Esquisitices escrita por Nightnyu


Capítulo 3
Capítulo III - Os idiotas e a visão de um gato


Notas iniciais do capítulo

Capítulo grandinho, como prometido!



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- Argh, mas o que eu estou fazendo? Era apenas um abraço de amigos, não era para eu levar tão a sério! Como se aquele gato maluco não ficasse falando besteiras o tempo todo! Aposto que o Natsu nem iria ligar se ele falasse alguma coisa suspeita sobre o meu comportamento... Mas se bem que eu realmente estou agindo esquisito, até ele já deve ter notado... - A maga estelar falava consigo mesma no banheiro, enquanto fazia um curativo no corte, que por sorte, não era profundo. Seu rosto estava suado devido ao nervosismo. - Ele é apenas meu amigo, com certeza me encara dessa forma... - De certa forma, ela se sentiu triste com a própria conclusão. Mas resolveu esquecer. Ia tentar ser a mesma Lucy de sempre. Olhou-se no espelho por alguns segundos antes de sair do banheiro, como se estivesse buscando coragem.

Não se importou muito com o estado da cozinha, já que estava acostumada com as bagunças dos amigos. Apenas terminou de preparar os lanches, certificou-se de fazer uma pipoca perfeita – para esfregar no focinho de Happy – e levou tudo até seu quarto em uma grande bandeja, com um pouco de dificuldade por causa do machucado em sua mão. A porta do quarto estava aberta, e logo Natsu percebeu a aproximação da parceira.

- Lucy, não force a sua mão, poderia ter me chamado! - Ele a repreendeu, tirando rapidamente a bandeja das mãos dela. Lucy achou engraçada a preocupação dele e não pode evitar o surgimento de um belo sorriso em seus lábios. Natsu, que não esperava aquele sorriso, por um momento se sentiu sem jeito.

- Lanches, aye! Tem sanduíche de atum? - Happy voou para cima da bandeja, mas foi contido por Lucy, que o segurou pela cauda.

- É melhor você procurar numa loja de conveniência, já que não sei cozinhar, né? - Os olhos dela começaram a soltar faíscas. O pequeno felino fez uma expressão chorosa. Natsu começou a rir, enquanto pegava um dos sanduíches.

- Happy, é claro que a Lucy fez sanduíche de atum pra você! - Disse, entre risos, enquanto jogava o sanduíche para o parceiro. Happy segurou o alimento, emocionado, e passou seu rosto levemente pelo rosto de Lucy, numa demonstração de carinho. Os magos se surpreenderam.

- E não é que você sabe agir como um gato de vez em quando? - Ela riu, sentando-se ao lado de Natsu, em cima da cama. Mas o riso logo se desfez ao ver o mago de cabelos róseos deixando migalhas de pão caírem sobre seu cobertor. - Espero que tenha a intenção de limpar a minha cama depois! - Ela disse entre os dentes, enquanto apertava uma das bochechas de Natsu.

- T-Tudo bem, Lucy! – Ele respondeu com a boca cheia, com vontade de rir. É claro que não limparia, e seria muito engraçado ver Lucy surtando por conta disso.

Ficaram longos minutos conversando animadamente, enquanto comiam. Felizmente, aquele ambiente desconfortável havia sido destruído. Lucy imaginou que talvez os sanduíches, pipocas e refrigerantes eram aliados na batalha contra o nervosismo dos sentimentos. E principalmente, mantiam Happy com a boca ocupada na maior parte do tempo.

Algumas vezes, a loira e o gato entravam em conflito, para a diversão de Natsu, enquanto ele temia, no fundo, enfrentar os ataques furiosos da maga estelar a qualquer momento. Pelo menos, agora ela estava rindo, agindo como sempre. Talvez aquelas expressões e ações esquisitas tenham sido apenas por conta de um estômago vazio. É, esta era uma grande conclusão!

Pouco tempo depois, de barrigas cheias e a bandeja apenas com restos e migalhas, os magos interromperam a conversa ao ouvir um ronronar alto. Happy, que parecia uma bola azul, estava adormecido sobre a cama.

- Gatos têm uma vida tão simples. – Ela comentou, distraída. Tratou de falar baixo para não acordá-lo. Natsu, que não conseguia ficar muito tempo em silêncio ou manter o tom da voz muito baixo, lembrou-se da televisão.

