Ainda escrita por Nara


Capítulo 8
Sétimo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

É quase uma hora da manhã... eu já não consigo ver nada.
Nem dá pra acreditar na minha cara de pau né? Quanto tempo eu fiquei sem postar? Eu nem tenho como pedir desculpas, acho que nem cabe fazer isso. Bom, o capítulo não está completo, eu ainda ia escrever a parte do reencontro (sim, o reencontro) mas ficou muito tarde e eu decidi parar de enrolar pq se eu fosse esperar concluir pra postar não ia postar nunca. Não sei quando vou postar de novo, mas quero dizer um sincero muito obrigada. Eu amo vcs, vcs não tem ideia de como eu fico feliz quando leio os comentários e vejo q vcs não abandonaram essa fic malfeita. Bem... eu não vou dizer mais nada, enjoy!



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Sétimo Capítulo

Pegou entre suas brancas mãos o jornal em cima da mesa, no papel esbranquiçado leu a grafia negra e a data lhe impressionou. O tempo passara muito rápido.

As coisas não haviam mudado naqueles três meses, a casa permanecia a mesma, com exceção das flores que cresciam no jardim e do brilho que havia se instalado naquela residência. Agora ela sentia que aquele era o seu lar. O relacionamento entre ela e seu marido, confessou, teve considerável progresso. Agora ela sorria quando Edward chegava à casa após o dia de trabalho.

– Boa noite! – como que para confirmar, Bella virou-se na direção da voz e revelou um sorriso. Seu marido se aproximou, com as mãos atrás do corpo. – Tenho uma surpresa para você – anunciou. – Feche os olhos.

Isabella fez como ele ordenou, apertando bem as pálpebras. Sentiu uma mão masculina pegar a sua e nela colocou um objeto com forma quadriculada. Ao abrir os olhos novamente, viu uma caixinha dourada, com ornamentos no metal, muito delicada.

– Abra! – Edward pediu entusiasmado. Ela o fez. A tampa era revestida com espelhos e de dentro da caixinha subiu uma pequena boneca, com a pele de porcelana e cabelos ruivos, assim como os de Bella. Uma música tocada ao piano soou durante alguns minutos até que acabou e a bonequinha sumiu novamente. Bella fechou a caixinha, sorrindo, seus olhos brilhavam.

– Edward! É linda! – exclamou deixando seu marido feliz. Ele a puxou pela cintura e beijou ternamente seus lábios enquanto ela jogava seus braços em volta do pescoço do marido.

– Não é mais linda do que você. – ele respondeu quando ela encarou seus olhos.

Apesar da aparente felicidade estampada no rosto de Edward, não pôde deixar de notar o cansaço no olhar do marido, era como se ele tivesse envelhecido alguns anos. - Está tudo bem com você? – indagou preocupada.

– Hm... – cheirou o pescoço de Isabella. – Eu não posso ficar mal. – riu. Isso não pareceu mudar a expressão da esposa. – Eu só estou um pouco cansado, Bella.

– Bem, eu fiz o seu jantar! – ela anunciou, desvencilhando-se do marido e colocando a caixinha de música na estante. Não era a primeira vez que o marido lhe presenteava, cada presente era mais singelo do que o outro, Bella ficava muito feliz. Após o Masen chegar do hospital, todas as noites, ela avisava que havia feito seu jantar, Edward protestava, dizia que ela não deveria cozinhar e que eles deveriam trazer de volta a senhora contratada para realizar as tarefas domésticas, logo dispensada por Isabella. Ela se contrapunha, batendo o pé e se irritando com o marido, alegando que ele a julgava uma incapaz. Depois de algumas horas ele a segurava por trás e beijava sua nuca, e da nuca passava para seu pescoço, do pescoço para seu colo, até que em fim os dois se entendiam e a satisfação voltava a emanar. – Vou pôr a mesa, deve estar morrendo de fome.

