In Fates Hands escrita por CrazyCullen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá! Essa o/s pertence a uma brincadeira de amigo oculto entre as autoras: blueberrytree, Carol Venancio, Cella E.S, GiulyCerceau, Isa Vanzeler, Lali Motoko, Oh Carol e Tatyperry.
O tema da vez é "Férias" e cada uma de nós recebeu duas músicas e duas fotos da nossa amiga oculta para criar uma história, podendo escolher ao menos um desses itens.
Não deixem de conferir as outras ones no profile de cada autora. Ou na comunidade: www.fanfiction.net/community/Amigo_Oculto_de_Ferias_Julho_2011/94253/
As imagens escolhidas pela minha amiga oculta formam a capa dessa one, feita pela Gabi. Quero agradecer a ela por ter me socorrido nesse quesito e por ter me aturado enquanto eu escrevia, reclamando que nada estava dando certo.
Quero agradecer imensamente à Paulinha que me socorreu com o plot e ainda betou a história, mesmo eu tendo enviado pra ela na última hora. Amore, muito obrigada, por tudo! E por fim, quero agradecer à Dani Masen que passou horas comigo no msn me dando força pra escrever.
Lá embaixo eu conto quem é a minha amiga oculta e volto a conversar com vocês. Agora, boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/187363/chapter/1

EPOV

Eu ainda não conseguia acreditar que iríamos mesmo passar as férias em Forks. Meus pais só podiam estar de brincadeira. Até o último momento eu achei que eles estavam aprontando alguma surpresa para nós; algo que só seria revelado quando já estivéssemos no aeroporto, rumo ao nosso destino. Mas não. Quando o voo foi chamado, eu tive que aceitar que estávamos mesmo indo rumo à cidade que vira, pela última vez, há 13 anos.

A chuva fina insistia em continuar caindo e, pelo jeito, seria assim pelo resto do dia. Definitivamente não era um clima muito condizente com as férias de verão, e muito menos com o que eu tinha planejado para o período. Por mim, tinha pego o primeiro voo para Barcelona, a Meca do Skate atualmente, e aproveitado minhas últimas férias antes de entrar para a faculdade. Mas eu não podia fazer isso nesse momento. Carlisle ficaria arrasado, e já havia dor demais em nossa família para eu ainda piorar tudo e, pensando bem, o clima desse fim de mundo era bem condizente com o de nossa casa nos últimos anos – principalmente nos últimos dois meses, quando Elizabeth, minha avó paterna, piorara consideravelmente.

Percebendo que estava entrando em terreno perigoso e não querendo pensar naquelas coisas tristes, corri até meu quarto, peguei o skate e desci novamente, me encaminhando para a porta e sendo parado pela voz de Esme assim que coloquei a mão na maçaneta.

"Aonde você vai Edward?"

"Dar uma volta pela cidade, mãe. Não demoro, e qualquer coisa é só ligar para o meu celular. Não é como se eu pudesse me perder por aqui."

"Na verdade, corre o risco de dar dois passos e já estar em outra cidade." – Emmett, meu irmão, gritou do sofá onde assistia a uma partida qualquer de futebol americano.

"Muito engraçado, Emmett." – nossa mãe respondeu, nos olhando de cara feia. "Não se esqueçam que vocês todos nasceram aqui, e se eu estou bem lembrada, Edward aprontou um verdadeiro escândalo quando soube que nos mudaríamos para Nova York."

"Eu?" – perguntei, sentindo meus olhos se arregalarem. "E por que eu não iria querer ir embora desse fim de mundo?"

"Você sim, rapaz. 'Não, mamãe, eu não posso ir embora. Eu não posso deixar a Bella!'" – ela respondeu, fazendo uma voz infantil.

"Eu me lembro disso!" – Emmett gritou, se fazendo presente mais uma vez.

"Quem é Bella?" – perguntei, tentando forçar alguma lembrança da minha infância naquele lugar. Na verdade, se minha avó não estivesse muito doente e não tivesse insistido para que aproveitássemos as férias de verão e a trouxéssemos para a cidade onde vivera a maior parte de sua vida, eu nem mesmo me lembraria que Forks existia e que um dia eu morara nesse lugar chuvoso e verde demais para o meu gosto. Para mim, Forks era apenas um dado em minha carteira de motorista.

"Era uma garota que morava na nossa vizinhança. Vocês pareciam colados, não se separavam durante todo o dia e à noite, eu e o pai dela custávamos a conseguir fazer vocês entrarem nas respectivas casas. Era uma verdadeira graça!" – Esme voltou a responder.

"Eu acho que me lembro dela. Era uma menina totalmente desengonçada, não era?" – Emmett perguntou, virando-se para nos olhar. "Eu lembro que achava engraçado como alguém conseguia tropeçar nos próprios pés."

"Lembrando dos velhos tempos e falando daquela garotinha que era amiga do Edward?" – meu pai perguntou descendo as escadas, provavelmente voltando do quarto de minha avó.

Eu ri junto com eles, mas por dentro estava incomodado por todos se lembrarem da tal garota enquanto eu não fazia a mínima ideia de quem ela poderia ser. Estava começando a ficar irritado com toda aquela conversa e, antes que acabasse deixando eles perceberem isso, resolvi fazer o que estava pretendendo antes daquela conversa estranha começar, que era andar com meu skate pela cidade.

