Muito Além do Fim... escrita por BrunaGonda


Capítulo 14
Uma reluzente nova era.


Notas iniciais do capítulo

Esse foi curto, mas foi de coração. Os comentários não estão tantos assim, mas ainda posto pros de qualidade que se dispõe a acompanhar.
Esperando que todos estejam bem,
BeKa.
Eu escrevi esse capítulo escutando uma trilha. Sei que muitos não escutam, mas olha, se lerem escutando esta música não vão se arrepender, é o que dá sentido ao cap.
15- VFD - Lemony Snicket`s.
Desculpem a má formatação do texto. Vou resolver isso.



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No último capítulo:

Harry sussurrou pra ela:
– Gina, escuta, o que você está fazendo?
– O que nós quisermos – ela murmurou pra ele.
– Gina... tem certeza que é isso que você quer? Olha, vou entender se você não estiver pronta. Mas se não estiver, acho melhor paramos agora, porque eu já...
– Harry – Gina cortou-o – Eu pareço estar receosa ou com medo?
– Não – disse Harry com sinceridade.
– Bem, é porque não estou, sabe – ela falou – Eu quero você, você me quer. É mais do que simples.
Harry acariciou sua face.
– Seja minha?
– Pra sempre.
Gina respondeu simplesmente.


UMA RELUZENTE NOVA ERA.

Um silêncio neutro se espalhava pelo quarto acinzentado pela noite. O relógio de parede marcava dez horas da noite, e a única luz que entrava pelas janelas abertas era a fraca luz dos postes da rua. A noite daquele dia não poderia ser mais calma e plácida, como uma página em branco que esperava por algo a ser escrito, tanto bom, quanto mal.

  A calma se instalava no não tão pequeno aposento onde ambos os corpos estirados na cama repousavam em uma sonolência grogue, a respiração dos dois lenta e relaxada.

  De cima, o ventilador de teto recentemente ligado arejava os corpos nus mal cobertos por um fino lençol verde desbotado.

  Pálido, coberto de cicatrizes e músculos que o distorciam um pouco, não combinando saudavelmente com o porte magro do rapaz, os olhos verdes como ácido no momento desprezavam os óculos incômodos, que se encontravam em cima da mesinha de cabeceira. O cabelo negro mais rebelde e despenteado do que nunca, um dos braços translúcidos de tão pálidos sobre as costas da garota que parecia frágil ao lado dele, os cabelos cor-de-fogo sobre suas costas nuas e lisas (que pareciam até bronzeadas contrastando com a pele pálida do corpo a seu lado), as pernas de ambos entrelaçadas para fora do lençol, uma lisa e macia, outra musculosa e com finas cicatrizes róseas.

   Algo havia mudado em ambos os seres depois daquela noite, talvez a isso se devia a espera silenciosa da noite em saber o que viria depois, no que eles haviam se transformado.

   Pois as crianças que haviam se deitado sob seu manto não levantariam como estas, mas sim como um homem e uma mulher. Seres diferentes da inocência e bondade das crianças que os dias se encarregavam de cuidar e criar. Seres cuja seu interior não carregavam só bondade, mas sim maldade e outros pesares. Seres que na maioria das vezes não encontravam um equilíbrio entre os dois.

   Sem mais medos, sem mais receios, o garoto moreno abriu os olhos. Sentia um delicioso vazio dentro de si. Sentia o muito em que havia mudado. E sabia que muito seria diferente a partir de agora.

   O frágil e delicado corpo da amante, deitado inconsciente sobre seu tronco lhe confortava. Lhe confortava tê-la protegida ali, em seus braços. E saber ser forte e poderoso o suficiente pra isso. Em outras palavras, Harry Potter sentia como se agora, fosse um homem, completo. Sentia que poderia tomar as rédeas de sua vida sem receios. Todo o medo que a inocência construíra se fora, e se levantava da noite um homem novo, que ao mundo olhava com outros olhos pela primeira vez.

   Desinteressado quanto ao que se passava fora daquele quarto, estendeu o braço livre até a mochila no chão, e de dentro tirou a cigarreira de prata que tinha sido presente de Skeeter. Algo o fazia sentir vontade disto.

   Ele sabia que ali, dentro da mochila... Em algum lugar... Ali! Dentro de sua mochila havia um isqueiro. Com um poço de calma inabalável, abriu a cigarreira e tirou o cigarro, e com uma única mão colocou-o na boca. Depois pegou o isqueiro e acendeu a ponta.