Não houve protestos, Bella direcionou-se à sala de jantar e seu marido anunciou que iria se lavar. Com gosto ela organizou a porcelana e a prata, não demorou ele estava de volta, trajando apenas calças e suspensório, mostrando seu porte masculino. O jantar correu bem, o clima entre os dois estava agradável e na maior parte do tempo eles permaneceram com as mãos unidas em cima da mesa. Como de costume, ele indagou como fora o dia de Bella na casa. Ela disse que tudo havia corrido bem, contou que havia terminado de ler mais um livro, ela dizia isso a cada quatro dias, quiçá menos tempo, não importava o quão grande a obra fosse. Em contrapartida, perguntou também como tinha sido o dia no hospital. Ele respondeu da mesma forma de sempre, dia agitado, muitos pacientes para cuidar, mas que seu novo amigo, Carlisle, muito competente, lhe ajudava no que podia e no que não podia, que para que Edward pudesse ir para casa ficar com sua mulher, o Cullen sempre pegava o turno da noite no hospital e que as olheiras na face pálida do amigo eram como uma honra para o mesmo trazendo a admiração de Edward.

Passado o jantar, muito atencioso, Edward se ofereceu para tirar a mesa. Bella enquanto isso mexia mais uma vez em sua caixinha de música, deliciando-se com a melodia que dela emanava. Não percebeu quando seu cônjuge surgiu atrás de si.

– Eu pensei em você quando vi essa caixinha de música em uma loja, não tive como não trazer. Fico feliz que você tenha mesmo gostado. – sentou-se ao seu lado no sofá branco da sala.

– Eu vou guardar para sempre. – corou um pouquinho. – E lembre-se que você ainda está me devendo muitos presentes, eu quero essa casa cheia de quadros, de cores.

– Eu vou desenhar você em todos eles. – abraçou a esposa. Ela riu.

– Assim não vai ter graça... – retrucou.

Bella dizia que o que ele tinha era um dom, que ninguém nunca poderia desenhar como ele. Claro, Edward discordava, mas aquilo não chegava a ser uma discussão. A mulher se sentia um pouco mais feliz quando via o marido pintando, podia sentir que ele estava sendo ele mesmo. No fundo, sabia que Edward tinha a alma livre, uma alma de artista, que ela tanto admirava, e isso contribuiu para que os dois começassem a se entender. Não foi antes que ele lhe contasse que tudo ocorreu, ele mostrou a ela um lado que até então Isabella não sabia que existia, em sua cabeça começava a correr a ideia de que o casamento não era necessariamente uma união que lhe privaria da liberdade, ao contrário, sentia-se mais livre do que em qualquer outro momento de sua vida.

– Você me ajuda a estudar hoje? – Edward perguntou, referindo-se ao fato de que a esposa o acompanhava no estudo da biologia quase sempre. Ele sentia-se necessitado de estudar e estudar novamente a cada minuto, na esperança de ser cada vez mais competente em sua profissão.

– Edward, você já sabe tudo aquilo, não precisa estudar todas as noites. Tem que descansar. Do contrário, de nada adiantará a teoria se estiver com muito sono para colocá-la em prática. – aconselhou. – Vamos dormir. – levantou-se, levando com sigo o regalo.

Eles subiram as escadas rumo ao quarto do casal, quando adentraram o cômodo, Edward deitou-se na grande cama, relaxando os músculos. A esposa surgiu novamente em seu campo de visão, trajando agora apenas um robe de seda, pronta para se deitar ao lado do marido, que se mantinha com os olhos fechados. Sentiu o peso de Isabella no colchão e revelou sua íris verde para encará-la, era sempre uma satisfação, como marido e como homem ter aquela mulher ao seu lado.

– Cheirosa demais para dormir. – Edward aproximou-se de Isabella na cama como todos os dias.

– Não hoje, você está muito cansado para pensar nisso. O hospital tem levado todas as suas energias. – protestou.

– Eu estou perfeitamente bem e vou ficar melhor quando estiver com você. – retrucou.