Elizabeth – ou vovó Lizzy, como a chamávamos – nunca esquecera a cidade onde morara a maior parte de sua vida. E à medida que a Esclerose Múltipla avançava, ela só falava em voltar para lá. O mais irônico é que a família se mudara para Nova York exatamente para que ela pudesse ter mais assistência médica, mas de acordo com o Dr. Garfield – neurologista que cuidava dela - a saudade que Elizabeth sentia da sua casa, de certa forma, prejudicava o tratamento, assim como o fato da doença já ter sido diagnosticada em um estágio avançado. Por isso, Carlisle e Esme resolveram trazê-la para atender ao seu último pedido; morrer em Forks. Apesar de nenhum de nós falarmos aquilo em voz alta, sabíamos que nada mais podia ser feito. A doença já atingira o sistema respiratório e daí pra frente, era apenas uma questão de tempo.

Em condições normais, a autorização médica para uma viagem tão longa nem teria sido dada, afinal era algo muito desgastante não apenas para ela, que já passava a maior parte do tempo deitada e não conseguia nem mesmo comer sem o auxílio de uma sonda, como para nós. Mas o Dr. Garfield abriu uma exceção, sabendo que provavelmente aquele seria o último pedido de sua paciente. Pedido este feito há alguns meses, pouco antes de ela parar de falar completamente. Além disso, meu pai também era médico e saberia agir no caso de alguma emergência.

.

Trilha: www(ponto)letras(ponto)terra(ponto)com(ponto)br/rosie-and-me/1676879/traducao(ponto)html

.

Eu me sentia estranho andando por entre aqueles prédios e casas, sem que qualquer lembrança me acometesse. A minha vida fora construída em Nova York e, de certa forma, era como se os cinco anos vividos em Forks nada representassem. Eu teria frequentado a Jack in the Box com os meus pais e irmãos e aproveitado seus fartos cafés-da-manhã? Se bem que Esme sempre prezou que essa refeição fosse feita em casa, todos juntos ao redor da mesa e, o mais importante, com alimentos nutritivos. Não, não devíamos tomar café da manhã ali. Mas quem sabe um lanche, depois de buscar Emmett na escola?

A Forks Elementary School com seus tijolinhos vermelhos já podia ser vista à minha frente no final da rua, e eu podia imaginar que, assim como acontecia em Nova York, eu devia torrar a paciência de Esme pedindo para ir para a escola também. Disso eu lembro, a minha escola e a de Emmett ficava uma de frente para a outra, e mais de uma vez eu tentei fugir e entrar no imponente prédio da frente. Eu não queria ficar com as crianças pequenas e sempre era carregado de volta gritando que eu já era um homenzinho e podia ir para a escola maior. Eu me peguei rindo diante daquelas lembranças e de como as coisas mudam à medida que crescemos. Hoje, daria tudo para voltar ao jardim de infância, sem preocupações demais, com tempo de sobra para diversões...

E então eu me vi pensando na tal da Bella enquanto seguia descendo a rua em meu skate, sentindo a garoa, que havia dado uma trégua, voltar a bater em meu rosto. Pelo jeito ela devia ter sido minha primeira amiga, e aquilo me encucava. Eu, Edward Cullen, amigo de uma garota? Nunca tive paciência para suas frescurices e futilidades. Por isso mesmo, nunca tive saco para manter um relacionamento duradouro; não aguentava nenhuma mulher no meu pé se achando minha dona. Já bastava ter Alice de irmã. E então, por alguns instantes me peguei desejando que ela ainda morasse na cidade. Nós nos reconheceríamos caso nos encontrássemos? Acorda, Edward, você nem mesmo se lembrava do nome da garota e agora quer reconhecê-la andando pela rua...

Estava perdido nestes pensamentos quando uma melodia captou minha atenção, me fazendo rapidamente deixar os pensamentos para trás e seguir seu rastro. Quando vi, estava em frente a uma casa ampla, toda pintada de branco, com as janelas azuis e um enorme gramado na frente onde uma placa indicava Estúdio de Ballet Anna Pavlova. Me aproximei de uma das janelas da lateral da casa, de onde vinha a música, e estanquei ao ver uma linda menina dançando lá dentro.

Seu cabelo castanho estava preso em um coque, deixando bem à mostra seu rosto em formato de coração. Seus olhos, de um marrom profundo, pareciam longe enquanto ela rodopiava pela sala, perdida em seus movimentos e alheia a tudo o que se passava do lado de fora daquele cômodo. Eu não conseguia desgrudar meus olhos daquela imagem quase angelical e, quando dei por mim, a música chegara ao fim e a garota sentara-se em um canto, começando a tirar a sapatilha. Seus dedos pareciam enrugados, e mesmo de longe, dava para notar as bolhas e a vermelhidão. Como alguém conseguia ficar com o pé confinado naquele troço e ainda dançar tão graciosamente? – pensei comigo mesmo. Devia doer horrores.

Ela rapidamente guardou as sapatilhas em uma mochila e saiu da sala. Um tempinho depois deixava a casa, seu rosto coberto pelo capuz do moletom enquanto descia a rua. Eu permaneci encarando sua silhueta até ela se perder da minha vista, e então resolvi fazer novamente o caminho de volta para casa.

Ir ver a garota dançar, de longe, passou a ser meu compromisso diário. Fizesse chuva ou sol - maneira de dizer, já que sol parecia ser algo desconhecido em Forks -, eu pegava meu skate, saía de casa e seguia em direção ao estúdio de ballet, fazendo o mesmo trajeto daquele primeiro dia na cidade. Ela parecia estar treinando para alguma coisa, já que todos os dias repetia, incessantemente, a mesma coreografia.

Era sexta-feira e eu estava ansioso. Será que a tal garota treinava também nos finais de semana? Como eu faria para vê-la naqueles dois dias? Eu estava no gramado, pronto para seguir para o meu compromisso diário, quando a voz de Alice, na varanda, me fez parar.

"Aonde você vai, Edward?"

"Hum... eu... eu vou andar por aí."

"Vou contigo." – ela disse, se aproximando.