   Lhe era prazerosa a fumaça que passava por seus pulmões, aumentando a sensação de calma e sono. Momentos se passaram no quarto cinzento, onde os únicos movimentos eram o rodar da hélice do ventilador de teto e a mão de Harry afastando o cigarro e soltando a fumaça no ar, vendo o ar forte do ventilador a dissipar.

Gina pareceu acordar, espreguiçando-se. Passou-se uns minutos até ela se erguer e olhar pra ele. Seu rosto era de uma leve confusão. Ela sorriu pra ele, os olhos semicerrados.

– Oi.

– Oi – o garoto lhe sorriu.

Gina se espreguiçou, escondendo o rosto no seu peito.

– Que horas são? Ainda posso voltar pra casa?

– Sugiro que imediatamente. Você já deveria estar lá faz meia hora.

E ela se sentou, parando um momento, tentando inicializar o cérebro dormente pela sensação de paz que se instalava tão deliciosamente no quarto.
Então olhou pra ele por longos segundos, até que falou com grande surpresa e um sobressalto.

– Harry, o que é isso? Está fumando? – seus olhos aumentaram de tamanho, como uma corujinha.

– Você ia saber mais cedo ou mais tarde – respondeu Harry calmo, olhando pra ela.

Gina o mirou em silencio.

– Você sabe que isso pode lhe fazer mal.

– Sei.

– Então vai parar?

– Creio que não.

Harry falou firme enquanto a olhava. Não queria que a namorada se enfurecesse com ele e começasse a brigar com ele a essa hora.

– Não quero obrigar você a nada. Mas vamos conversar sobre isso depois – ela o alertou.

– Tudo bem – ele pôs uma mão em seu queixo, afagando-o com o polegar – Vá tomar banho agora.

– Tudo bem... – ela repetiu as palavras do amante, incerta, o rosto um pouco preocupado.

Harry aproveitou o tempo sozinho que lhe cabia em seu apartamento enquanto a namorada tomava banho. Enquanto as cinzas ainda queimavam no rolinho de papel, Harry se pôs em lembranças da noite anterior. Não podia ser mais perfeita. Enquanto Gina esteve em seus braços, só aumentou o vínculo que tinham. Agora ele sabia o quanto ele a amava, muito mais do que poderia expressar, pois em cada movimento em que seus corpos proporcionavam prazer um ao outro, eles iam selando algo como um acordo, um pacto sobre seus corpos e suas almas, algo que entrelaçava tanto a pureza de seu afeto quanto o prazer carnal de seus corpos, algo que não devia ser falado, por que era sentido pelas únicas pessoas que importavam, ele e ela, na calada da noite. Um história onde não havia palavras, só um misto insano de sentimentos passados de um pro outro.

Logo que Gina passou ao quarto para vestir-se, Harry foi tomar um banho rápido. Já ia vestir suas roupas quando Gina o olhou com uma cara meio cética.

– Que foi? – perguntou ele pra sua expressão dúbia.

– Você não pode colocar roupas diferentes – ela afirmou.

– Porque? – Harry perguntou confuso.

– Porque alguém pode notar – ela falou – Não que eu tenha vergonha ou que não possam saber. Mas melhor que desconfiem do que esfregarmos na cara deles o que fizemos, não?

Harry riu da explicação.

– Sim, claro. Eu tinha me esquecido – disse juntando as roupas do chão.

Eram onze e vinte quanto Harry e Gina apareceram no pé do morro Ottery St. Cathpole e andaram de mãos dadas até em cima, onde se encontrava A Toca. Quando cruzavam o galinheiro em direção a porta, Gina lhe deu um sorriso cheio de duplos significados. E de alguma forma Harry sabia que ela estava planejando se fazer de desentendida na cara dura quanto ao horário.

– Fique aqui que eu entro e subo sem que ninguém veja, faz de conta que sempre estive aqui – ela lhe sussurrou.

– Tem certeza que não quer que eu entre? – Harry murmurou de volta.

– Sim.

E então ela abriu a porta sem fazer barulho.

Um guincho tão alto saiu de lá de dentro que Harry se assustou e tropeçou na raiz de uma árvore, se desequilibrou e caiu pra trás. Gina saltou de onde estava.

E da porta saiu um Rony furioso, o rosto vermelho como um rabanete. Apontou para os dois enfurecido.

– ONDE VOCÊS DOIS ESTAVAM?

Harry olhou pasmo para Rony. O garoto estava com as orelhas vermelhas, assim como o rosto. Seu rosto era o rosto das sete bestas do apocalipse juntas e misturadas.

Segurando a maçaneta da porta com os nós dos dedos brancos, as sobrancelhas vermelhas juntas.