– Sem acordo. – deu sua ultima palavra. Edward sorriu um pouco com a atitude da mulher.

– Você tem se importado muito comigo nos últimos tempos. – subiu uma de suas mãos pela perna de Isabella, ignorando o tecido do traje da esposa. – Para quem gostaria de poder me matar nas núpcias, nós evoluímos muito, não acha? – provocou.

– Eu ainda quero te matar. – respondeu simplesmente. – Mas eu quero fazer isso, não que o cansaço faça. Então trate de dormir, ou eu te ponho para dormir eternamente.

Edward gargalhou com o bom humor da mulher.

– Eu vou encarar isso como uma brincadeira. Vamos, só um beijinho então... – conseguiu roubar alguns ósculos da ruiva, tornando-se mais forçoso a cada segundo. Não custou muito, os protestos se tornaram menos frequentes e as mãos delicadas da esposa agarravam o cós da calça clara que o marido trajava. Edward sentiu-se vitorioso como sempre se sentia toda a noite ao conseguir que Bella se rendesse às suas palavras às suas carícias.

Deitou o frágil corpo em meio aos travesseiros bordados, desfazendo o nó da robe, como de costume, trazendo-a para si. Sons usuais saíam dos lábios de Bella, quando abruptamente Edward saiu de cima dela, jogando-se ao seu lado na cama. Assustada e ainda sem fôlego, ela ergueu-se para ver o que se passava com o marido.

– Edward, está tudo bem com você? – indagou aflita.

– Está, foi só um mal estar passageiro. Já estou ótimo. – sorriu para ela.

– Você não me parece nada bem. – discordou. Fechou o robe que vestia e passou uma de suas mãos pela testa do cônjuge, ele suava frio. – Edward, você está ardendo em febre! – assustou-se.

– Que exagero, Bella! – defendeu-se.

– Eu vou buscar um lenço umedecido para você. Fique deitado, não se mexa. – ordenou levantando-se da cama.

– Ei, o médico aqui sou eu, certo? – impediu-a, segurando-a pelo pulso.

– Aqui você é o doente. – retrucou inflexível. – Não ouse me desobedecer!

– Veja, eu só preciso ficar aqui com você. A febre vai passar, amanhã com o nascer do sol estarei tão bem quanto antes. – pediu dando batidinhas no espaço ao seu lado, indicando que ela se deitasse. – Por favor. – pediu novamente.

Ainda que relutante, ela fez o que lhe havia pedido, deitando-se sobre o peito do Masen, colocou uma de suas mãos na pele branca do peitoral do marido, preocupada com o estado de saúde do mesmo. Soubera que muitas pessoas na cidade estavam sofrendo um mal que lhes punha de cama, não saberia o que fazer com o marido sem poder sair do resguardo do leito, dependia dele para tudo e preocupava-se que esse mal lhe pudesse colocar ainda pior. Pediu a Deus que tudo isso fosse apenas preocupação excessiva de sua parte.

– Bella. – ele a chamou após algum tempo em silêncio. Ela, que já estava de olhos fechados, ouviu o que o marido dizia – Se um dia você puder escolher entre ser livre e estar casada comigo, o que escolheria? – ele indagou.

– O quê? Eu não sei Edward, durma. – respondeu confusa.

– Me responda. O que você escolheria? – insistiu.

Ela ponderou por um segundo e então respondeu com sinceridade, certa do que dizia. – Eu escolheria ser feliz.

De forma infrequente, uma lágrima solitária escorreu pela face de Edward, que estava acostumada a expressar felicidade. – Eu entendo. – respondeu. Bella nem chegou a notar a tristeza nas palavras dele. – Eu estou feliz de estar com você. – beijou os cabelos da esposa. Cansado, caiu no sono.