"Não!" – gritei. "Quer dizer, não, Alice... é melhor você ficar. A vovó pode precisar de alguma coisa." – tentei consertar rapidamente.

"Emmett, mamãe e papai estão todos em casa, e eu imagino que eles possam cuidar tão bem da vovó quanto eu." – ela respondeu me olhando com um olhar suspeito. "A não ser que você não queira que eu vá com você. Mas... por quê? Por um acaso você vai fazer algo que sua irmã preferida não pode saber?" – perguntou, erguendo a sobrancelha.

"Claro que não." – tratei de responder rapidamente antes que sua desconfiança aumentasse. Alice sempre tivera uma espécie de sexto sentido, e eu preferia não alimentá-lo. "É apenas que... ah, tudo bem, vamos logo." – disse passando a mão pelo cabelo.

Durante o tempo que andamos lado a lado, Alice não parou de tagarelar sobre como vovó Lizzie parecia saber onde estávamos e parecia melhor, mesmo seu quadro sendo irreversível. Aquilo realmente me preocupava. Por mais que todos soubessem o fim que aquilo teria, Alice parecia ser a menos preparada, ou a que mais arduamente lutava para não aceitar a doença e a proximidade da morte de nossa avó. Me doía vê-la tentando fazer de tudo para não encarar a verdade de frente. Talvez até por isso eu meio que a tivesse afastado nos últimos tempos.

Mas toda aquela preocupação acabou sendo jogada para o fundo de minha mente quando a já conhecida melodia atingiu meus ouvidos, me fazendo abrir um sorriso instantaneamente. Como eu não poderia me aproximar da janela, porque Alice logo entenderia o porquê de eu estar ali e criaria mil e uma imagens em sua cabecinha fértil, eu apenas sentei sobre meu skate, na calçada em frente ao estúdio, esperando o horário em que a morena sairia dali.

"Por que estamos sentados em frente a essa casa, Edward?" – Alice perguntou se sentando ao meu lado, parecendo confusa.

"Eu gosto da música."

"Sei..." – ela respondeu com uma risadinha.

Eu podia sentir seu olhar sobre mim por todo o tempo que permanecemos ali, a melodia chegando ao fim e se reiniciando várias vezes. Eu queria poder me aproximar, ver se a garota estaria dançando tão graciosamente como em todas as outras vezes ou se ela incorporara algo novo em sua coreografia, mas simplesmente não podia. Como eu explicaria para Alice que durante aquela semana, desde que chegáramos a Forks, ver a menina dançar era o meu mais novo vício, ganhando até mesmo da minha paixão pelo skate?

Pela minha visão periférica eu vi Alice balançar a cabeça, rindo sozinha, antes de se colocar de pé à minha frente.

"Tudo bem, Edward. Eu já percebi que estou atrapalhando alguma coisa e, seja o que for que esteja dentro daquela casa, tem te feito bem. Não vou atrapalhar mais."

"Valeu, Ali" – me limitei a responder sem saber direito o que mais poderia lhe dizer, já que nem mesmo eu sabia explicar o porquê de estar indo até aquele estúdio todos os dias.

Ela apenas acenou curtamente com a cabeça. "Não se preocupe em me acompanhar até em casa, irmãozinho. Eu sei o caminho." – disse se virando e começando a descer a rua. "Juízo!" – pude ouvi-la gritar antes de virar a esquina, enquanto eu me levantava e corria em direção à minha janela bem a tempo de ver a mesma cena de todos os dias. A morena sentando-se no centro da sala parecendo cansada, começando a desamarrar sua sapatilha antes de enfiá-la na mochila e sair.

Enquanto corria de volta para a frente da casa afim de vê-la saindo e sumindo pela rua, fiquei me perguntando até quando ficaria ali, observando-a apenas de longe, sem coragem de falar nada. E então, o destino pareceu resolver agir por mim. Mal me encostei na árvore onde sempre ficava observando-a descer a rua, encolhida em seu moletom, e ela saiu da casa – mas desta vez, ao lado de uma outra garota. As duas conversavam e sorriam. E se eu achava que ela dançava graciosamente, era porque eu nunca a tinha visto rindo. Ela era realmente linda!

"Tchau, Bella." – ouvi a outra menina dizer, aquelas palavras parecendo me tirar do transe.

"Tchau, Ang." – a morena respondeu antes de virar em direção ao seu caminho de todo dia.

Seria possível? Aquela poderia ser a Bella de quem minha mãe havia falado? A Bella que eu não queria deixar aqui em Forks quando nos mudamos para Nova York? Sem pensar no que estava fazendo saí de trás da árvore, subindo em meu skate e dando um leve impulso até estar bem perto dela.

"Bella?"

A morena se virou e rapidamente seus olhos se prenderam em mim. Eles me pareceram assustados a princípio, mas logo eu pude ver o reconhecimento naquelas íris castanhas.

"Não é possível." – eu a ouvi sussurrar, como se estivesse falando consigo mesma.

"Si... sim?" – ela respondeu, mordendo o lábio inferior, um gesto que mesmo não a conhecendo bem eu podia reconhecer como sendo de nervosismo.

"Oi." – disse passando as mãos pelo cabelo, me sentindo um completo idiota. Muito bem, eu havia me mostrado para ela e agora diria o que? 'Oi, segundo minha mãe nós éramos amigos quando criança. Você se lembra de mim?' Ela iria era sair correndo pela rua me achando um completo maluco. E, dada a situação em que eu me encontrava nesta última semana, talvez eu fosse mesmo.

"Oi." – ela respondeu parecendo levemente desconfiada.

