Aquele dia eles aproveitaram bastante o passeio. Fizeram a trilha, nadaram no rio, além de tirarem muitas fotos.

Porém apesar de tanta diversão, Fabiana não conseguia aceitar a idéia de tomar banho em um rio.

– Tudo bem, mergulhar, brincar é legal, mas tomar banho? Poxa gente, não temos mesmo outra opção? – dizia ela aflita.

– Bem, podemos pedir pra tomar banho em alguma pousada por aqui, mas nada é garantido. Até porque não vamos estar hospedados nela. – diz Luis.

– Espera, tive uma idéia. Pode parecer ridícula, mas não custa tentar. – diz Cissa.

– Pode falar amiga. – diz Fabiana.

– Nós vamos ter que ficar em uma pousada depois não vamos? Porque nós já não nos hospedamos nela de uma vez?

– Ah, mas e o acampamento? - questiona Luis.

– Vamos acampar oras, exatamente como combinamos. Acampamos esse fim de semana e depois ficamos o restante dos dias na pousada. Mas esse fim de semana, se já estivermos hospedados lá, pelo menos o banho quente é garantido. – diz Cecília.

– Eu concordo! – diz Fabiana.

– E aí, o que acham? – pergunta Cissa.

Murilo e Luis se olham e fazem um sinal de positivo.

– Certo, mas é melhor vermos isso logo então, porque em época de férias as pousadas vão bombar e pode ser que não tenhamos mais vagas. – diz Murilo.

– Vamos ver então isso de uma vez, porque preciso de um banho quente! – dizia Fabiana.

A praia ficava a cerca de quinze minutos de onde haviam armado as barracas e as pousadas eram todas próximas. Tudo parecia perfeito, porém agora teriam que torcer para encontrar quartos disponíveis.

Como Murilo havia previsto, a grande maioria das pousadas estava lotada.

– Pois é Fabiana, acho que vai ter que tomar banho no rio mesmo. – brincava Murilo.

– Não mesmo! Não fomos a todas as pousadas, alguma tem que ter quartos vagos. – dizia ela já nervosa.

Depois de mais algum tempo procurando, todos já estão cansados, porém encontram uma pousada com quarto disponível.

– Nesse período de férias vocês tiveram sorte, mas tenho apenas um quarto. – diz a balconista.

Os jovens se entreolham.

– E podemos ficar os quatro no quarto? – pergunta Murilo.

– Podem, mas não será tão confortável quanto se fosse apenas para duas pessoas.

– Não mesmo! – diz Fabiana baixinho.

– Bem, por mim tudo bem, agora é com vocês. – diz Murilo.

– Eu topo. – diz Cecília.

– Por mim tudo bem também. – diz Luis.

– Eu não gostei não. Os quatro em um único quarto? E como fazemos com a privacidade da gente? – diz Fabiana bicuda.

– Quem faz questão de tomar banho quente aqui é você Fabi. É pegar ou largar! – diz Luis.

Fabiana fica pensativa por um tempo, mas como está cansada assim como os demais, acaba aceitando.

A balconista pede os documentos dos jovens e passa o valor da estadia. Ambos juntam o dinheiro que levaram e pagam pelo quarto.

– Pronto, sejam, bem vindos e tenham uma ótima estadia. – diz a balconista atenciosamente.

Os jovens então vão para o quarto e Fabiana mais do que depressa corre para o banheiro. Ao sair trás uma expressão de alivio no rosto.

– Ah, como é bom tomar banho quente!

– Pois é, mas esse fim de semana vamos acampar, ou seja, vamos dormir na barraca caso tenha esquecido Fabi.- diz Luis.

– Não esqueci não. Mas porque não aproveitam e não tomam banho logo também? – sugere ela.

Cecília então vai. Depois vai Murilo e por último Luis. Quando todos já estão prontos, pegam algumas coisas essenciais pra noite, colocam nas mochilas e voltam para o acampamento.

Já era fim da tarde e os quatro chegaram a tempo de ver o por do sol.

– Meu Deus, isso é lindo. – diz Cecília olhando aquela cena bem diante de seus olhos.

Murilo a abraça por trás, segurando sua cintura e apoiando seu queixo no ombro dela.

– Quero ver muitos outros assim com você. – diz lhe beijando o pescoço.

– Não sei quanto a vocês, mas estou morrendo de fome. – diz Fabiana.

– Trouxe umas bolachas e uns salgadinhos, estão lá na minha mochila. – diz Luis.

– Na minha tem refrigerante. – diz Murilo.

– Vamos comer então, pelo amor de Deus! – diz Fabiana correndo para pegar as coisas.

Eles comem, contam piadas, lembram da infância, das coisas que aprontaram na escola, enfim. Estão se divertindo.

Depois de algum tempo, Cecília sem perceber começa a bocejar.