Quando os primeiros raios de sol entraram pela janela, os olhos de Edward começaram a se abrir. Bella permanecia deitada junto dele e ele, como cuidado, desvencilhou-se do corpo feminino, cobrindo-a em seguida com um dos lençóis. Isabella se mexeu, mas logo voltou a ressonar. O jovem caminhou em direção ao lavabo, ainda sentindo-se um pouco fraco. Jogou água fria em seu roto e se secou com uma toalha branca. Procurou por uma camisa e uma calça da qual pudesse estar apresentável para o trabalho, vestiu-se. Olhou novamente sua mulher deitada na cama, dormindo com a paz dos anjos e, do outro lado do quarto, percebeu seu reflexo no espelho da penteadeira. Parado, alto, com o mesmo porte de sempre. Aproximou-se de sua imagem refletida e olhou bem para sua própria face: parecia ainda mais abatido, mais do que nos dias anteriores. Um calafrio correu seu corpo.

Decidiu então sair dali antes que Bella acordasse e o visse parado. A casa estava em silêncio ainda, abriu as janelas para que a luz do sol adentrasse os salões. O cheiro do ar fresco invadiu suas narinas e levou um pouco do mal estar que sentia. Já era hora de rumar para o hospital. Como todos os dias, foi de encontro ao seu carro estacionado ao lado da residência. Nas outras casas, as janelas também começavam as ser abertas. Entrou no veículo e dirigiu pelas ruas de Chicago até o hospital central onde trabalhava.

– Edward! – ouviu seu nome quando adentrou o prédio. Virou-se para a figura alta, de pele pálida, cabelos loiros e olhos cor de caramelo.

– Bom dia Carlisle! – ele cumprimentou também.

– Está tudo bem? Parece-me abatido. – os dois caminharam em direção à sala de Edward. Ele respirou fundo e destrancou a porta.

– As coisas estão ficando complicadas. – respondeu impreciso. O Cullen uniu as sobrancelhas, confuso. – Carlisle, a situação está ficando fora de controle. Quero que você me faça exames laboratoriais, preciso saber a quantas anda minha saúde.

– Suspeita estar doente? – o amigo perguntou um pouco preocupado.

– Para ser sincero não venho me sentindo bem. Ontem me senti desfalecer. Não quero preocupar minha esposa, mas como não se eu mesmo estou preocupado? – sentou-se em sua cadeira de couro.

– Edward, você sabe que está difícil de lidar com a situação aqui no hospital. Tentamos camuflar, remediar, acalmar, mas você sabe da realidade. – sentou-se na cadeira da frente. – É a ultima vez que eu te peço, se afaste do hospital, pelo menos por um tempo, até que os surtos da febre diminuam. – aconselhou.

– Carlisle... – ele bufou. – Não posso me afastar, muito menos agora que tantas pessoas precisam de mim. Esse é o único motivo pelo qual vale a pena ser médico, salvar pessoas.

– Comece se salvando. – Carlisle retrucou.

– Bem, e o que me diz de você? Tem ficado em contato com os infectados tanto quanto eu. Não teme a influenza?

O Cullen sorriu. – Bem, acho que sou bem resistente.

Edward jogou os braços. – Todos nós achamos, afinal.

– O fato é que eu não sou um recém-casado. – começou. – Sequer tenho família, nada a perder. E como você me contou, os pais de sua esposa estão em viagem pela Inglaterra, como sua senhora ficaria se você se pusesse doente?

– Vai tudo dar certo Carlisle, apenas faça o que lhe peço para que esses pensamentos ruins saiam de minha cabeça. – pediu novamente.

– Farei, mas pense no que eu lhe digo. E pense logo.

– Certo, agora vamos tratar dos enfermos. – vestiu seu avental branco e se dirigiu para fora da sala, com Carlisle em seus calcanhares.

O dia passou depressa, Edward sequer teve tempo de matar a sede. Cada prontuário era uma punhalada em seu peito, sentia-se destruído ao ver o número de pessoas que não resistiam à doença. Nos primeiros casos, foram poucos os óbitos, fazendo que em seu peito surgisse uma fagulha de esperança, mas com o passar do tempo o número de infectados só crescia, e o número de viúvas, órfãos, pais e mães desolados só aumentava.

