , disse Shinra. – Missão cumprida, Celty~! ♥

A motoqueira negra respondeu-lhe com um “v” de vitória, e, sem paciência para perguntar do que aquilo se tratava, Shizuo levantou-se com uma aura maligna em torno de si. – É melhor vocês correrem. -, disse Izaya com um pequeno sorriso.

Shizuo bufava violentamente como um touro, e arrancou a porta do quarto enquanto os convidados saíam correndo desesperadamente. Shizuo alcançou-os na saída da casa e arremessou o objeto fino de madeira, que voou longe.

Decepcionado, mas ainda irritado por não ter acertado ninguém, Shizuo bateu a porta da sala atrás de si e suspirou. – Agh... ainda tem toda essa bagunça pra arrumar! - , disse.

Izaya sorriu da porta do quarto. – Un, tudo bem. Nós vamos ajudar, não é, Kasuka-chan? – O irmão de Shizuo, que apenas assistia à cena da cozinha com uma fatia de bolo em mãos, deu um pequeno sorriso para a surpresa dos dois. – Claro.

Quando conseguiram terminar de limpar tudo, Kasuka bocejou. – Izaya-san, se importa de dividir a cama comigo? - , perguntou. Izaya abriu um sorriso redondo e, ruborizado, respondeu-lhe. – Não, tudo bem. Eu vou dividir o sofá com Shizu-chan.

- E- ei, não decida essas coisas assim...! – Shizuo, agora corando já que os dois morenos lhe olhavam, olhou para os lados. – Não tem problema, mas...

- Então OK! Vamos dormir então, Shizu-chan? Tô morrendo de sono. - , disse Izaya enquanto secava uma lágrima teimosa, que veio junto com um bocejo. Shizuo suspirou. – Parece que não tenho escolha. Mas primeiro vamos tomar um banho.

Enquanto Kasuka ia para o quarto de Shizuo, a dupla se direcionava para o banheiro com toalha e pijamas em mãos – até mesmo Izaya, que havia recebido roupinhas de boneca como presente de Shinra e Celty.

Ao chegarem lá, Shizuo acendeu a luz e Izaya foi tirando suas roupas, apenas esperando Shizuo para que ele o colocasse na banheira – já conseguia tirar suas bandagens sozinho. Quando o fez e abriu o chuveiro, o Orihara voltou-se para olhar o loiro e corou quando o viu tirando a camisa.

Não tinha parado para pensar em nada do tipo da última vez, provavelmente porque ainda via Shizuo como um possível inimigo, mas o loiro possuía um corpo muito sensual. Os músculos se seu abdômen se contraíam de um jeito bonito enquanto ele jogava sua camisa no cesto de roupas sujas.

O Orihara pensou que teria sangramento nasal quando o loiro desabotoou suas calças e desceu o zíper; o moreno quase arrancava a beirada da banheira enquanto observava.

Depois que Shizuo tirou as calças, ficando apenas com suas cuecas boxers, Izaya não conseguiu mais olhar – sentiu seu corpo todo se arrepiar quando viu o volume na parte da frente, e deu as costas para a cena para evitar constrangimentos.

Shizuo finalmente entrou na banheira, e encostou-se em uma das extremidades para descansar. Quando abriu os olhos e encarou Izaya, percebeu um corte em sua bochecha. – Ah! Você se machucou? Só agora eu vi, já que as luzes estavam apagadas.

- Não é nada de mais, só fui coçar meu rosto enquanto segurava uma tesoura... - , disse com um pequeno sorriso, abanando as mãos em afirmação de que não havia nenhum problema. – Suas mãos também... - , disse Shizuo, enquanto se aproximava e pegava as pequenas mãos do Orihara nas suas.

- Agulhas, tesouras; não precisa se preocupar. Não vou ficar com tétano nem nada do tipo.

Shizuo abriu um pequeno sorriso. – Você não tem jeito mesmo. - , disse.

Quando terminaram de tomar banho, Shizuo secou o menor e colocou novos curativos sobre os machucados antigos, e agora sobre os novos. Assim que terminou de colocar um Band-Aid sobre o corte na bochecha, moveu-se para colocar alguns nos machucados que o jovem possuía nas mãos.

Quando finalmente acabaram, vestiram-se e foram até a sala, e então arrumaram o sofá para que dormissem. – Ah... Shizu-chan, falando nisso, você abriu meu presente? - , perguntou. Shizuo observava o menino-gato, que corava escarlate enquanto se sentava no sofá. – Er... é mesmo, ainda não.

Foi até o armário, onde havia guardado o presente, e o levou até a sala para abri-lo ao lado do Orihara.

Desembrulhou o presente com cuidado; parecia um pouco leve, portanto frágil. Quando terminou de abrir o pacote, não pôde suprimir um sorriso que se apossou de seus lábios.

Eram quatro bonecos de pelúcia – Ruruka, Chocora, ele mesmo com orelhas e rabo de cachorro e Izaya, com sua atual aparência de gato. – Ah... eu sei que ficaram feios, mas... eu não tenho experiência com essas coisas e... bom... era pra ser a nossa família, mas você pode chamar de rebimboca da parafuseta.

Shizuo riu alto, e afagou os cabelos do moreno. – Não seja bobo, ficou muito bom. – E de fato, estava. Os dois gatinhos foram feitos com um tecido bem felpudo, e tinham cada detalhe dos originais – mesmo as barriga branquinha de Ruruka e a orelhinha branca de Chocora.

Os bonecos de Shizuo e Izaya estavam simplesmente adoráveis – as orelhas e caudas eram feitas do mesmo tecido felpudo que os gatinhos, e tanto eles quanto os outros dois possuíam belos olhos de botões, sem contar o sorriso redondo que tinham no rosto.

- Mas por que só eu pareço um cachorro? - , perguntou Shizuo, um pouco indignado.

- Por que precisa ser adestrado. - , disse Izaya com as bochechas infladas e tom cômico. – Hm... você vai me adestrar, Izaya? – O Orihara corou num tom de vermelho que ele nem sabia que existia quando percebeu o tom que Shizuo usava. – N- não fique insinuando coisas, seu pervertido!

Shizuo riu mais uma vez e levantou-se. Posicionou as pelúcias com cuidado na poltrona, apagou a luz e voltou para o sofá, levantando Izaya para ajeitar-se debaixo das cobertas. Abraçou-o quando deitou sua cabeça no travesseiro e sentiu o moreno se ajeitando em seu peito.

- Shizu-chan...

- Hm?

- Se eu tiver outro pesadelo, você me abraça de novo? – Shizuo abriu os olhos e olhou o moreno, que tinha o rosto afundado na curva de seu pescoço. – Mesmo que você não tenha. - , respondeu-lhe docemente.

Nenhum dos dois sabia como reagiriam depois que Izaya voltasse ao normal, mas pelo menos naquele momento, estava tudo certo.

Não tinha como estar mais certo que aquilo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AI MEU DEUS AHIOAHOIAOHAIOHIHAI
Dessa vez não vou comentar nada, tá um pior que outro nessa fic! xD
Mereço review? ♥