- Hey, Lucy! Vamos ver alguma coisa na tevê? – Perguntou, mas já foi arrastando a garota pela mão que não estava machucada até a sala, como se ela não tivesse escolha. Os olhos da garota reluziram por um breve momento, imaginando se eles veriam uma novela ou um filme romântico.

Apenas uma doce imaginação. Quando voltou à realidade, Lucy estava ao lado do Salamander no sofá, com a tevê à sua frente. No aparelho, não passava um filme açucarado, muito menos uma novela. Era um desenho animado, do tipo que era literalmente voltado para crianças. Ela se perguntou que tipo de pessoa, além de uma criança propriamente dita, veria graça naquele tipo de programa, até que ouviu sonoras risadas ao seu lado.

- Esse desenho é demais! – Exclamou o rapaz, entre gargalhadas. Uma gota surgiu na testa da garota, que já não tinha cabeça nem para se estressar.

- Não faz o meu gosto, eu acho. – Disse da forma mais calma que pôde, com um sorriso amarelo. Natsu fez um bico novamente, encarando a loira, que nem ao menos olhava para a tevê, e sim, para um ponto qualquer na sala escura. Além de se perguntar como alguém não via graça naquele desenho animado, ele percebeu que mais uma vez ela estava fazendo aquela expressão distante, esquisita.

- Por que você está tão séria hoje, Lucy? – Indagou, esticando seu corpo no sofá e apoiando sua cabeça nas pernas da loira, que se assustou. Ela estava evitando olhá-lo justamente para não ficar agitada interiormente, e aquela simples ação fez com que o coração da loira quase pulasse dentro do peito.

- O-O que está fazendo?! – O rosto da garota ficou rapidamente corado. Sobre o tecido leve do seu pijama, ela sentia o calor que emanava naturalmente do corpo do mago. Era agradável, sem dúvidas, mas era o Natsu! Seu amigo e apenas isso!

- Descansando, oras. – Respondeu. Aquilo inicialmente era só uma desculpa para que ela finalmente lhe desse a atenção que queria, mas por um momento, Natsu pensou se poderia realmente ficar apoiado naquelas coxas macias por mais tempo. Era confortável, talvez porque era Lucy. – E tentando descobrir o que está te incomodando. É por que estou aqui? – Mesmo que tivesse perguntado, aparentemente disposto a ouvir uma resposta positiva, ele não queria imaginar que a loira estava realmente daquele jeito por sua causa. Não queria que ela o encarasse como um incômodo.

Ela corou mais um pouco, desviando o olhar dos olhos fixos do parceiro. Sim, era porque ele estava ali, de certa forma. Pela reação dela, o mago imaginou que sua suposição estava certa, mas ela não queria afirmar aquilo para não chateá-lo. Sentou-se, saindo do colo dela, mesmo que fosse contra sua vontade. Realmente, deveria parar de incomodá-la tanto. Sempre estava invadindo seu apartamento, quando tinha chance. A loira ficou com o olhar interrogativo.

- Desculpa, Lucy, eu não tinha percebido. Não vou mais invadir seu quarto. – Ela finalmente notou que suas ações tiveram o efeito contrário, na mente de Natsu. Ele estava achando que seu acanhamento era repulsa. Apressou-se em tentar corrigir o erro, eufórica, ao ver que ele pretendia se levantar.

- Você entendeu errado, Natsu! – Ela puxou-o bruscamente pelo cachecol, fazendo com que a cabeça dele novamente ficasse sobre seu colo. A mão machucada latejou, mas foi ignorada. O mago assustou-se com a ação repentina dela. – Você me incomoda, mas é um incômodo que eu gosto! Fico nervosa por você estar aqui, mas é um nervoso bom, entende? – Ela estava esforçando-se para não gaguejar, enquanto tentava encontrar as palavras certas. Onde estava seu lado escritora quando precisava? – Então não vá embora, pode invadir meu apartamento, assistir desenhos e rolar no meu tapete quantas vezes você quiser! – Calou-se, finalmente. Pensando rapidamente sobre o que dissera, se ele levasse aquilo ao pé da letra, seria um grande problema.

Boa, Lucy, você ganhou o troféu de esquisita do ano. Deu passe livre para um mago crianção chamuscar seus tapetes, ligar a tevê e assistir a personagens de desenhos com vozes guturais na madrugada e agora veria com frequência um vulto entrando na janela e atacando seu fogão em lanchinhos noturnos.