– Vá para casa Edward, você precisa descansar. – o Cullen repreendeu, colocando seu estetoscópio em volta de seu pescoço.

– Sim, eu vou. Carlisle, trate para que tudo corra bem por aqui. Não deixe que vidas se percam à toa. – implorou.

– Eu jamais faria isso. – respondeu sério.

O Masen retirou a roupa branca, sorrindo para o amigo, e se despediu dos colegas no hospital, rumando para casa sobe a luz dos últimos raios de sol e dos primeiros raios de lua. Fechou a distância entre o hospital e sua casa em pouco tempo, estava ansioso para ver Isabella e tê-la junto de si. Apesar da indisposição, sentia-se até melhor do que na noite anterior e estava desejoso por ter Bella em seus braços.

Como todos os dias, entrou pela porta da frente. O salão da escadaria estava vazio e ele sabia que ela estaria na sala de estar. Como já era de se supor, a mulher encontrava-se deitada no sofá esbranquiçado, trajando um vestido branco e lilás. Ela dormia como um anjo. Edward então se aproximou, pegou entre as suas mãos uma das dela, sentindo o calor da pele de Bella. Ergueu até seus lábios e os tocou com ternura, fazendo uma trilha por todo o braço da esposa, até encontrar sua clavícula. Afastou seus cabelos caídos nos ombros e beijou seu pescoço. Uma mão pequena voou para o ombro de Edward e ele soube que ela havia acordado, mas não parou o que fazia. Beijou-a por muito mais tempo até buscar seus lábios e se perder na doçura do hálito da senhora Masen.

– Estava com saudade de você. – sussurrou em meio ao beijo.

Em resposta, ela jogou os braços em volta do pescoço do marido. Edward ergueu-a nos braços, ansiando dar e receber carícias naquela noite. Sentia-se mais disposto que na noite anterior, não havia febre, ao menos. A única febre presente era a de ter sua esposa para si naquele momento.

Andou pela casa, com ela ainda em seus braços. Rapidamente tratou de subir as escadas, rumando para o quarto do casal.

– Será que todos os homens só pensam nisso? – ela questionou rindo baixinho da urgência de Edward.

– Todos que têm esposas tão lindas quanto a que eu tenho. – elogiou-a, fazendo com que ela risse ainda mais.

– Você tem usado seus elogios nesses dias mais do que em toda a sua vida, aposto. – em seguida gritou quando ele a jogou na cama.

Aquela noite foi mais quente que as demais. Não havia cavalheirismo em Edward, apenas o desejo de um homem que encontrava uma nova amante, ou a urgência daquele que está pela última vez com sua amada. Em tese, essas eram os únicos sentimentos que enchiam o peito do jovem doutor. Bella encontrou-se exausta sobre os lençóis claros, seu coração disparado, apenas absorvendo as sensações que o marido lhe causara, então ele a puxou para si, deitando-a sobre seu peitoral ardente.

Por algum tempo ficaram assim, apenas. Ele cheirava o cabelo de Isabella, que tinha a respiração aos poucos normalizada, fechou os olhos e imagens aleatórias passaram por sua mente. Apesar do “por algum tempo”, não sabia quanto tempo havia se passado e Edward estava tão relaxado sob Bella, sua respiração estava tão calma, que ela poderia dizer que ele estava dormindo.

Passou uma de suas pequenas mãos pela pele do peito de Edward e questionou se ele já estaria dormindo. A aflição daquela tarde voltou, encontrou-se novamente tremendo. O marido, que não estava completamente adormecido, sentia os movimentos da mão da esposa e sentiu quando ela parou. Abriu uma de suas pálpebras pesadas e encarou o frágil ser deitado sobre seu peito.

– Não está com sono Bella? – indagou baixinho.

Sem ter recebido nenhuma resposta, apenas sentiu ser abraçado pelos braços magros de sua esposa. Abraçou-a de volta.

