Na manhã seguinte Murilo é o primeiro a acordar. Ao ver que Cecília dorme em seu peito, tenta não acorda - lá ao se mexer, mas sua tentativa foi sem sucesso.

 - Bom dia. – diz ela com os olhos semi abertos.

 - Bom dia. Não queria te acordar.  – diz lhe dando um beijo na testa.

 - Eu já estava acordada, mas não queria sair dos seus braços.

 - Mentirosa você estava é com preguiça de levantar mesmo! – diz Murilo lhe fazendo cócegas na cintura.

 - É, podemos dizer que foi isso também. – diz ela sorrindo.

 - Dormiu bem? – pergunta ele deitado ao lado dela com a cabeça apoiada em uma das mãos.

 - Como um anjinho. Ontem estava muito cansada, tudo culpa da Fabi que nos fez ficar andando atrás de uma pousada.

 - Íamos ter que fazer isso mesmo, mas se ela não tomasse banho de chuveiro ia morrer!

Cecília ri, dando um beijo no rosto de Murilo, se levantando em seguida. Antes que consiga, ele segura seu braço.

 - Posso saber por que só esse beijo meia boca?

 - Acabei de acordar bêbê, vou escovar os dentes primeiro né!

 - Deixa de ser boba, um beijinho só vai... – diz a puxando pra si.

 - Amor, devo estar com aquele bafinho matinal.

 - Eu não ligo. Quando a gente casar vou te beijar toda manhã mesmo. – diz a puxando pra si e lhe dando um selinho demorado.

Ao se soltar, Cecília o olha sorridente, mas desconfiada.

 - Casar? Você pensa mesmo em casamento?

 - Penso. Não agora claro, ainda é cedo, mas daqui alguns anos, porque não?

 - Homem abomina essa palavra, ainda mais homens que nem você.

 - O que quer dizer com homens como eu?

 - Seu jeitão e tal.

 - Bonequinha, bonequinha, como diz minha avó, as aparências enganam. Sou um cara muito sério se quer saber. Não é porque curto rock, gosto de preto e uso correntes de cachorro como diz minha mãe que nunca vou querer constituir a minha família.

Cecília o encara sorridente com a pasta de dente e a escova nas mãos. Ela havia pegado enquanto ele falava.

 - O que foi, acha que falei alguma besteira? – pergunta ele enquanto pega sua escova de dentes na mochila.

 - Não, claro que não, pelo contrario. Você me surpreende a cada dia sabia?

 - Levo isso pro lado negativo ou pro lado positivo? – diz a abraçando pela cintura.

 - Positivissimo! – diz rindo.

Eles se abraçam e trocam selinhos, até que Cecília o para.

 - Chega.

 - Por quê?

 - Me deixa escovar os dentes primeiro, aí eu te beijo de um jeito bem melhor. – diz com um sorriso malicioso.

 - Com um argumento desses não tem como não deixar né? – brinca com ela enquanto abre a barraca para que possam sair.

Eles pegam uma garrafa de agua e vão próximos ao rio, onde escovam os dentes.

 - Pronto, sem bafinho. – diz Cecília abraçando Murilo pelo pescoço e o beijando.

São interrompidos por Fabiana e Luis.

 - Logo cedo?  - diz Luis olhando pra eles.

 - Qual o problema? – diz Murilo ainda abraçado a Cecília. – Imagino que vocês devem ter feito o mesmo também. Usou o “presente” que te dei?

 - Opa! Tem mais? – diz Luis fazendo com que Murilo e Cecília gargalhassem.

 - Vou pensar no seu caso. – diz Murilo rindo.

Luis e Fabiana também fazem sua higiene matinal e todos juntos tomam café, com coisas que haviam levado em suas mochilas.

 - E aí, quais os planos pra hoje? – pergunta Cecília.

 - Se eu sugerir uma coisa, vão ficar bravos comigo? – pergunta Fabiana receosa.

 - Depende. Você não vai sugerir voltarmos pra casa vai? – pergunta Cecília encarando a amiga.

 - Claro que não. Ia sugerir pra ficarmos aqui só mais hoje, depois ficarmos direto na pousada. Ou se quiserem pelo menos montarmos as barracas mais perto de lá, perto da praia. O que acham?

 - Montar as barracas lá perto parece uma idéia interessante.  – diz Cecília.

 - É, podemos até revesar. Um dia um casal fica no quarto e o outro na barraca. – diz Murilo. – Por mim tudo bem, vocês decidem aí.

 - Por mim também pode ser. – diz Cecília.

 - Certo, ficamos mais essa noite aqui e amanhã de manhã já vamos pra pousada e vemos um lugar bacana pra montar o camping. – diz Luis.

Eles então terminam de tomar o café e vão dar uma volta pelo lugar. Fabiana tinha um sorriso de orelha a orelha. Cecília conhecia a amiga e sabia que ela queria lhe contar como foi a noite com Luis. Deu um jeito e deixou Murilo com Luis conversando e foi ao encontro da amiga para colocarem o papo em dia.

