Ainda escrita por Nara


Capítulo 12
Décimo Capítulo


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoas, como estão?
Esse capítulo era pra ter ficado maior, mas eu decidi postar só até aqui mesmo.
Leiam as notas finais and have fun!



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Décimo Capítulo

Uma garoa fina caiu sobre os dois. Edward e Bella permanecia deitados a beira rio, ele a mantinha próxima ao seu peito, podendo sentir o cheiro do cabelo dela.

Isabella ponderou se seria certo falar com o homem que a mantinha nos braços. Na verdade tinha medo de que se o fizesse percebesse que na verdade aquilo era apenas fruto de sua imaginação. Ela tinha tanto para dizer e ao mesmo tempo não tinha nada.

– Bella. - Edward começou, sentindo-se da mesma forma que Isabella se sentia. O homem se mexeu cautelosamente, mas fez com que Isabella se afastasse para encará-lo. - Eu tenho tantas perguntas. - Bella abaixou o olhar. - Você sabe disso, não é? Você também está cheia de dúvidas. Dá para ver nos seus olhos.

– Meus olhos já não são mais os mesmos, Edward. - Isabella falou com muito sofrimento. Ele ergueu o rosto dela, segurando-a pelo queixo.

– Bella, eu preciso saber o que aconteceu nesse tempo.

Isabella respirou fundo e em seguida se perdeu em pensamentos, recordando-se das décadas de solidão em que havia vivido naquela solitária casa.

– Eu me tornei uma… coisa, Edward. Eu vivi em uma penumbra por tantos anos que eu quase perdi as contas. - Edward ouvia tudo atenciosamente, não desviando o olhar dos tristes e profundos negros olhos da mulher por em um segundo, enquanto impedia que ela abaixasse o olhar novamente.

Ela continuou. - Quando eu fui para a Inglaterra ao encontro de meus pais eu me deparei com eles enfermos, a beira da morte. Eu me senti tão desesperada… e eu estava sozinha, não havia ninguém ao meu lado. No dia seguinte à minha chegada eles faleceram, era como se eles estivessem apenas esperando pelo meu perdão para partirem. - Edward a trouxe para mais próximo de si, apertando-a em seus braços. - Eu fiquei completamente perdida. Eu não tinha mais ninguém. Pela primeira vez eu não tinha a menor noção do que eu faria a seguir. Então eu comecei a me sentir mal também. Essa parte é só um borrão para mim, e me lembro apenas de me sentir péssima. Eu sabia que estava morrendo. Mas havia um homem.

– Que homem? - Edward perguntou apreensivo.

– Eu não me lembro, sequer consigo me recordar de seu rosto. Então tudo ficou escuro e eu achei que havia descido ao inferno. Quando a escuridão passou e eu abri os olhos estava na mesma casa em que eu me lembrava. Mas eu não me sentia mais a mesma pessoa, era como se um grande buraco tivesse sido aberto em meu peito. Eu já não me sentia mais à vontade com o meu corpo, como se ele estivesse no lugar errado, não importa aonde eu fosse, como se eu não devesse existir. E por muito tempo eu desejei não existir. Você não tem noção do que é ser apenas um corpo frio, não ter nada, não ser nada. Sequer dor eu sou capaz de sentir. Eu vivo num mundo em que não existe nada. Não existe felicidade, não existe sofrimento, é apenas uma infinita sucessão de dias em que absolutamente nada acontece. E eu demorei muito até compreender que não havia nada que eu pudesse fazer, pois aquilo não iria mudar. Eu podia simplesmente existir.

Ele ouviu tudo atentamente, cada palavra o atingia como uma punhalada, querendo chorar quanto mais a mulher falava.

Ela prosseguiu. - Os primeiros dias foram mais difíceis. Eu não sabia o que ou quem eu era, eu não compreendia a queimação em mim, até que eu me olhei no espelho e vi o mostro que eu realmente era. Estava estampado em meus olhos. Eu passei dias perdida, simplesmente não consegui ficar naquela casa como se eu fosse a mesma pessoa de sempre, em meio a um milhão de pensamentos vindo sobre mim como uma avalanche. Eu só quis sair de lá, correr para longe e tentar fugir daquele pesadelo que eu estava vivendo. Eu cheguei à beira mar, vi uma oportunidade para tentar acabar com aquele sofrimento.

– Mas não conseguiu, não é? - ele falou com um sorriso triste em seus lábios.

– Não. - ela concordou da mesma forma.