– Algum problema Bella? – ergueu um pouco seu corpo para encarar a ruiva.

Ela pensou em dizer a verdade, depois não, mas acabou por dizer.

– Eu estou um pouco impaciente. – revelou.

– Alguma coisa de grave? – arguiu sabendo que poderia apenas ser uma das comuns oscilações de humor da esposa.

Ela refletiu por um instante, fitou o móvel ao lado da cama, onde ela tinha guardado o envelope. Ficou nervosa.

– Bem... Eu recebi uma carta essa manhã, algumas horas após você ter saído para trabalhar. – começou a se explicar.

– Foi isso que te deixou assim? – passou as mãos pelos cabelos dela. Ela abaixou o olhar. – O que dizia?

– É uma carta de minha mãe. – respondeu um pouco triste.

Edward compreendeu que Bella não deveria estar confortável com a situação. Ainda que os dois estivessem convivendo harmoniosamente – por tempo indeterminado – o mesmo não acontecera com os pais de Bella e ela própria. Não haviam se falado depois do casório, sabia que Bella estava triste com os pais há muito tempo, não compreendia. Ele tinha pai e mãe e muitas vezes já se zangara com ambos, mas não concebia a ideia de não falar com os progenitores que, tinha certeza, o amavam. A única coisa que sabia dos Swan era que tinham partido em uma viagem para a Inglaterra, onde Bella morara por muito tempo. A grande guerra se estendia e Charlie Swan tinha propriedades no país. Necessitou então embarcar em um navio, ao lado de dona René, rumo à ilha Britânica.

– Ela deve estar com saudade de você Bella, por isso te escreveu. – respondeu simplesmente, fazendo carinho na mulher. Ela balançou a cabeça de um lado para o outro, um pouco mais nervosa.

– Não Edward, ela quer que eu vá encontrar ela e meu pai na Inglaterra. – respondeu. Ele parou sem saber o que dizer. – E eu vou. – falou decidida.

Demorou alguns instantes até que ele se desse conta do que ela estava dizendo.

– Como assim você vai para a Inglaterra? – indagou.

– Minha mãe me pareceu um tanto aflita, pediu encarecidamente que eu fosse encontrá-los, disse que eles não podem vir até aqui, que as coisas estão complicadas. – começou a explicar, não notando a carranca que se formava na face de Edward. – Eu penso em tudo o que eu já disse a eles, em como eu já agi... Talvez eu tenha sido injusta com eles.

– O que isso quer dizer? Você pretende cruzar o oceano para encontrá-los? – Edward indagou novamente.

Bella uniu as sobrancelhas. – Sim, eu pretendo. Qual é o problema? – encarou.

- O problema? Você não vai, não pode ir. – respondeu como se fosse óbvio.

Uma sensação estranha cresceu dentro de Isabella, seu peito ficou pequeno. – O que é isso agora Edward? Eu sei que você sempre quis que eu tivesse uma conversa madura com meus pais. – apontou confusa.

- Claro que sim Bella... – subiu uma de suas mãos pela pele da esposa. Ela se esquivou.

- E agora você diz que eu não posso ir, como se fosse meu dono, como se soubesse o que é melhor para mim.

- Por isso eu digo que você não vai, eu sei o que é melhor para você. – respondeu de pronto.

- Não. – se contrapôs. – Você sabe o que é melhor para você. – beirou a exaltação. – O melhor para você é me guardar como um objeto em seu cofre.

- Você está sendo infantil. – respondeu. Bella sentiu que lágrimas poderiam rolar de seus olhos a qualquer instante. – Pare e pense só por um momento. Fazer uma viagem tão longa quanto essa nesses tempos não é o mais sensato.

- Você só está querendo agir como meu dono. Eu não vou obedecer ao que você diz, é a minha vida e eu sou livre para decidir o que fazer ou não. – levantou-se da cama, puxando um lençol para cobrir seu corpo. Edward a segurou pelo braço.

