Apolo levara Atena para seu quarto, a colocando delicadamente em sua própria cama, afastando os livros que ela tanto lia antes de dormir, e se sentou ao seu lado, respirando pesado.

Os cortes e os furos eram profundos. Apolo retirou as mangas do vestido de Atena com cautela e o abaixou, deixando o corpo dela seminu na frente dele.

Meia hora depois de ter começado, Apolo terminou de fechar todos os machucados. Ele observava como a pele dela era macia mas, provavelmente pela primeira vez na sua eternidade, não a olhava com desejo. A olhava como ele sempre olhou para Ártemis, com um amor fraternal. Atena era uma das suas irmãs mais distantes, ela nunca dera muita bola para ele, e nunca o chamara de irmão. Poucos dos deuses se tratavam como parentes, apenas Apolo que chamava Ártemis de irmã, e os crônidas¹, que vez ou outra se chamavam de irmãos, mas de um jeito... debochado, como se fosse patético que eles fossem irmãos. Apesar dessa indiferença, todos chamavam Zeus de pai. Todos os seus filhos, claro.

–Pos... - A voz de Atena rompeu os pensamentos de Apolo.

–Sou eu que estou aqui, Atena. - Apolo falou calmamente, se encostando na cabeceira da cama, procurando uma posição confortável.

–Apolo? - Os olhos dela tentavam fracamente se abrir, mas sua voz já estava mais fortalecida. - Como eu vim parar aqui, com você?

–Poseidon te trouxe desmaiada até mim, com diversos cortes. Eu não sei o que aconteceu, esperava que me dissesses. Ele praticamente implorou para que eu cuidasse de ti, e eu tive de o convencer e jurar que cuidaria de ti para que ele voltasse para o mar. Ele estava bem fraco.

–Eu sei o porquê. Obrigada, Apolo, por cuidar de mim e... - Ela tentou se levantar, mas tonteou e Apolo teve de segurá-la para ela não cair para fora da cama.

–Wow, melhor esperar mais um pouco. Descanse, queres que eu peça algo da cozinha? - Atena assentiu fracamente e se deitou na cama, aninhando-se com alguns dos muitos travesseiros que haviam na cama dela. - Um bolo, pode ser?

–De chocolate.

–Certo, durma se precisares, eu deixarei o bolo e água aqui do lado para você.

Não foi preciso que ele dissesse duas vezes, antes mesmo de Apolo sair do quarto Atena já havia dormido. Apolo então andou até a cozinha e pediu pra uma das servas, que era muito bonita e ele não pôde resistir e acabou a paquerando, para que o desse um pedaço de bolo.

Comentários como “Pra você eu dou o bolo inteiro, gostoso”, entre outros, serão ignorados.

Quarenta minutos depois Apolo conseguiu se “livrar” das servas e voltou para o quarto de Atena com o bolo e a água, os colocou na cômoda do lado da cama, fechou as janelas e as cortinas e deixou que Atena dormisse, saindo para terminar seu “trabalho” com as servas.