Edward passou a se recordar dos seus momentos de depressão e desespero, em que em muitas dessas vezes esperava fielmente que algum ser divino perdoasse seus pecados, tivesse compaixão de sua alma e o levasse, poupando-o daquela existência vazia. Mas ele tinha Carlisle e nem de longe ele poderia comparar o sofrimento que sentia com o sofrimento que Isabella deveria sentir na companhia do vazio.

– Você sabe o que eu sou, Edward? - estreitou os olhos para o homem que transparecia tristeza.

– Você é Isabella Masen, a mesma de sempre, não importa o que tenha acontecido. E isso é tudo.

Isabella deu uma risada sem humor.

– Não, Edward. Eu já não sou mais essa pessoa há muito tempo. Você não tem ideia do que eu sou.

– Tenho. Como você acha que eu pude estar aqui, assim, por tanto tempo? - falou com a voz muito baixa.

Ela deu um sorriso um pouco mais genuíno desta vez, antes de falar. - Eu esperava que Deus houvesse o mandado de volta para me encontrar.

Edward riu. - Vejo que você não perdeu o senso de humor. - passou uma de suas mãos pelas maçãs do rosto de Isabella. Ela fechou os olhos para apreciar o toque.

– Eu não contei nenhuma piada. Você morreu, eu fiquei sabendo disso. - Edward estremeceu. - Li uma nota no jornal, algum tempo depois de… depois que tudo aconteceu. Dizia que toda a família Masen havia falecido, incluindo você. E como não haviam citado nenhuma viúva Masen, ficou subentendido que eu também.

– Aquilo não era verdade. - Edward falou, fazendo com que Isabella olhasse confusa. - Carlisle fez meu atestado de óbito e tratou de espalhar a notícia de que eu havia falecido pelos mesmos motivos que meus pais. Eu tenho até um túmulo em Chicago, ao qual eu levo flores periodicamente.

– Você… por que maldição você fez isso? Eu sofri achando que você estava morto e era apenas uma… Carlisle? - ela perguntou após uma pausa abrupta.

– Sim. Carlisle. O doutor Cullen do qual eu sempre falei para você.

– Carlisle. Aquele Carlisle é o… - apontou na direção e que havia vindo mais cedo.

– Sim. É ele. Carlisle me ajudou, se é que pode-se dizer isso. Eu estava em meu leito de morte, a um passo do fim, quando ele teve compaixão e me transformou do que eu sou hoje.

– Eu não acredito! - exclamou incrédula.

– Parece que o mundo é menor do que pensamos. - Edward sorriu torto. Ela riu um pouco e então voltou seu olhar para ele, endurecendo novamente sua expressão.

– Mas isso não vem ao caso. Eu estou indignada com o que você me fez passar por todos esses anos. - Isabella se ergueu do chão, ficando em pé ereta. Edward olhou para ela confuso.

– Qual é o motivo de toda essa revolta? Você fez o mesmo comigo. Eu também achei que você estava morta.

– Mas eu não coloquei um anúncio nos jornais!

Ele revirou os olhos. - Isso foi depois de que você fez o favor de sumir! Carlisle foi atrás de você na Inglaterra e ele ficou sabendo da notícia da sua morte.

– Não teve notícia nenhuma. Ele teria me encontrado se tivesse ido à minha casa, eu fiquei trancada lá por noventa anos. - colocou as mãos na cintura.

– E você o receberia com chá e biscoitos, é claro! - Edward se levantou e se pôs em frente à ela. - Depois que ele soube que você havia falecido, Carlisle foi até a sua casa e a encontrou vazia. Ele ainda buscou por você mais não havia nenhum sinal da sua existência. Ele voltou e me contou o que supostamente havia acontecido e eu passei noventa anos achando que você estava morta.

– Você fala como se eu tivesse culpa! - a mulher bateu um de seus pés na relva freneticamente.

– Você tem culpa. - Edward falou como se fosse óbvio, fazendo Bella arregalar os olhos.

– Ah! Mas que absurdo! - colocou uma de suas pequenas mãos na testa em indignação e deu as costas para ele. - Eu não acredito que você está dizendo isso. É um disparate!

– Disparate? Disparate foi você ter me deixado mesmo depois de eu ter implorado para que você não o fizesse e depois simplesmente desaparecer e só voltar depois de noventa anos.

– Você acha que eu fiz isso por que eu quis? Além do que, em momento algum você implorou por algo. Você sempre me tratou como se eu fosse uma boneca com a qual você poderia fazer o que bem entendesse, como se eu fosse um objeto de sua propriedade. - cuspiu as palavras na cara dele.