Um silêncio constrangedor se abateu sobre nós. Eu sabia que devia falar mais alguma coisa, afinal fora eu quem a chamara, eu era o desconhecido, mas simplesmente não conseguia encontrar nada para explicar quem eu era e o que estava fazendo ali. E se ela nem mesmo fosse a Bella certa? Mas de repente o silêncio foi interrompido por um grito, que fez a morena arregalar os olhos e dar dois passos rapidamente pra trás.

"Isabella!"

Eu me virei em direção à voz, dando de cara com um rapaz loiro, de mais ou menos 1,80 de altura, grandes olhos azuis e o cabelo arrumado cuidadosamente com gel para parecer desarrumado.

"Não vai me apresentar o seu novo amigo?" – ele perguntou, agarrando o braço da morena com força, puxando-a para junto dele como se ela fosse uma boneca de pano.

"Ele não é meu amigo, Mike."

"Ah, não?" – ele respondeu com um tom sarcástico em sua voz. Apertando ainda mais o braço dela. "Engraçado isso. Você nunca tem tempo pra mim, mas pra ficar de conversinha com qualquer um que apareça tem, né?"

"Me solta Mike, você está machucando o meu braço."

"Não, Mike, eu não posso te ver hoje porque eu preciso ensaiar. Não, Mike, eu não vou à praia com vocês porque tenho que ir pro estúdio. Não, Mike, eu não quero ir jantar com você porque tenho que estar em forma para a apresentação..." - o loiro disse, fazendo uma voz fina. "Uma pinóia, não é mesmo, Isabella? Vai realmente haver uma prova no final do mês? Você andou ensaiando mesmo esse tempo todo, ou o ballet era apenas uma desculpa para ficar encontrando com uns e outros por aí?"

Eu não conseguia acreditar que aquele babaca estava mesmo dizendo tudo aquilo para ela. Quem ele pensava que era? Eu podia ver as lágrimas se formando nos olhos de Bella enquanto ela tentava se soltar, em vão, do aperto do cara que eu imaginava que só podia ser o seu namorado.

"Ei cara, você não ouviu ela dizendo que está machucando, não? Larga ela." – eu gritei, me aproximando o suficiente para dar um empurrão em seu peito, enquanto agarrava o outro braço da morena, tentando trazê-la para perto de mim.

"Olha que gracinha, Isabella!" – o loiro disse com desdém. "Ele vai defender a donzela em perigo. Cuidado meu chapa, quem avisa amigo é, e essa aí já deixou de ser donzela há muito tempo."

Antes que eu pudesse me dar conta do que estava fazendo já estava sobre o loiro, desferindo socos sucessivos em seu rosto, o sangue escorrendo pelo seu nariz e sua boca, enquanto ele tentava inutilmente me acertar com suas pernas. Eu não costumava ser um cara violento, mas não dava para ficar ali, o ouvindo insultar a menina sem fazer nada. Eu sentia uma necessidade inexplicável de defendê-la.

"Chega! Eu não aguento mais!"

O grito apavorado de Isabella me fez estancar e eu imediatamente me virei em sua direção, tentando entender sua reação. Eu a estava defendendo, não estava?

"Para de bater nele. Ele já entendeu o que você quis dizer." – ela disse me puxando pelo braço, da mesma forma como havíamos feito com ela há alguns instantes. Ela evitou me encarar e eu só pude entender seu gesto como raiva. Talvez ela fosse do tipo "mulher de malandro", que gosta de apanhar. "E quanto a você, Mike, chega! Se você pensa isso tudo de mim, então eu realmente não sei o que estamos fazendo juntos. Vamos logo adiantar o que iria acontecer após as férias se eu passasse na prova. Acabou."

E com isso ela se virou, começando a caminhar na mesma direção que seguia antes que eu a chamasse, o que acarretara naquilo tudo. Como havia feito antes, subi no skate, me impulsionando até estar novamente ao lado dela.

"Ei, espera. Sobe aqui e eu te levo pra sua casa."

"Não... não precisa." – ela disse, sem parar, mas me deixando ver uma lágrima escorrendo pelo seu rosto.

"Você está chorando? Não, por favor, não chora. Eu não queria te chatear, sério. Nem fazer com que você brigasse com o seu namorado." – falei, realmente me sentindo mal ao vê-la daquela forma.

"Você não fez nada demais. E é muita pretensão achar que eu estou chorando por algo que você fez." – ela disse, me dando algo que eu imaginei ser o ensaio de um sorriso.

"Então tá chorando por quê? Não gosto de te ver chorando."

Ela ergueu uma sobrancelha, como que me desafiando a me explicar antes de enxugar as novas lágrimas que haviam caído pelo seu rosto.

"Acabei de terminar um relacionamento de três anos. É muito tempo com uma pessoa para acabar dessa forma. Esse motivo está bom pra você?"

"Me desculpe." – sussurrei novamente. "Mas, se me permite dizer, ele não parecia te merecer."

Ela me abriu um meio sorriso enquanto seguia andando, e eu tive a impressão de ouvi-la sussurrar algo sobre 'promessas não cumpridas', mas não dei muita importância.

"Vem, sobe aqui, eu te levo."

"Eu não vou subir nisso, não posso correr o risco de quebrar um pé ou uma perna há menos de um mês do meu exame."

"Deixa de ser absurda, menina. Você não vai cair."

"Você não me conhece. Se conhecesse, saberia que eu com certeza iria cair." – E dessa vez seu sorriso foi genuíno, como o que ela trocara com a menina na saída do estúdio de ballet.

"Então me deixe ao menos te acompanhar."