 - E aí, como foi? – pergunta para Fabiana.

 - Nossa Cissa, foi muito bom! O Luis tem aquela carinha de santo, mas foi a melhor transa da minha vida.

 - Menos Fabi, ele é o segundo cara que você dorme.

 - Eu sei, mas depois de ontem quero que ele seja o único. To apaixonada amiga!

 - Ah vá, é mesmo? Nem tinha notado! – diz Cecília sarcasticamente.

 - Ta, mas me diz, e você e o Murilo? Rolou alguma coisa?

 - Não, pelo menos não como você está pensando sua pervertida!

 - Sério Cissa? Nadinha mesmo? Nem tentaram nada?

 - Não Fabi. E nem daria, estava morrendo de sono ontem. Não queria correr o risco de dormir na minha primeira vez né!

 - Nada a ver, dormir você não ia mesmo, garanto. – diz Fabiana rindo.

 - Foi só jeito de falar sua besta. O que quis dizer é que quando eu for tentar, quero estar bem disposta entendeu?

 - Agora sim. Mas o clima nem esquentou, a pegada ficou mais forte, algo assim?

 - Não foi muito diferente de como é. O Murilo tem pegada sempre entendeu? No caminho pra cá ele disse que não ia forçar a barra comigo e é o que está fazendo. Porém deu a entender que se eu quiser, vai rolar.

 - Entendi. Ele então só está esperando pelo seu sinal verde Cissa. Agora é mais com você do que com ele.

 - Sei disso. Eu quero Fabi, de verdade, ainda mais depois de ontem.

 - Ué, você disse que não aconteceu nada de mais ontem.

 - Nada nesse sentido, mas de outro sim. Ele disse que me ama Fabi.

 - Sério? Disse eu te amo?

 - Sim. Fiquei tão besta na hora, mas senti que ele não falou por falar sabe? Ele sente isso mesmo por mim. E eu por ele também. Disse pra ele ontem a noite.

 - Então a noite de vocês foi de declarações?

 - Podemos dizer que sim. – diz Cecília sorrindo.

 - Fico feliz amiga, de verdade. E na minha opinião isso mostra que o Murilo realmente é o cara certo pra você. Não só pra você ter sua primeira vez, mas pra estar sempre do seu lado sabe? Vocês se completam e isso é visível.

Cecília deixa escapar um sorriso bobo quando Murilo e Luis se aproximam.

 - Vocês falam pra caramba hein! De onde sai tanto assunto? – pergunta Luis ao abraçar Fabiana.

 - Nem queira imaginar. – responde ela rindo.

Aquela tarde os jovens tiraram para conhecer mais o lugar, sempre tirando muitas fotos. Eles almoçam em um dos restaurantes locais e seguem andando conhecendo mais o local. Enfim, o cair da noite se aproxima e decidem voltar para o acampamento.

 - Aconselho já deixarmos tudo pronto, assim amanhã de manhã já vamos pra pousada logo cedo, depois podemos aproveitar a praia. – sugere Murilo.

Todos então seguem o conselho dele e já deixam tudo pronto. Enquanto arruma as mochilas, Luis chama Murilo e lhe entrega um pacotinho. De inicio Murilo não entende nada, mas logo Luis explica.

 - Valeu por ontem. Fica você com essas, pode precisar também.

Murilo sorri e guarda sem que as garotas percebam.

 - Mas e você? – diz ao questionar Luis.

 - Fiz meu estoque já. – diz rindo.

Murilo também sorri e ambos voltam para junto das garotas. Aquela noite estava quente e com isso o número de insetos era bem maior.

 - Nossa que saco isso! Detesto mosquito! – reclamava Fabiana. – Vou pra barraca. Vem comigo Luis? – pergunta mordendo o lábio.

Luis olha para Murilo e Cecília que riem muito.

 - Até amanhã gente, boa noite. – diz Luis saindo e indo ao encontro de Fabiana.

 - Vamos entrar também né? – diz Cecília para Murilo, que a leva para a barraca.

Eles entram e Murilo a fecha.

 - Pronto por aqui mosquito nenhum entra. – diz ele. – E aí bonequinha, ta com sono já?

 - Hoje não.

 - Quer fazer o que então? – pergunta desencanado.

Cecília faz uma cara pensativa e o chama com os braços. Ele vai até ela e se senta ao seu lado.

 - Quero dar todos os beijos que não te dei de manhã. – diz ela.

 - Aí sim, gostei! – diz ao beija – lá.

Enquanto se beijam, Cecília senta no colo de Murilo, ficando de frente pra ele, que a olha sem entender.

 - Algum problema eu ficar aqui, assim com você? – pergunta ela com um tom inocente na voz.

 - Problema nenhum. – diz voltando a beija - lá.

Ela está com os joelhos dobrados sobre ele, que está com as costas apoiadas em um dos cantos da barraca com as pernas esticadas.