– VOCÊ SABE QUE HORAS SÃO? – berrou Rony apontando pra Harry.

– São...

– É ISSO AÍ! ISSO NÃO É HORA DE UMA MULHER DE RESPEITO ESTAR NA RUA, PRINCIPALMENTE UMA IRMÃ MINHA!

Harry se levantou de onde tinha caído rapidamente, pronto pra bater em Rony. Ele podia ser mais alto que Harry, mas era Harry quem era mais largo e forte.

Gina se recuperou antes e empurrou Harry pra trás.

– Não! – ela berrou pra ele – RONY! – ela urrou a pouco centímetros da cara do irmão – SE NÃO QUISER QUE EU LHE DÊ UM TAPA NA SUA MALDITA CARA SAIA DA MINHA FRENTE! VOCÊ NÃO É MEU PAI!

Rony pareceu ficar ainda mais enlouquecido, mas seu alvo era Harry. Ele tentou sair da frente de Gina, mas esta lhe bloqueou o caminho.

– COMO VOCÊ PODE FAZER ESSE TIPO DE COISA? ONDE VOCÊ ACHA QUE...

– SABE DE UMA COISA RONY? – Harry começou, farto de tolerar os acessos de Rony que a muito lhe incomodavam.

Harry deu um puxão em Gina, tirando-a bruscamente da sua frente. Então Rony saiu e ficou a sua frente.

– ESTOU CANSADO DE FICAR TOLERANDO OS SEUS ESCANDALOS! – berrou Harry enfurecido.

– COMO VOCÊ QUER QUE EU REAJA? – Rony gargalhou melancolicamente – OLHA A HORA QUE VOCÊ TRÁS MINHA IRMÃ PRA CASA?

– HARRY, PARA! RONY, NÃO! – gritava Gina tentando separá-los.

– VOCÊ ME CONHECE O SUFICIENTE PRA SABER QUE EU NÃO SOU UM CANALHA RONY! ELA É MINHA NOIVA! – Harry berrou pro amigo, tentando tirar Gina de sua frente de novo.

Hermione veio correndo pra fora apavorada.

– Não! Harry, não!

– POIS É COMO UM CANALHA FAZ! – berrou Rony dando um empurrão em Harry – ASSIM MINHA IRMÃ FICA COM FAMA DE SUA PUTA NO JORNAL, QUE NEM DA ÚLTIMA VEZ!

Hermione ficou estática onde estava, lágrimas de pânico escorriam de seus olhos. Suas mãos que cobriam a boca tremiam. Harry pegou a varinha, e em um momento em que se recusou a pensar ou falar, um estampido atirou Rony longe, que caiu no chão de costas. Harry berrou enraivecido:

– JÁ NÃO ESTÁ CANSADO DE ME JULGAR E BANCAR O IDIOTA? QUE NEM DA ÚLTIMA VEZ, EM QUE VOCÊ DEIXOU EU E A HERMIONE EM UMA BARRACA FRIA NO MEIO DA NEVE, PASSANDO FOME?

A cara de Rony caiu. Harry pode ver o estrago que lhe havia feito no orgulho, mas não podia ter pena agora. Ele não conseguiu ter pena naquele minuto em que devia ter parado.

– Fui eu que cuidei dela. Fui eu que fiquei. Fui eu quem não desistiu de salvar a todos. Não foi você.

E Harry pode ver os olhos do amigo molhados pelo arrependimento. Sentiu-se gelado por dentro. Algo como o arrependimento e a pena começavam a prenche-lo. Por que falou aquelas coisas a Rony?

Harry se sentiu gelado. Quando foi que se tornara tão insensível?

– Eu... Me desculpe.. eu...

Ele olhou para o rosto destroçado de Rony, que já não o mirava mais. Pareciam estar em chamas, de tão negros que estavam, brilhantes pela umidade. Ele respirou em arquejos.

Hermione correu até Rony e o abraçou. Gina olhava tudo com a boca ligeiramente aberta, com uma confusão inocente do porque tudo aquilo estava acontecendo. Talvez, ela precisasse de um pouco mais de tempo para amadurecer tanto o quanto Harry havia. Mudado.

Harry colocou as mãos na cabeça e saiu de lá, as pernas descendo rapidamente o morro, confuso e angustiado, como foi capaz de fazer aquilo com Rony, seu irmão desde crianças? A única pessoas que de fato abriu a porta da cabine do trem pra conversar com o garoto órfão, estranho e morbidamente famoso, a quem ninguém antes havia lhe estendido a mão.


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Notas finais do capítulo

Vocês realmente estão gostando e querem que eu continue?