Muito Além do Fim... escrita por BrunaGonda


Capítulo 15
Salsichas cruas e uma fogueira.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Tem alguém aí ainda? Ai, me desculpa você! Quanto tempo me ausentei? Ai, não grite também... É que eu andava tão tristinha que a vontade de escrever não vinha... To passando mais ou menos pelo que o Harry passou nesse capítulo. Minha vida sem compromissos ta acabando e eu não sei o que fazer...
Mas tirando minhas desculpas, sobre o capítulo, acho no mínimo interessante pensar como seria Harry Potter se não fosse um livro escrito pra crianças. Eu me aventuro nesse pensamento, puxando no motivo que por Harry estar crescendo, o lado escuro dele está se mostrando. Não, que ideia, longe disso! O Harry nunca vai ficar mal, oras!
Mas todos sabemos que ninguém na verdade é completamente perfeito né? É assim que eu imagino um Harry, agora que eu e Harry estamos crescendo.



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  O que estava acontecendo com ele ?

  Harry Potter se encontrava deitado em sua cama, desta vez sozinho em sua melancolia. Ele se sentia muito confuso com tudo que estava acontecendo, aliás, era tudo muito repentino, de modo que o próprio se sentia estranhamente tonto e com uma dorzinha de cabeça quando tentava pensar sobre. E além do mais, não havia ninguém para ajuda-lo nisso. Guiá-lo para o caminho certo. Ele, Harry, imaginou que sempre soubera o que era certo e o que era errado. Hoje, ele não tinha tanta certeza. 

  Acontece que o enquanto o pequeno Harry se ia, e morria no reino da infância, outro nascia. E agora, teria de aprender a lidar não só com o mal que vinha de fora, mas sim o que vinha de dentro dele. Sua nova vida parecia de certa forma assustadora a seus olhos. Ele era o seu dono, ocupava o maior papel que poderia ocupar em sua vida. Ocupava o papel que seu pai representava, o de um homem. E porque será que ele se sentia tão mal por não ser tão... decente quanto ele? Por mais que ele tentasse, havia manchas em sua nova reputação de um homem adulto. E porque ele não conseguia se arrepender disso?

  Ele queria poder ser tão bom quanto seu pai. Mas se sentia corrompido pela maldade que o cercava. Afinal, o que seu pai diria se soubesse o que tinha feito com Gina, sendo ela mais nova que ele, sem nenhum compromisso que pudesse honrá-la? Se soubesse que ele andava matutando pelos bares a noite, meio confuso, bebendo de modo controlado, porém, mesmo assim, bebendo. Se soubesse que ele tinha começado a fumar diariamente? Que ele tinha falado coisas cruéis a Rony quando perdeu a pouca paciência que tinha?

  O que ele não daria pra Hermione estar ali! Ela sim era como uma irmã que podia mostrar o caminho certo quando as coisas escureciam. E depois de um momento pesando, decidiu que era isso mesmo que faria. 

  Já passava da meia noite quando Harry chegou na` Toca. Mas como iria chamar Hermione? Ela dormia no mesmo quarto de Gina, mas não era com Gina que ele queria falar. Ele não queria que mais ninguém acordasse, visse ele embaixo da janela do quarto das meninas e pensasse besteira. Ele caminhou de um lado para o outro por alguns minutos, emburrado. Se ele mandasse um patrono, acordaria até as galinhas com a luz. Ele não tinha coruja. O que raios ele ia fazer?

  E fez a única coisa que lhe veio a mente, jogou uma pedrinha na janela. E nada. Jogou outra maior. E nada. Jogou uma terceira... E uma sombra se mexeu ali dentro. Harry torceu pra que tivesse acordado a pessoa certa. E com uma sorte divina pelas bênçãos de Merlim, Hermione meteu a cabeça desconfiada pra fora da janela que abriu, usando um vestidão azul de dormir. Harry sussurrou o mais alto que pode:

-    Hermione, Hermione, tá me ouvindo? Desce aqui!

-    Harry? – ela silvou – O que faz aqui tão tarde, vai dormir, tchau! Boa noite!

Hermione acenou pra ele.

-    Droga Hermione, preciso falar com você, dá pra descer um pouquinho? – Sussurrou Harry arranhando sua garganta.

-    Ai Harry, não dá pra voltar daqui algumas horas? Fica aí, quando ver um ponto brilhoso no horizonte você me acorda, tá?

-    Por favor?

Ele juntou as duas mãos num sinal que implorava. Hermione olhou cética por um momento, depois rolou os olhos e se retirou da janela. Harry ficou ali, se balançando na planta dos pés. Ele esperou uns dez minutos. Então silvou outra vez:

-    Mione, você acordou?

-    Sim, acordei, seu chato – Uma Hermione bocejante falou quase ao seu lado, fechando a porta da Toca. 

-    Ah, que bom – ele sorriu pra ela. 

Hermione olhou pra ele com a sua melhor cara de mandar pro inferno. 