Ela não disse nada, apenas deu de ombros e seguiu caminhando ao meu lado. O silêncio se instalando entre nós e, diferente do que eu poderia imaginar, não havia necessidade de falar o que quer que fosse. O silêncio era confortável. Aproveitei o tempo para colocar minha cabeça no lugar. Eu não queria deixá-la na porta de casa e voltar a vê-la apenas de uma janela no estúdio de ballet. Eu queria saber se ela era a Bella da minha infância e, se fosse, queria descobrir tudo o que pudesse sobre ela. Quando já estávamos chegando ao fim da rua, ela disparou em uma corrida, tropeçando levemente, quase caindo, antes de virar a esquina, sumindo da minha vista.

Trilha: www(ponto)letras(ponto)terra(ponto)com(ponto)br/sia/1105670/tradução(ponto)html

Começando a acreditar que talvez ela fosse meio piradinha ou tivesse se cansado da minha companhia silenciosa, eu segui no mesmo ritmo e, ao virar a esquina na qual ela havia sumido, estanquei diante da imagem que tinha diante dos meus olhos. Havia um pequeno parque ali, e Bella estava sentada em um balanço, se impulsionando tranquilamente com os olhos fechados, rindo sozinha.

"Posso saber o que é tão engraçado?" – perguntei, me sentando no balanço ao lado do seu, começando a me balançar também.

"Você!" – ela respondeu mordendo os lábios, mas ainda de olhos fechados.

"Eu?"

"Sim. Você costumava me defender assim quando os meninos da vizinhança ficavam rindo da minha falta de coordenação motora e dos tombos que eu levava."

Eu sabia que meus olhos estavam arregalados, mas eu simplesmente não podia acreditar.

"Quer dizer, é claro que naquela época você não saía distribuindo socos por aí, mas ainda assim sempre os xingava e depois me consolava com coisas do tipo: 'você é desastrada, mas eu gosto de você assim mesmo, Bells.' Pelo jeito, consolar continua não sendo muito o seu forte." – ela continuou, rindo.

Eu não sabia com o que estava mais estarrecido: com o fato de ela saber quem eu era e ser capaz de se lembrar de coisas bobas como essas, ou com o fato de eu não me lembrar de nada.

"Peraí, você está dizendo que sabe quem eu sou?" – perguntei, resolvendo expor minhas dúvidas em voz alta, ou pelo menos, parte delas.

"Claro que sei, Edward. Desde a primeira vez que o vi escondido, me vendo dançar pela janela do estúdio. No primeiro dia achei que estava tendo uma espécie de alucinação, mas no dia seguinte lá estava você de novo, e no outro dia..."

"E por que não falou comigo, então?" – perguntei, e dessa vez nossos olhos se mantiveram fixos um no outro.

"Ora, era você quem estava me espiando. Além do mais, foi você quem foi embora." – ela respondeu dando de ombros. "Aliás, por que não falou comigo antes?"

"Eu... eu não sabia." – respondi quase em um sussurro. "Estava andando pela cidade quando a música chamou minha atenção e então eu te vi dançando e só sei que me senti hipnotizado, não conseguia ficar um só dia sem vê-la, mas eu não tenho muitas lembranças..."

"Você não se lembrava de mim." – ela me interrompeu, e aquilo não era uma pergunta.

"Não." – respondi, resolvendo ser sincero. "Como eu dizia, não tenho lembranças do tempo que vivi em Forks. Para mim a minha vida sempre foi em Nova York, e acho que nunca teria voltado se minha avó não tivesse insistido."

Eu pude ver a tristeza em seus olhos, mas ela nada disse sobre isso. O silêncio começou a cair novamente entre nós, mas dessa vez era diferente do anterior, e eu estava ansioso por preenchê-lo. Eu sabia que agora tinha sido o responsável pela sua tristeza. Mas foi ela a primeira a voltar a falar.

"Eu me lembro dela."

"Da minha avó?"

"Sim, ela sempre nos dava doce escondido da sua mãe, antes do almoço."

E dessa vez eu ri junto com ela. Eu podia não ter exatamente a mesma lembrança que ela, mas me lembrava perfeitamente bem das brigas entre minha mãe e minha avó por causa das balas, biscoitos e chocolates antes das refeições.

"Como ela está?"

"Mal. A vinda pra cá nessas férias foi para atender o seu último pedido, que é morrer em Forks. Não há mais nada que possamos fazer." – falei, parando o balanço e passando as mãos pelo cabelo. Por mais que eu tentasse não demonstrar, aquilo era doído para mim também.

"Eu sinto muito."

Apenas acenei com a cabeça, sabendo que não havia mais nada a ser dito.

"Pelo jeito, esse parque continuará marcado pelas más notícias." – ela disse de repente, voltando a se balançar.

"Como assim?" - perguntei voltando a encará-la, linda, se deixando levar pelo movimento do balanço. De uma certa forma, ali ela parecia possuir a mesma entrega de quando executava sua coreografia.

"Foi aqui nesse parque que nós nos vimos pela última vez."

.

Flashback

"Bells! Ainda bem que eu te encontrei." – o menino de cabelos cor de cobre disse, correndo pela porta do carro assim que este estacionou em frente ao parquinho. "Já estava achando que ia embora sem me despedir de você."

"Eu disse que não queria me despedir, Edward." – a menina de longas trancinhas respondeu, cruzando os braços e olhando para o outro lado. Não queria que o amigo visse o quanto aquilo a machucava.

"Por favor, Bells. Eu também não queria ir. Mas a mamãe disse que a vovó está doente e lá em Nova York ela vai ter médicos pra cuidar dela." – Edward respondeu, quase em tom implorativo, desejando apenas que a amiga fixasse mais uma vez aquelas orbes chocolate nele.

"Aqui também tem médico. Seu pai é médico. Por que vocês precisam ir?" – ela voltou a perguntar, fazendo beicinho, mas ainda sem olhar para ele.