– Quem está sendo absurdo agora? - falou exasperado. - E tudo o que eu fiz por você? Toda a atenção, todo o carinho que eu te dei, toda a compreensão, para você não pensar duas vezes antes de me deixar.

– Que ridículo! - encarou-o com raiva e indignação. - Você me persuadia a fazer tudo que você quis, com essa sua lábia e com… - ela ponderou por um instante.

– Com o quê? - Edward ergueu uma sobrancelha. Se ela pudesse teria corado. - Você nunca reclamou dos meus métodos de persuasão, ao contrário, você sempre pareceu gostar muito.

– Como você ousa falar assim comigo? Eu sou uma dama! Seu grosseiro. Quer saber de uma coisa? - passou as mãos nervosamente pelo molhado vestido, na intenção de ajeitá-lo. - Eu não vou pensar duas vezes antes de te deixar agora! Passar bem. - deu as costas para ele, mas antes que pudesse dar o primeiro passo, Edward a ergueu do chão, jogando-a sobre seus ombros, e caminhou de volta pelo caminho o qual tinha vindo.

– O que você pensa que está fazendo, seu grosseiro? - exclamou eufórica, batendo nas costas de Edward. Ele não pareceu se incomodar com isso.

– Eu estou te levando para a minha casa, é claro.

– Eu não quero! Ponha-me no chão! - ordenou.

Edward fez isso, mas segurou seus braços com força, mantendo-a presa próxima ao seu corpo. - Você está vendo, Isabella? Nós mal nos encontramos e já estamos brigando! Será possível que nós não vamos poder viver em paz?

– Há muito tempo não existe “nós”, Edward. - Isabella falou com a voz fria e baixa, fazendo Edward estremecer.

Ambos ficaram em silêncio por um minuto, apenas olhando um nos olhos dos outros.

– Você não quer colocar uma roupa seca? - perguntou à Isabella, tentando fugir do clima desagradável entre eles.

– Até que sim. - ela respondeu sem graça.

– Eu posso te levar até a minha casa e te oferecer algo para vestir. - apontou em direção à floresta à sua frente.

Isabella estreitou os olhos e pensou por um instante, respirando fundo em seguida. - Não sei se quero voltar para onde está seu amigo Carlisle. - respondeu com cautela.

– Quando eu disse “minha casa” eu estava me referindo a outro lugar. Venha comigo. - ele convidou, apontando a direção. Isabella aceitou e caminhou para onde ele indicou, sendo acompanhada por ele.

Fizeram todo o trajeto em silêncio. Não demorou muitos minutos, Isabella pôde avistar um chalé na floresta. Uma construção encantadora, toda feita de pedra.

– Esse é o meu refúgio. - apontou para Isabella. Ela observou atentamente enquanto eles se aproximavam da porta de entrada e Edward a abria e dava passagem para que ela entrasse no recinto.

– Com licença. - pediu e entrou na pequena casa.

O local era muito aconchegante. O primeiro cômodo era uma sala pequena, com suas paredes de pedra, assim como uma lareira em frente a um sofá branco. Todos os móveis eram de madeira escura, assim como o chão. Nas janelas haviam longas cortinas areia que impediam a passagem de grande parte da luz que vinha de fora.

– É muito bonito. - ela elogiou enquanto continuava a analisar o local.

– Que bom que você gostou. Venha, eu vou te acompanhar até o banheiro e te conseguir algumas roupas. - comandou sendo seguido por Isabella.

Edward a levou por um estreito corredor até chegar à uma porta. Ele abriu e indicou que ela entrasse. Era um aconchegante quarto com as paredes pintadas de branco, o chão de uma madeira escura e uma grande cama no mesmo estilo.

Edward a levou por um estreito corredor até chegar à uma porta. Ele abriu e indicou que ela entrasse. Era um aconchegante quarto com as paredes pintadas de branco, o chão de uma madeira escura e uma grande cama no mesmo estilo.

– O banheiro fica naquela porta. - Edward indicou. - Você pode tomar um banho, se quiser. Eu vou conseguir algo que te sirva. - sorriu torto. Isabella concordou e caminhou timidamente até onde ele indicou, um pouco absorta, encantada com a casa.

Bella entrou no cômodo e se despiu. Caminhou até a banheira e abriu a torneira, de onde saiu uma água deliciosamente quente. Ela ficou encantada com aquilo. Gostaria de ter uma assim em sua ultrapassada casa. Ela entrou na banheira, relaxando instantaneamente, afundando completamente na água e emergindo em seguida. Fechou os olhos apenas aproveitando a sensação da água quente em sua pele.