-    Vai ficar aí como uma estátua ou vai me explicar o que aconteceu? Se não for algo grave, vai acontecer algo bem grave com você – disse ela, a última palavra se perdendo num bocejo.

Ela tentou assentar os cabelos que apontavam pra todas as direções possíveis. Ajeitou o casaco que colocara por cima do pijama e esfregou os olhos sonolentos.

-    Bem, você sabe que tivemos um problema a pouco... Eu queria conversar com você, sei que está tarde Hermione, mas o problema é que eu estou muito confuso, eu não sei o que fazer, não tenho ninguém pra conversar, e a melhor pessoa que eu conheço pra se conversar é você, já que você é minha irmã... emprestada?

Hermione riu um pouco da frase. 

-    Tudo bem, eu nem queria dormir mesmo. Eu vou pegar umas salsichas, a gente pode se sentar e conversar ali no topo do morro. Rony não vai gostar de ver você aqui a essa hora.

-    Pra que as salsichas? – Harry perguntou coçando a cabeça.

-    Tô com fome – ela falou simplesmente.

Depois de Hermione resgatar um pacote de salsichas da despensa, ambos caminharam até o grande carvalho no topo do morro, onde fizeram uma pequena fogueirinha, juntado algumas folhas de outono e galinhos, depois tocando fogo com a varinha, onde puderam assar as salsichas de uma Hermione que parecia estar aderindo aos comportamentos culinários de Rony, de certo modo.

Quando ambos estavam confortáveis em baixo do carvalho, assando salsichinhas  espetadas em galhos, Hermione falou:

-    Então, me conte o que o traz aqui tão tarde. 

Harry girou a salsicha solitária no calor da fogueira.

-    Sabe Mione, eu não ando muito certo do que estou fazendo. Tudo o que eu admirava antes, é tudo o que eu não vou me tornar, ao que parece.

-    Está exagerando...

-    Não estou não.

-    Foi só uma briga...

-    Não Mione! Não foi só uma briga! – A salsicha se balançou quando Harry começou a sacudir as mãos irritado, não caído do galho por um triz – Olha o meu pai, olha o Lupin! Eles eram todos pessoas que você tem orgulho de lembrar, me diz algo que tenham feito de errado...? E agora olha pra mim! – ele falou exasperado, quase sem ar, devido a rapidez das palavras. 

Hermione mordiscou a salsicha, encarando as chamas. Harry se irritou, pesou que talvez ela não estivesse se importando. Mas logo ela respondeu:

-    Sabe, não querendo tapar o sol com a peneira, é verdade que você anda esquisito, mas isso não é o fim do mundo sabe? Você é novo, ainda tem muito o que viver. Vai ter que errar pra aprender o que é certo, e o que é errado. Você sofreu mais do qualquer um, é normal estar deprimido e confuso agora que tudo acabou. Afinal, que outra coisa você fez além de... suportar? Você já tentou ser feliz algum dia? Aposto que tem é medo de tentar, medo que alguém tire isso de você também. Criou uma casca grossa a seu redor, que não deixa mais ninguém passar. Mas se você tentar Harry, as coisas vão melhorar. Esses homens “éticos” do qual falou tinham bem mais idade que você tem agora. E por mais que se pareça, você não é o seu pai, nem é igual a ele. 

Harry se calou diante do depoimento da amiga, nunca vira ela falar tanto, ou ser tão sincera com ele. Será que ela tinha razão? Ela nunca pensar nisso... ou que poderia ser isso.

-    Mas olha só Mione, porque eu não me arrependo das coisas que eu faço? Porque eu não me arrependo?

-    Cite alguma coisa que não se arrepende – ela ordenou, enfiando mais uma salsicha no galho.

-    Hã... – ele ficou encabulado de falar de Gina pra ela.

-    O que você tem vergonha de falar? – ela semicerrou os olhos perspicaz.

-    Ah, você é uma garota, não é coisa que se diga...

-    Ai...

-    Tudo bem, posso dizer, se prometer não me reprimir. 

-    Pensei que veio aqui buscando repressão.

-    Se tivesse, seria mais fácil eu ter ido me confessar de manhã, aposto que só teriam me mandado rezar vinte ave marias e...

-    O que você fez com a Gina!? – ela perguntou exasperada, com a boca cheia. 

-    Como você sabe, para de ler minha mente – Harry colocou as mãos nos ouvidos, como se seus pensamentos pudessem estar lhe escapando pelos ouvidos. 

Hermione apontou o galho pra ele, acusadora.

-    Tô olhando pro sorriso estampado na sua cara e sei exatamente o quê aconteceu.

-    Não sei do que você está falando – ele mordeu um pedaço grande de salsicha, olhando pro outro lado. 

Hermione lhe deu um tapa no braço, fazendo uma metade de salsicha tremer no galho. 

-    Eu não acredito! Poxa, você não podia esperar um pouco?

-    Ai Hermione, você queria o que, ela é que ficava provocando! – ele se afastou da zona de tapas alcançáveis de Hermione.