- Volte para essa cama agora. – disse abalado pelas palavras dela e não se deu conta do quão autoritário aquilo soou, despertando apenas a revolta de Isabella.

- Procure uma prostituta. – cuspiu as palavras e saiu correndo do quarto, deixando Edward de olhos arregalados.

Bella correu escada abaixo, com o lençol atrapalhando seus passos. Jogou-se novamente no sofá da sala e pôs-se a chorar. Chorou o quanto pode, até que dormiu.

Os raios de sol já invadiam o quarto quando Edward despertou. Não tinha noção das horas ao certo, mas imaginava que não fosse cedo, levando em conta que havia passado a noite em claro. Já era alto da madrugada quando o cansaço venceu suas preocupações e o aperto que havia em seu peito. A briga o deixara abalado. Não queria ter soado como um canalha, não queria ter sido autoritário, não queria ter perdido a cavalheirismo, mas a ideia de Bella longe dele o deixava amedrontado. Um oceano. Era isso que os iria separar caso ela levasse aquela ideia a diante. Ela não pensava no quão aflito ele ficaria caso ela partisse nessa viagem. O país estava em guerra, a grande peste que assolava a população... Mas como explicar isso, sendo Bella tão tenaz?

Passou as mãos pelos cabelos cor de cobre, sua cabeça estava pesada. Ergueu-se na cama e viu de relance, em um canto mais afastado, o lençol que Bella levara enrolado no corpo. Ela estivera por aqui.

Trajando apenas suas calças, voou para o andar de baixo sabendo que ela provavelmente estaria na sala. Mas antes disse, por andar esbaforido, bateu um de seus pés em algo duro. Não deu importância à dor pelo espanto de ver que o tal objeto no qual tropeçara era na verdade um baú. Seu coração disparou.

- Isabella! – gritou o nome da esposa – Isabella! – repetia enquanto batia os pés rapidamente até a sala.

Lá ela estava sentada no sofá branco, como sempre, olhando o nada. Seus olhos estavam vermelhos, uma lágrima escorria por sua bochecha. Edward parou, ela estava frágil. Devagar se sentou ao seu lado, seu peito também apertava. Bella custou a encarar o marido, com medo de sua fúria, mas mesmo assim o fez.

- Eu fiz minha mala. – disse de pronto.

- Eu vi. – respondeu simplesmente. – Então você vai...

- Vou.

Ficaram em silêncio por um momento, Edward apenas passando a mão por seus cabelos, nervosamente. Bella estava com as mãos unidas sobre o colo.

- Não vá. – dessa vez não foi uma ordem, foi um pedido.

- Eu já mandei que um garoto de recados enviasse uma carta hoje com o raiar do sol. Pretendo partir logo. – respondeu.

- Não vá. – ele pediu novamente, segurando os dois lados da face de Isabella, olhando no fundo de seus olhos. Ela não deixou de notar o desespero em sua voz e em seu olhar.

- Eu preciso ver meus pais. – respondeu ainda que balançada. Levantou-se do sofá desvencilhando-se do homem.

- É a sua liberdade afinal de contas... – sussurrou. Controlou-se para não deixar transparecer sua real tristeza. E não apenas a tristeza, mas também a preocupação e o medo de ficar sozinho. – Precisam de mim no hospital... – anunciou. – Eu espero te encontrar aqui quando voltar. – aproximou-se da esposa, ela ainda estava de costas para ele, então encostou seu corpo no dela. Porém, não houve nenhuma resposta, Bella apenas fechou os olhos e respirou fundo.

Edward fez então o que fazia todos os dias: vestiu-se, penteou-se e olhou sua esposa mais uma vez antes de sair. Ao contrário dos demais dias, ela não estava adormecida em meio aos lençóis da cama, descansando após uma noite com seu marido, mas sim abatida no sofá da sala. E aquela imagem acompanhou Edward por todo o trajeto até o grande hospital.