"Eu não sei, Bells. Meu pai e minha mãe que decidiram. Eu não tenho escolha, não posso ficar longe deles."

"Mas vai ficar longe de mim." – E, nesse momento, quem estivesse prestando atenção poderia ver as lágrimas se acumulando nos olhos da pequena menina, seu lábio inferior tremendo levemente.

Em um impulso, Edward a abraçou forte. Estava doendo nele, tanto quanto nela.

"Eu vou pedir pra mamãe ou pro Emmett escrever uma carta para você todos os dias, Bells." – ele sussurrou em meio ao abraço.

"Promete?" – a menina perguntou, se afastando um pouco para poder encarar o amigo, querendo ter a certeza de que ele não estava mentindo para ela.

"Prometo!"

Fim do Flashback

.

"Eu sinto muito... Bells." – E o som daquele apelido saindo pelos meus lábios fez o meu coração disparar, como se ele reconhecesse a importância por trás daquilo. Eu me coloquei de joelhos à sua frente no balanço, agarrando sua mão. Eu precisava que ela colasse seus olhos uma vez mais nos meus, me assegurando que tudo estava bem.

"Não seja bobo, Edward. Nós éramos crianças, nem mesmo sabíamos o que significava uma promessa." – ela respondeu, desviando o olhar.

Mais uma vez eu a havia deixado triste. Pelo jeito, aquela era uma das minhas especialidades. Eu podia ver que ela estava lutando contra as lágrimas e que seu lábio inferior tremia, e eu senti um desejo imenso de beijá-la, de provar o sabor que seus lábios teriam, de que forma eles se encaixariam aos meus... mas eu não podia. Sabia que estaria avançando um sinal, e eu não podia fazer isso. Não agora. Não com ela.

"Não é verdade! E eu sinto muito por ter quebrado a minha promessa. Você me perdoa?" – perguntei por fim, retomando minha razão.

Ela apenas acenou com a cabeça antes de encarar o relógio em seu pulso e levantar rapidamente.

"Eu preciso ir. Daqui a pouco meu pai chega, e eu ainda preciso preparar o jantar."

Eu não sabia direito o que fazer agora. Só sabia que não queria ter que me despedir assim, mais uma vez naquele parque. Eu queria conversar mais com ela, conhecê-la melhor...

"Bella?"

"Hum?" – ela perguntou, se virando.

"Será que eu posso te buscar amanhã? No ballet?"

Ela apenas sorriu e concordou com a cabeça antes de voltar a andar, me deixando ali, pensando nas peças que o destino nos prega.

E assim foi nas duas semanas seguintes. Todos os dias às 16h eu encontrava Bella na porta do estúdio de ballet e nós caminhávamos até o parque. Eu seguia tentando convencê-la a subir em meu skate, mas ela sempre repetia que "se eu a conhecesse direito, saberia que ela iria cair dali de cima". Permanecíamos conversando por umas duas horas, quando então ela se despedia e ia para casa preparar o jantar.

Naquelas duas semanas Bella me contara sobre mais algumas de suas lembranças da nossa infância, como quando Emmett nos trancou na despensa da nossa casa, nos deixando mais de uma hora trancados, até que minha mãe veio pegar algum ingrediente para o almoço; ou como costumávamos roubar a mamadeira de Alice quando minha mãe não estava olhando, e esconder as algemas do pai dela.

Mas nossas conversas não se limitavam apenas ao passado. Eu lhe contara que estava indo para Yale dentro de poucos dias e que queria me formar em Direito para me tornar um advogado criminalista. Ela, por sua vez, me contou que aquela coreografia que vinha ensaiando fazia parte de um ballet chamado Giselle, e que ela o dançaria no fim do mês para uma banca da Royal Academy of Dance que estaria ali para escolher alguns alunos para ingressarem na companhia em Londres. Seus olhos brilhavam ao falar do ballet e de Londres, e era fácil ver como aquilo era realmente o seu sonho. E eu não tinha a menor dúvida de que ela conseguiria alcançá-lo.

Eu ainda sentia o mesmo ímpeto de beijá-la que sentira naquele primeiro dia no parque, ajoelhado à sua frente no balanço, mas o momento apropriado nunca parecia surgir e eu temia acabar estragando tudo.

Aquele era meu último dia em Forks. No dia seguinte pela hora do almoço, eu estaria indo para o aeroporto em direção a Yale. A orientação para os novos estudantes começava em dois dias, e eu não podia perder. O exame de Bella também aconteceria no mesmo dia, e a minha ideia era ir vê-la se apresentar antes de ir para o aeroporto. Eu queria estar ao seu lado para comemorar o seu sucesso.

E, mais ainda, queria aproveitar muito aquela nossa última tarde juntos. Passei no estúdio para pegá-la, e Bella parecia estranha enquanto seguíamos para o nosso parque. Ela estava mais calada que o normal e seus olhos pareciam carregar toda a tristeza do mundo.

"O que houve, Bells?" – perguntei, colocando uma mecha que havia escapado do seu coque para trás da orelha.

Imediatamente as lágrimas tomaram seus olhos e ela me abraçou com força enquanto elas caíam, molhando minha camisa. Eu a deixei chorar, apenas acariciando suas costas, tentando tranquilizá-la, até que ela se afastou e sentou-se em um dos bancos do parque.

"Eu sempre lidei bem com críticas, mas não aguento mais ouvir da minha professora que não consigo achar e transmitir emoção na minha dança." – ela disse, voltando a cair no choro.

"Shhh Bells, calma." – eu disse me sentando ao seu lado, pegando sua mão na minha. "Sua professora devia estar mal-humorada hoje. Pra mim você dança graciosamente."

Ela riu de leve, mas o gesto não chegou aos seus olhos.