-    Você tem idade pra não ceder a provocações!

-    Olha, acho que vocês mulheres é que não sabem o quanto são difíceis, oras! Não dá pra pensar direito enquanto se está vendo um par de...

-    Harry! – Hermione lhe deu outro tapa, se arrastando pra mais perto.

-    Ah, tudo bem, deixa que eu falo: “Não, não dá,  não vou nem olhar, afinal, eu nem quero nada com você mesmo até o casamento, mesmo que você fique me provocando e dificultando as coisas pra mim...” – ele se afastava rápido, engatinhando de costas, fugindo de uma furiosa Hermione brandindo um terrível galho na mão – Ah, por favor, você acha que a gente não olha? Você acha que o Rony não te olha quando você se abaixa pra juntar sei-lá-o-quê?

-    Harry Potter! – ela jogou uma bolota caída no chão certeiramente na cabeça do amigo.

-    Claro que olha! Cansei de ver ele olhando, com o rabo do olho! Nem por isso falo nada! Agora, você não fica se esfregando nele, e além do mais, Rony sempre foi encabulado, só por isso né? – Harry desviou de outra bolota, os dois girando na fogueira, um fugindo, a outra jogando bolotas furiosa – O que eu poderia ter feito Hermione? Heim? Tendo aquela imagem me rondando a cabeça? E quando ela simplesmente pegou e decidiu me agarrar e me beijar, e a tirar minha roupa? O que eu ia fazer? “Ah Gina, desculpa não quero te co...”

E foi o fim da explicação de Harry. Hermione se levantou, e começou a tapear cada parte livre que encontrava sem proteção.

-    Ai, que inferno Hermione, para! Que foi? Tá doendo! Você vai quebrar meus óculos!

-    E devia mesmo! – ela gesticulou com o indicador, apontando acusadora – Como você pode falar esse tipo de coisa?

-    Tá, não devia ter usado esse tipo de palavreado, mas na base você tem que me entender né? Você se arrependeria se a história fosse com você e Rony? Ou negaria?

O Rosto de Hermione lembrou a Harry quando ela tentou se fingir de Bellatriz, numa tentativa fracassada de mentir. 

-    Eu... Mas é claro... Afinal... Ele nem me pediu em noivado, não é? 

-    Ah, conta outra, olha a sua cara!

-    Isso não te interessa – ela voltou a se sentar.

-    Viu?

-    Tá, posso até compreender. Afinal, vocês tem cara de quem vão acabar juntos mesmo... Que mal tem a pressa não? Mas... – ela olhou pra ele fuzilando – você tem que intender que ela não pode ficar com o nome sujo na praça por sua causa. 

-    Eu nunca faria isso... Por querer.

-    Exatamente – ela falou, esquentando as mãos no fogo. 

Harry cutucou o fogo com um galho, distraído.

-    Mas não é só isso... 

-    Ah, eu sei que você sente que não sabe o que é certo Harry, mas olha só o Sirius.

-    Que tem ele? – Harry entrou na defensiva.

-    Ele era um grande homem, mas nem por isso era o exemplo mais correto... o que estou tentando lhe dizer é: desde que você tenha em seu íntimo boas intenções, e se arrependa das coisas realmente erradas... Você está no caminho certo, mesmo não sendo perfeito. Você se arrependeu da discussão com Rony, não?

-    Sim, me arrependi. Tem razão Mione, obrigada – É sempre ótimo conversar com você.

-    A propósito, Gina me contou o que você anda carregando aí no bolso. Isso pode não ser errado Harry, mas tampouco é certo – ela comentou – Isso é simplesmente uma decisão sua, que afinal, a única pessoa que pode afetar é você. 

E por um minuto, o único barulho foi o das chamas crepitando. Harry apoiou o rosto nos joelhos.

-    Mione, você acha que se meus pais estivessem vivos, eles teriam orgulho de mim?

-    Sim – ela sorriu – Você é um sujeito excelente, só desliza de vez em quando...

Harry sorriu. Depois de um momento perguntou:

-    Você acha que eu poderia ter tido irmãos?

Hermione teve um soluço involuntário. Ela pegou a mão de Harry com carinho.

-    Acho que sim. Mas é inútil pensar o que poderia ter sido.

-    É. Dumbledore me disse algo parecido uma vez... É bom ter uma irmã emprestada inteligente como ele – Harry apertou sua mão.

-    Disponha...

Harry a abraçou.

-    Desculpa acordar você a essa hora. Você é um anjo.

Hermione fungou.

- Acabaram as salsichas Harry... – ela falou distraída.


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Notas finais do capítulo

Tá, eu sei que demorou muito, mas eu mereço um comentário!
Esses dias eu estava lendo uma fic perfeita de Dragon Ball que a autora não terminou. Eu fiquei com tanta raiva, pensei em como eu fui boba de deixar vocês e minha fanfic na mão. Agradeçam a isso.
Beijos e carinhos,
Beka.



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