Opostos escrita por Nyne


Capítulo 59
Noite de natal


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores, sentiram saudade?
Como prometi, aqui estou eu, dia 02/07 para postar o penúltimo capítulo de Opostos =(
Pois é, está chegando ao fim, mas não fiquem tristes ok? Em breve postarei fics fresquinhas pra vcs =)
Dedico esse capítulo as novas leitoras que deixaram reviews durante minha ausência. São elas:

anne
júh
jenny
Thaysis 96
cami1801
Rafaelli
klotus
RoBakerPoyAckles
Thais P e
Bola de Pelos
Muito obrigada por estarem acompanhando, recomendando e deixando reviews. o que seria de mim sem vcs hein?
Bjão e ótima leitura a todos =D



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Alguns dias se passaram e a muito custo Cecília foi convencida pela mãe e por Fabiana a sair do quarto. Ela estava muito triste, porém aquele poderia ser um sinal de uma melhora, mesmo que demorada.

Ela não sorria mais e quem a conhecia sabia que ela não era daquele jeito.

Era véspera de natal e Cecília havia ido ao mercado com a mãe comprar coisas para a ceia.

O natal era uma das épocas favoritas de Cecília. Gostava de ver as decorações nas ruas, a forma como os vizinhos enfeitavam suas casas. Também gostava de ver a família reunida e receber a visita dos amigos naquela noite.

Porém para ela esse ano não existiria natal. O presente que ela mais queria não teria.

– Vou fazer tudo o que você gosta filha, e sua avó já ligou avisando que vai trazer aquele bolo-musse de chocolate que você adora. – diz sua mãe.

– Obrigada mãe, mas sinceramente? Acho que meia noite vou estar é dormindo.

– Dormindo filha? Em plena véspera de natal? – diz sua mãe decepcionada.

– Só quero que esse dia e todos os outros passem bem rápido mãe, só isso. – diz triste.

Ela vai para o quarto e senta na cama, olhando para o nada. Abre a gaveta de seu criado mudo e pega uma foto que está abraçada com Murilo.

– De que adianta estar acordada meia noite se você não vai estar aqui comigo? Queria tanto saber o que você está fazendo agora... Sinto tanto sua falta bêbê, tanto... – diz olhando para cima e assim reprimindo as lágrimas.

Murilo estava deitado na cama, com os braços cruzados atrás da cabeça. Olhava para o teto, perdido em meio aos seus pensamentos, todos envolvendo Cecília.

Ouve uma batida na porta. Era sua mãe pedindo permissão para entrar.

– A casa é sua, fique a vontade. – diz com ironia e descaso, continuando a encarar o teto.

– Acho que ficarei de plantão no hospital hoje.

– Novidade... – diz virando os olhos.

– Não queria, tentei trocar o plantão por hoje ser véspera de natal.

– E daí que é véspera de natal? Faz alguma diferença pra senhora? Porque pra mim não. Há muito tempo não sei o que é um natal.

– Seu pai gostava do natal.

– Eu sei, mas agora os natais não têm mais graça pra mim. Não tenho mais meu pai, a senhora sempre passa trabalhando e estou longe da Cecília. Acha que tenho algum motivo pra comemorar natal mãe?

Ela não diz nada. Senta na cama do filho e o olha.

– Um amigo seu te ligou ontem.

– Um amigo me ligou?

– Sim, ligou no seu celular. Você estava dormindo e não quis acordar você, mas atendi e falei com ele.

– Como quiser. – diz fazendo descaso, ainda deitado e olhando para o teto. – Se fosse importante ele teria ligado de novo. Aliás, quem ligou?

– Não me lembro o nome agora, mas assim que lembrar te digo.

– Ok mãe, a senhora veio aqui pra que? Pra falar que vou ficar aqui sozinho hoje e que um amigo que a senhora nem lembra quem é me ligou? Pronto, recado dado.

– Na verdade não. Vim te dar seu presente de natal.

– Não quero nada não mãe, valeu.

– Esse sei que você vai querer. – diz estendendo a ele um envelope vermelho e verde, muito parecido com um cartão de natal.

Murilo respira fundo e senta na cama, ficando de frente para a mãe. Apenas olha o envelope, mas não o pega. Ela insiste.

– Toma filho, é seu.

– O que é isso?

– Abre e você descobre.

Murilo olha para a mãe e pega o envelope que ela lhe estendia. Antes que ele o abra e descubra o que há ali, ela começa a falar.