– Bella? - Edward chamou, fazendo com que a mulher gritasse devido ao susto que levara. - Calma. Amigo. - falou, erguendo as mãos. Ela revirou os olhos.

– Não entre aqui! - exclamou quando viu que ele iria se aproximar mais da banheira.

– Tecnicamente eu já estou dentro e eu só vim te trazer essa roupa. É isso que eu ganho por ser atencioso com você. - fez cara de indignação, o que fez com que Isabella bufasse.

– Bem, você não precisava ter entrado sorrateiramente. Pode deixar isso aí e se afaste. Você não está vendo que eu estou tomando banho?

– Eu estou vendo sim. Por quê? - aproximou-se mais. Instintivamente, Isabella cobriu o colo com os braços e encolheu-se trazendo suas pernas junto do tronco.

– Saia daqui!

Edward riu e a ignorou, aproximando-se da banheira e sentando na borda.

– Ainda com vergonha de mim, Isabella? - provocou. Ela olhou-o como se o pudesse fuzilar. - Acho que você está esquecendo que eu conheço cada curva do seu corpo como a palma da minha mão. - passou a ponta dos dedos pelas maçãs do rosto de Bella. Ela teria corado.

– Não deveria conhecer, eu não lhe dei permissão para tal. - respondeu, desviando o olhar e apertando ainda mais seus braços em frente ao peito.

– Ah, deu. Deu sim, muitas vezes. - Em um movimento rápido, levou seus lábios até o rosto dela, depositando alguns beijos perto da mandíbula dela.

– Saia daqui! - ela gritou com ele. - Saia daqui! - gritou de novo, jogando água em Edward, que levantou-se rapidamente dando risada.

– Eu vou deixar aqui. - colocou a roupa em um gancho na parede e saiu do banheiro gargalhando.

Bella teve que admitir para si mesma que gostava de ouvir novamente a risada de Edward, fazia tanto tempo que ela não a ouvia. Com um sorriso bobo nos lábios, saiu da banheira após mais alguns minutos. Caminhou até onde Edward havia deixado a peça de roupa. Ao lado havia um toalha, que ela atreveu-se a usar. Em seguida ela pegou a peça entre as mãos, era uma camisa branca. Cheirou-a. Tinha o perfume de Edward. Ela vestiu a camisa, ficava grande demais nela, com a barra alcançando suas cochas. Fechou os botões e, de uma forma estranha, se sentia confortável em estar vestida daquele jeito.

Caminhou cautelosamente para fora do banheiro, como se pudesse ser atacada por alguém. Edward estava sentado na beirada da grande cama, olhando para o nada, quando sentiu a presença dela. Ele virou-se para encará-la e sorriu amplamente quando a viu. Ele se levantou e a analisou de cima a baixo. Bella tinha os longos cabelos ruivos molhados, caindo por suas costas e por cima de seus ombros. As gotas molhavam a camisa branca, fazendo com que o tecido ficasse transparente e mostrasse um pouco da pele branca dela. Ela não usava nada por baixo e ele quase podia visualizar os seios dela. A roupa terminava na altura das coxas dela. Era a primeira vez que Edward a via em um traje tão curto.

Edward riu um pouco, deixando Bella um pouco confusa.

– Do que você está rindo? - ela questionou.

Edward balançou a cabeça para um lado e para o outro enquanto caminhava até ela. - Uma vez eu vi um filme em que uma mulher estava assim, exatamente como você está. É claro que em uma outra situação, mas... eu sempre imaginei como seria se fosse você no lugar da atriz. - ele passou um braço ela cintura dela, puxando-a de encontro ao seu corpo. - Eu devo admitir que a cena ficou muito melhor com você do que poderia ficar com qualquer outra pessoa. - ele sorriu e a apertou contra seu corpo, fazendo Isabella arfar. Aproximou seus lábios do ouvido dela, sussurrando em seguida. - Simplesmente porque você é a mulher mais linda que já existiu e que um dia vai existir.

Ela se derreteu nos braços de Edward, que a ergueu do chão e a levou até a grande cama.


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Notas finais do capítulo

Hey, pessoas. Como vão? Como está sendo esse começo de ano? Tudo na paz?
Sabe o que eu estava pensando? Em compartilhar com vcs o documento do drive em que eu escrevo. Tem até chat lá. A gente podia marcar um dia pra eu escrever, vc poderiam ler simultaneamente e ainda bater um papinho no chat. O que acham?
Vou amadurecer a ideia.
Love Ya