Foi a coisa mais horrível que ela já viu. Anfitrite estava nua praticamente.. montada em cima de um homem.. Atena não pudera ver seu rosto, mas ela conseguia sentir seu perfume no ar. Quase como se soubesse, Anfitrite gemeu mais alto, e passou as mãos no cabelo do homem abaixo dela. Aqueles cabelos pretos.. os músculos.. os olhos de Atena foram despejando suas lágrimas em silêncio. Eles se viraram, e por um momento Atena pôde ver o rosto do homem, mas seus olhos deviam estar brincando, talvez encharcados não conseguissem captar as imagens muito bem.

No quarto, o cheio de maresia era tão forte, lembrava tanto ele.. ele, que a traía bem na sua frente. Trair, Atena? Ele não é seu, nunca foi. Você se deixou levar pelos olhos verdes e as mãos fortes. 

Fraca.

Ignorante.

Como? Logo eu, Deusa da Sabedoria? Ele provavelmente queria isso, esperava por isso, ele queria me ver sofrer novamente. Queria me fazer lembrar do que acontecera há éons atrás, com a Medusa.. como me deixei levar novamente? Como pude confiar nele, depois de tudo que ele me fez? 

Flash Back On

Era uma linda tarde de primavera, Atena estava em sua biblioteca quando recebeu o recado de seu.. amigo. O único deus que conseguira se aproximar o bastante dela além de seu pai. O único. O recado não deixou Atena muito feliz, ele havia desmarcado o encontro que teria com ela a noite. Ao menos ele avisou antes, poderia ter deixado-me esperando. Desculpas. Ela sempre conseguia enfeitar as coisas ruins que ele fazia e dar uma bela desculpa para parecer que não fora culpa dele.

Até ela o encontrar à noite.

No seu templo.

Com a sua sacerdotisa. 

Medusa e Poseidon.

E então ela perdeu a razão.

Atena praguejava e amaldiçoava, haviam lágrimas escorrendo de seus olhos, ela conjurara uma espada e estava pronta para atravessar Medusa.. até que parou.. e colocou suas engrenagens para funcionar. E então a amaldiçoou, jogo nela uma praga mais do que a morte, Medusa nunca olharia para um homem novamente sem vê-lo sofrer, nenhum homem viveria se a olhasse em seus olhos azuis, nunca mais. 

E depois Atena o fitou, ele havia se vestido de algum modo e, contra o que ela achava, ele não fugiu. Ficou e a encarou com.. pena? Arrependimento? Culpa? Ela nunca saberia, não conseguia decifrar seus olhos verdes. Ambos ficaram parados, e lágrimas escorreram dos olhos dela. 

Ele era um idiota. Queria correr e abraçá-la, mas ela o mataria (mesmo ele sendo imortal, ela arrumaria um jeito). Ele queria secar suas lágrimas e dizer que fora tudo um erro, fora físico e que a única mulher que ele queria ter em seus braços era..

-Imbecil - Ele permaneceu em silêncio, a fitava, sabendo que ela dizia a verdade. - Cafajeste, arrogante, prepotente, ignorante, acéfalo, besta, idiota, covarde, safado, cachorro, pervertido, pilantra, potro aquático, pescador de quinta categoria, cabeça oca, cérebro de camarão, fruto-do-mar, excreção de bovinos, cara de pau, bastardo, sem vergonha.. - Ela ficou sem xingamentos, o que não foi um problema porque..

-Tão burro que eu perderia para uma porta? Galinha? Egoísta? Egocêntrico? Perturbado? Lerdo? Sou sim. - Ele estava.. ajudando-a a xingá-lo? Não fazia sentido, mas se não fosse um situação horrível, ela sorriria. Ela se limitou a desaparecer em uma nuvem tempestuosa, e ir para o seu quarto, deitar na sua cama e chorar abraçada no travesseiro. Seria a última vez que ela choraria por éons.

Flash back off

Ela ainda fitava os dois, até que ela sentiu mãos fortes a puxando pela cintura. Não importa que fosse, ela se jogou em seus braços e chorou, chorou um rio, chorou durante muito tempo, até os gemidos cessarem, ela simplesmente chorou, nos braços daquele estranho.