– Eu amava seu pai com todo o meu coração Murilo, aliás não amava no passado, ainda amo. Quando olho pra você eu posso vê-lo sabe? Especialmente quando olho nos seus olhos. São idênticos os dele. Quando disse pro seu pai que estava grávida ele pirou, mas de alegria. Ligou pra parentes, amigos, fez uma festa. Todo o dia falava com a minha barriga, dizia que você podia escutar.

Murilo está de cabeça baixa ouvindo a cada palavra da mãe.

– Quando você nasceu foi o dia mais feliz da nossa vida. Lembro que ele te pegou no colo, ainda no quarto do hospital e olhando e sorrindo pra você e pra mim, disse que nunca ia permitir que nada nem ninguém nos magoasse. E foi isso que ele fez até o dia que se foi.

Aquilo trouxe lembranças a Murilo, que acabou deixando escapar algumas lágrimas.

– Ele sempre cuidou de nós filho, de você e de mim e o que eu fiz? Quando você mais precisou eu estava muito preocupada em me fechar no meu mundo. Seu pai adorava seu sorriso e hoje você não sorri mais e por minha culpa. Me perdoa filho, me perdoa por ter sido tão mesquinha e egoísta.

Murilo se lembra da discussão que teve com a mãe uns dias antes e agora se sentia culpado pelas coisas que disse.

– Não tenho que te perdoar de nada mãe, eu que tenho que pedir desculpas por tudo que falei pra senhora.

– Quero te ver feliz filho, te ver sorrir de novo, ver seus olhos brilhando outra vez, brilhando como os olhos do seu pai brilhavam como quando ele estava com a gente.

Dizendo isso ela abraça o filho como não fazia há muito tempo. Eles ficam assim por algum tempo, até que ela o solta. Enxugando os olhos pede para que ele veja o presente que lhe dera pouco antes.

Murilo abre o envelope. Pega seu conteúdo e olha surpreso, como se não acreditasse no que seus olhos viam.

– Isso é...

– É sim filho. É meu presente de natal pra você.

Murilo olhava a passagem para São Paulo em suas mãos, mas ainda não conseguia acreditar no que via.

– Você não vai passar o natal sozinho como disse. Vai passar com a sua Cecília.

Murilo sorri. O sorriso que deixava sua mãe feliz e a fazia se sentir mais viva, mais humana.

– Começa a arrumar suas coisas logo, sabe como é aeroporto nessas datas, um caos. – diz sua mãe ao ser atacada por ele, que lhe dá vários beijos no rosto.

Murilo dá um salto da cama e começa a fazer as malas, jogando tudo o que pode dentro delas. Enquanto faz isso sua mãe o olha e diz:

– Calma, não precisa se afobar. O que não der pra você levar hoje, eu te mando depois.

Murilo para o que está fazendo e olha para a mãe sem entender.

– Como assim me manda depois?

– Tem outro presente te esperando lá em São Paulo, assim que você chegar ao aeroporto, mas esse não posso dizer o que é. Mas deixa isso pra lá agora, corre pra arrumar essas coisas e eu poder te levar ao aeroporto.

Murilo estava tão agoniado para poder ver Cecília que sequer questionou a mãe sobre esse outro presente que o esperava. Apenas queria ver sua princesa de novo, sua Cecília.

As horas passavam, mas parece que cada vez mais devagar. Cecília já havia ajudado a mãe a fazer as coisas para a ceia, também havia ajudado seu pai com a decoração e tudo mais, porém mesmo assim era como se o tempo não passasse.

Como todos os anos, Fabiana após a meia noite passava na casa da amiga e elas ficavam conversando, quase sempre até o dia amanhecer.

Cecília gostava disso, mas aquele ano não estava com a menor vontade disso. Acordada ela pensaria e certamente Murilo faria parte desses pensamentos.

– Filha, é melhor você já ir tomar um banho e se arrumar. Daqui a pouco seus avós chegam e seu pai foi buscar seus tios. – diz a mãe dela encostada na porta do quarto.

– Tudo bem mãe, vou ver uma roupa aqui e já vou.

Sem o menor ânimo Cecília se dirige ao guarda-roupa e escolhe uma calça jeans escura, uma baby look preta com algumas frases escritas em vermelho e um all star preto. Entra no banheiro e fica lá por algum tempo, apenas deixando a água cair sobre seu corpo enquanto pensa na vida, em como ela era feliz e agora não era mais.

Termina o banho e se veste, ficando diante do espelho. Penteia os cabelos e faz um coque, prendendo em seguida com um palito de madeira, cujo tinham alguns enfeites de miçangas na ponta.