– Quer dormir bonequinha? – pergunta Murilo.

– Não, ainda é cedo. – diz ela lutando contra o sono.

Eles ainda conversam por mais algum tempo, quando Murilo percebe que Cecília já começa a pescar.

– Vocês não ligam se já formos dormir não é?- pergunta Murilo a Luis e Fabiana – ela ta caindo de sono.

– Tudo bem, já íamos dormir também. – diz Luis.

– Íamos é? – pergunta Fabiana olhando para ele sem entender nada.

– Íamos sim. – responde Luis a olhando de uma maneira que a fez entender o porquê estar saindo de lá também.

– Certo então. Boa noite pra vocês. – diz Murilo indo para a barraca com Cecília.

– Ah bêbê, não queria dormir agora. – diz Cecília com a voz mole de sono.

– Você está caindo de sono mocinha, vai dormir sem nem perceber. – diz abrindo a barraca e ajudando-a a entrar.

– Espera um pouquinho, já venho. – diz Murilo.

– Aonde você vai?

– Entregar uma coisa pra Luis, já volto.

Murilo sai e Cecília aproveita para se trocar. Ela é rápida, pois não quer correr o risco de Murilo a ver nua.

Ela coloca um pijaminha lilás com branco. As calças de um tecido fino estão na altura do joelho e a blusa na altura do umbigo.

Ela solta seus cabelos que vivem presos em um rabo de cavalo e começa a escová-los, para que não fiquem marcados. Ela está de costas para a entrada da barraca. Pouco depois Murilo volta, mas antes de entrar chama por ela e pergunta se pode entrar. Ela diz que sim e ele entra. Ao ver que ele já entrou, ela se vira de frente para ele.

– O que você foi entregar pro Luis? – pergunta ela.

– Uma coisa que ele me pediu um pouco mais cedo. – diz com um sorriso de lado.

– E não vai me dizer o que era?

– Nem desconfia? – pergunta com um sorriso malicioso.

– Você deu... Camisinhas pra ele, foi isso?

Murilo acena com a cabeça enquanto fecha a barraca por dentro. Cecília também ri e Murilo então a olha sem dizer uma palavra. Apenas a observa. Ela se sente constrangida com aquilo e pergunta o que houve.

– É a primeira vez que te vejo com o cabelo solto. – diz ele sem tirar os olhos dela.

– Ah é, só solto pra dormir. – diz olhando para baixo.

– Fica linda com eles soltos. Mais do que já é.

Ela fica corada e Murilo se aproxima dela, ficando sentado a sua frente.

– Então quer dizer que só eu estou vendo seus cabelos soltos, nunca viram antes?

– Só na minha casa e a Fabi quando dorme lá.

Murilo passa a mão por de trás do pescoço de Cecília, colocando seus cabelos para frente. Ele fica um pouco abaixo da altura dos seios dela.

– Às vezes parece que você tem vergonha de ser tão linda. Fica se escondendo do mundo. – diz enrolando uma mecha do cabelo dela.

– Eu não me escondo do mundo, só que não faço parte do padrão que ele gosta.

– Voce acha isso é?

– Acho.

– Eu entendo e respeito sua forma de pensar, mas posso te pedir uma coisa? – diz Murilo ainda mexendo em seus cabelos. – Nunca se esconda de mim ta? Juro que não sei como seria minha vida sem você Cecília. Eu te amo.

Ele segura seu rosto e a beija. Era um beijo diferente, como se ele quisesse protege - lá de algo. Ela coloca uma das mãos no rosto dele e corresponde, parando pouco depois, mas sem se afastar dele. Fica apenas a uma distancia necessária de seus lábios para poder falar.

– Eu também te amo Murilo. Muito, muito, muito. – diz fechando os olhos e ficando vermelha.

Ele sorri e voltam a se beijar.

Murilo coloca Cecília sentada em seu colo, de frente pra ele, que se apóia nos braços e mais uma vez a olha.

– Voce é linda demais sabia?

– Seu bobo. – diz sem graça.

– É verdade. Linda! - diz sorrindo e acariciando seu rosto.

Ela sorri também e deixa mais uma vez escapar um bocejo.

– Hora de dormir mocinha. Vem cá. – diz arrumando o colchonete.

– Voce vai dormir abraçado comigo? – pergunta ela com os olhinhos pequenininhos de sono.

– Se voce quiser...

– Quero.

Murilo então junta os dois colchonetes, os forra e pega um lençol na mochila. Deita-se e abraça Cecília, que encosta a cabeça em seu peito.

– Boa noite linda. – diz lhe dando um beijo na testa.

– Sua linda. – diz Cecília sorrindo – Só sua e de mais ninguém. – diz dormindo em seguida no peito dele que assim como ela tem um sorriso bobo nos lábios.