"Mas o exame é amanhã, Edward. Só os melhores entram. Eu tenho que estar perfeita."

"E vai estar. Eu prometo."

"Você não é a melhor pessoa para me prometer alguma coisa."

Suas palavras me atingiram em cheio, mas eu sabia que ela tinha razão. Crianças ou não, eu a havia magoado.

"Pois eu prometo!"

Eu não sei quem me fez o primeiro movimento, mas no momento seguinte os meus lábios estavam sobre os dela, num encaixe perfeito. Seus lábios tinham gosto de morangos, e se pudesse eu ficaria mordiscando-os para sempre. Não foi um beijo afoito, mas sim algo que poderia ser descrito como um beijo de reconhecimento. Os lábios permaneceram colados por alguns instantes até que eu mordisquei levemente seu lábio inferior, a fazendo abrir ligeiramente a boca. Sua língua passou suavemente pelo meu lábio e eu não pensei duas vezes em lhe dar passagem. E então nossas línguas se acariciavam, como dois amantes se reencontrando após uma longa separação.

Depositei vários selinhos em seus lábios antes de me afastar, a observando com cuidado. Se possível fosse, ela ficava ainda mais linda daquele jeito, com os lábios avermelhados e inchados e as bochechas coradas. Tudo o que eu queria era congelar aquele momento e carregá-lo comigo para sempre.

Mas Bella parecia ter outros planos, pois logo estava de pé, me puxando pela mão para que a seguisse. Ela se abaixou, pegando meu skate, e me arrastou até a calçada.

"Eu estou pronta." – disse me abrindo um sorriso como eu nunca havia visto antes.

"Pronta pra quê?" – perguntei sem entender sobre o que ela estava falando.

"Para andar de skate com você."

"Mas, Bells... seu exame é amanhã."

"Eu sei, mas confio em você e sei que você nunca deixaria que nada de ruim acontecesse comigo hoje. Eu preciso vivenciar emoções diferentes para poder colocá-las na minha dança, Edward. E eu quero experimentar isso."

Eu ri, um pouco apreensivo, sem conseguir acreditar que ela estava me pedindo aquilo, mas eu não podia negar nada. Não hoje. Aquela tristeza que eu vira em seus olhos quando a buscara no ballet havia sumido e, dessa vez, eu era o responsável pelo seu sumiço – e não pela tristeza. Voltar atrás não era uma opção.

"Tudo bem, então." – eu disse, posicionando o skate na rua. "Sente-se com os joelhos dobrados e os pés sobre a tábua." – eu disse, segurando o skate para que ela pudesse se sentar.

"Sentar?" – ela perguntou parecendo confusa.

"Claro que sim, não vou te colocar em pé em cima disso. No seu caso, isso pode ser mortal." – respondi roubando um selinho rápido.

Ela fez como eu expliquei e eu tomei meu lugar às suas costas, trazendo-a de encontro ao meu peito, enquanto esticava minha perna ao redor do seu corpo e, com a mão dava o impulso necessário para que o skate se movimentasse.

Bella parecia nervosa no início, mas aos poucos foi relaxando à medida que o skate ganhava velocidade e o vento nos atingia, bagunçando nossos cabelos. Um pouco antes do cruzamento da próxima esquina eu fiz o skate parar, arrancando um muxoxo dela. Passamos o resto da tarde entre beijos e voltas com o skate, até que deu a hora dela ir para casa preparar o jantar.

"Amanhã às nove horas eu estarei lá para te ver conquistar a sua vaga." – falei, lhe dando um último beijo.

"Eu vou ficar nervosa com você lá."

"E por quê? Esqueceu que eu passei uma semana te vendo dançar todos os dias?"

"Mas era diferente."

"Bells, eu quero estar presente neste momento importante pra você. Se você não quiser que eu esteja, tudo bem, eu vou entender, mas lembra do skate? Não deixa que o simples medo te paralise."

"Promete?" – ela perguntou me abraçando.

"O que?"

"Que estará lá?"

"Prometo." – respondi inspirando o aroma que vinha do seu cabelo.

Mas às vezes a vida parece que gosta de pregar peças na gente. Assim que cheguei em casa naquele princípio de noite, vi que alguma coisa estava errada. Minha mãe não estava ocupada com o jantar na cozinha, e Emmett não estava em frente à TV assistindo algum canal de esporte. Corri para o andar de cima, e assim que cheguei ao topo da escada o som do choro de Alice me atingiu. Não precisei pensar muito para entender o que estava acontecendo. Assim que cheguei ao quarto de minha avó, vi meu pai ajoelhado ao seu lado na cama, e minha mãe ao seu lado, o abraçando. Alice estava ajoelhada do outro lado e Emmett estava de pé, junto aos pés da cama. E era como se vovó Lizzie estivesse apenas me esperando chegar para morrer.

A madrugada foi de telefonemas e com todos andando de um lado para o outro, cuidando de uma ou outra coisa da cerimônia fúnebre que aconteceria na manhã seguinte.

A sexta-feira amanheceu fria em Forks e, debaixo de uma chuva fina, nós seguimos para o único cemitério da cidade onde um pastor falaria algumas palavras, assim como Carlisle, para prestar nossas últimas homenagens à Elizabeth.

"O que você tem, Edward?" – Alice perguntou, se sentando ao meu lado um pouco além da saleta onde o caixão acabara de ser fechado e as pessoas se preparavam para o enterro propriamente dito.

"Nada, por quê?"

"Você não para de olhar para o relógio."

"Se você não se lembra eu tenho um avião para pegar." – disse, tentando soar o mais indiferente possível.

