Muito Além do Fim... escrita por BrunaGonda


Capítulo 8
A morte se engana de porta.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/188006/chapter/8

“Harry”

Ele estava se afogando, no fundo de um lago negro. As vozes vinham de pessoas de fora do lago, mirando-o lá de cima. Ele ia afundando cada vez mais, por não saber onde era a superfície.

“Harry”

A voz ecoou, estranhamente deformada, afinal, seus ouvidos estavam cheios de água.

“Acorde Harry!”

Ele abriu os olhos, respirando em arquejos. Tinha sido puxado para fora.

-       Vamos cara, calma! Respire!

Ele se sentou rapidamente e um braço foi passado as suas costas, ajudando-o a ficar sentado. Harry sentiu a garganta seca.

-       Meus óculos – pediu, a garganta raspando.

Então mãos grandes lhe entregaram óculos.

-       Vá com calma, consegue ficar sentado?

-       Sim – disse o garoto pondo os óculos.

Por um momento, a cena muito clara lhe cegou, permanecendo nublada. Então sua visão se acostumou.

Estava em uma salinha muito pequena. Henry estava sentado ao seu lado, sorrindo satisfeito. A luz entrava por entre janelinhas em estilo gótico, como a fundação de pedra. Ele próprio estava sentado em uma mesa de pedra, em volta de...

-       Onde estamos? – perguntou ele muito confuso.

-       Ora, estamos no cemitério – ele falou como se fosse óbvio.

-       Hmm. E o que exatamente estamos fazendo no cemitério – ele levantou as sobrancelhas.

Henry afastou do rosto magro os cabelos dourados, então comentou.

-       Eu estou no seu velório, você meu caro, devia estar deitado, por que acordou? – ele perguntou como se fosse falta de educação de Harry.

-       Ora... – Harry começou a se aborrecer com o aturdimento que Henry estava lhe causando.

-       Fique calmo Harry – Henry sorriu – Vou lhe dizer o que está acontecendo, só por favor, saia de dentro do caixão.

Harry pulou para fora do caixão cheio de flores, e Henry empurrou o caixão para o chão, para ambos se sentarem na mesa de pedra.

-       Bem – começou Henry – Você morreu.

-       Hmm. E porque estou vivo? – Harry perguntou.

-       Velaram seu corpo inerte por dois dias, e eu vim nos dois. Eu sabia que isso poderia acontecer – Henry revirou os olhos – Você perdeu os sentidos e ficou a beira da morte, mas não morreu! – O homem lhe lançou um olhar admirado e sagaz – Eu perguntei a Molly a poção que havia lhe dado. Ela lhe deu muitas, entre elas uma que levava os ingredientes losna, raízes de valeriana, raiz de asfódelo em pó e vagens suporíferas.

-       E daí? – perguntou Harry.

-       Acho que você não é bom em poções – Henry riu, depois jogou a cabeça pro lado como se pensasse e começou a recitar – humm, contra indicações, dormência, desmaio, coma induzido...

Harry compreendeu.

-       Ingredientes usados na poção do morto-vivo.

-       Que o induziram ao mesmo sono de Julieta ou  Bela Adormecida meu caro – ele riu – Eu não queria dar esperanças a ninguém. Só eu sei que você está vivo.

-       Nossa – Harry esfregou o suor da testa – E se tivessem me enterrado?

-       Sempre enterram o bruxo com sua varinha, você daria um jeito – ele comentou, como se o que falasse fosse absurdamente fácil.

-       De qualquer forma, você era forte. A poção o curou. – Henry sorriu – A propósito, se eu fosse você leria isso – e lhe passou um jornal.

“O Profeta Diário.”

“Harry Potter perece diante Varíola de Dragão.”

“Harry Potter, também como o eleito, ou o homem que deteu o Lord das Trevas, encontrou sua ruína aos dezoito anos, na forma de Varíola de Dragão. O garoto resistiu fortemente por aproximadamente uma semana, mas morreu na manhã de ontem, aproximadamente às 08:05. Sim, é com grande pesar que comunicamos essa terrível perda de um bruxo extraordinário.