Cecília sempre usou os cabelos presos, mas passou a deixá-los soltos a um pedido de Murilo, que costumava dizer que ela ficava ainda mais “gata” com os cabelos soltos. Como agora ele não estava mais lá, ela não via o porquê de não os prender.

Ela fica no quarto mexendo no computador até que ouve vozes vindo da sala. Seus parentes já estavam começando a chegar. Antes que sua mãe a chame resolve sair do quarto e torcer para que ninguém faça a pergunta mais óbvia: “Como você está? Melhor?”.

Ela sai e consegue disfarçar alguns sorrisos, não por estar feliz, mas pelos seus avós e seus tios que não via já há algum tempo.

Conversar com a família ajudou e o tempo pareceu enfim andar. O relógio marcava 21hs.

Cecília não era a única que queria que o tempo passasse logo.

– Precisa de alguma coisa senhor? – pergunta prestativamente a aeromoça.

– Não obrigado. Moça...?

– Pois não?

– Falta muito pra chegarmos?

– Não senhor, creio que mais vinte minutos no máximo e já pousamos. Algo mais?

– Não, obrigado.

Murilo estava impaciente. Apesar de ter tido sorte, muita sorte, diga-se de passagem, e seu vôo não ter atrasado, ele contava os minutos para ver Cecília. Não pensava e se importava com mais nada, a não ser ver sua princesa novamente. Sequer lembrou do tal presente que sua mãe disse, aquele que estaria o esperando no aeroporto.

Fechou os olhos e tentou se distrair. Finalmente é informado de que o avião pousará dentro de poucos instantes.

Ao desembarcar pensa no que fazer e pra onde ir. A despedida dele e Cecília não foi das melhores, na verdade nem sequer sabe se realmente pode ter considerado aquilo uma despedida, já que não quis vê-lo. Mas o que o afligia agora era qual o primeiro passo a tomar. Ir direto para casa de Cecília? Procurar algum amigo?

– Murilo?

Ao ouvir seu nome, avança alguns passos e vai até onde via alguém lhe acenar.

– Bem vindo de volta.

– Você? O que faz aqui? Ou melhor, como sabia que eu estaria aqui?

– Surpreso em me ver não é?

– Muito.

– Te liguei sua mãe não disse?

– Ela disse que um amigo me ligou, mas não se lembrava o nome. Jamais imaginaria que era você.

– Ela falou do meu presente de natal pra você?

– Disse que teria um presente aqui no aeroporto pra mim, mas não entendi nada. Você é o presente? Que papo é esse? Não estou entendendo absolutamente nada. – diz confuso.

– Vamos pra minha casa, lá te explico tudo. Prometo que vai ser rápido, até porque você deve estar louco pra ver a Cecília não é?

– Louco é pouco, você não faz idéia.

– Está certo, vem, vamos logo pra você poder matar essa saudade de vez.

Se inicia a contagem regressiva. Cecília não entendia o porque, afinal era natal e não virada de ano, mas sua família sempre foi assim, não é agora que mudariam.

– Feliz natal boneca da vovó! – diz ao beijar a neta.

– Feliz natal vó. – diz abraçando a senhora a sua frente.

– Feliz natal pirralha. – diz seu irmão ao abraça - lá.

– Você quase nunca vem aqui e quando vem é pra me encher?

– Irmão mais velho, sabe como é não posso perder o costume. – diz o irmão de Cissa ao lhe dar um forte abraço e um beijo demorado no rosto.

Ela fica algum tempo na sala, até terminar de dar feliz natal a todos os familiares presentes. Começa a entrega de presentes, um momento que ela adorava quando criança, mas hoje não tinha tanta importância.

Aproveitando a empolgação da família com tudo aquilo, sai e vai para seu quarto, onde senta na cama e liga a televisão. Está passando um daqueles filmes especiais de natal. Encosta-se a cabeceira da cama e acompanha o filme que parecer ter começado há pouco tempo. Ouve uma batida na porta e vê que alguém entra em seguida.

– Feliz natal amiga. – diz Fabiana indo abraçar a amiga.

– Oi Fabi, feliz natal pra você também. – diz retribuindo o abraço.

– Como você consegue ficar trancada nesse quarto Cissa? O calor está insuportável.

– Todos estão felizes lá fora, não quis atrapalhar ninguém.

– Ah Cissa, para com isso vai! Vem, vamos fofocar lá na calçada. – diz Fabiana puxando a amiga pela mão.

– Não to a fim Fabi...

– Vai Cissa, por favor! Me da isso de presente de natal vai...! – diz fazendo um biquinho.

– O que eu não faço por você coisa loira! – diz Cecília levantando e saindo com a amiga.