As pessoas cumprimentavam o jovem promissor médico enquanto ele passava pelos corredores. Abriu a porta de seu consultório e se esparramou na grande cadeira de couro atrás da mesa. Mais uma vez passou as mãos pelos cabelos, jogando sua cabeça para trás e soltando todo o ar de seus pulmões. A última imagem da esposa não saía de sua cabeça. Tateou até alcançar o puxador da primeira gaveta, onde havia uma pasta com uma folha de papel. Pegou. Sorriu um pouco quando viu o desenho de Isabella que ele havia feito há poucos dias. No desenho ela não estava serena ou sorridente, como ele costumava imaginar, estava com a cara um pouco zangada, como nos primeiros dias de casamento. Divertiu-se fazendo, mas agora que aquela expressão havia voltado à fronte da esposa e, pior, com a tristeza, talvez aquele pequeno sorriso em seus lábios não devesse estar ali.

Ouviu as batidas tímidas na porta. – Entre. – respondeu com a voz muito séria.

Não era ninguém inesperado. O loiro pálido sentou-se na cadeira em frente à de Edward, como de costume. No entanto, a expressão de contentamento, que costumava estar presente, faltava. Quando Edward deixou de fitar o desenho para encarar o amigo, seu peito apertou ainda mais.

– Carlisle? – indagou preocupado, mal conseguindo falar.

Agora que o Masen analisava devidamente a expressão do amigo, notou que não era apenas seriedade, era um misto de tristeza, preocupação e um infinito pesar. O loiro então estendeu alguns papeis para o jovem médico à sua frente, que deixou o desenho ao lado para pegar o que lhe era estendido. Abriu o envelope e leu as pequenas letras negras, sabendo então sua sentença. As folhas caíram sobre a mesa, Edward já não sentia nada do pescoço para baixo, apenas o pesar de sua cabeça. Seus olhos arderam e ele sabia que eram lágrimas que ali queimava e logo escorriam por sua bochecha.

Não por ele, Deus, não por ele. Por Bella.

– Eu não sei o que te dizer Edward. – Carlisle lamentou baixinho.

– Isabella. – disse entre as lágrimas.

Sem saber se poderia bem andar, levantou-se da cadeira, pegou o papel entre as mãos e saiu do consultório, desnorteado. Então se deu conta de que tinha que voltar logo para casa, não sabia a que horas a esposa pretendia partir. E quando a encontrasse, não saberia como dizer a ela sobre seu estado de saúde. Em poucos dias ele cairia de cama, a febre queimaria cada vez mais e, se as divindades não o amparassem naquele momento, deixaria Bella sozinha.

Fez o caminho de volta, cambaleando, sem notar nada à sua volta. Apertou o papel entre as mãos, implorando a Deus que não permitisse que Bella partisse para longe dele. Não notou a intensidade de sua fé e nem as lágrimas que corriam desenfreadas por sua face.

Pedir-lhe-ia perdão, de joelhos se necessário; faria de tudo para que o sorriso voltasse ao rosto de Isabella, levando embora as lágrimas que banharam sua face naquela mesma manhã. Agora, mais do que nunca, a culpa pesava em seu interior, provenientes da briga da noite anterior. Em contraposição, confiava no coração bom de Bella, sabia que ele, por mais ingrato que tivesse sido, seria perdoado por ela, confiava em seu bom coração.

A quem lê, gostaria de prolongar a chegada até a casa, mas não há como o fazer. O silêncio pairava na residência, mesmo com o som da risada de Isabella que ainda poderia ser ouvida na mente do homem. Com o silêncio, o adeus. Mesmo que a jovem mulher tivesse partido com a esperança de voltar, Edward sabia que quando ela regressasse não estaria mais aqui para abraçá-la e para pedir perdão.


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Notas finais do capítulo

O texto não foi revisado, amanhã eu dou uma olhadinha. Mais uma vez obrigada. Eu amo vcs galera, de verdade. Até a proxima, eu prometo que vou dar o meu máximo pra não demorar, mas a matematica e a fisica me atrapalham. Bom, bjs e até a proxima.