Seus dedos, que estavam entre os cabelos rosados, sentiram a temperatura do mago se elevar. O Salamander abriu um sorriso bobo, meio confuso. Não havia entendido o que Lucy havia dito de primeira, mas, de alguma forma, sentiu-se bem com aquelas palavras. Bem até demais. Quem sabe, no fundo, ele estivesse entendendo a essência daquele sentimento esquisito. Além do mais, ela lhe dera permissão para fazer as coisas que gostava, um momento raro.

- Você é realmente esquisita, Lucy. – Ele lembrou-se do adjetivo que Happy insistia em associar à loira. Por costume, ela ia se irritar, mas calou-se ao ver o largo sorriso do mago. Acabou sorrindo de leve. Ele sempre trazia seu humor de volta. E aquela era uma qualidade única de Natsu. Inclinou-se um pouco, beijando-o numa bochecha.

- É, acho que sim. – Ela sussurrou, levantando-se rapidamente do sofá, fazendo com que a cabeça do mago batesse com força no objeto macio. Como fora corajosa! Mas mesmo que seu coração estivesse palpitando, ela não se arrependeu. Beijá-lo foi um prêmio entregue a si mesma por ter se declarado. Sua primeira declaração amorosa, destinada ao seu melhor amigo.

É claro que Natsu não sentiu absolutamente nada inicialmente. Estava perplexo. Como se não bastasse o roçar daqueles cabelos loiros momentaneamente em seu rosto, ainda sentiu o toque daqueles lábios pequenos em sua bochecha. Naquele segundo, eles pareciam mais quentes do que ele mesmo. Seria apenas impressão? De qualquer forma, sentiu como se seu corpo entrasse em chamas, mesmo que nenhuma faísca brilhasse ao seu redor. Era algo unicamente interno. A expressão surpresa foi logo substituída por uma alegre. Queria sentir aquele toque de novo!

- Hey, Lucy, me dê outro beijo! – Pediu em voz alta, sem nenhum pudor. Levantou-se, indo até ela, que estava abrindo uma das janelas. É, ela estava morrendo de calor, mesmo naquela noite gelada. Sentimentos realmente funcionavam melhor no inverno que casacos e cachecóis. Isso que era realmente esquisito.

- Claro que não, sinta-se satisfeito por ter recebido um! – Ela replicou num tom meio bravo, embora estivesse totalmente envergonhada. Ele era tão inocente e estupidamente sincero... e tão estranhamente adorável. Natsu ficou um pouco emburrado, colocando seus braços ao redor dela. Ela acabaria pegando um resfriado. Embora não estivesse sentindo tanto frio assim, devido às circunstâncias, ela não negou aquele toque gentil.

- Então eu posso te beijar? – Ele perguntou seriamente, já dirigindo os lábios até uma das bochechas dela. A maga, assustada pela audácia dele, colocou as mãos na frente, impedindo aquele toque. Tentou empurrá-lo, embora o mago ainda a abraçasse com uma certa força.

- Idiota! O que você está dizendo? Natsu Dragneel ainda precisa crescer uns dez anos mentalmente antes de poder beijar Lucy Heartfilia! – Embora falasse tudo aquilo, na verdade, a ideia de ser beijada por Natsu não a desagradava nem um pouco. Mas como havia conversado uma vez com Levy... nada como enlouquecer os rapazes um pouquinho. Desta vez, o mago era quem estava ficando realmente agitado e sentindo-se esquisito. Oras, ela não havia o beijado? Por que ele não podia fazer o mesmo?

- Ah, Lucy! Eu também quero! – Fez birra, num tom quase que infantil. Lucy começou a rir ao ponto de gargalhar, tentando se desvencilhar dos braços dele. Mas era óbvio que não aguentaria por muito tempo e cederia às investidas. Só uma Lucy verdadeiramente esquisita as negaria por completo!

- Mais esquisito que a Lucy, é o Natsu e a Lucy juntos. – Happy murmurou, olhando os amigos de longe. Havia acordado para beber água, e agora estava presenciando aquela cena, com dois idiotas protagonizando uma cena mais idiota ainda.


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Notas finais do capítulo

Último capítulo! ~ todos shoram ~
Mas não fiquem tristes! Sou um fã enorme de Fairy Tail, com certeza terei inspiração para outras histórias. Nos veremos em breve. Muito obrigado por chegarem até aqui, e pelos reviews, que estou lendo muito feliz. Irei respondê-los em breve, com muito prazer.