Enquanto o beija Cecília desce as mãos, que até então estavam em seu rosto para a base da camiseta que Murilo vestia.

 - Ta com calor? – pergunta Cecília ofegante.

 - Muito!- responde ele olhando sério no fundo dos olhos dela, que se encoraja e tira a camiseta dele, voltando a o beijar em seguida.

Murilo passeia com as mãos pelas costas de Cecília e morde seu lábio, uma coisa que ela adorava que ele fizesse.

 - E você, não está com calor?

 - Tanto quanto você. – responde ela.

 - Não é justo você ficar com calor enquanto eu estou tão a vontade não acha? – diz com um sorriso malicioso, mas sincero ao mesmo tempo.

Ele então tira a blusa de Cecília que fica corada na mesma hora.

 - Linda demais. Mas ainda falta uma coisa.

Ele tira a presilha que prendia os cabelos dela, fazendo com que assim caíssem sobre seus ombros.

 - Você é perfeita. Linda. – diz colocando uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha.

Eles se olham por algum tempo. Murilo acaricia a cintura dela enquanto a mesma acaricia seu rosto.

 - É assim que você quer? Em uma barraca de camping? – pergunta Murilo.

 - O lugar não importa desde que seja com você.

Murilo sorri e a beija mais uma vez, levando suas mãos até as alças de seu sutiã. Cecília recua.

 - Tenho mesmo que tirar eles... Agora?

Murilo sorri.

 - Você disse que não se esconderia de mim lembra?

Ela também sorri timidamente pra ele e lhe pede uma coisa:

 - Promete que vai me beijar então, pra eu ficar mais calma...

 - Prometo. Do começo até o fim.

Ela então encara seus lábios e se aproxima deles devagar, até que Murilo a beije. Ele sabe como Cecília gosta de ser beijada, especialmente das mordidinhas que ele dá em seus lábios durante o beijo. Ele então a beija sem pressa e sutilmente começa a baixar as alças de seu sutiã. Ele a ajuda a tirar os braços das alças, sem parar o beijo. Ele então leva as mãos até o fecho e quando está quase conseguindo tira-lo de vez, ouvem um grito vindo do lado de fora da barraca.

 - Meu Deus, essa é a voz da Fabi! – diz Cecília assustada saindo do colo dele enquanto segura o sutiã com uma das mãos.

 - Vou lá fora ver o que aconteceu. Não sai daqui por nada! – diz Murilo saindo da barraca.

Já lá fora ele vê que Fabiana está gritando muito do lado de fora da barraca onde estava com Luis. Ele corre até lá e pergunta o que aconteceu. Antes que Fabiana responda, Luis surge gargalhando muito.

 - Será que algum de vocês pode me dizer o que houve? Porque essa gritaria toda? – pergunta Murilo confuso.

 - A Fabiana surtou quando viu um sapinho dentro da barraca. – diz Luis rindo.

 - Sapinho? Aquele bicho era enorme!

 - Pelo amor de Deus amor, o bichinho era menor que o meu dedão! Mas fica calma, já o tirei e joguei perto do rio.

 - Deixa ver se entendi. Essa gritaria toda foi por causa de um misero sapo? – pergunta Murilo.

 - Foi sim, ta tudo bem. – diz Luis.

Murilo leva as mãos ao rosto, mexendo no cabelo em seguida e respirando fundo. Só nesse momento Fabiana nota que o amigo estava sem camisa.

 - Atrapalhamos alguma coisa? – pergunta ela sem graça pra ele, que os olha de uma maneira assustadora.

 - Depois conversamos. – diz sério e com um olhar que seria capaz de lançar chamas sobre ambos – Boa noite e fechem a barraca direito pra não entrar mais bicho nenhum.

Murilo volta para a barraca enquanto Luis e Fabiana cochicham sobre o que teriam atrapalhado. Ao voltar para a barraca, Murilo encontra Cecília já de pijama.

 - O que aconteceu? Ta tudo bem com a Fabi? – pergunta preocupada.

 - Ela está ótima, só se assustou com um sapo. – diz enquanto fecha a barraca.

 - Bêbê... Você vai ficar bravo se eu disser que fiquei com sono agora? – pergunta Cecília receosa pela resposta dele.

- Claro que não. Sem contar que o clima foi embora junto com o sapo. – brinca ele. – Melhor dormirmos mesmo pra poder aproveitar melhor o dia amanhã.

 - Vamos dormir como ontem né? – pergunta Cecília com um sorriso meigo.

 - Com certeza. Mas posso ficar sem camisa? Ta muito quente hoje.

 - Claro que pode. Gostei muito de te ver sem camisa.

 - Ah é? – diz deitando ao lado dela e a trazendo para apoiar a cabeça em seu peito.

 - É. Muito melhor do que eu podia imaginar. – diz sorrindo pra ele.

 - Boba. – diz sorrindo e a beijando em seguida. – Boa noite.