Potter morreu desmerecidamente jovem, após várias desventuras em sua vida. Ele vai ser enterrado em Godrics’ Hollow, ao lado do túmulo de seus pais.

Sua noiva e família receberão a ordem de Merlim, primeira classe que lhe foi concedida, talvez tarde demais. Há boatos que Potter talvez tenha deixado um herdeiro vivo, o que não é provado, já que sua noiva não se expõem desde sua morte.

Sua família se encontra em luto, e entrando mais ainda na boataria, diz-se que sua esposa adoece também, seja definhando por tristeza, como sua família revelou em uma breve audiência as portas da casa, na volta do velório, seja pela mesma doença que roubou a vida precocemente de nosso jovem herói, levando em conta que esta se transmite sexualmente e por sangue.

Uma biografia não autorizada já começou a ser escrita pela famosa escritora e colunista Rita Skeeter. A família de Potter se recusou a autorizá-la, e promete assim que sair do luto levar esta biografia a não ser publicada.

O que a família de Potter está escondendo, não se sabe. Mas seu corpo foi visto claramente saindo da casa para os funerais, ainda que a área tenha sido isolada.

Harry Potter será enterrado com sua varinha aos olhos do povo? Ou será uma cerimônia isolada também? Sua noiva já considerada praticamente uma viúva resistirá a este golpe ou definhará? Potter foi pai aos dezoito anos? O mundo pode contar com um consolo chamado “O legado dos Potters?”

Harry releu duas vezes, sem acreditar, de boca aberta.

-       O mundo está de luto – avisou Henry.

-       Isso é verdade? – Harry perguntou apavorado, o coração batendo num ritmo desenfreado.

-       Não sei se Gina está grávida, isso é com você, mas o resto é tudo verdade. – ele falou solidário, os olhos penosos por trás dos óculos quadrados e finos.

-       Gina está definhando – ele murmurou.

-       Sim.

-       E todo mundo acha que eu morri.

-       Sim.

Eles ficaram se encarando por um minuto, então Harry explodiu:

-       Como eu vou aparecer lá e dizer: Ei, estou vivo, alarme falso!

Henry se sobressaltou com seu acesso como um gato irritado. Então tirou os óculos e os limpou nas vestes.

-       Bem, se quiser morrer pra não ter que pagar mico eu posso fechar o caixão de novo...

-       Não seja tolo, o que vamos fazer?

-       Se quer minha opinião, você se deita aí de novo e eu saio correndo e gritando que Harry Potter está se mexendo no caixão.

-       Uma boa ideia – Harry admitiu.

-       Prefere que eu vá até o ministério berrando sobre “O garoto que sobreviveu”, “O Eleito”, “O desejável número um”, “O legado Potter” ou...

-       Ah, cale a boca Henry – Harry revirou os olhos e sorriu – Acho que não acreditou que eu estava morto um só momento.

Henry bufou.

-       Seria como acreditar que Alvo Dumbledore usava barbas postiças.

-       Você é perspicaz e esperto como uma raposa, Henry McCarty. Seria um prazer ser seu aliado em uma guerra.

-       Uma pena não nos termos conhecido antes então – Henry sorriu.

-       Você era da Corvinal Henry?

Henry sorriu mais largo, como se soubesse coisas que o mundo inteiro ignorasse.

-       Há dois tipos de inteligência Harry Potter. A inteligência e a sagacidade. Creio que possuo os dois. Uma mistura que resulta em... esperteza.

-       Sonserina – Harry falou. Já sabia.

-       Sim. Agora se não se importa Harry... – ele levantou e fez um reverência, puxando a capa – Tenho uma nação para aterrorizar.

E saiu apressado pela porta. Harry riu e foi buscar seu caixão, onde tiraria um cochilo até que Henry voltasse com pessoas mortificadas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

COMENTEMMMMMMMM



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Muito Além do Fim..." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.