Elas vão até a calçada e ficam sentadas como faziam todos os anos, conversando.

– E o Luis? – pergunta Cecília.

– Foi com os pais pra casa da avó na praia.

– E não levou você?

– Ele chamou, mas eu não quis ir. Natal gosto de passar com a minha família e depois vir aqui encher seu saco. Na virada de ano eu fico com ele. – diz Fabiana sorridente.

Enquanto conversam, vêem que Mateus e Patrícia se aproximam.

– Olá meninas. Feliz natal! – diz Patrícia abraçando as garotas.

– Obrigada Paty, pra você também. – diz Cecília.

– Ganharam muitos presentes? – pergunta Patrícia.

– Ganhei alguns, mas nem parei pra ver direito sabe? – diz Cecília meio triste.

– Não sei por que, mas acho que o papai Noel tem mais um presente pra você Cecília... – diz Patrícia com um sorriso de lado ao olhar disfarçadamente para Mateus.

– Quando vamos crescendo o número de presentes diminui Paty. – diz Cecília forçando um sorriso.

– Será mesmo? Depois você me fala. – diz Patrícia dando uma piscadinha para a amiga. – Agora precisamos ir, se não é capaz da minha mãe colocar a policia atrás da gente. Mais uma vez feliz natal pra vocês. – diz ao se despedir das garotas e sair com Mateus.

Cecília e Fabiana continuam conversando até que seu celular toca.

– Mensagem pra mim.

– Deve ser alguém desejando feliz natal. Vê aí. – diz Fabiana.

– Número restrito – diz Cecília ao abrir a mensagem.

Feliz natal princesa. Você está linda, mas sei que fica muito mais se soltar o cabelo.”

– Que brincadeira é essa Fabi?

– Do que você está falando? – pergunta Fabiana sem entender.

Cecília entrega o celular para ela que lê a mensagem.

– Esse jeito de falar é bem típico do Murilo.

– Mas não pode ter sido ele.

– Relaxa Cissa, deve ser alguma brincadeira da Patrícia.

– Será que ela faria isso Fabi?

– Foi apenas uma brincadeira, ela não deve ter feito por mal.

Enquanto conversam sobre quem poderia estar fazendo aquilo, o celular toca mais uma vez. Uma nova mensagem.

“Solta esse cabelo vai! Se não vou ter que ir até aí soltar ele pra você.”

– Aí Fabi, to com medo!

– Calma Cissa, já disse que deve ser... – Fabiana para de falar subitamente, olhando para um ponto fixo a sua frente, algo que está atrás de Cecília.

– O que foi Fabi? Que cara é essa?

– Nada, só pensei que meu celular tinha tocado.

O celular de Cecília mostra mais uma vez uma nova mensagem.

– Chega, toma Fabi, não vou ver mais isso não. – diz Cecília entregando o celular para a amiga.

– Para Cissa, olha isso de uma vez.

– Não quero Fabi. Será que você não percebe que isso me faz querer que realmente seja ele que está fazendo isso, quando sei que não é, que não tem como?

– Eu sei amiga. Olha só mais essa, aí voltamos pra dentro da sua casa ta bom?

Cecília resolve fazer o que a amiga pede e olha o visor do celular.

“Disse que se você não soltasse o cabelo,teria que ir aí e fazer isso por você não falei?”

Ao terminar de ler a mensagem, Cecília sente alguém puxar o palito que prendia seu cabelo e em um impulso vira para trás.

Sentiu o coração disparar, as pernas ficarem bambas e os olhos se encheram d’água.

– Falei que com o cabelo solto você fica ainda mais linda.

– Murilo! – diz ao se atirar no pescoço dele sem se importar com as lágrimas que já começavam a escorrer por seu rosto.

– Que saudade de você minha princesa. – diz abraçado a ela de um jeito que ninguém conseguiria a tirar de seus braços.

– Eu pensei que fosse morrer, que nunca mais iria te ver de novo. Eu te amo Murilo. Te amo, te amo, te amo. – dizia lhe dando vários selinhos.

– Eu também te amo gatinha agora mais do que nunca. – disse retribuindo os beijos.

Eles são interrompidos por uma tosse forçada. Era Fabiana.

– É muito bom ver vocês assim de novo, ver a Cissa sorrindo, mas será que só eu quero saber o que está acontecendo aqui afinal?



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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que esse tempo que fiz com que vcs esperassem tenha valido a pena =)
Até o fim da semana postarei o último capítulo e conto com vcs nos reviews e recomendações ok?
Bjus a todos e até o próximo =)