"O Edward que eu conheço não estaria dando a mínima para esse avião numa hora dessas. Minha intuição me diz que isso tem a ver com a mesma coisa que te arrastou aquele dia para o estúdio de ballet, e que te tirou de casa todas as tardes nessas férias. Estou errada?"

"Não." – eu disse, sabendo que não adiantava mentir para Alice. "Ela tinha um compromisso importante hoje e eu prometi que estaria lá para apoiar, e mais uma vez eu falhei com ela."

Alice me encarou com uma sobrancelha erguida, como que esperando que eu explicasse do que eu estava falando, mas vendo que não arrancaria mais nada de mim, limitou-se a rir.

"Vai atrás dela, Edward. Você perdeu o que quer que seja, mas ainda dá tempo de se explicar. A sua avó morreu. Eu tenho certeza que ela será capaz de entender."

"Eu não posso sair no meio do enterro da vovó, Alice." – disse passando a mão pelo cabelo, nervoso com a situação. Era minha família ali; meu pai precisava do meu apoio, mas ao mesmo tempo eu não queria ir embora sabendo que havia decepcionado a Bella mais uma vez.

"A vovó está morta, Edward. O importante é o que você fez por ela enquanto ela ainda estava viva. E quanto a isso, meu irmão, você não tem do que se arrepender. Vai correr atrás do que está vivo e ainda tem solução!"

Eu apenas lhe dei um sorriso agradecido enquanto corria para o lado de fora do cemitério, rumo ao estúdio. Eu sabia que o exame já teria acabado, ou estaria no finalzinho. Eu só esperava que Bella ainda estivesse ali. Mas ao chegar lá, me informaram que ela fora a primeira a dançar e foi embora em seguida. Agradeci à menina que me deu a informação, que eu reconheci ser a mesma que saíra com ela no dia em que nos falamos pela primeira vez, e segui o caminho que fazíamos todos os dias até o parque, mas ela também não estava lá. Ainda dei algumas voltas pela cidade, tentando encontrar alguns dos lugares sobre os quais ela me contara ao longo daquelas semanas, mas em nenhum deles eu pude encontrá-la.

Não podendo fazer mais nada e precisando correr se eu não quisesse perder o avião, segui para casa, prestando atenção em cada pessoa que cruzava meu caminho; coração disparando na expectativa de que pudesse ser Bella. Mas eu não voltei a vê-la.

Embarquei para Yale rumo ao meu futuro, mas meu coração permaneceu na cidadezinha de Forks. Agora só me restava torcer para que um dia o destino nos reaproximasse como havia feito nestas férias de verão, e que se houvesse uma próxima vez, eu fosse capaz de cumprir todas as promessas feitas a ela.

~~ FIM ~~


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

1) Diferente do que muita gente acha, Esclerose Múltipla não tem nada a ver com demência ou caduquice. Na verdade, ela é uma doença crônica do sistema nervoso central que afeta o cérebro e a medula espinhal e que interfere na capacidade do cérebro e da medula de controlarem funções, como caminhar, enxergar, falar, caminhar, urinar e outras. Não tem cura e seu tratamento consiste em atenuar os afeitos e desacelerar a progressão da doença.
2) Jack in the Box é uma rede norte-americana de restaurantes do tipo fast-food, cujos principais concorrentes são McDonald's e Burger King.
3) Giselle é um ballet francês, de 1840. No primeiro ato, a aldeã Giselle está apaixonada por Albrecht, um nobre disfarçado de camponês. Quando Giselle descobre a fraude, ela fica inconsolável e morre. No segundo ato, o amor eterno de Giselle por Albrecht, que vem a noite visitar seu túmulo, o salva de ter seu espírito vital tomado pelos willis espectrais, os fantasmas vampíricos de garotas noivas que morreram antes do dia do seu casamento, e sua rainha. Sempre que um homem se aproxima, elas obrigam-no a dançar até a morte. Giselle dança no lugar de Albrecht e, dessa forma, impede que ele chegue à exaustão, quebrando o encanto das willis. Essa é a coreografia que a Bella dança: www.youtube.com/watch?v=EQX1a87YV78&playnext=1&list=PL90445DA73FA66BB1 (dos 3:37 aos 5:35)
4) A Royal Academy of Dance (RAD) de Londres, foi fundada em 1920 por um grupo de artistas profissionais da dança reunidos por Phillip Richardson. A Academia combina métodos e técnicas de dança franceses, italianos e russos para criar um estilo único de ballet. Com mais de quinze mil membros em 82 países diferentes, a Academia é uma das maiores e mais influentes organizações de ensino e prática de dança do mundo. Tem a maior banca examinadora de ballet clássico do mundo, perante a qual cerca de 200 mil candidatos prestam exames durante todo o ano para ingresso nos cursos ministrados.
N/A: Olha eu aqui de novo! E então, o que acharam? Como sabem, sou curiosa e quero muito saber a opinião de vocês. Bora apertar esse botãozinho aí embaixo e deixar uma review? Até porque, vou dizer, nunca antes me foi tão difícil escrever uma o/s. Tive ideias pra duas longs futuras, mas nada disso aqui chegar ao fim.
Essa fic é totalmente dedicada à Cella, minha amiga oculta querida! Uma das primeiras pessoas que eu conheci nesse fandom e que acabou se tornando uma amiga na vida real também! Amore, espero que tenha gostado do que eu criei para as suas fotos e que não esteja querendo me matar por causa desse final. Mas sério, foi mais forte do que eu! Espero que novembro chegue logo pra gente se encontrar de novo. :)
Obrigada a todos que leram e não deixem de passar nas outras sete histórias. Todas se empenharam bastante para realizar mais esse amigo oculto! Nem todas conseguiram terminar a tempo, mas até o fim da semana todas as histórias estarão postadas.
Beijos,
Taty